terça-feira, 30 de outubro de 2012

BRIQUE DA REDENÇÃO - Crônica de Ialmar Pio - Imagem da Internet





BRIQUE DA REDENÇÃO




IALMAR PIO SCHNEIDER



Cada domingo é uma festa para os que têm o privilégio de freqüentá-lo. Pessoas de todas as idades e ideologias passeiam ao largo da avenida, conversando, paquerando, olhando as estantes e perscrutando as mil e uma bugigangas expostas. Tudo tem o seu valor, tudo tem o seu preço. Muitos são os objetos antigos em oferta: móveis, louças, panelas, caçarolas, livros, discos, etc.

Por outro lado, existem também as obras de arte (quadros de pinturas diversas, a óleo), aquarelas, e o artesanato (cuias, estojos, barricas para erva-mate), enfim, apetrechos para o chimarrão.

São tantas coisas, até imprevisíveis ou estapafúrdias, que aparecem para permuta ou venda - moedas antigas, selos velhos, fogareiros, ferros de passar a carvão, vitrolas... Há os colecionadores ávidos de encontrar antiqualhas originais que tanto apreciam.

Surgem também os criadores de cães e gatos, das mais variadas raças, que vendem os filhotes a quem os queira adquirir, e não são poucos os que os compram, pois um animalzinho de estimação sempre faz parte do cotidiano daqueles que os podem manter.

A banca do mel é muito freqüentada, já que a oferta de um produto puro desperta o interesse de quantos apreciam esse manjar saboroso e tão completo. Os que ali chegam recebem uma prova para sentirem sua essência (eucalipto, laranjeira, florada silvestre, etc.).

De repente, um aglomerado de gente: é uma apresentação musical. Alguém cantando na manhã ensolarada; e as frases da canção enchendo o ar - “Felicidade foi-se embora e a saudade ainda mora...”, a evocar Lupicínio Rodrigues, o poeta inesquecível.

Lá mais adiante estão os bugres vendendo seus balaios multicoloridos, eles que são os mais legítimos filhos desta terra brasileira, uma vez que aqui se encontravam quando da chegada dos descobridores lusos e espanhóis. Hoje tão escassos resistem à civilização imposta, sofrivelmente.

Também não é difícil imaginar quantos encontros amorosos ou de amigos que não se viam há tempo, aconteceram aqui, nesses 20 anos! E daqueles quantos não frutificaram?

Os pais que trazem seus filhos a fim de espairecerem, os casais de namorados que desfilam de braços dados, os idosos enfrentando a velhice com resignação, todos parecem seguir seus destinos de maneira salutar na esperança de novos dias.

Certamente que a vida seria mais triste se não houvesse um local tão aprazível para preencher as horas de lazer nas manhãs dos domingos porto-alegrenses.

Eis um simples esboço do Brique da Redenção, decantado em prosa e verso, que já se transformou em uma tradicional referência para nossa altaneira cidade que desperta ao sorriso das águas do Guaíba !

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Poeta e cronista

Publicado em 27 de outubro de 1998 - no Diário de Canoas.

http://ialmar.pio.schneider.zip.net/

EM 12.05.2009

http://www.jornalnh.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm

em 15.8.2010

http://ial123.blog.terra.com.br/

em 15.8.2010

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em 27.8.2011

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em 16.9.2011


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dia Nacional do Livro no Brasil - 29 de outubro - Imagem da Internet





DIA NACIONAL DO LIVRO




Ialmar Pio Schneider





Por ter ocorrido em 29 de outubro de 1810 a fundação da Biblioteca Nacional, esta data é comemorada como o Dia Nacional do Livro.

Ocorreu-me escrever algo a respeito do livro, este amigo mudo mas sábio que me acompanha desde que me conheço por gente. O pouco que sei nesta vida pacata que levo, além dos mestres que me ensinaram, estão os livros como fonte de conhecimentos onde procurei sempre a aprendizagem e o lazer, apesar da mortificante televisão cuja tentação não tenho resistido.

