sexta-feira, 31 de julho de 2009

O AUTOR AUTOGRAFANDO NA FEIRA DO LIVRO EM PORTO ALEGRE - RS

Ialmar Pio Schneider


SONETO


Ialmar Pio Schneider


Eu sei que tu sofreste amargamente
daquilo que magoou-me o coração;
também eu sei que nunca perdoarão
de te deixar agora, descontente...


É duro abandonar indiferente
alguém a quem prestamos afeição....
A terra não foi fértil e a semente
não germinou no forte do verão...


Vamos sentir as mesmas mágoas quando
andarmos livres deambulando agora
por essas ruas da "cidade baixa"...*


Se por ocaso eu te enxergar passando,
não vás pensar que o coração não chora
sempre a bater sozinho em sua caixa...


Porto Alegre-RS, 01.04.2002

- Siqueira Campos, próximoà "Paineira", às 12h3min.

* Bairro.

domingo, 26 de julho de 2009

TROVA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de ÂNGELA PONSI
Soneto da indecisão

Revivendo o caminho percorrido
apenas transparente na lembrança,
talvez fosse melhor total olvido
do que pensar no amor que não se alcança...

Porém se nunca houvesse conhecido
quem transformou num sonho uma esperança,
eu não teria amado nem sentido
essa paixão qual bem-aventurança.

Hoje estás por aí... andas vagando
à procura de quem ? O teu destino
se parece ao de tantas indecisas...

E pensarás, bem sei, de quando em quando,
em alguém que por simples desatino
deixaste de querer e que precisas...


Ialmar Pio Schneider


Pág. 10 - DOMINGO, 8 de fevereiro de 1987
- CORREIO DO POVO - DIVERSAS

quinta-feira, 23 de julho de 2009

TROVA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

AQUARELA DE ÂNGELA PONSI



Roubei-lhe um beijo, ao passar
Ao meu lado, sorridente:
E lembrando seu olhar,
De noite, dormi contente...
IALMAR PIO SCHNEIDER

S O N E T O de IALMAR PIO

Tela de Glaucia Scherer

SONETO PARA ALGUÉM AUSENTE – Ialmar Pio Schneider

Onde estiveres mando-te um abraço
Para que saibas que te quero tanto,
Sem teu amor deploro meu fracasso
E a minha vida já perdeu o encanto.

Pretendo andar contigo passo a passo
E se preciso for, secar teu pranto...
Terás o meu apoio no cansaço
E só por ti desprenderei meu canto.

Entretanto, vivemos separados;
Mas eu necessitando teus agrados
E tu, talvez, os meus carinhos queiras.

Entraste em meu destino com doçura
Que hoje és a inesquecível criatura
Fazendo-me sofrer noites inteiras.

Canoas – RS, 22.10.84


segunda-feira, 20 de julho de 2009

POEMA

musa por Ângela Ponsi




POEMA DA RECORDAÇÃO


Ialmar Pio Schneider



Quantas noites enluaradas

contemplamos distantes

um do outro, nas madrugadas

delirantes !...




Retornam agora

aos nossos corações,

como se fosse a aurora

das evocações...



Entretanto, não restam perdidas

aquelas horas passadas,

fazem parte de nossas vidas

deslumbradas...



E no livro do destino

sempre permanecerão,

qual um melodioso hino

de amor e de paixão...



Publicado no Almanaque Gaúcho da ZERO HORA

Em 20.08.2008



Porto Alegre - 27/10/2004





sexta-feira, 17 de julho de 2009

TROVA EM HOMENAGEM AO DIA DO TROVADOR

Luiz Otávio - Príncipe dos trovadores


UBT - União Brasileira dos Trovadores - Porto Alegre - RS




J. G. de Araúdo Jorge - amigo de Luiz Otávio e admirável poeta e trovador










18 DE JULHO - DIA DO TROVADOR NO BRASIL -


FELIZ DIA DO TROVADOR !

TROVA de Ialmar Pio:


O poeta é um visionário,

mas quanta verdade encerra;

mesmo sendo um solitário

ele abrange toda a Terra...


Visite meu blog de trovas. Agradeço-lhe.
Clique em:

http://ialmar.pio.schneider.zip.net/

terça-feira, 14 de julho de 2009

S O N E T O de IALMAR PIO

MUSA


S o n e t o d e S o n h a d o r


Ialmar Pio Schneider


Já não me encontro só nem desgraçado
pois te levo total em meu olhar;
nem poderei viver sem teu agrado
enquanto não consiga te olvidar.

