quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Dia do Blog - 31 de agosto - Soneto hendecassílabo de Ialmar Pio - Imagem da Internet




DIA DO BLOG – 31 de agosto – SONETO HENDECASSÍLABO
Ialmar Pio Schneider



Salve o Dia do Blog que se comemora


em 31 de agosto no mundo inteiro;


eu tenho imenso prazer em ser blogueiro


e mensagens enviar a qualquer hora...






Bem sei que ele é o mais fiel companheiro


para quem ama ou o abandono deplora,


e leva os sentimentos espaço afora,


sempre útil, prestimoso e verdadeiro.






Diversas crônicas, contos e poesias,


publicamos em suas páginas nobres;


todavia, além de tudo, é um calendário






em que seguimos marcando nossos dias,


quer sejamos ricos, quer sejamos pobres,


representa um democrático diário.










31 de agosto de 2011






http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=19232


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Poema de Ialmar Pio - Imagem: Aquarela Luar de Ângela Ponsi


Aquarela de Ângela Ponsi


POEMA DE AMOR EM FORMA DE SONETO


Ialmar Pio Schneider


Quero inventar palavras que nunca disse a outra mulher,


para falar do amor que despontou, enfim,


em nossa vida num momento qualquer


e veio transformar nossos destinos assim...






Quero inventar palavras que te agradem e sintas por mim


tudo o que teu desejo de sensação romântica puder,


enquanto eternamente tua paixão me quiser...


E que nosso bem-querer continue até o fim...






Quero inventar palavras de esperança e ternura


que nos permitam uma convivência tranquila


embora sabendo que nem tudo são apenas flores.






Mas, se mais tarde nos visitar um pouco de amargura


saibamos com discernimento e paciência distingui-la


e saber que também faz parte de todos os amores...


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Dia Nacional de Combate ao Fumo - 29 de agosto - Crônica de Ialmar Pio - Imagem na Internet





A FUMICULTURA E O TABAGISMO




IALMAR PIO SCHNEIDER


          Esses dias tive a oportunidade de assistir à Audiência Pública da Comissão e Defesa Nacional Convenção-Quadro sobre o Controle do Tabaco, gravado em 06/12/2004 pela Unisc TV, de Santa Cruz do Sul, retransmitida pela TV Senado, na tarde de 11/01/2005, a respeito do assunto acima, sob a presidência do Senador Eduardo Suplicy, e as falas dos representantes de várias classes foram contundentes. É uma decisão difícil, diria de sabedoria salomônica, posicionar-se de um lado ou de outro, principalmente quando abrange a parte econômico-financeira e a saúde dos homens. Julgo de bom alvitre ir-se desenvolvendo a transição gradativamente, apesar de que deixar de fumar exige uma ruptura radical do usuário, que, invariavelmente, se tornou dependente. Se a fumicultura representa um ganho de vida de cerca de R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais) por ano, para famílias de agricultores de pequeno porte, ou seja, com reduzidas áreas de terras, também o tabagismo é uma doença crônica que, fatalmente, reduz a vida humana e leva à morte prematura dos escravos do vício. As estatísticas médicas estão aí para serem comprovadas.


          Eu não tenho a mínima pretensão de expor cientificamente os males do fumo, mas posso confirmar que pessoas de minhas relações, ou seja, meu próprio genitor, que lembro com carinho, sendo fumante por muitos anos e ainda sedentário, devido a cravos nas solas dos pés que o acometiam, faleceu de infarto fulminante do miocárdio, aos 63 anos de idade. Senti muito a sua ausência mas, apesar de tudo, fui também fumante por muito tempo e tive a graça de largar do cigarro, agora faz cerca de 10 anos, com sucesso até aqui. Deus queira que para sempre. Também não sou ninguém para dar conselhos, que só se os dá, dizem, a quem os pedem. Cada um deve sentir em sua própria carne o que o prejudica e usar do bom senso, ao conviver com as pessoas que os cercam, a fim de não afetá-las. Felizmente, hoje em dia já se tem mais informações da gravidade do uso e abuso do fumo, em qualquer de suas modalidades: cigarros, palheiros, charutos, cachimbos... e se utilização destes torna a boca torta não é nada, em face do que pode acarretar um câncer. Desculpem-me a crueza da exposição da matéria, mas é caso sério. Quanto a mim, se muito não me atingiu o tabagismo, tenho a dizer que, uma vez tendo ouvido do Dr. Edmundo Laranja da Silva, importante médico cirurgião, em um elevador do Hospital Mãe de Deus, afirmar que se alguém não deixar de fumar nunca vai conseguir curar uma úlcera, abri meu olho, pois já havia tido duas úlceras, sendo uma do duodeno e outra gástrica. Vivia, naquela época, às voltas com as endoscopias e remédios para cicatrizá-las (as úlceras), que até já me esqueci dos nomes, e com o Dr. Ênio Fialho Carpes, endocrinologista competente que as realizava seguidamente. Graças a Deus, depois que parei de fumar não as tive mais. Quero deixar este relato como depoimento para confirmar a importante decisão que tomei em minha vida, ao abandonar o tabagismo. Penso que fui inteligente...


