segunda-feira, 31 de maio de 2010

DIA MUNDIAL SEM TABACO - CRÔNICA de IALMAR PIO - IMAGEM DA INTERNET



A FUMICULTURA E O TABAGISMO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Esses dias tive a oportunidade de assistir à Audiência Pública da Comissão e Defesa Nacional Convenção-Quadro sobre o Controle do Tabaco, gravado em 06/12/2004 pela Unisc TV, de Santa Cruz do Sul, retransmitida pela TV Senado, na tarde de 11/01/2005, a respeito do assunto acima, sob a presidência do Senador Eduardo Suplicy, e as falas dos representantes de várias classes foram contundentes. É uma decisão difícil, diria de sabedoria salomônica, posicionar-se de um lado ou de outro, principalmente quando abrange a parte econômico-financeira e a saúde dos homens. Julgo de bom alvitre ir-se desenvolvendo a transição gradativamente, apesar de que deixar de fumar exige uma ruptura radical do usuário, que, invariavelmente, se tornou dependente. Se a fumicultura representa um ganho de vida de cerca de R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais) por ano, para famílias de agricultores de pequeno porte, ou seja, com reduzidas áreas de terras, também o tabagismo é uma doença crônica que, fatalmente, reduz a vida humana e leva à morte prematura dos escravos do vício. As estatísticas médicas estão aí para serem comprovadas.
Eu não tenho a mínima pretensão de expor cientificamente os males do fumo, mas posso confirmar que pessoas de minhas relações, ou seja, meu próprio genitor, que lembro com carinho, sendo fumante por muitos anos e ainda sedentário, devido a cravos nas solas dos pés que o acometiam, faleceu de infarto fulminante do miocárdio, aos 63 anos de idade. Senti muito a sua ausência mas, apesar de tudo, fui também fumante por muito tempo e tive a graça de largar do cigarro, agora faz cerca de 10 anos, com sucesso até aqui. Deus queira que para sempre. Também não sou ninguém para dar conselhos, que só se os dá, dizem, a quem os pedem. Cada um deve sentir em sua própria carne o que o prejudica e usar do bom senso, ao conviver com as pessoas que os cercam, a fim de não afetá-las. Felizmente, hoje em dia já se tem mais informações da gravidade do uso e abuso do fumo, em qualquer de suas modalidades: cigarros, palheiros, charutos, cachimbos... e se utilização destes torna a boca torta não é nada, em face do que pode acarretar um câncer. Desculpem-me a crueza da exposição da matéria, mas é caso sério. Quanto a mim, se muito não me atingiu o tabagismo, tenho a dizer que, uma vez tendo ouvido do Dr. Edmundo Laranja da Silva, importante médico cirurgião, em um elevador do Hospital Mãe de Deus, afirmar que se alguém não deixar de fumar nunca vai conseguir curar uma úlcera, abri meu olho, pois já havia tido duas úlceras, sendo uma do duodeno e outra gástrica. Vivia, naquela época, às voltas com as endoscopias e remédios para cicatrizá-las (as úlceras), que até já me esqueci dos nomes, e com o Dr. Ênio Fialho Carpes, endocrinologista competente que as realizava seguidamente. Graças a Deus, depois que parei de fumar não as tive mais. Quero deixar este relato como depoimento para confirmar a importante decisão que tomei em minha vida, ao abandonar o tabagismo. Penso que fui inteligente...
Por último, desejo escrever meu soneto abaixo, publicado no jornal O Paladino, de Soledade - RS, em 1966, e constante do meu livro Poesias Esparsas Reunidas, pgs. 13, que fumar não leva a nada, mesmo que se esteja: Em Solidão --- Fumaça que nasceu do meu cigarro/ e morre pelo espaço na investida/ de ser alguém, de ter u’a longa vida:/ assim é o homem que nasceu do barro.// Oh! quantas vezes na saudade esbarro/ e a solidão a descansar convida;/ talvez não sinta que a fatal descida/ seja o fruto do sonho mais bizarro!// E procuro seguir o meu caminho,/ sem refletir, no entanto, que sozinho/ é mais árdua a jornada do infeliz;// e que se a morte o surpreender um dia,/ há de encontrá-lo na manhã vazia,/ sem nada ter de tudo quanto quis!
Eis a modesta contribuição, se assim a julgarem os leitores, de um ex-fumante... Reflitam neste sentido, amigos !
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Cronista e poeta - E-mail: menestrel@brturbo.com

Publicado em 02 de fevereiro de 2005 – no Diário de Canoas.




domingo, 30 de maio de 2010

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela "Fantasia" de Ângela Ponsi

D ú v i d a

Ialmar Pio Schneider

Visitou-me a saudade neste dia ensolarado,
pleno de musicalidade
e volto-me ao passado...

