sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CRÔNICA LITERÁRIA

Sigmund Freud




VICISSITUDES DE SIGMUNDO FREUD

IALMAR PIO SCHNEIDER

O dia 6 de maio de l856, portanto, há 153 anos, foi a data de nascimento do médico austríaco, criador da Psicanálise, a que chamam também de “ciência da alma”, Sigmundo Freud, na cidade de Freiberg, Morávia. Seus estudos a respeito do comportamento humano vieram revolucionar a psicologia até então existente. Nesta área pode-se dizer que é antes e depois de Freud. Iniciou sua aprendizagem em Viena, no Spert-Gymnasium, obtendo as melhores notas da classe. Admirava as personalidades de Aníbal e de Napoleão, o que, conforme algumas opiniões, deu-lhe um temperamento forte ao caráter. Escreveu, mais tarde, sobre a sua admiração infantil por Aníbal e Roma, dizendo que ambos “simbolizavam a oposição entre a tenacidade do judaísmo e a organização da Igreja Católica. Compreendi as conseqüências de pertencer a uma raça alheia ao país, e fui forçado, diante do sentimento anti-semítico reinante entre meus condiscípulos, a assumir posição resoluta, como a do caudilho semita.”
Quando ingressou na Universidade de Viena, onde viria a se formar em medicina em 1881, passou alguns vexames devido à sua condição de judeu pobre. Entretanto, sobressaiu-se pelo seu talento excepcional. Conseguiu distinguir-se em matéria de investigação fisiológica, com demonstrações notáveis, junto com seu mestre Ernesto von Brücke.
Concluído o curso médico, tendo trabalhado algum tempo no Hospital Geral de Viena, resolveu em 1885, empreender uma viagem a Paris a fim de estudar com Jean-Martin Charcot, eminente professor e famoso por suas contribuições em matéria de doenças nervosas, que realizava experiências através do emprego do hipnotismo, demonstrando que as enfermidades corporais tinham origem no espírito da pessoa. Regressou a Viena e expôs as teorias de Charcot à Sociedade Médica local, mas foi recebido com chacota pela maioria dos médicos presentes. Um deles, porém, admitiu sua explanação. Tratava-se do seu velho amigo José Breuer, que já havia empregado com êxito a hipnose num tratamento de caso de histeria. Ambos, então, Freud e Breuer, se envolveram durante 9 anos no mesmo objetivo. Durante este período Freud realizou uma segunda viagem a Paris, para verificar “in loco”, aplicações realizadas com sucesso por Hipólito Bernheim. Contudo, depois disso, Freud abandonou o método hipnótico no tratamento das neuroses e resolveu seguir seu próprio caminho. Havia publicado, conjuntamente com seu mestre e colaborador Breuer, a obra “Estudos sobre a histeria”, no ano de 1895.
Dispensa a colaboração de Breuer, naquele mesmo ano, e voltado para a concepção dos impulsos sexuais, publica um estudo intitulado “Neurose da angústia”, em que lançou ao mundo incrédulo as bases da doutrina da psinanálise, ou psicologia abissal, das “profundidades”. Consta que a psicanálise foi recebida com hostilidade e repugnância, e o próprio Freud com todo o desprezo. Mas ele não se deixou vencer pelo preconceito e continuou a labutar em seus objetivos, apesar das vicissitudes, e publicou incontinenti, as obras: “Interpretação dos sonhos” e a “Psicopatologia da vida cotidiana”, em que estabeleceu os conflitos criados pela “alma” humana. Estavam lançadas as bases da sua doutrina. Observe-se que em “Conceitos Básicos da Psicanálise – Um diálogo”, Freud escreve: “Não se esqueça do que disse certa vez o poeta-filósofo Schiller: “Enquanto a filosofia sublime/ Rege, supremamente, o curso do tempo/ O Mundo, seguindo o velho costume,/ Se move pela fome e pela paixão.” Fome e Paixão – são dois agentes poderosos ! Às necessidades do nosso corpo que estimulam o espírito à ação, chamamos impulsos instintivos.””
Finalizo o presente esboço modesto, com o simples intuito de atentar para o que Freud explica, não obstante a expressão corrente de surpresa, por vezes empregada: nem Freud explica.
Até outra oportunidade...
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Cronista e poeta

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