          Por último, desejo escrever meu soneto abaixo, publicado no jornal O Paladino, de Soledade - RS, em 1966, e constante do meu livro Poesias Esparsas Reunidas, pgs. 13, que fumar não leva a nada, mesmo que se esteja: Em Solidão --- Fumaça que nasceu do meu cigarro/ e morre pelo espaço na investida/ de ser alguém, de ter u’a longa vida:/ assim é o homem que nasceu do barro.// Oh! quantas vezes na saudade esbarro/ e a solidão a descansar convida;/ talvez não sinta que a fatal descida/ seja o fruto do sonho mais bizarro!// E procuro seguir o meu caminho,/ sem refletir, no entanto, que sozinho/ é mais árdua a jornada do infeliz;// e que se a morte o surpreender um dia,/ há de encontrá-lo na manhã vazia,/ sem nada ter de tudo quanto quis!


          Eis a modesta contribuição, se assim a julgarem os leitores, de um ex-fumante... Reflitam neste sentido, amigos !


_________________________________________________


Cronista e poeta - E-mail: menestrel@brturbo.com


Publicado em 02 de fevereiro de 2005 – no Diário de Canoas.


http://ial123.blog.terra.com.br/


em 28.8.2010 – 29 de agosto dia de combate ao fumo

domingo, 28 de agosto de 2011

Dia Nacional do Bancário - 28 de agosto - Soneto de Ialmar Pio - Imagem da Internet



SONETO AO BANCÁRIO – 28.08


Ialmar Pio Schneider




Hoje quero saudar o bom bancário,


Que se dedica, quase a vida inteira,


Atendendo a população ordeira,


Cumprindo sempre rigoroso horário...






Pouco importa se fez ou não, carreira,


Pois faz parte do gênero operário,


E por isto recebe o seu salário,


Pra sustentar os filhos e a parceira.






Bem sei o quanto é nobre o seu trabalho,


Enfrentando por mais de trinta anos,


Tão incessantemente, sem atalho,






As horas das manhãs e longas tardes,


Os mesmos afazeres sem enganos,


Queixas, desilusões, mágoas e alardes...






Tristeza, Porto Alegre, RS, 25.05.2010


Às 16h55min.

sábado, 27 de agosto de 2011

Crônica de Ialmar Pio republicada - Falecimento de Lupicínio Rodrigues em 27.8.1974 - Imagem da Internet





BRIQUE DA REDENÇÃO

 
IALMAR PIO SCHNEIDER


          Cada domingo é uma festa para os que têm o privilégio de freqüentá-lo. Pessoas de todas as idades e ideologias passeiam ao largo da avenida, conversando, paquerando, olhando as estantes e perscrutando as mil e uma bugigangas expostas. Tudo tem o seu valor, tudo tem o seu preço. Muitos são os objetos antigos em oferta: móveis, louças, panelas, caçarolas, livros, discos, etc.


          Por outro lado, existem também as obras de arte (quadros de pinturas diversas, a óleo), aquarelas, e o artesanato (cuias, estojos, barricas para erva-mate), enfim, apetrechos para o chimarrão.


