quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

S O N E T O de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PON

Aquarela de Ângela Ponsi
SONETO PARA O ANO-NOVO


Há quanto tempo não escrevo um verso,

De amor ardente ou de filosofia...

Quem me dera, fazê-lo neste dia

De Ano-Novo no esplêndido Universo !


Vede a luz que dos céus tanto irradia

Raios difusos quando me disperso

Em pensamentos e me vejo imerso

No mar azul da linda fantasia !...


Quem sinto povoar-me a solidão,

nessas horas em que o sol vai se pôr ?!

- Posso dizer que é uma grande paixão !


E aquela que a causou não vou falar,

Talvez nem saiba compreender o ardor

De minh´ alma... Terá que adivinhar !



quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

CRÔNICA DE ANO-NOVO - IALMAR PIO - FOTO DO AUTOR NO ATELIER DO BONDE

ATELIER DO BONDE


PROMESSA DE ANO-NOVO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Ao iniciar um novo ano voltam as promessas... que se as fazem sempre. Alguns prometem não mais fumar e outros que nem eu, invariavelmente, que vão emagrecer. Tenho adquirido os mais diversos livros neste sentido. Apenas para nomear alguns aqui: Só é Gordo Quem Quer, de João Uchôa Jr., Mantenha-se Saudável com o Dr. Minuzzi - obesidade - Programa de Emagrecimento Definitivo, de Antônio Carlos Minuzzi, Emagreça Comendo, Dr. Lair Ribeiro, e por último, um best-seller - (primeiro lugar na lista do The New York Times) - A Dieta de South Beach, de Arthur Agatston, M. D., e continuo obeso. Este ano, porém, faço um firme propósito de perder peso, não digo voltar aos meus 66 quilos, mas também não continuar com os meus 98 quilos, atualmente. Perguntar-se-ão: o que me faz explanar isto agora ? É um compromisso que me faço publicamente, diria eu, para conseguir meu intento há tanto tempo perseguido.
O que escreveu o Dr. Lair Ribeiro, já o vi gordo e depois magro, em programas de televisão, julguei de muito fundamento: “Se você pesa mais do que gostaria, está na hora de usar, corretamente, seu poder mental. Embora existam mais de 200 diferentes dietas no mercado, estudos americanos mostram que 95% das pessoas que “perdem peso” apenas através de dieta, num período de doze meses praticamente recuperam o peso perdido. Se você possui Estrutura Psicológica de gordo, não adianta torturar-se para emagrecer, porque o peso vai voltar. Algum dia você chegou a pensar que seu metabolismo pode ser modificado através de seu poder mental ?”(...) Na esteira desta informação vou procurar obter sucesso...
Sirvo-me de umas idéias que li e das quais compus o soneto abaixo, já faz alguns anos, e que é assim: Soneto da Libertação --- “Quero o caminho da libertação/ para seguir na vida mais confiante,/ se alimentava mórbida ilusão/ procurarei bani-la, doravante.// Preciso estar alerta a todo instante/ e suportar a humana condição,/ minha vigília deve ser constante/ neste mundo envolto em turbilhão...// Levo comigo a chama da esperança/ e apesar dos percalços da existência/ tenho fé, tenho amor, tenho confiança...// Não mais serei o náufrago perdido/ pelos mares da angústia e da impaciência,/ porque vencendo-me, terei vencido !” - Canoas - 29-01.85 - Consta de meu livro Poesias Esparsas Reunidas, pg. 133. Socorro-me deste pensamento para libertar-me da obesidade, ao menos com a força de vontade, ou melhor, boa vontade, digamos que deverei implementar para atingir meu objetivo, que de resto, não é mais do que para a minha saúde e bem-estar. Faço-o, repito, pra me impingir este compromisso comigo mesmo. Quantos já o fizeram ?
Mudando de assunto e como estamos em pleno verão e o mar se nos convida a visitá-lo, na minha condição de escrevinhador de versos desde sempre, me permito transcrever abaixo meu: Soneto ao Sol - “Nesta tarde sem chuva até parece/ que a claridade abraça nossa terra,/ o sol risonho aos poucos se descerra/ e alegremente brilha e resplandece...// Oh! Rei dos Astros, quanta luz encerra/ tua mensagem pura como a prece,/ minh’alma consternada te agradece/ a paz que trazes afastando a guerra !// Fugindo ao teu calor, buscando as águas,/ a Humanidade olvida suas mágoas/ e vai achar sossego à beira-mar...// Fazes crescer a planta com carinho/ que produz folha, flor e até o espinho;/ e as folhagens enfeitando o Lar.”- Canoas - 16 de fevereiro de 1984 - idem, idem cfe. acima. -pg. 86
Sobre o assunto principal destas linhas, não abdico de continuar meu empenho em consegui-lo,e desejar a todos um ano próspero e que as promessas que se fizerem sejam concretizadas.
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Poeta e cronista - E-mail: menestel@brturbo.com

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


POEMA DE AMOR EM FORMA DE SONETO


Ialmar Pio Schneider


Quero inventar palavras que nunca disse a outra mulher,

para falar do amor que despontou, enfim,

em nossa vida num momento qualquer

e veio transformar nossos destinos assim...


Quero inventar palavras que te agradem e sintas por mim

tudo o que teu desejo de sensação romântica puder,

enquanto eternamente tua paixão me quiser...

E que nosso bem-querer continue até o fim...


Quero inventar palavras de esperança e ternura

que nos permitam uma convivência tranquila

embora sabendo que nem tudo são apenas flores.


Mas, se mais tarde nos visitar um pouco de amargura

saibamos com discernimento e paciência distingui-la

e saber que também faz parte de todos os amores...


domingo, 27 de dezembro de 2009

CRÔNICA LITERÁRIA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi

PARTICIPAÇÃO E POESIA

IALMAR PIO SCHNEIDER

Vivemos numa época conturbada, mas nem por isto é necessário mergulharmos na solidão e ignorar o que existe ao nosso redor. Sempre encontraremos alguém que possa nos compreender, com nossos defeitos e virtudes e nos aceitar. Segundo meu entender, não fomos criados para o ostracismo, nem jamais seremos auto-suficientes, pois “uma mão lava a outra, e as duas lavam o rosto”. Assim aprendi desde cedo.
Em certa fase da vida, quem sabe atravessando momentos existenciais difíceis, compus o seguinte soneto, que consta na pág. 133 do meu livro Poesias Esparsas Reunidas, abaixo referido, como segue: SONETO DA LIBERTAÇÃO - Quero o caminho da libertação / para seguir na vida mais confiante, / se alimentava mórbida ilusão / procurarei bani-la, doravante.// Preciso estar alerta a todo instante / e suportar a humana condição, / minha vigília deve ser constante / neste universo envolto em turbilhão...// Levo comigo a chama da esperança / e apesar dos percalços da existência / tenho fé, tenho amor, tenho confiança...// Não mais serei o náufrago perdido / pelos mares da angústia e da impaciência, / porque vencendo-me, terei vencido ! - Canoas - 29.01.85.
Lá se vão mais de quinze anos e quando o leio, ainda me parece tão atual, pois muito me ajudou a transpor certa fase que me deprimia, sensivelmente. Não posso ignorar que todos tenhamos a cruz para carregar e o calvário de cada um é a passagem terrena. Por isso que procuro dentro da filosofia, motivos que me levem à participação por intermédio da própria poesia, utilizando meu gênero preferido que é o soneto. Muitos deles (foram tantos), estão impregnados até de pessimismo, mas a mensagem que pretendi imprimir-lhes é de aceitação, sem o que não vejo paz de espírito. Também é certo que existam para todos nós, bons e maus momentos. A vida não passa de uma tragicomédia, plena de altos e baixos, que nos fazem rir e chorar, às vezes até conjuntamente.
Ao finalizar estas poucas e singelas linhas, quero agradecer do fundo do coração aos amigos e colegas que compareceram em minhas sessões de autógrafos na banca da Fundação Cultural de Canoas, na 16ª Feira do Livro de Canoas, nos dias 29 de junho (apesar da chuva ininterrupta) e 7 de julho passados, quando lancei meu livro de poemas Poesias Esparsas Reunidas, que abrange minha produção poética publicada na imprensa, bem como aos que adquiriram a obra ou me honrem com a leitura dos meus versos. Sem medo de cair em lugar-comum, não tenho palavras que demonstrem cabalmente minha gratidão. Devo dizer simplesmente: Muito obrigado, amigos ! Sejam todos felizes... É o desejo ardente do poeta que existe dentro de mim desde sempre.
Poeta e cronista
Publicado em 12 de julho de 2000 - no Diário de Canoas.
http://ial123.blog.terra.com.br/

