quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - IMAGENS DA INTERNET


Miguel de Cervantes Saavedra - Nasceu em 29 de setembro de 1547













SONETO QUIXOTESCO

(Para o Pedro Geraldo Escosteguy)
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Ialmar Pio Schneider
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É preciso escrever, eu quero um mote;
pois assim desenvolvo meu talento
e a investir contra os moinhos de vento
serei o personagem Dom Quixote.

No Rocinante vou seguindo a trote
e o Sancho Pança me acompanha lento,
porém p’ra terminar o meu tormento
desejo Dulcinéia com seu dote.

Minha luta começa todo o dia
e por sempre manter a fidalguia
jamais irei parar à meia viagem.

P’ra tanto tenho força de vontade
e embora encontre tanta adversidade,
não me faltam bravura nem coragem.

CANOAS, 6.4.84 - O TIMONEIRO - PÁG. 17
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terça-feira, 28 de setembro de 2010

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela Os Passarinhos de Ângela Ponsi














Mensagem ao poeta

Vai em frente, segue a estrada
sem muito esperar da glória,
vida simples, devotada...
Se alguém ouvir tua estória
nostálgica e merencória,
canta sempre, até por nada !...

Faze como o passarinho
que saúda a natureza,
enquanto busca um raminho,
com afã e singeleza,
pra construir o seu ninho:
- maior prova de beleza !

Sejam teus versos cantigas
que a gente escuta na rua,
pobres canções, mas amigas
como as estrelas e a lua;
pois a terra será tua
longe de dor e fadigas...

Não temas crítica austera
e nem te afastes do tema,
sempre alcança quem espera;
prosseguir seja teu lema
e verás a primavera
coroar-te com seu diadema !

IALMAR PIO SCHNEIDER

pág. 10 - o timoneiro - 20.11.81 - Canoas (RS)






segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CRÔNICA de IALMAR PIO - IMAGENS da INTERNET

James Dean














Pier Angeli














UM AMOR INCOMPREENDIDO E FATAL

IALMAR PIO SCHNEIDER

Quem for da geração cuja adolescência deu-se na década de 1950 a 1960, deve se lembrar que houve um ator de cinema que faleceu jovem, aos 24 anos, de um acidente automobilístico. E que seu carro era um Porsche Spyder. Aconteceu em uma auto-estrada perto de Paso Robles, na Califórnia, em 30 de setembro de 1955, ao dirigir-se à uma corrida de carros-esporte. Durante sua breve existência atuara em apenas três filmes, mas de enorme sucesso pela sua performance, que foram: Vidas amargas, Juventude transviada e Assim caminha a humanidade, e, somente o primeiro havia sido lançado. Tratava-se de James Dean, ou melhor, James Byron Dean, que nasceu em Marion, Indiana, em 8 de fevereiro de 1931. Terminei de ler sua biografia por esses dias, escrita por Ronald Martinetti, tradução de Fernando Albagli e Benjamin Albagli Neto, Editora Nova Fronteira, 1996. Por sinal muito significativa e que mereceu de Martin Pitts, diretor de cinema, Hollywood, Califórnia, a seguinte frase lapidar: “James Dean acendeu uma fagulha para duas gerações de artistas americanos. Ronald Martinetti esclarece magistralmente por que Dean ainda vive.”
Dos três filmes de que o ator participou, o mais consentâneo com sua personalidade foi Juventude transviada, uma vez que representava uma fase que atravessava de revolta, como colocou Pauline Kael, “faz tudo errado porque se preocupa demais”. De fato, escreve o autor da biografia: “A lenda não é totalmente inexata; tantos dos maneirismos de Dean - a fala arrastada, suave e hesitante, o cigarro no canto da boca, a postura eternamente relaxada - estão presentes no filme, que é difícil determinar onde termina a sua personalidade e onde começa a interpretação”. E mais adiante, trechos de críticas austeras a respeito do filme: “(Embora tenha recebido um selo de código de produção, o filme foi posteriormente condenado em vários lugares por sua violência. Escrevendo no New York Times - 27 de outubro de 1955 -, Bosley Crowther descreveu o filme como “brutal (...) e excessivamente explicito”, e afirmou: “É um filme de deixar o cabelo em pé.” Em Memphis, Tennessee, o comitê de censura local proibiu o filme como sendo “nocivo ao bem-estar público” e na Inglaterra, onde Dean possuía inúmeros fãs, vários anos se passaram até que o filme pudesse ser exibido.)””
Dos inúmeros relacionamentos amorosos que teve, um foi o mais forte, e, não concretizado, pois não houve o casamento entre ambos, apesar da grande atração entre eles. Foi com a atriz italiana Pier Angeli que repentinamente noivou com o cantor Vic Damone, que havia conhecido na Alemanha, ao participar de um filme três anos antes. Para Dean foi uma perda de que nunca mais se recuperou. E assim o autor do livro descreve, a passagem da atriz e o seu tráfico fim: “Pier se casou na igreja católica romana de St. Timothy, em Westwood, a 24 de novembro. O casamento duraria apenas quatro anos. Depois disso, Pier diria que James Dean foi o grande amor de sua vida. Contam que, no dia do casamento, o ator, desesperado, sentou-se na motocicleta, do lado de fora da igreja, observando o que acontecia lá dentro. Talvez isso tenha sido um toque de exagero romântico; de qualquer forma, Dean não estava entre os seiscentos convidados que testemunharam a cerimônia no interior da igreja, a mesma igreja onde, dezessete anos depois, a missa pela morte de Pier, um possível suicídio, seria rezada”. Talvez, não totalmente explicitado, a união entre o ator e a atriz não se realizou por motivos de ordem religiosa, uma vez que ela era católica e ele protestante. Mas não se pode ter certeza disto. O fato é que James Dean faleceu tragicamente antes de ficar esclarecido este ponto. Tudo leva a crer, no entanto, que o sofrimento de ambos James e Pier, foi fatal para suas breves vidas. E assim encerra o autor do livro Ronald Matinetti: “Ao primeiro frio do outono no ar de Indiana, James Byron Dean foi enterrado ao lado de sua mãe, em um pequeno cemitério à margem de um campo de milho, um pedaço de terra sombreado por coníferas, que um dia havia sido um cemitério indígena”. Seus fãs o pranteiam pois tornou-se uma lenda...
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Cronista colaborador