Por entre inúmeras lembranças
aparece-me aquela das mil esperanças,
mulher toda bela,
a quem dediquei meu canto
e muitas vezes na solidão
derramei meu pranto
curtindo a desilusão.

Faz tanto tempo que não a vejo
- deve andar por aí -
vive no meu desejo,
jamais a esqueci...

Quando este poema
chegar ao seu conhecimento
- assalta-me um dilema:
- Qual será seu sentimento?!




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sábado, 29 de maio de 2010

CRÔNICA de IALMAR PIO - Imagem da Internet


SOBRE ‘PHOTOPLASMA’ DE CHARLES KIEFER

IALMAR PIO SCHNEIDER

O texto abaixo foi confeccionado em preleção ministrada pela professora Maria Luíza Bonorino Machado - Mestre em Literatura/UFRGS, na Oficina Literária - O conto gaúcho, em 10 de julho de 2002, no Centro Municipal de Cultura - Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães, à Av. Érico Veríssimo, 307 - P. Alegre, em cima do conto e autor à epígrafe.
Aparecera aquela fotografia em meio aos papéis antigos que ele guardara em seu arquivo. A pessoa que estava retratada nela ostentava um bigode largo. Apesar de ter praticado um crime medonho, aparentava uns traços fidalgos. Recordou-se que ao chegar ao paço, havia um preto de libré no conto de Machado de Assis. Por que ficar tantas tardes vazias a vasculhar esses papéis velhos ? Se não fosse por isto acreditaria que se tratava de uma casa de loucos.
Naquele tempo passavam-se as noites em saraus e bordados até altas horas. Lembrou-se de que o braço esquerdo havia sido destroncado e agora o tinha em uma tipóia. Pensou que fora um pequeno acidente e distante estava ainda o sarcasmo da morte. Por isso, apesar de certo temor, desatou num riso inconsciente. Desejou tomar algo e não o fez, pois teve receio de que havia veneno no leite que se encontrava num litro na cozinha.

A crônica de um conto

Solicitam-me que escreva um conto sobre um dos seguintes temas: Uma Estrada no Bosque ou Um Caçador contemplando uma fogueira. Ambos para minha verve são difíceis, apesar de já haver percorrido, num tempo remoto da minha infância, nas matas de minha terra natal, cujo nome diz tudo - Sertão - algumas trilhas, justamente na condição de caçador de passarinhos. Mas ficar contemplando uma fogueira ? Nunca presenciei tal cena, somente em filmes tenho a impressão... Faz muito tempo, inclusive.
São aquelas estórias de Robin Hood ou Tarzã (quem sabe !) que me atraíam sobremaneira no rústico cinema de aldeia em que nós assistíamos às fitas referidas, nos fins de semana. Apareciam as selvas com rios enormes e cipós gigantescos. Entretanto, em minha memória isso está quase apagado. A vida foi passando repleta de outras agruras que não aquelas de menino aventureiro e solitário. Nem fui um caçador contemplando uma fogueira, apesar de haver percorrido uma estrada no bosque, digamos, preferindo outras modalidades de caça. Apenas andei desfiando alguns versos que constituem a mochila que me acompanha, qual o soneto: “Consolação - ‘Os meus versos não servem mais pra nada; / quero jogá-los fora, pobres versos, / foram meus companheiros de jornada / nos momentos felizes ou adversos ! // Muitos escritos pela madrugada, / tristes soluços na paixão imersos / parecem uma história inacabada / com fragmentos avulsos e dispersos... // Entretanto, por que jogá-los fora ? / se nasceram do fundo de minh’alma / e já não servem pra mais nada, agora ? ! // São versos pobres, versos, enfim, tristes, / mas fazem que eu mantenha a minha calma / e me dizem que tu neles existes...’”
Pode que não seja um conto o que acabo de escrever. Entretanto, esforcei-me para que o fosse - bem sei - é um pedaço desta existência, quiçá de contista frustrado. Ou devo insistir e não abandonar o barco em que navego por águas ainda desconhecidas ? - (desculpem os clichês - foram inevitáveis). Espero não sofrer um naufrágio e ancorar em porto seguro...
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Cronista e poeta
Publicado em 07 de agosto de 2002 - no Diário de Canoas.


terça-feira, 25 de maio de 2010

S O N E T O de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi, releitura de um mangá japonês.

