terça-feira, 30 de setembro de 2014


Foto do ator da Internet

UM AMOR INCOMPREENDIDO E FATAL - O ator faleceu há 59 anos.

Ialmar Pio Schneider

     Quem for da geração cuja adolescência deu-se na década de 1950 a 1960, deve se lembrar que houve um ator de cinema que faleceu jovem, aos 24 anos, de um acidente automobilístico. E que seu carro era um Porsche Spyder. Aconteceu em uma auto-estrada perto de Paso Robles, na Califórnia, em 30 de setembro de 1955, ao dirigir-se à uma corrida de carros-esporte. Durante sua breve existência atuara em apenas três filmes, mas de enorme sucesso pela sua performance, que foram: Vidas amargas, Juventude transviada e Assim caminha a humanidade, e, somente o primeiro havia sido lançado. Tratava-se de James Dean, ou melhor, James Byron Dean, que nasceu em Marion, Indiana, em 8 de fevereiro de 1931. Terminei de ler sua biografia por esses dias, escrita por Ronald Martinetti, tradução de Fernando Albagli e Benjamin Albagli Neto, Editora Nova Fronteira, 1996. Por sinal muito significativa e que mereceu de Martin Pitts, diretor de cinema, Hollywood, Califórnia, a seguinte frase lapidar: “James Dean acendeu uma fagulha para duas gerações de artistas americanos. Ronald Martinetti esclarece magistralmente por que Dean ainda vive.”
     Dos três filmes de que o ator participou, o mais consentâneo com sua personalidade foi Juventude transviada, uma vez que representava uma fase que atravessava de revolta, como colocou Pauline Kael, “faz tudo errado porque se preocupa demais”. De fato, escreve o autor da biografia: “A lenda não é totalmente inexata; tantos dos maneirismos de Dean – a fala arrastada, suave e hesitante, o cigarro no canto da boca, a postura eternamente relaxada – estão presentes no filme, que é difícil determinar onde termina a sua personalidade e onde começa a interpretação”. E mais adiante, trechos de críticas austeras a respeito do filme: “(Embora tenha recebido um selo de código de produção, o filme foi posteriormente condenado em vários lugares por sua violência. Escrevendo no New York Times – 27 de outubro de 1955 -, Bosley Crowther descreveu o filme como “brutal (...) e excessivamente explícito”, e afirmou: “É um filme de deixar o cabelo em pé.” Em Memphis, Tennessee, o comitê de censura local proibiu o filme como sendo “nocivo ao bem-estar público” e na Inglaterra, onde Dean possuía inúmeros fãs, vários anos se passaram até que o filme pudesse ser exibido.)””
     Dos inúmeros relacionamentos amorosos que teve, um foi o mais forte, e, não concretizado, pois não houve o casamento entre ambos, apesar da grande atração entre eles. Foi com a atriz italiana Pier Angeli que repentinamente noivou com o cantor Vic Damone, que havia conhecido na Alemanha, ao participar de um filme três anos antes. Para Dean foi uma perda de que nunca mais se recuperou. E assim o autor do livro descreve, a passagem da atriz e seu trágico fim: “Pier se casou na igreja católica romana de St. Timothy, em Westwood, a 24 de novembro. O casamento duraria apenas quatro anos. Depois disso, Pier diria que James Dean foi o grande amor de sua vida. Contam que, no dia do casamento, o ator, desesperado, sentou-se na motocicleta, do lado de fora da igreja, observando o que acontecia lá dentro. Talvez isso tenha sido um toque de exagero romântico; de qualquer forma, Dean não estava entre os seiscentos convidados que testemunharam a cerimônia no interior da igreja, a mesma igreja onde, dezessete anos depois, a missa pela morte de Pier, um possível suicídio, seria rezada”. Talvez, não totalmente explicitado, a união entre o ator e a atriz não se realizou por motivos de ordem religiosa, uma vez que ela era católica e ele protestante. Mas não se pode ter certeza disto. O fato é que James Dean faleceu tragicamente antes de ficar esclarecido este ponto. Tudo leva a crer, no entanto, que o sofrimento de ambos James e Pier, foi fatal para suas breves vidas. E assim encerra o autor do livro Ronald Martinetti: “Ao primeiro frio do outono no ar de Indiana, James Byron Dean foi enterrado ao lado de sua mãe, em um pequeno cemitério à margem de um campo de milho, um pedaço de terra sombreado por coníferas, que um dia havia sido um cemitério indígena”. Seus fãs o pranteiam pois tornou-se uma lenda...