Publicado no Diário de Canoas em 2005.

Assisti ao filme Juventude Transviada no canal 91 da NET, em 26 de setembro de 2010 e lembrei-me desta crônica que publico agora.







domingo, 26 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela La Reina de Ângela Ponsi



















SONETO PARA A QUE CHEGOU

Ialmar Pio Schneider

Com que prazer te vi chegar um dia,
apenas a manhã desabrochara,
se não viesses eu continuaria
buscando a tua luz que tudo aclara.

Trazes o lenitivo à nostalgia
em que minha existência naufragara;
perdoa-me sentir tanta euforia,
porque tardando mais, menos te amara...

Os versos que componho ansiosamente
são os frutos do sonho; a primavera
que representas para mim agora.

Quando te vejo torno-me contente
e sinto que se foi tão longa a espera
valeu a pena o inferno da demora.

Canoas (RS), 26 de abril de 2000.



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CRÔNICA REPUBLICADA de IALMAR PIO - IMAGEM da INTERNET









O FILÓSOFO SPINOZA E A SUA OBRA “ÉTICA”

Ialmar Pio Schneider

Estamos a poucos dias do início da primavera e a vida continua com seus altos e baixos. Aguarda-se, todavia, os resultados das CPIs que se desenvolvem no Congresso Nacional, acreditando-se que sejam satisfatórios. E por estar lendo atualmente o livro O Pensamento Vivo de Spinoza, extraí do mesmo o seguinte texto, que reputo de irrefutável sabedoria: “O DOMÍNIO DAS EMOÇÕES
Sofremos enquanto somos uma parte da Natureza, que não se pode conceber por si mesma sem as outras partes.
A força pela qual o homem persevera na existência é limitada e sobrepuja infinitamente pelo poder das causas exteriores.
O homem, sempre necessariamente submetido às paixões, segue a ordem comum da Natureza e a obedece, e a ela se adapta tanto quanto a natureza das coisas exige.
A força de uma paixão ou de uma afeição pode sobrepujar as demais ações do homem, ou de sua força, de tal modo que essa afeição permaneça agregada ao homem.
Uma afeição só pode ser reduzida ou destruída por outra afeição contrária e mais forte que a afeição reduzida.
O conhecimento do bom e do mau não é outra coisa que a emoção da alegria ou da tristeza, enquanto temos consciência.
O conhecimento verdadeiro do bom e do mau não pode reduzir nenhuma emoção, enquanto é verdadeiro, ou somente enquanto é considerado como uma emoção.
O desejo que nasce do conhecimento verdadeiro do bom e do mau pode ser ampliado ou reduzido por muitos outros desejos, nascidos das emoções que nos dominam.
Um desejo que nasce da alegria é mais forte, em igualdade de condições, que um desejo que nasce da tristeza.”
Nota-se que o pensador faz uma análise do homem frente à Natureza que é Deus, e traça comparações lógicas entre paixão e afeição, bom e mau, alegria e tristeza. Cada sentimento destes representa um estado de espírito do ser humano. Sabe-se que sua obra exerceu relevante influência não só sobre os metafísicos que lhe sucederam, mas também aos poetas Goethe, Wordsworth e Shelley.