Também não posso deixar de referir-me ao leitor para o qual compus um soneto: Ao leitor - Quando escrevo me assalta um pensamento/ indeciso de não saber a quem/ possa atingir meu louco sentimento/ e duvidar assim não me faz bem...// Espero apenas que o meu sofrimento/ não vá prejudicar... ferir ninguém.../ Ponho aqui realidade e fingimento/ para a escolha daqueles que me lêem.// Segue junto comigo se te apraz/ conhecer solidão e fantasia,/ às vezes desespero, às vezes paz:/ meus “Sonetos e Cânticos Dispersos”,/ dizendo que no mundo da poesia/ cada qual é o poeta dos seus versos...

Pode parecer estranho que quase sempre me socorro da poesia para escrever o meu texto aqui, buscando divulgar os autores, os mais diversos. É uma maneira de despertar o interesse para a arte poética pois sempre vejo nela uma tábua de salvação à realidade cruel que presenciamos no dia-a-dia. Nunca é demais lembrar: “Um país se faz com homens e livros”. Monteiro Lobato (1882-1948). Então, façamos deles os nossos fiéis e constantes companheiros para enfrentar a vida.


Poeta e cronista



sábado, 27 de outubro de 2012

Nascimento do escritor Graciliano Ramos em 27.10.1892 - Imagem na Internet


Graciliano Ramos



AUSÊNCIA DE AMOR



IALMAR PIO SCHNEIDER



Tenho procurado retirar subsídios nos livros que leio com alguma assiduidade, para escrever as páginas dos meus relatos e observações pessoais, como o faço aqui e agora. Creio na literatura em geral, pois representando o pensamento de seus autores, vem suprir meu ideal de compreensão nos destinos da existência. Nada foi escrito em vão, desde os primórdios da humanidade até os nossos dias e continuará sendo, certamente, no futuro. A lógica confirma isto, uma vez que a comunicação entre os seres humanos se faz por meio da escrita, embora o grande avanço da tecnologia neste setor. O assunto a ser abordado, a meu ver e de muitos outros, é universal e palpitante. Quantos dramas não acontecem em conseqüência deste motivo que não é banal ?! Serve de reflexão para uma vida menos árdua e mais amena, senão satisfatória e feliz. Dir-se-ia que o amor deverá ser o leitmotiv presente no coração de todos os mortais, para atingir a plenitude do espírito inquieto.

No romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, vamos encontrar uma significativa falta de amor, notadamente por parte do principal personagem e narrador da história: Paulo Honório. Podemos entender este seu comportamento devido às agruras da vida, que já desde a infância miserável, teve que passar. Quando jovem matou uma pessoa, tendo ficado alguns anos na cadeia. Depois, trabalhou no eito e foi se recalcando. Assim transcorrem as primeiras páginas do livro.

Passados alguns anos, Paulo Honório resolve se apossar da fazenda “São Bernardo” onde trabalhara tempos atrás. Para fazê-lo trama uma armadilha ao herdeiro da propriedade, o Padilha Filho, que é bêbado e jogador inveterado de bilhar. Empresta-lhe dinheiro para o jogo, que o Padilha vai queimando, até chegar à hipoteca do imóvel. Daí até chegar à posse foi um tapa; e a escritura foi assinada sem mais delongas.

Paulo Honório, agora já proprietário da fazenda, começa a desenvolver uma administração satisfatória, conseguindo bons resultados em seus empreendimentos. Vai de vento em popa. Adquire prestígio e dinheiro lhe sobra.

Dada à situação em que se encontra, resolve casar, não tanto por amor, mas para deixar um herdeiro. Encontra Madalena, jovem professora, loira e bonita e em breve está casado. Sua consorte, que é humanitária e meiga, dedica muita afeição às pessoas humildes da fazenda, o que causa em Paulo Honório, um terrível ciúme doentio. Começam as desavenças do casal e Madalena suicida-se, deixando-lhe um filho.