   Cronista colaborador
Publicado em 04 de janeiro de 2006 – no Diário de Canoas – RS.






segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Imagem: flores da primavera na Internet 


O FILÓSOFO SPINOZA E A SUA OBRA “ÉTICA”

Ialmar Pio Schneider

     Estamos entrando na  primavera e a vida continua com seus altos e baixos. Aguarda-se, todavia, os resultados das CPIs que se desenvolvem no Congresso Nacional, acreditando-se que sejam satisfatórios. E por estar lendo atualmente o livro O Pensamento Vivo de Spinoza, extraí do mesmo o seguinte texto, que reputo de irrefutável sabedoria: “O DOMÍNIO DAS EMOÇÕES
     Sofremos enquanto somos uma parte da Natureza, que não se pode conceber por si mesma sem as outras partes.
     A força pela qual o homem persevera na existência é limitada e sobrepuja infinitamente pelo poder das causas exteriores.
     O homem, sempre necessariamente submetido às paixões, segue a ordem comum da Natureza e a obedece, e a ela se adapta tanto quanto a natureza das coisas exige.
     A força de uma paixão ou de uma afeição pode sobrepujar as demais ações do homem, ou de sua força, de tal modo que essa afeição permaneça agregada ao homem.
     Uma afeição só pode ser reduzida ou destruída por outra afeição contrária e mais forte que a afeição reduzida.
     O conhecimento do bom e do mau não é outra coisa que a emoção da alegria ou da tristeza, enquanto temos consciência.
     O conhecimento verdadeiro do bom e do mau não pode reduzir nenhuma emoção, enquanto é verdadeiro, ou somente enquanto é considerado como uma emoção.
     O desejo que nasce do conhecimento verdadeiro do bom e do mau pode ser ampliado ou reduzido por muitos outros desejos, nascidos das emoções que nos dominam.
     Um desejo que nasce da alegria é mais forte, em igualdade de condições, que um desejo que nasce da tristeza.”
     Nota-se que o pensador faz uma análise do homem frente à Natureza que é Deus, e traça comparações lógicas entre paixão e afeição, bom e mau, alegria e tristeza. Cada sentimento destes representa um estado de espírito do ser humano. Sabe-se que sua obra exerceu relevante influência não só sobre os metafísicos que lhe sucederam, mas também aos poetas Goethe, Wordsworth e Shelley. 
     Este filósofo cuja obra Ética, foi publicada pelo seu editor no ano de sua morte, num tomo de suas obras póstumas, proibida de circular no ano seguinte, era a principal. E mais do que tudo, atualmente, deve ser evocada, pelo que se tem presenciado na política pátria. Ele nasceu em Amsterdam, Holanda, descendente de uma família judaica emigrada de Portugal; chamava-se Baruch Spinoza, tendo latinizado seu nome para Benedito, conheceu o estoicismo e o cartesianismo, após haver estudado a tradição filosófica e teológica judaica e a cabala. Seus pensamentos eram voltados para Deus, tendo também conhecido a Escolástica, levando uma vida de meditação e desenvolvido um sistema panteísta cuja influência sempre o atingiu e o envolveu.
     Pela estação das flores que se avizinha, quero inserir o soneto que compus na adolescência: Vida e Primavera – Refloresce a primavera/ cheia de viço e frescor./ Eis! A ilusão da quimera/ de um coração sonhador!// Nesta risonha galera/ seguimos no mar do amor,/ e por tudo o sonho impera/ no seu reino de esplendor.// Quem me dera! Quem me dera/ que esta eterna primavera/ nunca mais tivesse fim.// Quem me dera! Quem me dera !/ Nesta ilusão da quimera/ fosse sempre a vida assim...
     Finalizo com este pensamento maravilhoso de outro pensador: “O mais importante para o ser humano é viver uma vida íntegra. – Existem pessoas que desgastam a própria Vida no afã de ganhar dinheiro, não se importando quão infame se torne o seu modo de viver. Tais pessoas conhecem o valor do dinheiro, mas desconhecem o valor da própria Vida. – Do Livro Guia para uma Vida Feliz – Masaharu Taniguchi”.
     Espero ter contribuído, um mínimo que seja, para que a ética política seja instaurada definitivamente em nosso majestoso País.

   Cronista colaborador
   Publicado em 14 de setembro de 2005 – no Diário de Canoas./RS


http://www.diariodecanoas.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm
EM 20.09.09
EM 20.09.09
EM 22.9.2011




sábado, 20 de setembro de 2014

Descendo a Trav. Nova Trento em 19.9.14


SONETO

Ialmar Pio Schneider

Se às vezes não consigo me conter
Perante teus olhares sedutores,
Permaneço sonhando nos amores
Que nunca conseguiram florescer...