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

CRÔNICA DE NATAL E ANO-NOVO


FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Das comemorações cristãs, sem dúvida, o Natal é a mais expressiva para as crianças, em vista de que o Papai Noel sempre é lembrado e querido por elas. Como disse a escritora Lya Luft, ao ser indagada por uma criança se o Papai Noel existia, ela respondeu: - Para quem acredita, ele existe. De fato, pode-se abafar muitos sentimentos, mas a esperança que acalenta a imaginação infantil de receber um presente, nunca poderá morrer, por mais pobre que seja. Lembremos que Jesus Cristo nasceu numa manjedoura... Veio para nos pregar sua doutrina divina e insuperável de salvação e amor entre as pessoas, quando afirmou: - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei... Era a solidariedade humana que nos deixava para que a praticássemos em nossas vidas com profundo amor e amizade.
Como o Natal sempre foi cantado pelos poetas de todos os tempos, aqui transcrevo o soneto em versos alexandrinos do excelso poeta parnasiano brasileiro Olavo Bilac, tão sugestivo para a data: “NATAL – No ermo agreste, da noite e do presepe, um hino/ De esperança pressaga enchia o céu, com o vento.../ As árvores: “Serás o sol e o orvalho !” E o armento: / “Terás a glória !” E o luar: “Vencerás o destino !”// E o pão: “Darás o pão da terra e o pão divino !”/ E a água: “Trarás alívio ao mártir e ao sedento !”/ E a palha: “Dobrarás a cerviz do opulento !”/ E o teto: “Elevarás do opróbrio o pequenino !”// E os reis: “Rei, no teu reino, entrarás entre palmas !”/ E os pastores: “Pastor, chamarás os eleitos !”/ E a estrela: “Brilharás, como Deus, sobre as almas !”// Muda e humilde, porém, Maria, como escrava,/ Tinha os olhos na terra em lágrimas desfeitos:/ Sendo pobre, temia; e, sendo mãe, chorava.” POESIAS – 28ª Edição – Livraria Francisco Alves – 1964 – Rio – pg. 313
Eis um relato poético de um dos maiores vates desta nação, que versejava maravilhosamente em diversas áreas do gênero, tanto romântico como patriótico, infantil ou religioso.
Outrossim, como se aproxima já o Ano-Novo, faz-se necessário lembrar que tenhamos esperança e convicção de que ele nos trará outros rumos mais propícios ao desenvolvimento do País. Que os governantes tenham consciência e discernimento necessários para que a estagnação econômica não se verifique, bem como a criação de novos empregos com carteira assinada sejam conseguidos, a Reforma Agrária realizada a contento, enfim, as metas governamentais implementadas. Vamos acreditar que as CPIs façam justiça e os responsáveis pela corrupção punidos exemplarmente, pois o povo trabalhador e honesto não merece ficar excluído e a ver navios quanto à saúde pública (cada vez mais podada em suas verbas). É de notar-se também que as estradas de rodagem de modo geral estão sucateadas e onde existia asfalto hoje é uma buraqueira inacreditável, destruindo os veículos e ocasionando prejuízos enormes aos usuários (caminhoneiros, ônibus e condutores de carros de passeio). Isto para ficar apenas nesses tópicos que ora me surgiram à memória.
Quisera, como em tempos de criança que não voltam mais, sair por aí desejando a todos, tal como Cecília Meireles se expressou: “Como estamos mudados! Em meio século, perdemos aquela ingenuidade dos votos dirigidos de janela a janela: “Boas Festas!”, “Feliz Ano Novo!”; das ceias tradicionais, talvez copiosas, porém modestas; das lembrancinhas oferecidas às crianças como um dom misterioso do céu; dos vestidos novos para os ofícios das igrejas e das visitas aos presépios; alegria das músicas e cânticos, deslumbramento dos olhos diante de uma Belém infantil, com patinhos nos lagos e lavadeiras nos rios... Ah! como éramos sensíveis, imaginativos! Como estávamos prontos a completar, com a nossa memória dos episódios evangélicos, a paisagem arbitrariamente inventada! Como achávamos naturais todas as coisas desencontradas naquele mundo fictício! Talvez prevíssemos que no nosso não o era menos, e igualmente e misteriosamente desencontradas as coisas que nele iríamos presenciar!”
Finalizando, quero desejar a todos um Feliz Natal e Próspero Ano-Novo de 2010, junto aos que lhe são caros. Até mais...

Cronista colaborador

PUBLICADO NO DIÁRIO DE CANOAS.- VIRTUAL EM 21.12.2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

S O N E T O de IALMAR PIO



SONETO DE NATAL


Ele era lindo envolto nos paninhos

Do seu bercinho plácido e divino,

Rodeado da chusma dos anjinhos

Que entoavam do céu um lindo hino.


Ele veio dar luz para os caminhos

Que seguiam no mundo um mau destino

E veio dar amor aos pobrezinhos

E esperança do céu com seu ensino.


Uma lágrima bela e cristalina

Rolou amarga à face de Maria

Que já previa a dolorosa sina


que o Filho desta terra levaria.

Já previa lá em cima na colina

Quando o Cordeiro os braços estendia.