          São tantas coisas, até imprevisíveis ou estapafúrdias, que aparecem para permuta ou venda - moedas antigas, selos velhos, fogareiros, ferros de passar a carvão, vitrolas... Há os colecionadores ávidos de encontrar antiqualhas originais que tanto apreciam.


          Surgem também os criadores de cães e gatos, das mais variadas raças, que vendem os filhotes a quem os queira adquirir, e não são poucos os que os compram, pois um animalzinho de estimação sempre faz parte do cotidiano daqueles que os podem manter.


          A banca do mel é muito freqüentada, já que a oferta de um produto puro desperta o interesse de quantos apreciam esse manjar saboroso e tão completo. Os que ali chegam recebem uma prova para sentirem sua essência (eucalipto, laranjeira, florada silvestre, etc.).


          De repente, um aglomerado de gente: é uma apresentação musical. Alguém cantando na manhã ensolarada; e as frases da canção enchendo o ar - “Felicidade foi-se embora e a saudade ainda mora...”, a evocar Lupicínio Rodrigues, o poeta inesquecível.


          Lá mais adiante estão os bugres vendendo seus balaios multicoloridos, eles que são os mais legítimos filhos desta terra brasileira, uma vez que aqui se encontravam quando da chegada dos descobridores lusos e espanhóis. Hoje tão escassos resistem à civilização imposta, sofrivelmente.


         Também não é difícil imaginar quantos encontros amorosos ou de amigos que não se viam há tempo, aconteceram aqui, nesses 20 anos! E daqueles quantos não frutificaram?


         Os pais que trazem seus filhos a fim de espairecerem, os casais de namorados que desfilam de braços dados, os idosos enfrentando a velhice com resignação, todos parecem seguir seus destinos de maneira salutar na esperança de novos dias.


          Certamente que a vida seria mais triste se não houvesse um local tão aprazível para preencher as horas de lazer nas manhãs dos domingos porto-alegrenses.


          Eis um simples esboço do Brique da Redenção, decantado em prosa e verso, que já se transformou em uma tradicional referência para nossa altaneira cidade que desperta ao sorriso das águas do Guaíba !


___________________________


Poeta e cronista


Publicado em 27 de outubro de 1998 - no Diário de Canoas.


http://ialmar.pio.schneider.zip.net/


EM 12.05.2009


http://www.jornalnh.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm


em 15.8.2010


http://ial123.blog.terra.com.br/


em 15.8.2010


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Conto de Ialmar Pio - Imagem da Internet





O DILEMA



Ialmar Pio Schneider


          Aguardava, ansiosamente, que alguma novidade pudesse acontecer. Não tinha certeza de que tudo estivesse perdido. Nesta dúvida se assentava o pensamento de Cândido, abandonado pela mulher, após doze longos anos de convivência, que lhe deixou marcas indeléveis para o resto da vida.


         Contanto que houvesse progredido financeiramente, sua ingenuidade o fizera acreditar que era aceito, mas agora sentia que não tinha vencido no amor. De fato, Sayonara o traía com Ernesto, quando ele ia exercer seu cargo de guarda-livros em uma firma de beneficiamento de madeiras.


          Nas longas tardes de verão, enquanto ele se esfalfava no escritório, ela se encontrava com o amante às margens do rio dos Sinos, onde outrora, quando ainda não era tão poluído, existia um local que denominavam “a prainha”. Lá permaneciam algum tempo, conversando com certo disfarce e depois saíam no carro de Ernesto rumo da casa de Marlene que alugava quartos para encontros amorosos.


          Era um dos rendez-vous da cidade, tido como dos mais sigilosos, então existentes. Chegavam e pediam um quarto por duas horas, o que já era de praxe. A empregada da casa lhes entregava a chave e eles seguiam por um corredor até dar a uma porta, nos fundos, onde havia uma cama de casal, um roupeiro, uma cadeira, uma bacia para higiene pessoal e uma jarra com água. O banheiro, naquela época, ficava no corredor e era coletivo. Não existiam os modernos motéis de hoje em dia. Então, após se desnudarem, deitavam e faziam amor: ele impacientemente e ela fogosa, sem qualquer pejo, uma vez que sentia haver trocado o Cândido por Ernesto há algum tempo.