Já então quase no final do romance, Paulo Honório está sozinho e resolve escrever sua história. Seu desabafo não poderia ser mais dramático:

“- Estraguei a minha vida, estraguei-a estupidamente”.

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Poeta e cronista

Publicado em 31 de março de 2000 - no Diário de Canoas.




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

‎58ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE - RS - de 26 de outubro a 11 de novembro de 2012 na Praça da Alfândega, no centro da cidade. - Patrono Luiz Coronel -

‎58ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE - RS - de 26 de outubro a 11 de novembro de 2012 na Praça da Alfândega, no centro da cidade. - Patrono Luiz Coronel -




Como sói acontecer lá estaremos freqüentando este evento maravilhoso que contribui tanto para o desenvolvimento e ao chamamento à leitura de todos: crianças, jovens, meia-idade, idosos... Nunca me esqueço de uma piada que ouvi faz algum tempo, dizem que real, quando o escritor Millôr Fernandes, falou a um seu amigo de alguma projeção na cultura pátria: - Você tem que ler um livro. Ao que o mesmo lhe respondeu: - Que livro, Millôr ? Responde-lhe o humorista: - Qualquer livro... Você tem que ler um livro. Seja piada ou não, o fato é que a leitura é pouco praticada em nosso país em comparação de outros. Mas sempre essas feiras de livro que se realizam por todos os municípios vêm trazer um incentivo que não pode ser considerado desprezível. Vamos aos livros para conhecermos mais e viajarmos pelo ...mundo no aconchego de nossos recantos preferidos !...



Cronista colaborador



Publicado no Diário de Canoas RS em 26.10.2005



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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Crônica de Ialmar Pio - Imagem da Internet

Caçador



SOBRE ‘PHOTOPLASMA’ DE CHARLES KIEFER




IALMAR PIO SCHNEIDER



O texto abaixo foi confeccionado em preleção ministrada pela professora Maria Luíza Bonorino Machado - Mestre em Literatura/UFRGS, na Oficina Literária - O conto gaúcho, em 10 de julho de 2002, no Centro Municipal de Cultura - Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães, à Av. Érico Veríssimo, 307 - P. Alegre, em cima do conto e autor à epígrafe.

Aparecera aquela fotografia em meio aos papéis antigos que ele guardara em seu arquivo. A pessoa que estava retratada nela ostentava um bigode largo. Apesar de ter praticado um crime medonho, aparentava uns traços fidalgos. Recordou-se que ao chegar ao paço, havia um preto de libré no conto de Machado de Assis. Por que ficar tantas tardes vazias a vasculhar esses papéis velhos ? Se não fosse por isto acreditaria que se tratava de uma casa de loucos.

Naquele tempo passavam-se as noites em saraus e bordados até altas horas. Lembrou-se de que o braço esquerdo havia sido destroncado e agora o tinha em uma tipóia. Pensou que fora um pequeno acidente e distante estava ainda o sarcasmo da morte. Por isso, apesar de certo temor, desatou num riso inconsciente. Desejou tomar algo e não o fez, pois teve receio de que havia veneno no leite que se encontrava num litro na cozinha.



A crônica de um conto



Solicitam-me que escreva um conto sobre um dos seguintes temas: Uma Estrada no Bosque ou Um Caçador contemplando uma fogueira. Ambos para minha verve são difíceis, apesar de já haver percorrido, num tempo remoto da minha infância, nas matas de minha terra natal, cujo nome diz tudo - Sertão - algumas trilhas, justamente na condição de caçador de passarinhos. Mas ficar contemplando uma fogueira ? Nunca presenciei tal cena, somente em filmes tenho a impressão... Faz muito tempo, inclusive.