******************************************************************FELIZ NATAL e PRÓSPERO ANO NOVO.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

C R Ô N I C A de IALMAR PIO - IMAGEM de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer

OS DESPREOCUPADOS SÃO MAIS FELIZES

Ialmar Pio Schneider

Por que acontece isto? Pela maneira com que encaram o dia-a-dia, levando tudo de roldão. Pouco se lhes dá se estão certos ou errados; “e a vida continua”, costumam dizer. Deste modo vão rompendo barreiras e conseguindo audiências inexplicáveis.
Eles não se preocupam com o que os outros possam pensar. São incapazes de exercer a autocrítica e continuam em suas atividades, principalmente intelectuais ou de comunicação, sem se dar conta do ridículo. Consideram-se os donos da verdade e não só isto, mas também emitem suas opiniões sem conhecimento de causa como se dominassem o assunto com sapiência. Quem os ouve ou vê, tanto no rádio como na televisão, tem que engolir suas falsas afirmativas, sem podê-las contestar de imediato e que passam como se fossem verdadeiras, atingindo em cheio os ingênuos.
Não é difícil notar a mediocridade do seu pensamento quando abordam certos temas de que se julgam a cavaleiro.
Todavia, é melhor que seja assim do que ficarmos tolhidos de manifestar nossas opiniões, como já aconteceu não faz muito tempo, de triste memória e que deixou resquícios de opressão. Para que haja uma mudança no entendimento do povo só existe um caminho: educação e cultura, estudo e trabalho.
Ao que parece, atualmente, estamos livres da censura, ou melhor, usufruímos da liberdade de expressão que por mais de 20 anos não tivemos. Diz-se que por este motivo há carência de líderes políticos e a nossa democracia é incipiente. Não há dúvida que deveremos exercitar por um longo tempo o direito de cidadania para aperfeiçoá-la cada vez mais.
Enquanto isto, adotemos o célebre princípio do grande mestre Voltaire: “Não concordo com nenhuma palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo.” Grande lição da liberdade contra a prepotência !
Por que do título? Impressão do escriba, admitindo que neste mundo vencem os afoitos, embora parvos, pois arrebatam os espaços que se lhes apresentam e, displicentemente, vão enfrentando a situação na maior indiferença. Até parece que a sorte os acompanha, qual suas próprias sombras, e demonstram viver mergulhados na fantasia, mas venturosos. São aqueles que não se importam com o que os outros pensam a seu respeito e desta forma tudo é fácil, tudo é exeqüível. Conseguem manter-se durante anos a fio em seus postos, apesar das incongruências que praticam, por assim dizer, inadvertidamente.
Quando alguém os contesta em suas opiniões, consideram-se vencedores com o aval do público humilde que os aceita e simplesmente respondem: “Quem não tem competência não se estabelece !” E não deixam de ter razão.

JC (18-11-1998)
DC (17-03-1999)


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


SE EU TE DISSESSE...


Se eu te dissesse que sinto a angústia de saber que existes

e não consigo te alcançar porque me pareces uma estrela distante...

Que os versos que componho se tornam cada vez mais tristes

e não posso te atingir como quisera e tenho que seguir adiante...


Se eu te dissesse que mesmo assim és a musa que me inspira

nos momentos de aflição, nas horas mais difíceis da vida...

Compreenderias talvez os soluços que magoada murmura a lira

do poeta que sou, maluco por tua presença inatingida ?!...


Se eu te dissesse também que representas o antes e o depois

de tudo que caminhei nas páginas de minha história...

que eu desejava, mesmo almejava, que fosse de nós dois

este feliz caminho, esta venturosa trajetória...


Se eu te dissesse que os dias custam a passar quando não estás

falando comigo e permaneço ouvindo tuas palavras ardentes...

Que em lugar nenhum consigo ficar, por assim dizer, em paz

e faço parte do rol nada agradável dos descontentes...


Sentirias a saudade que chega sem avisar, na hora

em que talvez estejas a fazer solitária, a tua prece

de amor por quem sentes bater o coração agora

pulsando ingovernável e bravio ?!... Se eu te dissesse...


Ialmar Pio Schneider


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

C R Ô N I C A IN MEMORIAM

Olavo Bilac

Ludwig Van Beethoven


BILAC (O Príncipe dos Poetas) e BEETHOVEN (O Gênio Musical do Mundo), ambos de 16 de dezembro...

IALMAR PIO SCHNEIDER

Na Escola da Poesia Parnasiana Brasileira, destaca-se Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (nome completo que forma um perfeito verso alexandrino que ele tanto empregou em suas poesias), como um dos mais populares, até hoje lido e recitado pelos pares enamorados. Em sua História da Literatura Brasileira, Sílvio Romero, assim se refere: “Se Teófilo Dias é o mais ardente, Raimundo Correia o mais sereno, Alberto de Oliveira o mais artista destes poetas, Olavo Bilac é o mais espontâneo, o mais natural de todos eles. Os versos lhe saem correntios, deslizam-lhe doces, maviosos, como se fossem falas decoradas e repetidas sem o mínimo esforço. Em suas composições avultam dois gêneros principais: idealizações históricas, feitas com invejável maestria, e efusões amorosas como não há melhores em línguas românticas”.
Escrevo estas linhas, lembrando que seu aniversário de nascimento ocorre em 16 de dezembro. Há alguns anos dediquei-lhe um soneto para celebrar-lhe a passagem por aqui, magnânimo bardo brasileiro que despertou tantas paixões. Consta do meu livro Poesias Esparsas Reunidas: SONETO A OLAVO BILAC---------In memoriam------Jamais se extingue o mágico talento/ que ao verso devotava o gênio culto/ e lendo teus poemas eu exulto/ ao ver tamanho amor e tanto alento.// Ourives da poesia, nunca o insulto/ de abandonar a forma ou o sofrimento/ de sentir relegada ao esquecimento/ tua Profissão de Fé, sublime culto !// Enquanto nossa Língua tão sonora./ tiver o gosto amargo da saudade,/ no peito de quem ama ou de quem chora/ não morrerá a música do verso,/ a quem deste um sabor de eternidade/ na infinita amplidão deste Universo !
Enquanto vou lendo suas poesias, escuto as sinfonias do gênio musical insuperável Ludwig Van Beethoven, cuja data de nascimento também ocorreu em 16 de dezembro. De posse de sua carta testamento escrita em Heiligenstadt, no dia 6 de outubro de 1802, traduzida pelo maior escritor gaúcho, quiçá brasileiro, Érico Veríssimo e declamada pelo grande ator Paulo Autran, restrinjo-me a transcrever apenas o seu Post scriptum no dia 10 de outubro de 1802: “Assim me despeço de ti, com tristeza. Sim a doce esperança que até agora me tem acompanhado, abandona-me de todo. Como as folhas de outono que murcham – ela secou para mim. Vou-me embora como vim: a coragem que me susteve tantas vezes nos dias de verão desapareceu. Oh! Providência, faze-me conhecer ainda uma vez um puro dia de alegria! Há tanto tempo que a ressonância profunda do verdadeiro contentamento me é estranha! Quando, ó divindade, poderei eu ainda senti-la no templo da natureza e dos homens? Nunca? Não! Oh! Isso seria cruel demais!”
A vida do compositor insuperável de todos os tempos, a quem se referiu Mozart, em Viena, em 1787, ouvindo-o improvisar exclamou: Eis um rapaz de quem muito se falará em todo o mundo. - tinha ele dezessete anos, foi muito atribulada e na maturidade foi atingido pela surdez que o prostrou cruelmente. Pode-se dizer que viveu para a música, os seus 56 anos, tendo falecido vítima de um resfriado e de hidropisia. Sua obra-prima foi a IX Sinfonia ou Coral, à qual tive a oportunidade de assistir pela OSPA, tempos atrás. É magnífica !
Quis prestar esta modesta homenagem ao poeta e ao músico, que nasceram num mesmo dia e que me deliciaram com suas obras numa tarde quente de fim de primavera e inicio de verão. Que suas almas encontrem a paz e a luz onde estiverem, pois ambos fizeram neste planeta muito de emoção aos corações sensíveis! Valeu a pena sua existência e Deus os tenha em sua glória ! Até outra oportunidade...