Este filósofo cuja obra Ética, foi publicada pelo seu editor no ano de sua morte, num tomo de suas obras póstumas, proibida de circular no ano seguinte, era a principal. E mais do que tudo, atualmente, deve ser evocada, pelo que se tem presenciado na política pátria. Ele nasceu em Amsterdam, Holanda, descendente de uma família judaica emigrada de Portugal; chamava-se Baruch Spinoza, tendo latinizado seu nome para Benedito, conheceu o estoicismo e o cartesianismo, após haver estudado a tradição filosófica e teológica judaica e a cabala. Seus pensamentos eram voltados para Deus, tendo também conhecido a Escolástica, levando uma vida de meditação e desenvolvido um sistema panteísta cuja influência sempre o atingiu e o envolveu.
Pela estação das flores que se avizinha, quero inserir o soneto que compus na adolescência: Vida e Primavera – Refloresce a primavera/ cheia de viço e frescor./ Eis! A ilusão da quimera/ de um coração sonhador!// Nesta risonha galera/ seguimos no mar do amor,/ e por tudo o sonho impera/ no seu reino de esplendor.// Quem me dera! Quem me dera/ que esta eterna primavera/ nunca mais tivesse fim.// Quem me dera! Quem me dera !/ Nesta ilusão da quimera/ fosse sempre a vida assim...
Finalizo com este pensamento maravilhoso de outro pensador: “O mais importante para o ser humano é viver uma vida íntegra. – Existem pessoas que desgastam a própria Vida no afã de ganhar dinheiro, não se importando quão infame se torne o seu modo de viver. Tais pessoas conhecem o valor do dinheiro, mas desconhecem o valor da própria Vida. – Do Livro Guia para uma Vida Feliz – Masaharu Taniguchi”.
Espero ter contribuído, um mínimo que seja, para que a ética política seja instaurada definitivamente em nosso majestoso País.

Cronista colaborador
Publicado em 14 de setembro de 2005 – no Diário de Canoas./RS

http://ial123.blog.terra.com.br/

http://www.diariodecanoas.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm
EM 20.09.09
http://ialmar.pio.schneider.zip.net/
EM 20.09.09

terça-feira, 21 de setembro de 2010

DIA DA ÁRVORE - 21 de Setembro - Imagem Aquarela Meio Ambiente de Ângela Ponsi

Aquarela de Ângela Ponsi












À BEIRA-MAR

Ialmar Pio Schneider

As árvores se agitam levemente...
(como são verdes estas casuarinas !)
dir-se-ia que respiram como a gente
sob os raios solares e neblinas...

Às suas sombras passam as meninas
que vão à praia, nesta tarde quente,
refrescar-se nas águas cristalinas
e deitar-se na areia reluzente.

Passam as horas, vai-se enfim o dia,
a noite chega, aos poucos, de mansinho...
e as moças voltam lânguidas, inquietas,

enchendo todo o ambiente de poesia;
depois andando ao longo do caminho
vão pedalando em suas bicicletas.

(Praia do Pinhal, 14-2-84)

Pág. 28 - O TIMONEIRO - CANOAS, 27-9-85
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http://ialmar.pio.schneider.zip.net/
EM 15.06.2009


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - IMAGEM do Gaúcho e da Prenda na Internet







FARROUPILHA

Valente farroupilha que lutaste
Pra glória do Rio Grande e a tradição,
Escuta minha nobre saudação
Que se desfolha como uma flor d’haste.

A terra cá do Sul embelezaste
Com lendas de beleza e de paixão,
Com fandangos e amores de galpão,
Onde em noites de amor te apaixonaste...

Este rincão, belo jardim de fada,
Te cumprimenta neste dia de glória,
Juntamente com toda a gauchada;


Pois vivem nesta terra e na memória,
Teus feitos de bravura imponderada,
Remarcados nas páginas da história.