          De repente, Ernesto rompe o silêncio e diz:


          - Sayô, meu bem, quando poderemos estar juntos, sem nos preocupar com os outros ? Já estou ficando aborrecido de ter que estar fingindo, disfarçando nosso amor. Que me dizes ?


          - Ora, Néstinho, tem paciência... Estou bolando uma maneira de deixar o Cândido, mas me falta, talvez, coragem. Sei que não vai demorar, pois não agüento mais viver assim.


          Depois desse dia, Sayonara parece ter avivado em seu espírito o desejo de abandonar o marido que não a fizera feliz. Chegava em casa à tardinha e se parava diante do espelho a pensar: “Estou envelhecendo e presa a este casamento sem graça... Até quando?!” Procurava uma ocasião para dar o fora. Não achava nada fácil fazê-lo.


          Entretanto, passado algum tempo apresentou-se-lhe a oportunidade. Cândido tivera que viajar a serviço da empresa para São Paulo, a fim de fazer um curso rápido de contabilidade e adquirir, ao mesmo tempo, algumas máquinas para o escritório.


          Sayonara aproveitou. Encheu duas malas e uma sacola de roupas e sapatos e se dirigiu para a rodoviária em Porto Alegre onde tomou um ônibus para Pelotas. Antes disso, porém, combinou com Ernesto que a esperasse na rodoviária daquela cidade. Assim foi feito. À noitinha ela chegou lá na Princesa do Sul e se encontrou com ele que aguardava-a, impacientemente. Não sabia o que poderia acontecer, mas, enfim, estariam agora juntos. Desfrutariam a Praia do Laranjal às margens da Lagoa dos Patos, tão famosa em todo o estado do Rio Grande do Sul, quase como se fosse uma praia de mar.


          Finalmente Cândido voltou, após uma semana, e chegando em casa, qual não foi a sua surpresa, quando não encontrou a mulher. Apenas sobre a cama do casal havia um bilhete que dizia o seguinte:


          “Cândido, espero que compreendas minha atitude e me desculpes. De uns tempos para cá senti que o nosso casamento foi um fracasso. Não poderia mais continuar tapando o sol com a peneira, pois além de te iludir, eu me iludia a mim mesma. Amo outro e tenho certeza de que também sou amada por ele. Não queiras saber onde eu me encontro. Assim será melhor. Adeus!”


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Poeta e contista


Publicado em 03 de março de 1999 - no Diário de Canoas.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Dia do Artista - no Brasil - 24 de agosto - Soneto de Ialmar Pio - Imagem: Tela de Glaucia Scherer


Tela de Glaucia Scherer



SONETO DE AMOR



Ialmar


Pio


Schneider


Quisera que tu fosses mais selvagem


e fugisses de mim sem complacência


quando procuro unir nossa existência


para juntos seguirmos mesma viagem...


Muito mais haveria eu de sofrer,


no entanto fora doce o sofrimento


pois a força do amor que hoje alimento


seria muito maior no meu viver.


E quando, finalmente, em ânsia louca


eu depusesse um beijo em tua boca


seria muito melhor a glória da conquista


porque recordaria o sacrifício


de quanto se requer neste artifício


de ser amado assim como um artista !






PÁG. 14 - O TIMONEIRO - CANOAS, 13.5.83





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EM 06.05.2009

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em 26.6.2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Poema gauchesco de Ialmar Pio Tressino Schneider - Nascimento de Ramiro Barcelos em 23.8.1851 - Imagem: capa do livro em minha biblioteca.



Após ler Antônio Chimango de Amaro Juvenal (Ramiro Barcelos).




Ialmar Pio Schneider

1

Disse Amaro Juvenal,

e aqui fala Tio Simplício,

pra que algum outro patrício

cantasse n´algum fandango,

“o mais que fez o Chimango”,

e eu me proponho a este ofício.

2

E, para tal, a cordeona

já vou sacando da mala,

atiro pra trás o pala

e me sento neste banco,

também pra lhes ser bem franco,

mando que limpem a sala.

3

E depois de tudo aquilo

que o Chimango fez na estância,

ainda teve a arrogância

de intitular-se buenacho,

mas sabemos que o muchacho

já foi maula desde a infância.