SONETO PARA ÂNGELA PONSI – feliz aquarelista

Ialmar Pio Schneider

Quem é que pinta as lindas aquarelas,
a ilustrar cânticos sentimentais,
nobres desenhos de mulheres belas,
enfatizando os versos... sempre mais?!

Quem sabe, um dia sejam imortais,
mesmo enfrentando trágicas procelas,
sempre a vencer os fortes vendavais,
inda lembrando frágeis caravelas?!

Seu nome lembra os anjos nas alturas,
mas vive aqui, cercada de pinturas,
em seu ledo e fantástico Atelier...

Receba este soneto em homenagem,
no caminho das artes, em viagem,
- Ângela Ponsi a pintar... Eis você !


Tristeza, Porto Alegre - RS, 23.05.2010 – às 20h32min


segunda-feira, 24 de maio de 2010

SONETO - DIA DO DATILÓGRAFO - IMAGEM DA INTERNET




SONETO ao DIA DO DATILÓGRAFO – 24.05

Ialmar Pio Schneider

Quando saí de casa pra estudar
O curso ginasial que não havia,
Naqueles velhos tempos, no lugar
Em que nasci... Ó quanta nostalgia !

Levava tanto afã de triunfar
E com pouco dinheiro viveria...
Mas já portava, então, a me orgulhar,
Meu Diploma de Datilografia.

Hoje leio, saudoso, no jornal,
Pra minha vida muito especial,
Dia do Datilógrafo... Temática

Recordação ainda – que momento! –
A relembrar com tanto sentimento, –
A freirinha ensinando a bater máquina !

Tristeza, Porto Alegre, RS, 24.05.2010
Às 9h30min.


domingo, 23 de maio de 2010

POEMA de IALMAR PIO - Imagem da Internet

FADA


D E S T I N O

Ialmar Pio Schneider

1
Quem foi poeta e teve que fazer versos
p’ra “viver e deixar viver”
ao longo do caminho que trilhou
nas noites escuras perto do mar
mas sonhando com o amanhecer...
2
Quem foi poeta e teve que sonhar
com mundos inatingíveis
e se consolou
inventando universos
incríveis...
3
Quem foi poeta e se perdeu em momentos incertos
à procura de alguém
que lhe desse a esperança
de se encontrar no futuro
e no além...
4
Quem foi poeta e andou no escuro
querendo a luz
que só se alcança
nos páramos abertos
dos céus azuis...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SONETO de IALMAR PIO - Imagem da Internet


SONETO PARA DELCY CANALLES – nobre escritora.

O verso flui da pena da Delcy
Canalles, como as águas vem da fonte
Rumorejante, a deslizar do monte,
Formando um lindo lago azul ali

No vale verde, que se vê defronte
Do arvoredo, onde passa o colibri,
Beijando as flores, como em frenesi
Se avista o sol caindo no horizonte...

A noite vem descendo na cidade...
Nestas horas visita-me a saudade,
E lembro que já tive os meus amores

Da juventude que ficou distante...
Amo, agora, a poesia inebriante
Que sói acalentar os sonhadores...

IALMAR PIO SCHNEIDER

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Tristeza, mirando o pôr-do-sol
do Guaíba,
às 18h03min.