Ialmar Pio Tressino Schneider
Getúlio Vargas - RS - Agosto - 1959

domingo, 19 de setembro de 2010

DIA DO TEATRO - 19 de Setembro - IMAGEM da INTERNET







O TEATRO

Ialmar Pio Schneider

Dentre as artes literárias a que mais impressiona, quiçá, seja o teatro, não só por ser tão antiga, mas também devido ao calor humano transmitido diretamente ao espectador. Talvez por isto mesmo se conserve sempre atual no contexto da literatura de todas as nações e apesar de ter sido precursora do cinema, não poder-se-á dizer que foi por ele superada, não obstante o avanço da tecnologia, abrangendo também a televisão.
Sábado à noite, precisamente no dia 18 de julho de 1998, às 21 h. fomos ao Theatro São Pedro, onde assistimos à uma peça muito sugestiva e interessante denominada Duas Mãos, com as inigualáveis atrizes Ingrid Guimarães e Carol Machado, fazendo os papéis de avós e netas, encarnando as personagens Mithése e Ássima (avós), e Sônia e Regina (netas), ao mesmo tempo.
Estávamos: a Helena, a Ana Cristina, o André e o autor desta, apreciando o desempenho e a interpretação impecáveis das atrizes em pauta, do alto de um camarote do teatro completamente lotado, quando tocou-me o espírito o sentimento da arte dramática; e dizer que ela vem desde os primórdios da História da Humanidade! Entretanto, sabe-se que realmente se afirmou na época dos gregos antigos, nas formas de comédia ou de tragédia, de acordo com um final feliz ou infeliz.
A peça a que assistimos apresentou problemas existenciais de idosas e jovens, tendendo para a comédia, não obstante, consideravelmente realista em muitos pontos. Os 80 minutos de duração passaram que nem vi. Os aplausos eram constantes, mas moderados. No término foram intensos. Mais uma vez fica comprovado que o sucesso e a aceitação do público estão ligados à vida real das personagens, que se mistura à ficção. Penso que deveríamos ter em nossa cidade uma casa de espetáculos apta a receber artistas teatrais que aqui pudessem apresentar suas peças, uma vez que reclamam da falta de espaço. É provável que no Canoas Shopping Center, s.m.j., alguém possa construí-la e fazendo parte da Praça de Eventos, traga aos canoenses cultura e lazer tão apregoados, não só para valorização de talentos locais, mas também de outros municípios e estados; enfim aos bons cultores da arte dramática. Vai aqui mais esta sugestão que espero ainda ver concretizada, se bem que tantos outros já a tenham feito. Afinal, sempre é válido o provérbio: “água mole em pedra dura, tanto dá até que fura”.
Outrossim, é de notar-se como toda a obra dramática traz uma mensagem positiva, incentivando a criação, influindo no pensamento dos indivíduos, não só qual um passatempo, mas também tal uma fonte de conhecimento para a vida.

DC (30-7-1998)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

CRÔNICA PARA A SEMANA FARROUPILHA - IMAGEM DA INTERNET

Imagem de: http://bancodeimagens.procempa.com.br/default.php?v=36

Acampamento farroupilha em 2010











SEMANA FARROUPILHA

IALMAR PIO SCHNEIDER

Foi na madrugada de 20 de setembro de 1835, portanto, há cento e sessenta e três anos passados, que os rebeldes farroupilhas adentraram a cidade de Porto Alegre, quando atravessando a ponte da Azenha, ocuparam os pontos estratégicos, fazendo com que o governo de Fernandes Braga, não resistisse e embarcasse na escuna Rio-grandense, rumo a Rio Grande, deixando a proclamação: “Às armas, cidadãos! Às armas, que a pátria se acha em perigo!”. Depois disto seriam dez anos de lutas para que fosse implantada a República Rio-Grandense, com que sonhavam os paladinos patrícios de antanho.
No livro OS VARÕES ASSINALADOS - O Romance da Guerra dos Farrapos, de Tabajara Ruas, mergulhamos num clima de atavismo que nos envolve quais participantes da grande epopéia farroupilha escrita em prosa, mas como um longo poema, já sugerido pelo próprio título. Lembra-me Camões na primeira estrofe do seu imortal OS LUSÍADAS, “As armas, & os barões assinalados,”. Fico refletindo qual seria a situação da pátria se houvesse persistido a ruptura e concretizada a República Rio-grandense naquela época...
Ao ensejo do transcurso da Semana Farroupilha, quando a maioria dos gaúchos pilchados rememoram os feitos dos nossos ancestrais farrapos, fui buscar no fundo do meu baú um soneto que escrevi pelos idos de 1960, no seguinte teor: FARROUPILHA//Levantou-se o gaúcho sobranceiro/no alto da coxilha verdejante !/Carregava uma carga no semblante/dum tristor que seria o derradeiro...//A glória de lutar e ser galante:/- o sonho que conduz o aventureiro./A honra de ser livre e ser gigante:/- o lema que conduz o pegureiro.//

