Foto do ator da Internet
UM AMOR INCOMPREENDIDO E FATAL - O ator faleceu há 59 anos.
Ialmar
Pio Schneider
Quem for da geração cuja adolescência
deu-se na década de 1950 a
1960, deve se lembrar que houve um ator de cinema que faleceu jovem, aos 24
anos, de um acidente automobilístico. E que seu carro era um Porsche Spyder. Aconteceu em uma
auto-estrada perto de Paso Robles, na Califórnia, em 30 de setembro de 1955, ao
dirigir-se à uma corrida de carros-esporte. Durante sua breve existência atuara
em apenas três filmes, mas de enorme sucesso pela sua performance, que foram: Vidas amargas, Juventude transviada e Assim caminha a humanidade, e, somente
o primeiro havia sido lançado. Tratava-se de James Dean, ou melhor, James Byron
Dean, que nasceu em Marion, Indiana, em 8 de fevereiro de 1931. Terminei de ler
sua biografia por esses dias, escrita por Ronald Martinetti, tradução de
Fernando Albagli e Benjamin Albagli Neto, Editora Nova Fronteira, 1996. Por
sinal muito significativa e que mereceu de Martin Pitts, diretor de cinema,
Hollywood, Califórnia, a seguinte frase lapidar: “James Dean acendeu uma fagulha para duas gerações de artistas
americanos. Ronald Martinetti esclarece magistralmente por que Dean ainda
vive.”
Dos três filmes de que o ator participou,
o mais consentâneo com sua personalidade foi Juventude transviada, uma vez que representava uma fase que
atravessava de revolta, como colocou Pauline Kael, “faz tudo errado porque se
preocupa demais”. De fato, escreve o autor da biografia: “A lenda não é
totalmente inexata; tantos dos maneirismos de Dean – a fala arrastada, suave e
hesitante, o cigarro no canto da boca, a postura eternamente relaxada – estão
presentes no filme, que é difícil determinar onde termina a sua personalidade e
onde começa a interpretação”. E mais adiante, trechos de críticas austeras a
respeito do filme: “(Embora tenha recebido um selo de código de produção, o
filme foi posteriormente condenado em vários lugares por sua violência.
Escrevendo no New York Times – 27 de
outubro de 1955 -, Bosley Crowther descreveu o filme como “brutal (...) e
excessivamente explícito”, e afirmou: “É um filme de deixar o cabelo em pé.” Em Memphis ,
Tennessee, o comitê de censura local proibiu o filme como sendo “nocivo ao
bem-estar público” e na Inglaterra, onde Dean possuía inúmeros fãs, vários anos
se passaram até que o filme pudesse ser exibido.)””
Dos inúmeros
relacionamentos amorosos que teve, um foi o mais forte, e, não concretizado,
pois não houve o casamento entre ambos, apesar da grande atração entre eles.
Foi com a atriz italiana Pier Angeli que repentinamente noivou com o cantor Vic
Damone, que havia conhecido na Alemanha, ao participar de um filme três anos
antes. Para Dean foi uma perda de que nunca mais se recuperou. E assim o autor
do livro descreve, a passagem da atriz e seu trágico fim: “Pier se casou na
igreja católica romana de St. Timothy, em Westwood, a 24 de novembro. O
casamento duraria apenas quatro anos. Depois disso, Pier diria que James Dean
foi o grande amor de sua vida. Contam que, no dia do casamento, o ator, desesperado,
sentou-se na motocicleta, do lado de fora da igreja, observando o que acontecia
lá dentro. Talvez isso tenha sido um toque de exagero romântico; de qualquer
forma, Dean não estava entre os seiscentos convidados que testemunharam a
cerimônia no interior da igreja, a mesma igreja onde, dezessete anos depois, a
missa pela morte de Pier, um possível suicídio, seria rezada”. Talvez, não
totalmente explicitado, a união entre o ator e a atriz não se realizou por
motivos de ordem religiosa, uma vez que ela era católica e ele protestante. Mas
não se pode ter certeza disto. O fato é que James Dean faleceu tragicamente
antes de ficar esclarecido este ponto. Tudo leva a crer, no entanto, que o
sofrimento de ambos James e Pier, foi fatal para suas breves vidas. E assim
encerra o autor do livro Ronald Martinetti: “Ao primeiro frio do outono no ar
de Indiana, James Byron Dean foi enterrado ao lado de sua mãe, em um pequeno
cemitério à margem de um campo de milho, um pedaço de terra sombreado por
coníferas, que um dia havia sido um cemitério indígena”. Seus fãs o pranteiam
pois tornou-se uma lenda...
Cronista
colaborador
Publicado em
04 de janeiro de 2006 – no Diário de Canoas – RS.