Poeta e cronista – E-mail:
menestrel@brturbo.com
Publicado em 30 de março de 2005 – no Diário de Canoas.




terça-feira, 15 de dezembro de 2009

CRÔNICA LITERÁRIA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


UMA PEQUENA OBRA-PRIMA

IALMAR PIO SCHNEIDER

Por esses dias, sem querer querendo, ao vasculhar certos livros depositados em prateleira de uma estante da minha desorganizada biblioteca, enxerguei um opúsculo que me chamou a atenção e despertou-me certa nostalgia de uma época distante já envolta na névoa do passado. Lembrei-me da ocasião em que li pela primeira vez o romance poético Iracema, de José de Alencar, lá pela década dos anos 50, quando cursava o antigo curso ginasial. Aquelas páginas que me embeveceram a juventude outrora e me suscitaram, conjuntamente com outras obras, o espírito para a poesia, estavam a merecer uma releitura, pois além do mais, recordar é viver. E neste intuito abri o livro e comecei a ler o início do sentimental poema em prosa do nosso romancista, considerado o maior expoente nacional no gênero indianista, cuja culminância se deu com o Guarani. Mas fiquemos com o citado Iracema, cujos versos assim principiam: “Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do Sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas”.
Percorro algumas linhas e surge o leitmotiv da história: “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado”. Daí por diante sinto uma aura de poesia impregnando as páginas que se seguem, cantando o amor que une duas almas que se encontraram em meio às ínvias matas tropicais da exuberante natureza americana. E o estrangeiro Martim, o filho de guerreiro, é aceito por Araquém, o pai de Iracema, em cuja cabana fica hospedado. Tudo acontece de acordo com os ritos nativos da nação indígena, magistralmente engendrado pelo autor.
Escrevo estas breves considerações a respeito desta pequena obra-prima da literatura brasileira por devotar-lhe uma particular simpatia pelo que representa de romanesco e poético. O final melancólico ainda deixa uma certa impressão de amargura e saudade nas seguintes palavras:
“A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema. Tudo passa sobre a terra”.
__________________________
Poeta e cronista
Publicado em 29 de novembro de 2000 - no Diário de Canoas.

domingo, 13 de dezembro de 2009

MENSAGENS POÉTICAS

Aquarela de Ângela Ponsi

Mensagens Poéticas
(Por Macedo, o Interino)

<<<>>> 13.12


Por que conviver assim,

se não nos queremos mais?!

Hoje um abismo sem fim

mata os nossos ideais.

(Ialmar Pio Schneider / RS)

<<<>>>
Eu peço a Deus todo dia
que lá dentro, bem no fundo,
desperte paz e harmonia
nos governantes do mundo.
(Ivaniso Galhardo / RN)

<<>>
2007 > Bandeirantes > PR
Tema > Encanto > Vencedora
Diante do encanto desfeitopor promessas não cumpridas,eu sempre encontro outro jeitode entrelaçar nossas vidas.(Olga Agulhon / PR)

<<>>
Às vezes ele renega
o seu próprio sofrimento.
Todo palhaço carrega
um fardo de sentimento...
(Ademar Macedo / RN)

<..E Suas Trovas Ficaram >
As estrelas refulgentes,que Deus espalhou ao léu,parecem loiras sementesna seara azul do céu!Joubert de Araújo Silva /RJ)

<<<>>>
Eu já fui paparicado,
tive meus dias de glória,
ao rever a minha história,
a dor me deixa alquebrado.
Mas, aí ouço um chamado,
numa voz doce de prece
que diz assim: - Vem e esquece!...
Sou o Amor e estou contigo,
então, ergo- me e prossigo...
Pois o amor rejuvenesce..
(Macedo, Francisco Neves / RN)
<<<>>>
Deixe-me Sonhar

Viver triste e sonhar tendo alegrias
é sorrir ocultando a dor medonha!
Não sonhar é rasgar as fantasias,
que o espírito deseja quando sonha!

Quero sonhos de amor todos os dias,
mesmo a vida real sendo enfadonha;
quando o sonho desfaz as nostalgias,
nos encanta... Sonhar não faz vergonha!

Se às fúrias do tempo eu não dou jeito,
quero ao menos a graça do direito
de sonhar e fingir que sou feliz!

Quero, aflito, pintar quadros risonhos,
ser o filho adotivo dos meus sonhos
já que a morte madrasta não me quis!
(Diniz Vitorino / PB

sábado, 12 de dezembro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - TELA de GLAUCIA SCHERER

TELA de Glaucia Scherer

M O D E L O

IALMAR PIO SCHNEIDER

Não rompo o verbo
para não ferir a palavra
Quem simplifica reparte
Se fujo do contratempo
me deparo com o muro de pedras
Sigo um caminho de curvas
sem retorno
Altos e baixos encontro e transponho
Não adjetivo para não colorir o verso
Procuro poetar sem subterfúgios
assim me concretizo.

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 11 de 19.11.82 - CANOAS (RS)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SONETO de IALMAR PIO


V Í T I M A

IALMAR PIO SCHNEIDER

Nestas horas serenas e patéticas
eu canto um rio de amor em profusão;
e faço dos meus sonhos comunhão
das ondas rubro-verdes e poéticas...

As minhas esperanças são proféticas
e existe nelas uma solidão,
por quem bate em delírio o coração
` se desfazendo em pulsações atléticas.

Oh! cantar tristemente noite e dia
sem demonstrar nos olhos a alegria
dos que estão satisfeitos com a vida,

é a tristeza suprema que atraiçoa,
é o copo envenenado de água boa
que nos mata sem vermos a ferida !

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 13 - de 22.10.82 - CANOAS (RS)______________________________________________________________________

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

SONETO de IALMAR PIO

Cristo Redentor - RIO
S O N E T O M Í S T I C O

Ialmar Pio Schneider

Estou sentindo um sopro realmente...
É a hora em que refrescas minha fronte
e sou Tua flor, erguida em alto monte,
a quem deste um aroma permanente.

O dia em que eu tombar murcho no chão
recolhe para Ti todo o perfume
para que eterno queime no Teu lume
incensando Tua plácida mansão.

Não o deixes perder-se em treva densa,
mas faze que ele sempre a Ti pertença
co’a glória de servir-Te e que somente

um dia - não sei quando - em Teu louvor,
retorne finalmente à mesma flor
p’ra que unidos os guardes eternamente.

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 12 de 3.9.82 - CANOAS (RS)



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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela Verão de Ângela Ponsi

É PRECISO MEDITAR LONGAMENTE...

Ialmar Pio Schneider

É duro estar aqui pensando
que o dia de amanhã poderá
ser fatal.
As nuvens passeando pelo céu
vêm contar histórias longínquas
e uma esperança urgente
descreve a emoção
de se estar parado
a contemplar a paisagem.
É preciso meditar longamente
a fim de seguir o caminho que mais convém.
Tu poderias ser a meta a atingir.
Mas, onde andarás ?

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 12 de 10.8.82 - CANOAS (RS)


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domingo, 29 de novembro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - Imagem da Internet


NO SONO...

Ialmar Pio Schneider

Mais uns minutos
e a noite cairá pesada
como o sono que eu trago
no imenso vago
do coração.

Meus sonhos triturados
hão de estalar
e sentir-me-ei abandonado
- poeira inútil
ao longo dos roteiros.

Um vento forte
estará espiando meu desastre
e na fatalidade que me espera
voarei pelos espaços
no sono imenso e vago
e sem perdão...