Jornal de Novo Hamburgo
em 15.9.2010


SEMANA FARROUPILHA II

IALMAR PIO SCHNEIDER

Este lema e este sonho se fundiram/e assim surgiu o nobre farroupilha/que lutou com ousada galhardia//porque a honra e a justiça escapuliram/da canhada e do topo da coxilha,/do pago em que ele viu a luz do dia !...
Felizmente, após tantos embates e peripécias, veio a paz honrosa, urdida pelo insigne patriota Duque de Caxias. Era tempo de recomeçar a construir, pois muitas obras tinham que ser feitas, e algumas haviam sido paralisadas por quase dez anos de guerra. A província contava também com a contribuição valiosa dos imigrantes alemães que se estabeleceram às margens do Rio dos Sinos, notadamente em São Leopoldo. Mais tarde vieram os italianos que subiram a serra e foram fundar núcleos coloniais, sendo o mais importante o da atual Caxias do Sul.
Hoje todos nós, os sul-rio-grandenses, iluminados pelos faróis da liberdade, irmanados pelos mesmos ideais republicanos, durante esta semana, prestamos justa homenagem aos nossos heróicos ancestrais, pois foi deles que herdamos as mais caras tradições do telurismo gaúcho.

Jornal de Novo Hamburgo
em 16.9.2010

Poeta e cronista
Publicado em 16 de setembro de 1998 - no Diário de Canoas.
http://ial123.blog.terra.com.br/


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - IMAGEM da INTERNET - BOCAGE - Reprodução











SONETO A BOCAGE, na data do seu aniversário
- 15 de Setembro

Ialmar Pio Schneider


Bocage, que chorastes vosso pranto
nos versos cruciais e derradeiros,
dos sonetos de dor e desencanto,
tão realistas quanto aventureiros!...

Mas, fostes o poeta que no canto
lírico dos amores verdadeiros,
soluçastes e padecestes tanto,
pelas Musas dos sonhos mais fagueiros...

Lamentando d´Elmano a triste sorte,
conseguistes galgar os graus da fama,
de magno sonetista português...

E não sei se houve alguém de altivo porte,
que vos pudesse suplantar na gama,
porque creio que assim ninguém o fez!

Porto Alegre, RS, 15 de setembro de 2010-09-15

Jornal de Novo Hamburgo
em 15.9.2010


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

POEMA de IALMAR PIO - DESENHO de ÂNGELA PONSI


Aquarela Fantasia de Ângela Ponsi














C Â N T I C O III

Ialmar Pio Schneider

Levantarei meu canto qual um brinde
que deverá chegar aos teus ouvidos,
porém antes que o sentimento finde
viverás em meus versos preferidos...

E quando os outros lerem nossa história
escrita nestas páginas sentidas,
continuarás vivendo na memória
daqueles que juntaram suas vidas...

Mas já não nos veremos, pois ausente
de meus olhos, por fim esquecerás
esse caso de amor inconsequente
que meu roubou toda a alegria e a paz.

CANOAS (RS) - 28.06.87


domingo, 12 de setembro de 2010

POEMA - DIA DA SERESTA - 12 de Setembro - IMAGEM da INTERNET - Reprodução












S E R E N A T A

Ialmar Pio Schneider

Flauta, violino, bandolim unidos
dentro da noite soltam seus gemidos
no ardor sonoro de uma serenata;
e a lua lá no céu já se desata,
em claridade lânguida e tristonha,
alvinitente como uma cegonha...

Oh! tudo envolto em música e ternura...
A terra nos parece até mais pura
em tais momentos de sublime encanto.
Foge a tristeza, não existe pranto;
apenas nasce uma esperança vaga
e a nossa vida num amor naufraga.

A serenata branda continua:
- Flauta, Violino, Bandolim e Lua...