4

E tudo o que era bom

para ele não prestava,

proibiu o jogo de tava

e também o de baralho,

exigia muito trabalho,

quanto a ele, só mandava !

5

Pois assim desta maneira

muita coisa transcorria,

se cumprindo a profecia

que a cigana lhe fizera,

rancho virando tapera

e no campo pouca cria...

6

No seu desmando total,

sem compreender mais ninguém,

se dizia gente bem,

pois para trás não olhava,

sabendo que em Caçapava

sempre foi um joão-ninguém.

7

E tendo as rédeas na mão,

não precisava de esmolas,

mandou fechar as escolas

em tudo que foi vivenda,

pra que ninguém mais aprenda

e venha pisar-lhe a cola.

8

Com seu rebenque de couro

era sempre o manda-chuva,

não ajudava nem viúva

que inda chorava o finado,

e por ser do seu agrado

só mandava plantar uva.

9

E quando sentava à mesa,

primeiro pedia o vinho,

embora nunca sozinho,

sempre andava prevenido,

pois isto tinha aprendido

nos tempos do seu padrinho.

10

Mandou esparramar o gado

que se adentrou pelos matos,

coberto de carrapatos,

de bernes e de bicheiras;

nesta sequencia de asneiras

iam se passando os fatos.

11

E a tropa magra berrava

na coxilha e na canhada,

a velha estância arruinada

não tinha mais salvação,

tudo caindo pra o chão,

tudo virando em nada.

12

Não se carneava mais,

pois adeus carne no espeto

e no fogo de graveto,

crepitando no galpão

sapecava-se pinhão,

cozinhava-se feijão preto...

13

E no verão a canjica,

no inverno a batata-doce,

tudo isso o tempo trouxe

para a Estância de São Pedro

e todos levavam medo

que pra sempre assim fosse.

14

Era tudo racionado,

não se comia “a la farta”,

desta forma a sina aparta

o tempo que se passou bem,

a miséria sobrevém

e se come até lagarta.

15

Os velhos tauras sentados

ao derredor do fogão,

tomavam o chimarrão

com erva caúna, amarguenta,

enferrujava a ferramenta,

não se afiava facão.

16

Abandonado, ao relento,

lá fora estava o rebolo,

até o próprio monjolo

não batia noite e dia;

a peonada sofria,

pitando um pobre crioulo.

17

Não se domava mais potros

com firmeza e precisão,

era tudo redomão,

pra não dizer aporreado

e por todo o descampado

aquela desolação.

18

No campo o pasto está raro

em meio a caraguatás;

sem aprender, os piás

iam cruzando a existência,

tendo apenas por experiência

aquilo que vida traz.

19

Nos bolichos de campanha

somente havia cachaça,

sinuelo da desgraça

que conduz qualquer gaudério

aos bretes do cemintério

onde se entrega a carcaça...

20

O minuano mais brabo

trazia seu frio de morte,

a estância na pobre sorte

em que se encontrava, aflita,

não havia china bonita

que o nosso viver conforte.

21

O velho pago de outrora

se transformou num repente

naquilo que o guasca sente

quando tudo se transforma,

obedecer era a norma,

ficar quieto, prudente !

22

Ninguém se manifestava

neste estado de cousas,

somente as pobres esposas

iam parindo seus filhos,

as éguas os seus potrilhos,

e as viúvas chorando em lousas.

23

Não se tinha mais notícia

do que acontecia no mundo,

na macega o vagabundo

procurava um agasalho,

pois fugindo do trabalho

se embrenhava nestes fundos.

24

A velha estância sofria

o que nunca tinha passado,

e quem fora bem mandado

hoje de nada valia,

quando tinham melancia,

o mogango era guardado.

***
Canoas - RS, 1972 - na Rua da FAB próximo ao Rancho do Pára Pedro, do saudoso José Mendes, onde o autor conheceu e conviveu com muitos tradicionalistas.

Soneto de Ialmar Pio - Falecimento do poeta Menotti Del Picchia em 23.8.1988 - Imagem: foto na Internet





SONETO JUCA MULATO A MENOTTI DEL PICCHIA – In Memoriam – Falecimento do poeta em 23.8.1988 - . –


Ialmar Pio Schneider


Ouviu “A Voz das Coisas” e sonhou


co´aquela que o seu coração pedia,


e por quem, sem querer, se enamorou,


p´ra conservá-la em sua fantasia...