São aquelas estórias de Robin Hood ou Tarzã (quem sabe !) que me atraíam sobremaneira no rústico cinema de aldeia em que nós assistíamos às fitas referidas, nos fins de semana. Apareciam as selvas com rios enormes e cipós gigantescos. Entretanto, em minha memória isso está quase apagado. A vida foi passando repleta de outras agruras que não aquelas de menino aventureiro e solitário. Nem fui um caçador contemplando uma fogueira, apesar de haver percorrido uma estrada no bosque, digamos, preferindo outras modalidades de caça. Apenas andei desfiando alguns versos que constituem a mochila que me acompanha, qual o soneto: “Consolação - ‘Os meus versos não servem mais pra nada; / quero jogá-los fora, pobres versos, / foram meus companheiros de jornada / nos momentos felizes ou adversos ! // Muitos escritos pela madrugada, / tristes soluços na paixão imersos / parecem uma história inacabada / com fragmentos avulsos e dispersos... // Entretanto, por que jogá-los fora ? / se nasceram do fundo de minh’alma / e já não servem pra mais nada, agora ? ! // São versos pobres, versos, enfim, tristes, / mas fazem que eu mantenha a minha calma / e me dizem que tu neles existes...’”

Pode que não seja um conto o que acabo de escrever. Entretanto, esforcei-me para que o fosse - bem sei - é um pedaço desta existência, quiçá de contista frustrado. Ou devo insistir e não abandonar o barco em que navego por águas ainda desconhecidas ? - (desculpem os clichês - foram inevitáveis). Espero não sofrer um naufrágio e ancorar em porto seguro...

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Cronista e poeta

Publicado em 07 de agosto de 2002 - no Diário de Canoas.


sábado, 20 de outubro de 2012

Crônica de Ialmar Pio Schneider - Imagem da Internet






SENSUALIDADE E SONHO DE AMOR...



Ialmar Pio Schneider



Teria eu meus 18 para 19 anos, quando li pela primeira vez o romance Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado, e desde logo fiquei fascinado por aquela leitura fluente e plena de sensualidade que envolvia a “crônica de uma cidade do interior”, conforme consta da folha de rosto do livro. Naquela época residia em Cruz Alta-RS, onde iniciava minha carreira de bancário, bem como tentei continuar no curso científico, já que em Passo Fundo-RS, freqüentava o segundo ano do mesmo, mas não me foi possível conciliar os horários e então segui cursando o técnico em contabilidade que era à noite e me permitia fazê-lo sem percalços, por sinal com inúmeras coleguinhas de rara beleza que me faziam lembrar outro grande escritor, o nosso Érico Veríssimo, com seu primeiro romance Clarissa, com a ingenuidade da normalista que vê o mundo alvorecer e sua vida de adolescente. Estórias diferentes mas ambas magistrais, por que não dizer de mestres da literatura pátria ?! De fato, foram os dois escritores brasileiros que viviam de suas produções literárias em sua época, diferenciando-se de todos os demais que tinham que exercer outras funções para se manterem. São os dois exemplos que conheço, a não ser, atualmente, o Paulo Coelho, que descobriu um filão calcado no esoterismo e na magia (ele mesmo considerado um “mago”), que atinge uma gama de leitores ávidos de alquimia e lendas orientais que preenchem as páginas dos seus livros que atingem edições astronômicas. Nada contra, pois já disseram por aí “que é melhor ler Paulo Coelho do que não ler nada”, o que deixo a critério dos leitores que são soberanos em suas escolhas.

Voltando ao meu assunto inicial, naquele ano de 1961, em Cruz Alta-RS, após ler o Gabriela, do velho Jorge (recentemente desencarnado), aventurei-me a escrever uma página inicial do que seria um romance que pretendia ver continuado. Entretanto, na contingência da vida, após mais algumas páginas inconseqüentes, abandonei-o e sobrou-me a que transcrevo abaixo, para simples ilustração de minha verve naquela fase da existência. Assim foi e a saudade não me deixa esquecê-la (também estive apaixonado por uma noiva por lá, mas esse já é outro caso). Vamos ao texto romântico:

Maria Clara debruçou-se no peitoril da janela e pensativa sondou ao longe o céu azul bordado de nuvens branquicentas. Quantos belos pensamentos de amor e saudade não povoavam sua mente fresca de mocidade! Deliciava-se, nesse momento, lembrando seu noivo distante, um rapagão forte e ousado que fora seu primeiro e único amor, sua paixão dos dezoito anos, ao florescer em si as primeiras rosas de mulher, donzela requintada e bela. Morena cativante e meiga, seus olhos negros e langues sonhavam na placidez da tarde tropical e iam projetar-se ao longe, divagando perdidos como duas estrelas negras, juntas e cintilantes em plena claridade do dia. Nem sabia ela que logo abaixo da janela do seu quarto, perdido entre a folhagem verde das árvores do quintal de seu lar, um rapaz alto e loiro, fascinado pela sua beleza, lá estava escondido para admirá-la e amá-la doidamente no silêncio da distância e da mudez. Chamava-se Bruno. O sangue ardia-lhe nas veias ao recordar a formosura da mulher amada da qual nunca ousara aproximar-se, mas pela qual sentia uma verdadeira idolatria.

E enquanto a moça cismava assim, o tempo foi voltando atrás e ela achou-se menina de oito anos, quando sua família morava numa pequena vila do interior. Sentia as faces queimadas pelo sol lindo e sorridente da primavera e não pôde reprimir um leve sorriso e um fraco suspiro de ansiedade. Era então na época em que os bosques floridos esperam o outono para frutificar e acalentar nos galhos os frutos coloridos e gostosos como tributo à natureza. Antônio Carlos, seu amiguinho de infância, ambos ela e ele, de mãos dadas, cativos pelo frescor dos silvedos, ouvindo o concerto das aves, sentindo o zéfiro suave a acariciar-lhes o rosto, como dois heróis corriam mato adentro, colhendo uma flor aqui, descobrindo um ninho acolá. E à noite dormiam felizes, esquecidos das mil peripécias e aventuras do dia. Assim desabrochara Maria Clara entre flores, frutos e passarinhos... Assim surgira a flor dos bosques com todo o frescor da brisa, com todo o calor do sol primaveril !

Convenhamos que não é o “bicho”, contudo quero aqui transcrever o que o velho mestre Machado de Assis, escreveu em seu romance Helena, quando assim se expressa: “Advertência - Esta nova edição de Helena sai com várias emendas de linguagem e outras, que não alteram a feição do livro. Ele é o mesmo da data em que o compus e imprimi, diverso do que o tempo me foi depois, correspondendo assim ao capítulo da história do meu espírito, naquele ano de 1876.

Não me culpeis pelo que lhe achardes romanesco. Dos que então fiz, este me era particularmente prezado. Agora mesmo, que há tanto me fui a outras e diferentes páginas, ouço um eco remoto ao reler estas, eco de mocidade e fé ingênua. É claro que, em nenhum caso, lhes tiraria a feição passada; cada obra pertence ao seu tempo. M. de A.”.

Eis aí uma poesia em prosa, que não me contive em deixar de transcrever, visto vir calar no fundo de minha alma de incorrigível poeta sonhador !

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Poeta e cronista

Publicado em 28 de novembro de 2001 - no Diário de Canoas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Soneto - Dia do Médico - 18 de outubro - Imagem da Internet





SONETO - DIA DO MÉDICO - 18 de outubro - . -




Quando enfrentamos tristes, maus momentos,

e sofremos as dores corporais

que nos afligem, causam-nos tormentos,

são eles que aliviam nossos ais...



Não esqueçamos agradecimentos

aos nobres médicos especiais,

que mitigam os nossos sofrimentos

com todo o valor dos seus ideais...



Eis que de médico, poeta e louco,

nós, pobres viventes, temos um pouco;

assim diz o ditado popular...



E nesta data significativa,

rendamos a homenagem expressiva

aos doutores que nos podem curar !