Pág. 11 - O TIMONEIRO - CANOAS(RS),18.2.83


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CRÔNICA DE IALMAR PIO - DE 8.6.2000 - IMAGEM DA INTERNET - Reprodução

Churchill








A RESPEITO DA DEMOCRACIA

IALMAR PIO SCHNEIDER

Já disse Churchill (1874-1965), Discurso na Câmara dos Comuns, 11-IX-1947: “Ninguém p
retende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.” - Dicionário Universal de Citações - Paulo Rónai - pg. 244.
De fato, analisando-se pelo campo das idéias, é possível que esta afirmação esteja certa, uma vez que pelo exercício do voto livre e universal, as urnas decidem quem serão os governantes que o povo deseja, não obstante algumas considerações. Tem-se visto que “na prática a teoria é outra”, tão repetido ultimamente. Enquanto houver o peso do poder econômico, não se consegue dar credibilidade absoluta à frase do ínclito estadista inglês, pois não há maior força do que o dinheiro, ainda mais em uma população carente de tudo: emprego, saúde, segurança, educação... etc.; quando é premiada com um salário mínimo ínfimo que deverá servir para, conforme a Constituição da República Federativa do Brasil - 1988: “Artigo 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;”. Nem é preciso dizer que isto é uma missão impossível, mas nunca é demais lembrar aos que governam o país e como se fala vulgarmente “serrando de cima”, se mostram inflexíveis perante às necessidades dos menos favorecidos.
Se é verdadeiro que “só a democracia defende e respeita os direitos do cidadão”, não é menos verdade que para se atingir um estágio de cidadania, há que se ter um mínimo de condições financeiras para viver com dignidade. Não é um nem outro que tem se manifestado com saudade do regime de força. São contestados de que naquela época não lhes era dada a liberdade de fazê-lo. Pois bem, respondem alguns: que adianta democracia de barriga vazia. Há os que falam que existia corrupção, apenas que não era divulgada, como atualmente se o faz. Não resolve nada, rebatem os cépticos, pois presenciamos a maior impunidade quanto aos poderosos, cada vez mais ricos. Temos muito que amadurecer ainda.
Resta-nos, enfim, acreditar que chegaremos, em liberdade, a uma etapa de justiça social que nos venha proporcionar o bem-estar comum. Conclui-se, com Terêncio (190?-150 a.C.), A Moça de Andros, I.. “Nada de mais.” Ne quid nimis. - idem acima.
Saibamos escolher nossos dirigentes !
________________________
Escritor
Publicado em 08 de junho de 2000 - no Diário de Canoas.

http://ial123.blog.terra.com.br/

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - IMAGEM da INTERNET Reprodução

Coruja







S O N E T O

Ialmar Pio Schneider

Aquela noite que eu sonhei contigo
não foi tão triste como as outras mais.
Aquele sonho belo eu não maldigo,
naquelas horas eu te amei demais.

Sonhei imensamente e não consigo
esquecer teus abraços irreais.
O destino era então o meu amigo
e tu, meus devaneios ideais...

Hoje, volto pra o quarto novamente,
sem vontade de me atirar ao leito
que me espera num único convite.

Por fim, meu corpo pálido consente
e na esperança de sonhar-te deito,
ouvindo os pios que a coruja emite!...

SOLEDADE (RS) - 1963

***

Publicado no Jornal O Paladino


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DIA INTERNACIONAL DO JORNALISTA - 8 de setembro - IMAGEM da INTERNET - Reprodução