Triste “Juca Mulato” que vivia


em meio à natureza que o gerou,


e que, para sofrer, um certo dia,


a bela filha da patroa amou !






Mas como alimentar tanta ilusão,


ele, um pobre caboclo do sertão,


nutrindo, embalde, essa esperança louca?






Inatingível, sabe, o seu desejo,


de conseguir um saboroso beijo


dos lábios sensuais daquela boca !










Porto Alegre – RS, 23 de agosto de 2011,


às 1h25min. – Bairro Tristeza.



http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=19185



em 23.8.2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dia do Folclore Mundial - 22 de agosto - Crônica republicada de Ialmar Pio - Tela de Glaucia Scherer

Tela de Glaucia Scherer




O FOLCLORE GAÚCHO



Ialmar Pio Schneider


          Aqui no Rio Grande do Sul, o folclore, considerado como ciência do povo, termo que foi pela primeira vez empregado pelo arqueólogo inglês G. J. Thoms, originando-se de Folk, povo, e lore, ciência, em 22 de agosto de 1846, é sobremaneira cultuado, notadamente nos Centros de Tradições Gaúchas, já difundidos, segundo me consta, por vários estados do país e até no exterior. O que mais impressiona é o amor ao torrão natal, ao pingo, à china, que o gaúcho demonstra onde quer que se encontre, e deixa extravasar através de versos e toadas nas tertúlias e fandangos galponeiros. Seja no pontear de um violão, cantando uma milonga, ou no toque de uma cordeona ou bandônio, num xote bem largado, é que o gaudério se diverte e procura esquecer os reveses da vida nos braços de uma chinoca querendona. Também mostra sua destreza na dança da chula.


          Mas o folclore gaúcho é deveras portentoso e abrange, além do lazer, os costumes, crendices populares, superstições e até práticas médicas de curandeiros, velhos pajés, parteiras de campanha, benzedeiras de cobreiros, costura de rendidura (hérnia), etc. São herança dos nativos, e povoadores açorianos e castelhanos que se mesclaram para formar a estirpe gaúcha.


          Bem acentuados e conhecidos temos os mitos e lendas, tais como as do Negrinho do Pastoreio, A Salamanca do Jarau e A Mboitatá e muitos outros. Discorrendo sobre as Lendas do Sul, assim registra o ínclito mestre folclorista gaúcho Augusto Meyer, que foi membro da Academia Brasileira de Letras, em seu livro GUIA DO FOLCLORE GAÚCHO - Gráfica Editora Aurora, Ltda - RIO - 1951, pág. 96: “O único mito realmente popular, com raízes profundas na tradição gaúcha, é o do Negrinho do Pastoreio; é também o único de pura cepa rio-grandense, livre de qualquer influência gringa.” Mais recentemente, o erudito folclorista gaúcho Antonio Augusto Fagundes, em seu livro MITOS E LENDAS DO RIO GRANDE DO SUL - Martins Livreiro-Editor - Porto Alegre - 1992, num trabalho muito bem elaborado, desenvolveu o assunto, abrangendo nosso Estado, externando de modo cabal o seu conhecimento e assim se expressando, magistralmente, no final do prefácio: “Há muito amor nestes estudos, amor pelo povo, que é uma forma de amarmos a nós mesmos. O Folclore é a ciência do amor, por isso eu me fiz folclorista.”


         Muito expressiva é a colaboração afro-brasileira para com o folclore gaúcho, representada, principalmente, pelas Congadas que se realizavam próximo ao litoral, em Santo Antônio da Patrulha, abrangendo Conceição do Arroio (hoje Osório), Palmares e Morro Alto, como bem explica Augusto Meyer, em seu livro acima citado, à pág. 60.


          Resta acrescentar as contribuições dos imigrantes ao folclore gaúcho e que não foram poucas. Os alemães trouxeram o Kerb, o jogo de bolão, as “bandinhas” e os italianos com as festas paroquiais nas igrejas católicas, a vindima, o jogo da móra, da bocha, e as suas maravilhosas melodias.