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 14 de 23.7.82 - CANOAS (RS)


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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CRÔNICA EM HOMENAGEM PÓSTUMA



DESPEDIDA AO POETA AMIGO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Recebi, consternado, a notícia do falecimento do humanista escritor amigo Eno Theodoro Wanke, ocorrido no dia 28 de maio de 2001, no Rio de Janeiro, onde residia e espalhava suas criações literárias - sonetos, trovas, contos, crônicas e principalmente seus “clecs” (pensamentos humorísticos), bem como estudos sobre a trova, biografias, folclore, didática do verso, episódios na vida, memórias, etc., por todo o país e grande parte do mundo. Seu soneto APELO, foi publicado em livro - “160 brados de alerta contra a guerra em 95 idiomas”, cujo texto é o seguinte: “Eu venho da lição dos tempos idos / e vejo a guerra no horizonte armada. / Será que os homens bons não fazem nada? / Será que não me prestarão ouvidos? // Eu vejo a Humanidade manejada / em prol dos interesses corrompidos. / É mister acabar com esta espada / suspensa sobre os lares oprimidos! // É preciso ganhar maturidade / no fomento da paz e da verdade, / na supressão do mal e da loucura... // Que a estrutura econômica da guerra / se faça em pó! E que reinem sobre a terra / os frutos do trabalho e da fartura !”
Só por curiosidade e para que seja registrado, a composição acima de quatorze versos, foi vertida para as seguintes línguas: albanês, afrikaans, alemão, alsaciano, amárico, árabe, balear, basco, bengali, bourguignon, bundo ou umbundo, búlgaro, cabrais, castelhano, catalão, chibarwe, chinês, chic’hangana, chynianja, cisena, cinsenga, cinyungwe, coreano, croaca, coti, dinamarquês, esloveno, esperanto, estoniano, filipino, finlandês, flamengo, francês, frísio ou frison, gaélico, galego, galês ou welsh, gê, mina ou popo, grego moderno, guarani, haussá, hebraico, hindi, holandês, húngaro, indonésio ou bahasa indonésia, inglês, islandês, italiano, japonês, javanês, kikongo ou congo, kirundi, latim, letão, lombardo, lwo, macua, malaio, malgache, maltês, mongol, norueguês, nyanja, oandi, occitânico, papiamento, persa, peul, fulani ou fulfundé, polonês, ponapeano, quechua, quimbundo, romantche, romeno, ruanda, russo, samoano, serbo-croata, sesoto, shona, siciliano, singalês, sueco, swahili, tagalog, tai, tcheco, tereno, tupi moderno ou nheengatu, turco, ucraniano, wolof e zulu. “Total: 160 sonetos em 95 idiomas ou dialetos, incluindo o português, ou seja, são 159 versões do soneto Apelo para 94 línguas diferentes.”
Há alguns anos, conheci-o, quando esteve em Porto Alegre, e confraternizamos num almoço em que houve até concurso de trovas, declamações e pequenos discursos. Era uma pessoa muito cordial e contava com uma infinidade de amigos, entre os literatos de toda parte.
Tendo lhe enviado o meu livro de poemas, respondeu-me, com sua obra de “reminiscências das férias numa serraria do interior do Paraná na década de 1940” - Serraria Santa Alelaide - seguido de bibliografia juvenil inédita”, na qual pôs a seguinte dedicatória: “Ao Ialmar, agradecendo o belo livro “Poesias Esparsas Reunidas” - cuja leitura muito me agradou, um abraço e a amizade do Eno - Ass. - Rio, 200l”. Foi o último contato que tivemos.
Depois disso recebi o livro Apelo - Rubaiyat & Satã - Poesia Completa/Vol. 5 -, ainda para mim autografado: “Para Ialmar Pio Schneider, com o fraterno abraço do Eno - Ass.”, e a notícia de seus familiares de que havia partido no dia 28 de maio de 2001, “expressando seus mais sinceros agradecimentos pelos longos anos de cordial convivência. - Rio de Janeiro, 200l”. Acrescento que sua produção e sua biografia até 1990 foram analisadas por Therezinha Radetic no livro Eno Theodoro Wanke, sua vida e sua obra.”
Quero, outrossim, dizer do meu sentimento aos seus familiares e que a passagem do Eno por este mundo ficará para sempre nas mensagens poéticas que ele deixou à posteridade. Seus amigos e colegas não o esquecerão em suas memórias e preces. Que Deus lhe dê as luzes do Paraíso onde continue exercitando sua arte que tanto ama !
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Poeta e cronista

Publicado em 22 de agosto de 2001 - no Diário de Canoas.




segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi

Do Bric-à-Brac da Vida
NILO TAPECOARA
Correio do Povo de Pôrto Alegre (RS)
11.11.1982

C o n s o l a ç ã o

Ialmar Pio Schneider

Os meus versos não servem mais pra nada;
quero jogá-los fora, pobres versos,
foram meus companheiros de jornada
nos momentos felizes ou adversos !

Muitos escritos pela madrugada,
tristes soluços na paixão imersos
parecem uma história inacabada
com fragmentos avulsos e dispersos...

Entretanto, por que jogá-los fora ?
se nasceram do fundo de minh’alma
e já não servem pra mais nada, agora ?!

São versos pobres, versos, enfim, tristes,
mas fazem que eu mantenha a minha calma
e me dizem que tu neles existes...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi

MONOTONIA SALUTAR

Ialmar Pio Schneider

Um casal de pardais se banha agora
na poça d’água rente da calçada...
O sol a pino... faz calor nesta hora...
É meio-dia e a tarde começada.

Vem do mar uma brisa que me agrada,
olho a paisagem nítida lá fora.
Estou à sombra e penso em quase nada:
assim minh’alma não sorri nem chora.

Ficar sentado aqui sem perspectiva,
ouvindo a voz das aves e o marulho,
nesta monotonia cansativa;

contudo salutar a quem deseja
fugir do turbilhão e do barulho
para buscar a calma benfazeja...

Praia do Pinhal - 14.2.84

Canoas, 10 de janeiro de 1985 - Página 10 - RADAR


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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - TELA de GLAUCIA

Tela de Glaucia Scherer


_____S O N E T O Í N T I M O_____

Ialmar Pio Schneider

Enfrenta teu destino sem alarde;
que ninguém saiba o que te vai na mente...
Não te lastimes, murmurando: “É tarde !”
Esquece o teu passado, indiferente...

Também não fujas, como vil covarde,
à luta que te espera, e simplesmente
pede ao Senhor que te proteja e guarde
em Sua bondade infinda, onipotente.

Encontrarás, enfim, sabedoria
para atingir a meta projetada,
sem falso orgulho, mágoa ou rebeldia;

porque tua fé com força redobrada
renascerá com flores de alegria,
enfeitando pra sempre tua estrada.

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 10 - 9.7.82 de CANOAS (RS)
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela A Bailarina de Ângela Ponsi

MUSA CONSOLADORA

Ialmar Pio Schneider

Foge-me a inspiração levada pelo vento
e junto vais, oh musa ardente e sedutora,
deixando-me sozinho envolto em meu tormento
e a se desesperar minh’alma sofredora !

Foste minha ilusão e meu contentamento,
a luz que prende a alma e a torna sonhadora,
e se hoje tua ausência em vão choro e lamento,
é porque te perdi, fada consoladora !

Aguardo teu retorno, encantada revinda,
pra que volte a cantar e a bendizer o amor...
Na noite mais atroz te concebo mais linda

e necessito, enfim, de teu magno esplendor
que me faça entender, talvez um pouco ainda,
o sonho genial de ser poeta e cantor...


Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 14 de 6.8.82 - CANOAS (RS)


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terça-feira, 10 de novembro de 2009

S O N E T O de IALMAR PIO -TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer

SONETO A UMA MUSA

Tento ainda escrever mas, tristemente,
meu coração soluça e não esquece
a musa que enfatiza a minha prece
e sinto que estou mal, estou doente.

Por que será que foste a grande ausente
na vida do poeta que padece,
(oh! fada que percorres minha messe)
e me fazes sofrer inutilmente?!...

No entanto, minha velha companheira,
eu te levo comigo na desdita,
e há de ser a esperança derradeira

de seguir versejando amargas penas,
porque em sonhos te vejo tão bonita,
e pra mim tal conforto basta, apenas...

IALMAR PIO SCHNEIDER

pág. 10 - “O TIMONEIRO” - 21.8.81 - CANOAS (RS)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SONETO de SEVERINO SILVEIRA DE SOUSA

Pôr-do-sol no Guaíba
MANANCIAIS DE RIMAS

(ao consagrado poeta e amigo,
Ialmar Pio Schneider )

Os teus sonetos que releio, amigo,
sarapintados de filosofia,
portando a flama da sabedoria
e imunizados de qualquer prurigo...

Detentores dos lauréis da poesia
são mananciais de rimas que bendigo.
O sonetário belo é que persigo
quais teus sonetos de real magia...

Prossegue, amigo, a sonetear na trilha
da inspiração que ativa e que fervilha
no sentimento que acalentas n´alma.

Bendito sejas no versejo culto
destacado no estudo a que me avulto
e pertinente à musa que m´empalma !...


Severino S. de Sousa
28/10/2009

Obs.: Quero agradecer ao confrade e amigo por me dedicar este soneto maravilhoso e culto.


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi


AMOR ANTIGO

Ialmar Pio Schneider

Eu quis fazer um verso de saudade
Que me trouxesse os dias já vividos;
E pensei nos caminhos percorridos
Quando te amei demais na mocidade.

Mas hoje mergulhado na ansiedade,
Só me atormentam sonhos reprimidos
Como se fossem cânticos perdidos
Que me negaram a felicidade.

Aquela que cruzou o meu destino
E só me fez cantar inutilmente
Os seus dotes de rara exuberância,

Matou pra sempre os sonhos de menino
Que povoaram então a minha mente
De todos os amores sem constância.

Porto Alegre – RS, 26 de maio de 2002


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

SONETO DE FINADOS




SONETO DE FINADOS

Lembramos nossos mortos neste dia
que consagramos tristes aos finados;
passaram para o Além e a lájea fria
apenas guarda os corpos sepultados.

Hoje tudo é perpétua nostalgia...
Ouvem-se preces, prantos desolados,
um porquê inexplicável excrucia
até os corações mais resignados.

Dos páramos celestes desce a luz,
iluminando a terra que se habita;
e a verdade mais crua se traduz

pela certeza natural e aflita
que fatalmente a todos nos conduz
à noite eterna... trágica... infinita...

IALMAR PIO SCHNEIDER


sábado, 31 de outubro de 2009

TROVAS de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi



TROVAS DE IALMAR PIO
SCHNEIDER
XXV
És a força que eu preciso
para deixar de sofrer.
Oh! querida, toma juízo
e vem comigo viver !
XXVI
Já faz tempo, era eu criança,
minha mãe me disse um dia:
- Nunca percas a esperança
pois ela nos alivia !
XXVII
A mágoa que em mim existe
é fruto de uma saudade
que me transforma num triste
no seio da sociedade.
XXVIII
Seja pobre ou seja rica
a rima é uma canção,
a saudade sempre fica
depois que os versos se vão.


Publicadas na Pág. 14 de O TIMONEIRO - 2.7.82 de CANOAS (RS)


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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

DIA NACIONAL DO LIVRO - 29 de outubro

Imagem: arquivo



N O I T E

D E

I N S Ô N I A

Ialmar Pio Schneider

Quanto quisera te olvidar agora
antes que seja tarde em demasia,
pois novamente vai romper a aurora
e teremos à frente um novo dia !

Eu te verei passar então lá fora
e me verás também na companhia
dos meus livros, amigos de toda hora,
procurando compor qualquer poesia.

Irás esbelta como sempre estás
seguindo jovialmente teu caminho
sem olhar um instante para trás...

Eu seguirei teus passos de mansinho
com meus olhos cansados e sem paz
lamentando esta vida de sozinho.

CANOAS, 11-1-85 - O TIMONEIRO - PÁG. 6
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terça-feira, 27 de outubro de 2009

TROVAS de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi



TROVAS DE IALMAR PIO
SCHNEIDER

XXII
Simples trova mensageira
de tanto amor e emoção,
estarás a vida inteira
dentro do meu coração.
XXIII
Loucura ! quando te digo
que fazes parte de mim,
pois corro sempre o perigo
que não me ames até o fim !
XXIV
Eu quis compor uma trova
tendo por tema canção;
` que me desse vida nova
e nasceste em mim, então !

Publicadas na Pág. 22 de O TIMONEIRO - 25.6.82 de CANOAS(RS)


sábado, 24 de outubro de 2009

TROVAS de IALMAR PIO

MUSA



TROVAS
Ialmar Pio Schneider

XVII
Conforme o verso comprova,
nada de mais popular
que a beleza de uma trova
dita ao clarão do luar.
XVIII
Posso até andar sozinho,
no entanto, comigo estás;
eu recordo teu carinho
sem ele não tenho paz.
XIX
Saibas, enfim, que te quero
no prazer e na amargura,
quem sofre, sendo sincero,
ama até na desventura.
` XX
Amor que vem e que vai
pelos caminhos da vida...
Amor que amando não trai
a pessoa preferida...
XXI
- Não repele mas atrai
e contente nos convida...
É uma voz que diz: “Amai,
sem pensar em despedida !”

Publicadas na Pág. 10 de O TIMONEIRO - 18.6.82 - CANOAS (RS)


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

foto

S O N E T O de IALMAR PIO - IMAGEM: arquivo


SONETO
(em 31/5/65 - Soledade - RS)
Na frustração dos sonhos desvalidos
senti saudade de vivê-los mais;
porém, agora em versos desiguais
a própria dor transborda em mil gemidos...
Talvez a música com sustenidos
e bemóis possa evaporar caudais
em ondas agitadas e formais
de anseios rápidos e incompreendidos.
Castigo sem clemência, inveterado
no mar perdido e fátuo do passado
onde navega uma ilusão falida...
Não é recalque nem talvez complexo
o desajuste vário e desconexo
que vem chorando se alojar à vida.