Voltaire






OS DESPREOCUPADOS SÃO MAIS FELIZES

Ialmar Pio Schneider

Por que acontece isto? Pela maneira com que encaram o dia-a-dia, levando tudo de roldão. Pouco se lhes dá se estão certos ou errados; “e a vida continua”, costumam dizer. Deste modo vão rompendo barreiras e conseguindo audiências inexplicáveis.
Eles não se preocupam com o que os outros possam pensar. São incapazes de exercer a autocrítica e continuam em suas atividades, principalmente intelectuais ou de comunicação, sem se dar conta do ridículo. Consideram-se os donos da verdade e não só isto, mas também emitem suas opiniões sem conhecimento de causa como se dominassem o assunto com sapiência. Quem os ouve ou vê, tanto no rádio como na televisão, tem que engolir suas falsas afirmativas, sem podê-las contestar de imediato e que passam como se fossem verdadeiras, atingindo em cheio os ingênuos.
Não é difícil notar a mediocridade do seu pensamento quando abordam certos temas de que se julgam a cavaleiro.
Todavia, é melhor que seja assim do que ficarmos tolhidos de manifestar nossas opiniões, como já aconteceu não faz muito tempo, de triste memória e que deixou resquícios de opressão. Para que haja uma mudança no entendimento do povo só existe um caminho: educação e cultura, estudo e trabalho.
Ao que parece, atualmente, estamos livres da censura, ou melhor, usufruímos da liberdade de expressão que por mais de 20 anos não tivemos. Diz-se que por este motivo há carência de líderes políticos e a nossa democracia é incipiente. Não há dúvida que deveremos exercitar por um longo tempo o direito de cidadania para aperfeiçoá-la cada vez mais.
Enquanto isto, adotemos o célebre princípio do grande mestre Voltaire: “Não concordo com nenhuma palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo.” Grande lição da liberdade contra a prepotência !
Por que do título? Impressão do escriba, admitindo que neste mundo vencem os afoitos, embora parvos, pois arrebatam os espaços que se lhes apresentam e, displicentemente, vão enfrentando a situação na maior indiferença. Até parece que a sorte os acompanha, qual suas próprias sombras, e demonstram viver mergulhados na fantasia, mas venturosos. São aqueles que não se importam com o que os outros pensam a seu respeito e desta forma tudo é fácil, tudo é exeqüível. Conseguem manter-se durante anos a fio em seus postos, apesar das incongruências que praticam, por assim dizer, inadvertidamente.
Quando alguém os contesta em suas opiniões, consideram-se vencedores com o aval do público humilde que os aceita e simplesmente respondem: “Quem não tem competência não se estabelece !” E não deixam de ter razão.

JC (18-11-1998)
DC (17-03-1999)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL - SETE DE SETEMBRO - POEMA DE IALMAR PIO - QUADRO DE PEDRO AMÉRICO

Independência do Brasil - 7 de Setembro de 1822 - Quadro de Pedro Américo




LIBERDADE
I
Pra nossa felicidade,
nos sorriu a Liberdade,
num dia de gloria infinita,
que Dom Pedro, alegremente,
gritou forte de contente:
- Viva esta terra bendita !
II
O sabiá na palmeira,
e no mato a trepadeira,
a floresta verdejante,
do Ipiranga a correnteza
e brilhante a natureza,
saudaram o nobre infante.
III
Liberdade! Que ventura!
Que celeste formosura,
vós vestistes nesse dia
em que Dom Pedro Primeiro,
com seu grito alvissareiro
vos chamou da letargia.
IV
Nunca mais vos afastastes
desta terra onde chegastes
num dia pra nós imortal;
e agora vos recordamos,
junto co´as flores nos ramos,
por serdes nosso fanal.
V
Adeus, triste escravidão,
murmurou a imensidão,
desde o sul até o norte,
quando Dom Pedro altaneiro
assombrou o mundo inteiro
co´a “Independência ou Morte !”
VI
Nossa terra libertada
sorriu-nos enamorada
da liberdade querida
e nosso viver tristonho,
como acordando de um sonho,
sorriu para nossa vida !


***
Ialmar Pio Schneider – 7 de setembro de 1959 (o poeta contava 17 anos na época) – Sertão – RS.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIIO - TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer




A M O R P R O I B I D O

Ialmar Pio Schneider

Pobre Rubião que quis o amor proibido,
o louco afeto que não era seu,
e sem desabafar num só gemido
nos mares da loucura pereceu.

Sofia há de lembrar o seu pedido,
que sem saber por que não atendeu,
e o distante cruzeiro enaltecido
continuará brilhando lá no céu,

como chamando a cativante bela,
que calma se aproxime da janela
e que venha fazer-lhe companhia.

E o vento, desfolhando as lindas flores,
há de chorar incompreensões de amores
por uma voz pungente de elegia!

Obs.: O presente soneto está baseado no maravilhoso romance de Machado de Assis:
“QUINCAS BORBA”.
Publicado no jornal “O PALADINO” de Soledade (RS) em 1966.



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sábado, 4 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi



IPS - “Soneto da consolação”: o au-
tor entende de soneto. Bom de métrica,
no seu soneto de 10 sílabas poéticas, ou
decassílabo. Será aproveitado. E pros-
siga.
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Correio do Povo/20.8.83/Letras & Livros


Soneto da consolação
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IALMAR PIO SCHNEIDER
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Nesta tarde eu queria estar contigo...
No entanto, tudo nos afasta agora.
Desejo teus carinhos e bendigo
O ardor sem par que nos uniu outrora.