Foste a presença, neste meu viver,
Que me trouxe, bem sei, alívio às dores,
Nos momentos de tantos dissabores,
Em dias longos, longe do prazer.

No entanto, não quiseste nada sério,
E me deixaste na desilusão
De amar-te tanto assim sem ser amado...

Minha vida precisa um refrigério
Para enfrentar a triste solidão
Que atinge agora um homem desprezado...

Porto Alegre – RS, 27.04.2010

Às 20h18min.
- Tristeza

em 8.10.2010




SEMANA FARROUPILHA - Imagem da Internet
IALMAR PIO SCHNEIDER
Foi na madrugada de 20 de setembro de 1835, portanto, há cento e setenta e nove anos passados, que os rebeldes farroupilhas adentraram a cidade de Porto Alegre, quando atravessando a ponte da Azenha, ocuparam os pontos estratégicos, fazendo com que o governo de Fernandes Braga, não resistisse e embarcasse na escuna Rio-grandense, rumo a Rio Grande, deixando a proclamação: “Às armas, cidadãos! Às armas, que a pátria se acha em perigo!”. Depois disto seriam dez anos de lutas para que fosse implantada a República Rio-Grandense, com que sonhavam os paladinos patrícios de antanho.

No livro OS VARÕES ASSINALADOS - O Romance da Guerra dos Farrapos, de Tabajara Ruas, mergulhamos num clima de atavismo que nos envolve quais participantes da grande epopéia farroupilha escrita em prosa, mas como um longo poema, já sugerido pelo próprio título. Lembra-me Camões na primeira estrofe do seu imortal OS LUSÍADAS, “As armas, & os barões assinalados,”. Fico refletindo qual seria a situação da pátria se houvesse persistido a ruptura e concretizada a República Rio-grandense naquela época...
Ao ensejo do transcurso da Semana Farroupilha, quando a maioria dos gaúchos pilchados rememoram os feitos dos nossos ancestrais farrapos, fui buscar no fundo do meu baú um soneto que escrevi pelos idos de 1960, no seguinte teor: FARROUPILHA//Levantou-se o gaúcho sobranceiro/no alto da coxilha verdejante !/Carregava uma carga no semblante/dum tristor que seria o derradeiro...//A glória de lutar e ser galante:/- o sonho que conduz o aventureiro./A honra de ser livre e ser gigante:/- o lema que conduz o pegureiro.//Este lema e este sonho se fundiram/e assim surgiu o nobre farroupilha/que lutou com ousada galhardia//porque a honra e a justiça escapuliram/da canhada e do topo da coxilha,/do pago em que ele viu a luz do dia !...
Felizmente, após tantos embates e peripécias, veio a paz honrosa, urdida pelo insigne patriota Duque de Caxias. Era tempo de recomeçar a construir, pois muitas obras tinham que ser feitas, e algumas haviam sido paralisadas por quase dez anos de guerra. A província contava também com a contribuição valiosa dos imigrantes alemães que se estabeleceram às margens do Rio dos Sinos, notadamente em São Leopoldo. Mais tarde vieram os italianos que subiram a serra e foram fundar núcleos coloniais, sendo o mais importante o da atual Caxias do Sul.
Hoje todos nós, os sul-rio-grandenses, iluminados pelos faróis da liberdade, irmanados pelos mesmos ideais republicanos, durante esta semana, prestamos justa homenagem aos nossos heróicos ancestrais, pois foi deles que herdamos as mais caras tradições do telurismo gaúcho.
Jornal de Novo Hamburgo
em 16.9.2010
Poeta e cronista
Publicado em 16 de setembro de 1998 - no Diário de Canoas.
em 17.9.2010
em 16.9.2011

sexta-feira, 5 de setembro de 2014


Selfie 

Trovas de Ialmar Pio Schneider 

 

IALMAR PIO SCHNEIDER – TROVAS DO BLOG   http://ialmar.pio.schneider.zip.net/ 

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"Quem ama sempre perdoa..."
diz um dito popular,
mas o desprezo magoa
por mais que se queira amar.
52
Eu faço trovas sentidas
nestas noites de luar:
são as "paixões recolhidas"
que não consigo olvidar.
53
"C'est la vie !", diz o francês
em meio do burburinho...
"Time is money !", diz o inglês
ao seguir o seu caminho...
54
Vamos em frente, vencendo
as agruras da jornada
e estaremos compreendendo

que não lutamos por nada.