Quando às vezes passeio pelo prado,
a natureza em flor a contemplar,
parece que tu segues ao meu lado
e os dois formamos um ditoso par.

Eu prossigo sonhando à luz do dia,
que estás presente em todos os momentos,
na tarde calorosa ou noite fria,

e também de manhã andando a esmo;
porque vencendo obstáculos violentos
sinto que fazes parte de mim mesmo.

Canoas, 15 de dezembro de 1983 - R A D A R - Pág. 7
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sábado, 11 de julho de 2009

VERSOS GAUCHESCOS de IALMAR PIO SCHNEIDER


PINHÃO

Pio Tressino Schneider

Fruto do pago crioulo
Que a peonada saboreia,
Junto ao fogo que clareia
O hospitaleiro galpão,
Enquanto que o chimarrão
Complementa a xucra ceia !

Eu te bendigo, alimento
Que a Divina Providência
Nos legou por excelência,
Pois não existe na estância
Alguém que negue a sustância
Que nasce da tua essência.

Nas noites frias de inverno,
Quando procuro o aconchego
E sentado num pelego,
Vou curtindo a solidão,
No meu peito redomão
Só sinto paz e sossego.

Fruto selvagem do pago
Que se debulha da pinha,
Em toda ignorância minha
Desconheço outro igual,
Que a gente come com sal
Com as prendas, na cozinha.

E mesmo assado na chapa
De um fogão ou sobre a brasa,
És um grito que extravasa
Aquilo que o guasca sente,
Ao se encontrar de repente
Solito e longe de casa.

Peço ao Patrão lá de riba,
No verso que vai ao léu,
Sem fazer muito escarcéu,
Que embora tenha comida,
Quando for pra outra vida
Não falte pinhão no Céu.

25-5-1978


sexta-feira, 10 de julho de 2009

S O N E T O de IALMAR PIO





SONETO DE IALMAR PIO

Quando parei para pensar no amor,
Notei que a vida me tornou descrente,
Depois de tantas horas de louvor
Que dediquei a uma mulher somente...

Agora, solitário e sonhador,
Eu me deixo ficar indiferente,
Pois já não tenho o cálido fervor
Que alimentou meu estro, antigamente...

E vou sentindo a crua realidade,
Sem fugir do caminho que me espera,
Transportando meu fardo de saudade...

Porém, enquanto houver a fantasia
Que me faz aguardar a primavera,
Hei de sempre cantar minha poesia...

Canoas – RS, 30-3-93

quarta-feira, 8 de julho de 2009

VERSOS GAUCHESCOS de IALMAR PIO SCHNEIDER

Gaúcho campeador


APRESENTAÇÃO

Desde a mais tenra infância, nascido na então Vila Sertão, distrito do município de Passo Fundo-RS, aprendi a apreciar as trovas de galpão que os campeiros improvisavam e se “puavam”, como se dizia naquelas plagas.
Os singelos versos crioulos que se espraiam pelas páginas seguintes foram trançados pelos idos de 1972, quando o autor contava com 29 a 30 anos de idade e freqüentava o Rancho do Pára Pedro, do saudoso cantor nativista José Mendes, que existia ali na rua da Figueira em Canoas-RS e era sempre reunião dos artistas mais expressivos da música, da poesia e da trova desta querência gaúcha. Sob o comando do Sérgio, simpática pessoa, de grande conhecimento artístico e poético, que muito elogiou minha preferência, quando adquiri uma Antologia Poética bilíngüe de Pablo Neruda, com seus cabelos brancos, esbanjando cordialidade, a convivência fraterna reinava naquele ambiente de congraçamento literário e folclórico gaúcho.
Lembro-me que certa ocasião estávamos numa roda, discorrendo sobre versos gauchescos e encontrava-se entre nós o saudoso poeta e declamador amigo Darcy Fagundes, e em dado momento voltando-se para minha pessoa, disse: - Este aí entende de poesia ! Bastou este elogio para que eu me sentisse por cima da carne seca, como se diz na gíria e continuasse a compor os poemas que lembravam a minha infância lá na minha Sertão-RS, onde meu pai (que era ótimo cavaleiro, pois tinha sido cabo na cavalaria do Exército em Santana do Livramento, quando lá serviu voluntário pelos idos de 1920 a 1930), possuía duas chácaras distantes uns seis a sete quilômetros da vila. De manhã cedo ele encilhava o cavalo, um tostado marchador ou um tordilho (quem sabe rosilho?) velhaqueador e íamos, eu em sua garupa, verificar o trabalho que um agregado desempenhava, cuidando do gado e das plantações.
Na volta no fim do dia, entregava-me o cavalo sempre bem encilhado e eu fazia meu passeio pelas ruas da pacata vila, às vezes levando uma guria de carona na garupa do tostado marchador. Bons tempos aqueles que ficaram para trás mas que se os não esquece meu coração de poeta saudosista. Que esta pequena produção poética gauchesca represente a minha saudade, para não dizer nostalgia (que é algo de que sinto falta), não obstante seja irreversível. Boa leitura, e toda a crítica será bem-vinda !