Jamais pretendo ser teu inimigo,
vivemos bons momentos, não se chora
nem mesmo que aparente ser castigo
quando um dos dois, enfim, se vai embora.

Se nossos corações entrelaçados
não puderam conter tanta emoção
e ficamos na vida separados,

tenhamos afinal a sensatez
para aceitarmos a consolação
de ainda nos amarmos outra vez.
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Correio do Povo/3.9.83/Letras & Livros
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - IMAGEM da INTERNET





AO PÔR-DO-SOL...


Ialmar Pio Schneider

Pedes-me que eu defina brevemente
o que seja emoção e fantasia,
quando nos encontramos de repente
num happy hour ao final do dia.

Mas eu que vivo longe, indiferente,
trazendo no meu peito a rebeldia
de alguém que acreditava, hoje descrente,
não consigo dizer-te o que seria...

Apenas fico cada vez mais triste
e já me vês então transfigurado,
olhando o sol que afunda no Guaíba.

Poesia, enfim, é tudo quanto existe
nessas horas em que sonho acordado
e sinto que a saudade me derriba...

Porto Alegre - RS, 08.03.1999

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

CRÔNICA DE IALMAR PIO - RELEITURA II - IMAGEM DA INTERNET

Cristo Redentor RIOTUR





UMA VIAGEM INOLVIDÁVEL II

IALMAR PIO SCHNEIDER

Para dar continuação ao relato sobre a excursão realizada há um mês, cuja primeira parte já publiquei quinze dias atrás, volto ao assunto agora, pretendendo concluí-lo.
Voltando de Petrópolis, pernoitamos no Rio e na manhã seguinte nos dirigimos a Cabo Frio e Búzios, atravessando a moderna Ponte Rio/Niterói. Ao chegarmos, presenciamos inúmeras salinas desativadas, porque o sal deixou de ser um negócio lucrativo, dada à concorrência do Nordeste, e sua exploração se tornou antieconômica, levando os investidores a aplicar seus recursos na área do turismo. A par de modesta vila de pescadores existem luxuosas residências de lazer ao longo das numerosas praias de águas cristalinas azuis e esverdeadas e areias brancas e luzidias. São freqüentadas por turistas de todo o mundo, além de atores e jogadores de futebol famosos que lá têm suas mansões. Aproveitamos para caminhar à beira-mar dentro da água pelas praias de Peró e das Conchas.
Depois de permanecer o dia inteiro apreciando aqueles lugares paradisíacos, retornamos no final da tarde para o hotel onde estávamos hospedados. Sendo o próximo dia livre e havendo uma feira de livros próxima, numa pequena praça, adquiri diversos exemplares, entre os quais o Febeapá 1, de Stanislaw Ponte Preta, Anedotário da Rua da Praia 2, de Renato Maciel de Sá Júnior, Contos e Lendas, de Rebelo da Silva, e O Linguado, de Günter Grass (Prêmio Nobel do ano passado), etc.
Finalmente chegara a hora de retornar, mas em nosso roteiro ainda teríamos uma visita à Usina Eletronuclear Angra 2, onde assistimos a um vídeo, expondo os benefícios que a energia nuclear proporciona à humanidade, bem como os cuidados que tiveram na construção e instalação das referidas usinas.
Prosseguimos rumo à cidade histórica de Paraty, com seus prédios antigos e ruas calçadas com pedras brutas e arredondadas, construídas pelos escravos. Conhecemos a velha igreja Sta. Rita transformada em museu de arte sacra e também a igreja matriz N. Sra. dos Remédios. Tudo nos transporta ao passado, contrastando com o parágrafo anterior.
Por último teríamos agora que atingir a cidade de Itajaí, onde chegamos de manhã cedo e permanecemos para pernoite. Trata-se de uma cidade portuária de múltiplos encantos. Alguns excursionistas foram ao Balneário de Camboriú, onde andaram de teleférico, outros atravessaram de balsa o rio Itajaí-Açu para a cidade de Navegantes.
No dia seguinte chegava a hora da última etapa da viagem que iniciáramos há dez dias. Houve uma parada em Criciúma para compra de malhas. Tudo correu bem, graças a Deus, e no fim da tarde chegamos sãos e salvos à capital dos pampas, apesar da intensa neblina que enfrentamos em grande parte do trajeto. Valeu a pena.
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Poeta e cronista
Publicado em 23 de agosto de 2000 - no Diário de Canoas.
http://ial123.blog.terra.com.br/ em 09.11.2008