CRÔNICA LITERÁRIA

Sigmund Freud




VICISSITUDES DE SIGMUNDO FREUD

IALMAR PIO SCHNEIDER

O dia 6 de maio de l856, portanto, há 153 anos, foi a data de nascimento do médico austríaco, criador da Psicanálise, a que chamam também de “ciência da alma”, Sigmundo Freud, na cidade de Freiberg, Morávia. Seus estudos a respeito do comportamento humano vieram revolucionar a psicologia até então existente. Nesta área pode-se dizer que é antes e depois de Freud. Iniciou sua aprendizagem em Viena, no Spert-Gymnasium, obtendo as melhores notas da classe. Admirava as personalidades de Aníbal e de Napoleão, o que, conforme algumas opiniões, deu-lhe um temperamento forte ao caráter. Escreveu, mais tarde, sobre a sua admiração infantil por Aníbal e Roma, dizendo que ambos “simbolizavam a oposição entre a tenacidade do judaísmo e a organização da Igreja Católica. Compreendi as conseqüências de pertencer a uma raça alheia ao país, e fui forçado, diante do sentimento anti-semítico reinante entre meus condiscípulos, a assumir posição resoluta, como a do caudilho semita.”
Quando ingressou na Universidade de Viena, onde viria a se formar em medicina em 1881, passou alguns vexames devido à sua condição de judeu pobre. Entretanto, sobressaiu-se pelo seu talento excepcional. Conseguiu distinguir-se em matéria de investigação fisiológica, com demonstrações notáveis, junto com seu mestre Ernesto von Brücke.
Concluído o curso médico, tendo trabalhado algum tempo no Hospital Geral de Viena, resolveu em 1885, empreender uma viagem a Paris a fim de estudar com Jean-Martin Charcot, eminente professor e famoso por suas contribuições em matéria de doenças nervosas, que realizava experiências através do emprego do hipnotismo, demonstrando que as enfermidades corporais tinham origem no espírito da pessoa. Regressou a Viena e expôs as teorias de Charcot à Sociedade Médica local, mas foi recebido com chacota pela maioria dos médicos presentes. Um deles, porém, admitiu sua explanação. Tratava-se do seu velho amigo José Breuer, que já havia empregado com êxito a hipnose num tratamento de caso de histeria. Ambos, então, Freud e Breuer, se envolveram durante 9 anos no mesmo objetivo. Durante este período Freud realizou uma segunda viagem a Paris, para verificar “in loco”, aplicações realizadas com sucesso por Hipólito Bernheim. Contudo, depois disso, Freud abandonou o método hipnótico no tratamento das neuroses e resolveu seguir seu próprio caminho. Havia publicado, conjuntamente com seu mestre e colaborador Breuer, a obra “Estudos sobre a histeria”, no ano de 1895.
Dispensa a colaboração de Breuer, naquele mesmo ano, e voltado para a concepção dos impulsos sexuais, publica um estudo intitulado “Neurose da angústia”, em que lançou ao mundo incrédulo as bases da doutrina da psinanálise, ou psicologia abissal, das “profundidades”. Consta que a psicanálise foi recebida com hostilidade e repugnância, e o próprio Freud com todo o desprezo. Mas ele não se deixou vencer pelo preconceito e continuou a labutar em seus objetivos, apesar das vicissitudes, e publicou incontinenti, as obras: “Interpretação dos sonhos” e a “Psicopatologia da vida cotidiana”, em que estabeleceu os conflitos criados pela “alma” humana. Estavam lançadas as bases da sua doutrina. Observe-se que em “Conceitos Básicos da Psicanálise – Um diálogo”, Freud escreve: “Não se esqueça do que disse certa vez o poeta-filósofo Schiller: “Enquanto a filosofia sublime/ Rege, supremamente, o curso do tempo/ O Mundo, seguindo o velho costume,/ Se move pela fome e pela paixão.” Fome e Paixão – são dois agentes poderosos ! Às necessidades do nosso corpo que estimulam o espírito à ação, chamamos impulsos instintivos.””
Finalizo o presente esboço modesto, com o simples intuito de atentar para o que Freud explica, não obstante a expressão corrente de surpresa, por vezes empregada: nem Freud explica.
Até outra oportunidade...
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Cronista e poeta

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

TROVAS de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA


Aquarela A Bailarina de Ângela Ponsi


TROVAS De IALMAR PIO
SCHNEIDER

IX
Quis te fazer um poema,
de meu amor uma prova.
Mas esbarrei num dilema
e então te fiz uma trova.
X
Quantos versos escrevi
sem que pudesse entendê-los...
Agora me encontro aqui
a lembrar os teus desvelos.
XI
O poeta é um visionário
mas quanta verdade encerra;
mesmo sendo um solitário
ele abrange toda a Terra !
XII
Na cadência de uma trova
vou embalar meu desejo.
Minha vida se renova
quando te abraço e te beijo.
XIII
Quatro linhas bem rimadas
encerrando um pensamento
das almas apaixonadas...
Eis a trova de talento !
XIV
A poesia se renova
ao sabor da evolução.
No entanto, porém, a trova
conserva sua tradição.
XV
Para te amar mais e mais
resolvi ser trovador;
aquele que trovas faz
sempre vive um grande amor.
XVI
Seja rica, seja pobre,
a rima de uma trovinha
ela sempre será nobre,
pois se veste de rainha.

Publicadas na pág. 14 de O TIMONEIRO DE 4.6.82 de CANOAS (RS)


terça-feira, 20 de outubro de 2009

CRÔNICA LITERÁRIA - DIA NACIONAL DO POETA - 20 de outubro

Aquarela de Ângela Ponsi

SOBRE A POESIA MARGINAL

IALMAR PIO SCHNEIDER

Estava assistindo a um programa de TV no Canal TV Câmara, em que se falava em poesia. A pessoa que estava declamando alguns versos soltos, percebi que se chamava Chacal e conversou alguns momentos com uma mulher de nome Heloísa Buarque de Hollanda. Então, lembrei-me de um livro que havia adquirido faz muitos anos cujo título é O que é poesia marginal, de Glauco Mattoso, Editora Brasiliense, 2ª edição, 1982, que encontrei sem mais delongas em uma prateleira de minha biblioteca, onde os livros estão enumerados por ordem de autor e de que também tenho uma relação por títulos. Facilmente encontrei-o.
Daí fiquei sabendo que se tratava de um movimento que surgiu nos idos de 1970 e que agrupava indivíduos que apregoavam uma nova forma de poesia, ou seja, mais livre e coloquial – “o poema não é bom nem ruim/ o poema é uma idéia (Marcelo Dolabela, no livrinho Coração malasarte)”. E como não tinham respaldo de editoras para publicarem seus livros, faziam-no artesanalmente em mimeógrafos , incluindo livrinhos impressos em offset, ilustrados, bem acabados. Assim “em 71, Chacal e Charles lançavam seus primeiros trabalhos mimeografados em tiragem de 100 exemplares, e em Brasília circulava o jornal Tribo, que foi até o terceiro número”.
Ilustrando o que significava aquela incursão na nova escola de poesia, chamada marginal, assim a qualificavam os pesquisadores Heloísa Buarque de Hollanda e Carlos Alberto Pereira, “a poesia marginal, literariamente falando, consiste no estilo coloquial encontrado na maioria dos autores da geração-mimeógrafo, caracterizado pelo emprego de um vocabulário baseado na gíria e no chulo, e de uma sintaxe isenta das regras de gramática, tal como no linguajar falado: qualé o lance? (Ronaldo Santos) – a cana tá brava a vida tá dura (Bernardo Vilhena) – a mão rápida do pivete agarrou a bolsa da velha/ a velha teve um troço & caiu babando na rua (Adauto de Souza Santos) – um orfeu fudido sem ficha nem ninguém pra ligar (Chacal) – a fumaceira fudida veste a cidade grande (Charles) – tem tanto tempo não faz um som (idem) – ano que vem eu compro um fusca (Nicolas Behr) – me manda embora antes das oito/ mas só me traia depois das dez (idem) – o hippie/ foi no shopping/ e feliz, deu um chiliqui (Marcelo Dolabela).
“Tal gênero de poesia seria marginal justamente por representar uma recusa de todos os modelos estéticos rigorosos, sejam eles tradicionais ou de vanguarda, isto é, por ser uma atitude antiintelectual e portanto antiliterária.
“Heloísa, que qualificou esse estilo como uma “retomada” do modernismo de 22, acrescenta que a diferença está na postura, que em 22 teria sido intencional, premeditada, e na poesia marginal seria espontânea e inconsciente.
“Quando saiu a antologia 26 poetas hoje, alguns dos autores tidos como marginais se reuniram com críticos, professores e alunos de literatura para debater teoricamente o “fenômeno poético” do momento. Nessas ocasiões empregavam-se terminologias eruditas ( do tipo espontaneismo, irracionalista, anticabralino) e levantavam-se questões como a de que os novos poetas estavam querendo “matar” Cabral. Puro desperdício de energia, pois, na verdade, o único Cabral morto na história seria o Pedro Álvares, e junto com ele o estilo arcaico da carta de Caminha. Quanto a João Cabral, nada sabia ele dessa “morte”, assim como poucos dos marginais sabiam de sua vida.”(...) (pgs. 32, 33 e 34 do livro O que é Poesia Marginal, de Glauco Mattoso).
De tempos em tempos, sabe-se, surgem manifestações inovadoras na arte poética, quando já a velha forma esteja desgastada. O ser humano tem o dom inerente da criação e a espontaneidade desse movimento, acredito, continuará como abrindo um caminho interminável de renovação para futuros poetas...
Cronista e poeta