Ialmar Pio Schneider

P R Ó L O G O

Pio Tressino Schneider (nome adotado pelo autor para versos gauchescos, ou seja, sobrenome da mãe (Tressino) e do pai (Schneider), excluindo o primeiro prenome (Ialmar) e conservando o segundo (Pio).

Eis que empeço por aqui
relatar coisas do pago,
que sinceramente trago
no relicário do peito,
com muito amor e respeito
à tradição campechana,
onde esta vida haragana
leva por base o direito!

Minha escola foi o campo
e não passei além disso;
no entanto, não sou remisso,
pois um chiru descuidado
às vezes manda o recado,
com tal pressa e sem paciência,
que por qualquer coincidência
por outro já foi contado.

Minha experiência de taura
fez-me cantor sem retovo,
começando desde novo
como simples payador,
nunca levando temor
na luta do dia-a-dia
que enfrento com galhardia
num catecismo de amor.

Enquanto escrevo meus versos
vai esquentando a chaleira,
em toada milongueira
que me vai matando o tédio,
pois chimarrão é o remédio
que há muito tempo me cura
da solidão sem ventura
que me faz amargo assédio.

Estas rimas foram feitas
sem nenhuma pretensão,
saíram do coração
de um gaúcho que trabalha,
pois a vida é uma batalha
com percalços, com enleios,
já trago os ouvidos cheios:
quem não luta se atrapalha.

Criado nas intempéries
labutando desde piá,
nunca fui do deus-dará
nem tampouco cajetilha,
sou neto de farroupilha
que no Rio Grande de outrora
nas peleias campo afora
fez nossa raça caudilha.

Não me achico nem me zango
por pouca coisa ou por nada
e ao topar uma parada
vou até o fim sem receio;
não sou amigo do alheio
nem prejudico a ninguém,
vivendo assim, vivo bem
e poucas vezes peleio.

Sou índio de tiro longo
num bolicho de campanha;
faço versos, bebo canha,
nunca fui malcomportado
e embora estando magoado,
tenho comigo um sistema
que é de não criar problema:
sofro solito e calado.

Tenho meu pingo e a chinoca,
o velho rancho barreado
por mim mesmo fabricado,
onde nas noites de inverno
gozo o calor rude e terno
de um guasca fogo de chão,
quando sorvo o chimarrão
meu xucro vício paterno.

Pois desde piá saboreio
o mate amargo bendito
que é o consolo favorito
de quantos vivem penando;
e sinto de vez em quando
que esta salutar bebida
só prolonga minha vida
e a saudade vai matando...

* * * * * * *

Canoas - RS, 1972.



segunda-feira, 6 de julho de 2009

CONTO de IALMAR PIO

Jerônimo sonhando com a amada...