IALMAR PIO SCHNEIDER



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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Conto de Ialmar Pio - Aquarela de Ângela Ponsi






ACONTECEU NA 1ª BIENAL



Ialmar Pio Schneider



Quando da realização do evento da 1ª BIENAL que ocorreu em Porto Alegre - RS, de 2 de outubro a 30 de novembro de 1997, compareceram pessoas de muitas cidades do estado, do país e do exterior, a fim de apreciar as obras de artes plásticas expostas em vários locais da capital gaúcha. Foram muitos os dias de intensa atividade artística, em que até um ônibus especial ficava à disposição dos interessados, em frente ao Mercado Público, de onde partia transportando-os aos diversos lugares da exposição. Nessa ocasião alguns flertes floresceram e houve romances que frutificaram. É o caso da história abaixo e de outras tantas que não foram registradas, como de fato geralmente sói acontecer nesses momentos em que se misturam a realidade com a fantasia.

Despertara-lhe a curiosidade de saber quem era aquela mulher que avistara em certa tarde na Exposição da Bienal. Aparentava beirar os trinta anos e era morena clara. Tinha um corpo bem feito, torneado, e caminhava com certa esbelteza, olhando os quadros, admirando-os. Parecia andar solta dentro de um vestido de seda que a abrigava, deixando-a, assim, muito atraente. Olhava-a, de vez em quando, disfarçadamente, e ela parecia, mais ou menos, corresponder-lhe com discrição. E o flerte prosseguia inconseqüente, até que Menandro, criando coragem, aproximou-se dela, vencendo a timidez , e disse-lhe:

- Interessantes estes quadros... Estás apreciando?

- É... realmente, são muito sugestivos - respondeu-lhe Lívia.

- És daqui mesmo de Porto Alegre?

- Não, sou de Caxias do Sul. E tu?

- Eu sou de Passo Fundo e estou passeando por aqui. Vim ontem. Mas, vamos tomar alguma coisa no barzinho?

- Pois não; podemos ir.

Saíram e foram caminhando, a conversar, pela rua Sete de Setembro e entraram na lanchonete em frente à Praça Montevidéu, no largo da Prefeitura Municipal. Pediram refrigerantes e foram bebendo-os, enquanto escutavam a música ambiental.

- O que vais fazer hoje à noite?

- Não sei ainda... mas talvez volte a Caxias.

- Se eu te convidar, aceitas?

- Depende para o que seja.

- Vamos assistir ao filme “Navalha na Carne”, com a Vera Fischer. Está passando ali no cinema Vitória.

Ela concordou e após lancharem dirigiram-se ao cinema. Tinham muito que conversar ainda, pois ambos não se conheciam e vieram de cidades diferentes. Menandro pensava que tudo se encaminhava bem e Lívia da mesma forma. É bem provável que nascera aí um amor à primeira vista para preencher o vazio da existência de duas pessoas solitárias que se encontraram casualmente.

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Poeta e contista

Publicado em 03 de agosto de 1999 - no Diário de Canoas.

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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Feriado Nacional, Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. - Imagem da Internet






Dia de Nossa Senhora de Aparecida - 12 de outubro



RAINHA DO CÉU - em agosto de 1959 - Sertão - RS



Nossa Senhora, baixai vosso olhar

Pra mim que sou um pobre pecador,

Enchei o meu caminho de fulgor,

Levai-me sempre pelo bom andar...



Mãe do Céu, deposito em vosso altar

Consagrado todo meu pobre amor,

Enchei-o para sempre de esplendor

Para que nunca cesse de brilhar.



E quando a chama desta minha vida

Aos poucos, devagar, for se apagando,

Vinde com vossa vela, mãe querida,



Me levar por estes ares voando

Para aquela bela mansão florida

Onde os anjos estão sempre cantando...