sábado, 17 de outubro de 2009

SONETO de IALMAR PIO - imagem - arquivo do autor

Capa do livro do saudoso poeta Clóvis Soares Siedler




SONETO PARA CLÓVIS SOARES SIEDLER
(Autor de: “Diante do Espelho”)
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Ialmar Pio Schneider
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Noite adentro estou lendo teus sonetos
que me falam do espelho em que te fitas,
e as imagens nascendo dos quartetos
vão se abrindo a composições aflitas...

Como fazendo súplicas contritas,
tuas páginas lembram amuletos
que demandam o além, quais infinitas
evocações clamando nos tercetos.

O teu verso a preencher-me as horas mortas,
o mesmo que em compondo te confortas,
também me encanta madrugada afora.

És um poeta cuja voz sentida
fala de amor...de solidão... da vida...
e quando cantas a tua alma chora !

PÁG. 18 - O TIMONEIRO - CANOAS, 15.6.84
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CRÔNICA LITERÁRIA de IALMAR PIO

J. G. de Araújo Jorge


POR QUE NÃO LER OS BEST-SELLERS ?

IALMAR PIO SCHNEIDER

A leitura, segundo meu juízo, pode ser de instrução, de auto-ajuda, e também de entretenimento, entre outros. Então por que alguns intelectuais se indispõem em aceitar os best-sellers? Assistindo ao programa do Jô Soares que entrevistava o acadêmico imortal Lêdo Ivo, pelo lançamento do seu livro Poesia Completa, e por estar com 80 anos de idade, en passant, falaram sobre os autores que mais vendem e os que não. O poeta falou que é muito relativo este enfoque, uma vez que alguns fazem sucesso porque escrevem para determinada clientela ledora, mas ao mesmo tempo desaparecem na efemeridade das coisas passageiras. Eu, de minha parte, leio certos best-sellers e os tenho apreciado, geralmente. Acredito que o que faz a vendagem dos livros é a mídia. Já vi em página de revista num ônibus em Paris uma propaganda do livro de Paulo Coelho, Veronika decide morrer. Como ele tem um público cativo em quase todo o mundo, é sabido que é um dos maiores vendedores brasileiros de todos os tempos.
Voltando ao poeta Lêdo Ivo, enquanto assistia ao programa do Jô Soares, sendo entrevistado, procurei na prateleira um livro dele, Antologia Poética, com seleção de Walmir Ayala e introdução de Antônio Carlos Villaça, e me deliciei com o seguinte soneto, que reputo um dos melhores de sua verve: Soneto do Empinador de Papagaio – “A nada aceito, exceto a eternidade,/ nesta viagem ambígua que me leva/ ao altar absoluto que, na treva,/ espera pela minha inanidade.// O que sonhei, menino, hoje é verdade/ de alva estação que em meu silêncio neva/ o inverno de uma fábula primeva/ que foi sol, cego à própria claridade.// Na hora do fim de tudo, separados/ fiquem os dois comparsas do destino/ que sabe a cinza após o último alento.// E a morte guarde em cova os injuriados/ despojos do homem feito; que o menino/ empina o papagaio, vive ao vento.” – Ediouro – pg. 65. E o entrevistador caçoava dele, dizendo que continuava sendo um menino, embora octogenário. Mas, pelo que pude aquilatar, eles são leitores de best-sellers, pois quem não quer divulgar seus trabalhos e conquistar leitores?! Não sejamos hipócritas !
Venho de ler um dos maiores best-sellers da atualidade, O Código da Vinci, de Dan Brown, - dez milhões de livros vendidos em todo o mundo – na edição da Sextante. Trata-se de um romance policial, com poucas personagens para não atrapalhar a fluência na leitura, e pleno de lances inesperados. Tenho certeza de que o sucesso de venda deste livro, se deve à simplicidade e a desenvoltura da trama que aos poucos vai conquistando o leitor, sem muito academicismo e sofisticação intelectualista que só fazem afastá-lo. Assim como existem os leitores analfabetos funcionais, tão apregoados por alguns intelectuais, também há os escritores que escrevem só para si mesmos, não atingindo o homem comum do povo que é a maioria no mundo inteiro.
Na poesia, quem não se lembra de J. G. de Araújo Jorge, nas décadas de 50 a 70 ? com seus poemas românticos cativando os corações enamorados ?! Conheço diversas pessoas que se encontraram, se amaram e viveram felizes, lendo e ouvindo as poesias deste poeta que fabricava estes versos: “Uma hora de morrer... I – Uma hora de morrer é aquela em que,/ debruçado sobre teus olhos,/ me agarro a ti para salvar-me/ e sinto que afundamos juntos. – II – Uma hora de morrer/ é aquela em que nada dizes,/ em que apenas me olhas como agradecendo,/ e em que me guardas ainda contra ti,/ como se quisesses ter a certeza/ de que apesar de tudo/ ficamos na terra”. – do livro A Sós... 9ª edição – Editora Record – 1982 – na contracapa.
No meu modesto entender, toda a leitura que desperta a curiosidade do leitor de maneira simples e atinge os corações também, é válida, tanto na prosa quanto na poesia. O importante é que seja agradável, não deixando de ser instrutiva e iluminando as mentes das pessoas...
___________________________________________ Poeta e cronista – E-mail: menestrel@brtrubo.com===PUBLICADO NO DIÁRIO DE CANOAS.


terça-feira, 13 de outubro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi



NOSSO CAMINHO


Ialmar Pio Schneider


Envio-lhe estes versos com saudade

dos momentos felizes

de serenidade

ou deslizes...



Tudo é possível quando nos visita

uma paixão avassaladora,

inaudita

e sedutora...



Um sonho se descortina

em nosso caminho

e nos fascina

pelo carinho...



Quando estivermos juntos e unidos

vamos sempre lembrar

que fomos concebidos

para viver e amar...



PORTO ALEGRE – RS