          É oportuno lembrar que a riqueza de um povo também se mede pela cultura de suas tradições.


(Publicado no Diário de Canoas em 19-08-1998)

http://www.jornalnh.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm

em 21.8.2010


http://ialmarpioschneider.blogspot.com/

em 22.8.2010

domingo, 21 de agosto de 2011

Soneto de Ialmar Pio a São Pio X - 21 de agosto - data da comemoração - Imagem: retrato na Internet


São Pio X



SONETO A SÃO PIO X - 21 de agosto 2011 - data da comemoração. - .



Eu lembro da longínqua infância,


de minha mãe a devoção,


Papa Pio Décimo, então


Beato, com fé e constância...






Uma graça pede em sua ânsia


de conseguir a solução,


com as preces e gratidão,


a um problema, mesmo à distância.






Parece-me vê-la rezando,


co´a imagem que ganhou da freira,


para o bem de nossa família.






E a vida foi se harmonizando,


mais feliz e mais verdadeira,


embora humilde em sua trilha.






IALMAR PIO SCHNEIDER
 

sábado, 20 de agosto de 2011

Soneto de Ialmar Pio a Cora Coralina - Nascimento da poetisa em 20.8.1889 - Imagem: retrato na Internet

Cora Coralina

SONETO A CORA CORALINA – In Memoriam – Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985)-.-



Poesia simples, plena de filosofia,


de gente humilde da cidade e do interior,


que só nos trouxe tanta vida e tanto amor,


colhidos no lutar no afã do dia-a-dia...


Viveu a transmitir sua sabedoria,


na qual não faltaram as pitadas de dor,


mas momentos também de jovem alegria,


em que desenvolveu seu talento de humor...


Foi Cora Coralina, a poetisa exemplar,


cuja existência de noventa e cinco anos,


quase um século de conhecimento audaz...


Seus versos vão viver por longo tempo, a dar


uma bênção sublime aos viventes humanos,


porque ela foi feliz, sempre pregando a paz...


IALMAR PIO SCHNEIDER
 
clique em
 
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Vote no soneto.
 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Soneto de Ialmar Pio a Federico Garcia Lorca, poeta morto pela Revolução Civil Espanhola em 19.8.1936 - Imagem: foto na Internet


Federico Garcia Lorca




SONETO A FEDERICO GARCIA LORCA – Nascimento do poeta em 5.6.1899 – In Memoriam - em 5.6.2011- . - Morto em 19.8.1936.



Por que será que as vozes dos poetas,


que compunham seus versos de magia,


que nem Garcia Lorca e os ascetas,


foram caladas pela covardia?!...






Porém, viveram sua ideologia


e permanecem como se profetas


para um mundo melhor no dia a dia


das pessoas humildes e corretas...






E Federico foi herói no ardor


de pretender o bem da Humanidade


à qual dedicou todo seu amor...






Os poemas, sonetos e canções


vão continuar eternos na verdade


que transmitiram suas emoções...






IALMAR PIO SCHNEIDER

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Poema gauchesco de Ialmar Pio Schneider - Imagem: pinhão na Internet




PINHÃO



Ialmar Pio Schneider






Fruto do pago crioulo


Que a peonada saboreia,


Junto ao fogo que clareia


O hospitaleiro galpão,


Enquanto que o chimarrão


Complementa a xucra ceia !






Eu te bendigo, alimento


Que a Divina Providência


Nos legou por excelência,


Pois não existe na estância


Alguém que negue a sustância


Que nasce da tua essência.






Nas noites frias de inverno,


Quando procuro o aconchego


E sentado num pelego,


Vou curtindo a solidão,


No meu peito redomão


Só sinto paz e sossego.






Fruto selvagem do pago


Que se debulha da pinha,


Em toda ignorância minha


Desconheço outro igual,


Que a gente come com sal


Com as prendas, na cozinha.





E mesmo assado na chapa


De um fogão ou sobre a brasa,


És um grito que extravasa


Aquilo que o guasca sente,


Ao se encontrar de repente


Solito e longe de casa.