IALMAR PIO SCHNEIDER



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Crônica de Ialmar Pio Schneider - Imagem: Aquarela de Ângela Ponsi






SOBRE O “ PROJETO ARLEQUIM”



IALMAR PIO SCHNEIDER



Há alguns meses, estando em Capão da Canoa, tive a oportunidade de adquirir um livro de aventuras intitulado O CAPITÃO FRACASSO, de Théophile Gautier, tradução e adaptação de Myriam Campello, do original “Le Capitaine Fracasse”, cuja leitura muito me agradou, já em Porto Alegre, nos meados do mês de abril. Procurei depois saber da biografia do autor e encontrei-a na Enciclopédia Brasileira Mérito, e o mesmo ter sido poeta e escritor francês, nascido em Tarbes, em 31-8-1811; e falecido em Neuilly, em 23-12-1872. Consta haver estudado, desde a tenra idade, a Literatura Francesa dos séculos XVI e XVII, de que publicou inúmeros ensaios literários, muito apreciados na época. Embora tenha pertencido à Escola Romântica, devido à sua poesia de Esmaltes e Camafeus (1856), sempre revista até à sua morte, pode ser considerado um irrefutável precursor do Parnasianismo. A sua obra literária foi extensa, abrangendo ensaios, romances, poemas, crônicas de viagens, etc., que, reunida, certamente, atingiria mais de trezentos volumes, só de esparsas.

Entretanto, o que me leva a escrever estas considerações, é o fato de haver assistido ao filme A Viagem do Capitão Tornado (Il Viaggio Di Capitan Fracassa) - Direção: Ettore Scola - País: Itália, 1990 - Duração: 130 min. - Com: Massimo Troisi e Ornella Muti, dentro do programa Imagens da commedia dell’arte: o teatro e o cinema contemporâneos, na segunda temporada de eventos do Projeto Arlequim, no dia 30 de julho de 2002, na sala leste do Santander Cultural, rua Sete de Setembro, 1028 - P.Alegre.

Conforme as imagens e as cenas iam se sucedendo na tela, ocorria-me lembrar das passagens do romance e despertavam meu interesse as personagens histriônicas e as beldades femininas que fizeram parte do elenco. E quanto reclamavam de fome ! Não é por menos que o texto inicia com o capítulo O Castelo da Miséria e termina com O Castelo da Felicidade, tendo neste período intermediário sofrido diversas privações e acontecimentos inesperados... Bem se pode aquilatar as peripécias que enfrentava a troupe na viagem que estava fazendo para Paris. Foram mais de duas horas de entretenimento agradável em que a comicidade da peça - quase teatral, ou até teatral - despertava o riso nos espectadores. Tanto é que, no final, alguém, uma senhorita, disse: - De tanto ouvir reclamar de fome, vou ter que comer alguma coisa.

No segundo dia, ou seja, em 31 de julho, assisti ao filme Cyrano (Cyrano de Bergerac) - País: França, 1989 - Duração: 135 min. - Direção: Jean-Paul Poppeneou - Com: Gerard Depardieu e Anne Brochet. Trata-se da biografia do literato francês Saviniano Cirano de Bergerac, nascido em Paris, em 6-3-1620 e falecido em setembro de 1655, na mesma cidade. Apesar de uma curta existência de 35 anos, envolveu-se em alguns duelos, deixou uma obra relativamente extensa e bizarra; assim o Mestre-Escola Folgazão (1654), em que ridicularizava seu antigo professor João Grangier; e outras tragicomédias, além de poesias.

Por último, em 1º de agosto, foi apresentado o filme Arlequim, Servidor de Dois Patrões (Arlecchino, servitore di due padroni) - Direção: Giorgio Strehler - País: Itália, 1970 - Duração: 120 min. - Com: elenco do Piccolo Teatro di Milano. É uma peça do comediógrafo, considerado o fundador do moderno teatro italiano Carlos Goldoni; nascido em Veneza em 15-2-1707 e falecido em Paris, em 6-2-1793. Levou uma vida cheia de altos e baixos, e sendo privado, pela Revolução Francesa, de uma modesta pensão que percebia, terminou seus dias na miséria.