JERÔNIMO, O TÍMIDO

Ialmar Pio Schneider

Pensava que não tinha perspectivas quanto àquela paixão que nutria com tanta persistência. Por isto vivia frustrado ao lembrar-se de Paula, quando a via sentada à mesa de uma lancheria no shopping center Praia de Belas, juntamente com suas amigas, nos happy hours dos fins de tarde. Muitas vezes falara com ela, insinuando que a queria, mas não tendo coragem para declarar-se, sofria enormemente. Jerônimo era um tímido.
Desejava o amor carnal, enfim, total.
A mulher que povoava a sua cabeça era uma morena desenvolta, de cabelos negros e compridos, olhos pretos quais duas jabuticabas, lábios rubros que nem pétalas de rosa vermelha, seios palpitantes e firmes, braços roliços e torneados, cintura fina de vespa, nádegas de tanajura, coxas e pernas esculturais e os pezinhos de anjo ou demônio, fascinantes. O conjunto dela o atraía como se fosse um ímã; às noites sonhava que a possuía e acordava, por assim dizer, quase feliz. Durante o dia andava ao seu encalço só para admirá-la, mas não perdia a esperança de consegui-la. Era a sua paixão.
Procurando abafar aquele sentimento as 24 horas do dia, mas não o conseguindo, sentia-se como se estivesse deprimido. Entretanto, no fundo, alimentava esse anelo que guardava qual um precioso tesouro. Apesar de tantas vicissitudes, pensava consigo: um dia choverá em minha horta. Sabia que tinha que ter paciência, pois as coisas não se resolvem assim, sem mais nem menos, principalmente as do coração. Tivera conhecimento rudimentar do que seria um amor platônico, mas não queria que o seu o fosse e lutava por isso.
Às vezes, passeando pelas ruas da cidade, encontrava-se com os amigos, que sabendo de sua história, perguntavam-lhe: - “Como vai a Paula ? Nada ainda ? Tens que conquistá-la ! Ela está lá no shopping com as amigas...” Jerônimo respondia: - “Estou pensando numa maneira de chegar; está difícil. Parece que tudo conspira contra mim, até vocês, caçoando.” - e lá se ia, pensando na amada e com um leve sorriso, como a disfarçar a situação. “Haveria de ter um jeito...” - matutava.
Até que um dia, voltando para casa em uma lotação, teve uma idéia. Conservou-a, entretanto, por mais algum tempo, ansiando que amadurecesse. Era mister que tivesse esse mínimo de coragem para vencer a timidez que todo o envolvia como uma aura. Um psiquiatra lhe dissera em certa ocasião que ninguém nasce tímido; que a timidez se adquire e pode ser tratada. Nunca mais voltara ao consultório e preferira continuar com sua doença, apesar de tudo. Queria vencê-la, naturalmente. Esse era o seu desígnio.
O mês de dezembro ia em meio, aproximava-se o verão e o calor era insuportável. Fazia 34º à sombra e as pessoas andavam pachorrentas, buscando chegar onde tivesse ar condicionado. Em algumas casas de bairros de classe média crianças tomavam banho de mangueira, onde não houvesse piscina, e as que existiam estavam lotadas.
Jerônimo via que o ano estava chegando ao fim e ele ainda não havia tomado uma atitude quanto ao seu caso que ia se tornando crônico. Não se tratava mais de paixonite aguda. Era algo mais forte e vinha durando... durando... Certa noite, em seu quarto de solteiro, sentado à escrivaninha, pega a esferográfica e um bloco de papel de cartas e começa a escrever. Era o que deveria já ter feito, mas, antes tarde do que nunca. Finalmente estava pondo em prática a sua idéia amadurecida e ao terminar a folha, dobrou-a e colocou-a dentro do envelope, endereçando-o para: “Namoro na TV - Programa Sílvio Santos - SBT - São Paulo - SP”.
___________________
Poeta e contista
Publicado em 9 de dezembro de 1998 - no Diário de Canoas.


domingo, 5 de julho de 2009

POEMA de IALMAR PIO

Antiga estação ferroviária da Tristeza - Porto Alegre - RS.


Estação ferroviária de Sertão - RS, minha terra natal.



TREM NA SERRA - para a Ângela, a dona do Atelier do Bonde, com carinho.







Poema Noturno – Ano 1962

Ialmar Pio Schneider

É fatalmente noite
E eu não ouso cantar
(não sei por que).
Estou em silêncio,
Chorando baixinho.

Não sou mais aquele
Que outrora cantava
E as trevas da noite
Contente rasgava.

Não sou mais aquele
Que aquele se foi
Sozinho em silêncio
Na noite fatal
- que Deus me perdoe –
Do sonho especial...

É fatalmente noite
E eu não ouso cantar
(não sei por que)
Na janela
Da donzela
Em serenata.

Eu não rachei a flauta
Mas o peito está rachado
Rachou-se todo todinho
Estou chorando baixinho
Estou chorando em silêncio.

Falta-me a essência da vida
Que evaporou-se no ar
Esta chaga dolorida
Já não me deixa cantar.

O trem passa interpretando poemas
Num longo queixume desconsolado
Pela voz do apito gemebundo
Que acorda sonhos
Num desabafo profundo
Que acorda sonhos
Que faz sonhar

Estou chorando baixinho
Estou chorando em silêncio
É fatalmente noite de insônia.

Sertão – RS – 1962




sábado, 4 de julho de 2009

TROVAS de IALMAR PIO

Soledade - RS - vista parcial



T R O V A S E S P A R S A S
de
IALMAR PIO
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Recebemos, para publicação, e o fazemos abaixo, algumas trovas
do conhecido poeta popular Ialmar Pio Schneider, que durante
muitos anos residiu nesta cidade. Atu-
almente, reside em Canoas, onde estuda Direito.