Peço ao Patrão lá de riba,


No verso que vai ao léu,


Sem fazer muito escarcéu,


Que embora tenha comida,


Quando for pra outra vida


Não falte pinhão no Céu.






25-5-1978

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Soneto de Ialmar Pio - Falecimento do poeta Carlos Drummond de Andrade em 17.8.1987 - Imagem: retrato do poeta na Internet



Carlos Drummond de Andrade




SONETO A CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Nascimento em 31.10.1902- Falecimento do poeta em 17.8.1987  - In Memoriam







Carlos Drummond de Andrade e a ´´pedra do caminho´´...


por isso compreendi que tudo dá poesia,


quando se tem amor, quando se tem carinho,


e as ideias triviais surjam da fantasia...






Porém, ´´e agora José´´, seguindo sozinho


no escuro, amedrontado e sem a luz do dia,


procurando encontrar um mero cantinho


para viver feliz e ´´não veio a utopia´´...






Eu também encontrei muitas pedras na estrada


e me achei qual José, caminhando no escuro,


mas não tinha ninguém, pois a mulher amada






não havia surgido em minha triste vida...


No entanto, acreditei nos sonhos do futuro


e nos versos que fiz buscava uma saída...






IALMAR PIO SCHNEIDER

Soneto de Ialmar Pio - Nascimento do poeta Fagundes Varela em 17.8.1841 - Imagem: retrato na Internet


Fagundes Varela



SONETO A FAGUNDES VARELA II – Nascimento do poeta em 17.8.1841 - . –



Ialmar Pio Schneider




Escreveu versos plenos de tristeza,


ferido pela flecha do destino,


mas foi também cantor da natureza,


levando seu viver de peregrino.






“O Sabiá”, poema de rara beleza,


o primeiro que li, quando menino,


depois “O Vagalume”, com certeza


com seu raio de luz tão cristalino.






“Arquétipo”,o modelo mais bizarro


do ser humano criado do barro,


“Cântico do Calvário”, doloroso...






Todos são obras-primas da poesia


de Fagundes Varela, que vivia


percorrendo um caminho desditoso !




Porto Alegre – RS, 17 de agosto de 2011,


às 2h38min. – Bairro Tristeza.


http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=19146

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poema de Ialmar Pio - Nascimento do poeta Antônio Nobre em 16.8.1867 - Imagem: retrato na Internet

Antonio Nobre



POEMA a ANTÔNIO NOBRE


Ialmar Pio Schneider


(data natalícia do poeta português – nascido


em 16 de agosto de 1867 na cidade do Porto –


Portugal)






Cantando sua terra na Paris


dos outros tempos e na juventude,


evocava a infância, talvez feliz,


e poeta, tangendo o alaúde,


lembra Garrett mais Júlio Dinis...






Seus poemas bucólicos e vários,


traduzem a beleza das paisagens,


são versos plácidos e extraordinários,


dizendo das saudades de viagens


pelos caminhos do torrão natal,


o seu maravilhoso Portugal...






Porto Alegre, RS,


16 de agosto de 2010-08-16



http://ial123.blog.terra.com.br/

em 16.8.2010

http://www.jornalnh.com.br/site/interativo/interativo_blog,canal-5,ed-104,ct-107.htm

em 16.8.2010

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Soneto de Ialmar Pio a Zeno Cardoso Nunes - Nascimento do poeta em 15.8.1917 - Foto na Internet


Zeno Cardoso Nunes


SONETO A ZENO CARDOSO NUNES – In Memoriam – Data de nascimento do poeta em 15.8.1917 - . –

Ialmar Pio Schneider






Nobre poeta destes verdes pagos


onde viveu e fez versos perfeitos,


teve a sapiência que acompanha os magos,


cumpriu deveres e pleiteou direitos...






Escreveu os poemas escorreitos


do “Tempos Idos”, livro em que índios vagos


às lides do rincão natal afeitos,


labutam e depois tomam seus tragos...






Há muitos anos li “Briga de Touros”,


sua obra-prima das mais tradicionais,


representa a defesa deste chão !






Este poema brilha entre os tesouros,


de todos os poemas geniais


já escritos aqui neste rincão !






Porto Alegre – RS, 15 de agosto de 2011,


às 18h15min. – Bairro Tristeza.