Resta-me agradecer e elogiar programas desta natureza que acontecem, gratuitamente, em horário bem razoável, às 19 h., em nossa Capital. Parabéns aos organizadores !

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Cronista e poeta

Publicado em 21 de agosto de 2002 - no Diário de Canoas.



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em 23.10.2011

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em 2.12.2011


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Nascimento de Allan Kardec em 3.10.1804 - Imagem da Internet


Allan Kardec


DIA DO ESPÍRITA – 18 de abril - em Porto Alegre - RS - 18.4.2011 - . -




Sempre fomos espíritos da Luz

para aclarar as noites mais escuras;

e a doutrina que sempre nos conduz,

é a melhor de todas as venturas...



Somos, também, adeptos de Jesus,

porque ensinou nas sacras escrituras,

o amor, a caridade que reduz

a diferença para co´as criaturas...



“O Livro dos Espíritos” que Allan

Kardec compilou com tanto esmero,

despertou-nos o brilho da esperança



daquilo que seremos amanhã...

e por ser um caminho pioneiro,

vai ficar como bem-aventurança!



IALMAR PIO SCHNEIDER



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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia do idoso (lei n° 11.433 de 28 de dezembro de 2006) - Imagem da Internet






O IDOSO APAIXONADO



Ialmar Pio Schneider



Quem se dispõe a passar algumas horas sentado num banco da praça da Alfândega em frente aos cines Guarany e Imperial, de repente pode assistir a um instantâneo, no mínimo burlesco, qual se descreve abaixo. Faz parte das cenas urbanas que não deixam de ser até certo ponto apreciadas, não obstante, às vezes jocosas e risíveis. Isto não aconteceu ao nosso herói, mas ele as presenciou em diversas oportunidades, conservando-se, no entanto, timidamente, na solidão recôndita, apenas curtindo o sentimento de foro íntimo que o acompanha qual a própria sombra.

Contudo, agora sentira na carne o que representava uma paixão tardia, ainda mais alimentada por certos conselhos ou insinuações de colegas que o faziam para instigar-lhe o interesse por alguém mais jovem. Ainda não queria se considerar coroa, apesar de já estar na terceira idade. Sempre ouvira dizer que vale o espírito mais que a matéria.

Sua vontade era esquecer aquela moçoila que vira num certo dia, atravessando a rua em frente à praça, seguindo rumo ao shopping da Rua da Praia. No auge dos seus sessenta anos, Rodrigues achava ridículo apaixonar-se por alguém de vinte, que poderia ser-lhe neta; e sentado num banco, junto com outros companheiros aposentados, ficava imaginando no que lhe dissera o Torres, num entardecer de outubro: - “Cavalo velho, pasto novo !” De fato, a idade chegara, quase sem que se desse conta, mas ele nunca deixou de apreciar a estética feminina, e aquela moça parecia uma estátua de Fídias, uma Amazona. Sentia-se, entretanto, retraído, pois já presenciara, ali mesmo, certos velhos que mexiam com as meninas serem escorraçados com as seguintes expressões: “Vai conhecer o teu lugar, coroa !” “Te fraga, velho caduco !” “Não te conhece ?” - e outras mais.

Entretanto, desta vez, não iria desistir. Estudava uma maneira de aproximar-se do fruto do seu bem-querer, ainda, que para tanto, fosse necessário sacrifício e dedicação. Nesta quadra da vida, a pessoa se torna mais afável quanto ao estímulo do amor, embora haja quem diga que o velho seja ranzinza. Isto depende de cada sujeito. Todos têm o seu temperamento e Rodrigues é um romântico-melancólico. Chega em seu quarto de pensão e liga o rádio. Casualmente, na Rádio Liberdade, escuta o Sérgio Reis cantando - “panela velha é que faz comida boa” de Moraesinho e fica satisfeito. Existe alguém que o compreende.

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Poeta e contista

Publicado em 05 de julho de 1999 – no Diário de Canoas.

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EM 08.04.08

em 15.6.2011