1 - A trova é o verso que nasce
de um coração sonhador;
fica estampada na face
de quem vive um grande amor.

2 - Versos de amor quando os faço
me causam tanta emoção;
cada palavra é um pedaço
que arranco do coração !

3 - És a força que eu preciso
para deixar de sofrer.
Oh, querida, toma juízo
e vem comigo viver !

4 - Quantos versos escrevi
sem que pudesse entendê-los..
Agora me encontro aqui
a lembrar os teus desvelos.

5 - Para te amar mais e mais
resolvi ser trovador;
aquele que trovas faz
sempre vive um grande amor.

6 - Seja rica, seja pobre,
a rima de uma trovinha
ela sempre será nobre,
pois se veste de rainha.

Na próxima edição, mais trovas do Menestrel
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O PALADINO - SOLEDADE (RS), 21-07-83. PÁGINA 03

quinta-feira, 2 de julho de 2009

CRÔNICA LITERÁRIA de IALMAR PIO

Theatro São Pedro - Porto Alegre - RS

O TEATRO

Ialmar Pio Schneider

Dentre as artes literárias a que mais impressiona, quiçá, seja o teatro, não só por ser tão antiga, mas também devido ao calor humano transmitido diretamente ao espectador. Talvez por isto mesmo se conserve sempre atual no contexto da literatura de todas as nações e apesar de ter sido precursora do cinema, não poder-se-á dizer que foi por ele superada, não obstante o avanço da tecnologia, abrangendo também a televisão.
Sábado à noite, precisamente no dia 18 de julho de 1998, às 21 h. fomos ao Theatro São Pedro, onde assistimos à uma peça muito sugestiva e interessante denominada Duas Mãos, com as inigualáveis atrizes Ingrid Guimarães e Carol Machado, fazendo os papéis de avós e netas, encarnando as personagens Mithése e Ássima (avós), e Sônia e Regina (netas), ao mesmo tempo.
Estávamos: a Helena, a Ana Cristina, o André e o autor desta, apreciando o desempenho e a interpretação impecáveis das atrizes em pauta, do alto de um camarote do teatro completamente lotado, quando tocou-me o espírito o sentimento da arte dramática; e dizer que ela vem desde os primórdios da História da Humanidade! Entretanto, sabe-se que realmente se afirmou na época dos gregos antigos, nas formas de comédia ou de tragédia, de acordo com um final feliz ou infeliz.
A peça a que assistimos apresentou problemas existenciais de idosas e jovens, tendendo para a comédia, não obstante, consideravelmente realista em muitos pontos. Os 80 minutos de duração passaram que nem vi. Os aplausos eram constantes, mas moderados. No término foram intensos. Mais uma vez fica comprovado que o sucesso e a aceitação do público estão ligados à vida real das personagens, que se mistura à ficção. Penso que deveríamos ter em nossa cidade uma casa de espetáculos apta a receber artistas teatrais que aqui pudessem apresentar suas peças, uma vez que reclamam da falta de espaço. É provável que no Canoas Shopping Center, s.m.j., alguém possa construí-la e fazendo parte da Praça de Eventos, traga aos canoenses cultura e lazer tão apregoados, não só para valorização de talentos locais, mas também de outros municípios e estados; enfim aos bons cultores da arte dramática. Vai aqui mais esta sugestão que espero ainda ver concretizada, se bem que tantos outros já a tenham feito. Afinal, sempre é válido o provérbio: “água mole em pedra dura, tanto dá até que fura”.
Outrossim, é de notar-se como toda a obra dramática traz uma mensagem positiva, incentivando a criação, influindo no pensamento dos indivíduos, não só qual um passatempo, mas também tal uma fonte de conhecimento para a vida.

DC (30-7-1998)

P O E M A de IALMAR PIO

MUSA


ANTES E AGORA

Ialmar Pio Schneider

Nós fomos e seremos sempre assim:
à procura de um paraíso perdido
onde éramos felizes mas sozinhos.
Desfrutávamos de um jardim
que nos proporcionava o amor
[e não despertava a libido,
nem o ciúme, a paixão, os carinhos...

Tivemos que enfrentar horas aflitas
depois de termos transgredido
as regras que nos foram impostas.
Vencerás, porém, se acreditas
no teu desempenho, no valor
[do sonho descontraído
de fazeres o que mais gostas !

Canoas - 08.08.1999