Porto Alegre – RS, 19.05.2010


quinta-feira, 20 de maio de 2010

CRÔNICA de IALMAR PIO - IMAGEM do OUTONO


O OUTONO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Quando surge o outono e as folhas começam a cair, meu pensamento se volta aos tempos em que, de pés descalços, na minha infância, caminhava sob os bosques a despojar-se de sua verdura, cumprindo os ditames da natureza. É também a época da colheita de muitas frutas silvestres e isto compensa certa tristeza que desperta a paisagem. Não é por nada que os grandes autores se ocuparam com esta estação do ano que parece ir definhando rumo ao inverno que se aproxima. Ainda há pouco estive lendo um poema, em francês, do grande vate romântico Alphonse De Lamartine, “L’AUTOMNE”, que diz, no início: “Salve, bosques coroados de um resto de verdura !” E ele descreve os últimos dias sombrios que representam, por assim dizer, o luto da natureza.
Por outro lado, chega ao ponto em que no auge de sua melancolia, expressa seu desespero e fala assim: “Talvez o futuro me guarde ainda / um retorno à felicidade cuja esperança é perdida ! / Talvez, na multidão, uma alma que eu desconheço / compreenderá minh’alma e me terá correspondido !...” Desta maneira, o outono representa também a chegada da idade madura e princípio da velhice, pois é o tempo da colheita do que se plantou ao longo da existência. E aí o poeta canta sua desilusão de amor, já que na escola do romantismo, a tristeza que acometia os autores de poesia, considerada “o mal do século”, se fazia sentir em todas as produções literárias. Não foram poucos os que naufragaram nos mares da loucura ou se fizeram vítimas de sua mórbida imaginação de incompreensão e nostalgia; muitos ceifados em plena mocidade pela tuberculose, doença para a qual não havia cura.
Hoje em dia, a ciência avançou, vieram as grandes descobertas no ramo da medicina, o tema também tomou outro rumo e os cultores da arte poética, cada vez mais, foram atingindo idades avançadas. Só para citar cinco dos grandes poetas do modernismo, ou seja, o nosso Mário Quintana, o pernambucano Manoel Bandeira, o mineiro Carlos Drummond de Andrade e os paulistas Guilherme de Almeida e Menotti del Picchia, chegando próximo aos noventa anos de idade. Não poderia deixar de lado outros tantos que por motivos óbvios ora não nomeio, escusa-me desculpar-me. Em outra oportunidade, quiçá, me penitencie desta falta.
Entretanto, quando chega o outono e vemos as folhas caindo, sentimos que é o ciclo da natureza que vai cumprindo seus desígnios e nós somos tomados de mais uma contemplação da seara a ser colhida.
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Poeta e cronista
Publicado em 11 de abril de 2000 - no Diário de Canoas.


SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi

SONETO DO ENCONTRO

Ialmar Pio Schneider

Com que prazer te vi chegar um dia,
apenas a manhã desabrochara,
se não viesses eu continuaria
buscando a tua luz que tudo aclara.

Trazes o lenitivo à nostalgia
em que minha existência naufragara;
perdoa-me sentir tanta euforia,
porque tardando mais, menos te amara...

Os versos que componho ansiosamente
são os frutos do sonho; a primavera
que representas para mim agora.

Quando te vejo, torno-me contente
e sinto que se foi tão longa a espera,
valeu a pena o inferno da demora.


terça-feira, 18 de maio de 2010

POEMA de IALMAR PIO - Imagem da Internet

Musa



POEMA DA RECORDAÇÃO


Ialmar Pio Schneider



Quantas noites enluaradas

contemplamos distantes

um do outro, nas madrugadas

delirantes !...




Retornam agora

aos nossos corações,

como se fosse a aurora

das evocações...



Entretanto, não restam perdidas

aquelas horas passadas,

fazem parte de nossas vidas

deslumbradas...



E no livro do destino

sempre permanecerão,

qual um melodioso hino

de amor e de paixão...


domingo, 16 de maio de 2010

CRÔNICA LITERÁRIA - FOTO DA INTERNET

Machado de Assis


MULHERES NOS ROMANCES DE MACHADO DE ASSIS

IALMAR PIO SCHNEIDER

Quando permaneço, por instantes, analisando os trinta e um volumes da coleção dos livros do mestre do Cosme Velho, um sobressai entre os demais. É dele que me aventuro a discorrer, ou melhor, de onde retirei motivos para alguns versos de minha lavra. Acrescento que foram impressões de leitura que já me proporcionaram escrever algumas modestas poesias.
Há muito anos, li pela primeira vez, o romance Quincas Borba, de Machado de Assis, para o qual compus dois sonetos, sendo que um aproveitando o seu final, e que é assim: “Eia! lamenta dos dois recentes mortos,/ se lágrimas tiveres pra chorar,/ se só tiveres risos a lhes dar/ pois ri nem que sejam risos tortos.”// Só quem amou assim deveras, sabe/ que se pode morrer também de amar,/ e o afeto que às vezes não nos cabe/ é uma desgraça que nos vai matar.// “O Cruzeiro que a divinal Sofia/ não quis fitar, como Rubião pedia,/ está tão alto pra não discernir/ os risos e as lágrimas dos vivos”,/ que sofrem cá no mundo por motivos/ alheios ao seu modo de existir.
Este soneto foi extraído, em parte, do maravilhoso romance de Machado de Assis, Quincas Borba, no enlevo final da leitura.
E o outro, descrevendo o tema romântico do livro, intitulei de Amor Proibido - Pobre Rubião que quis o amor proibido,/ o louco afeto que não era seu,/ e sem desabafar num só gemido/ nos mares da loucura pereceu.// Sofia há de lembrar o seu pedido/ que sem saber por que não atendeu,/ e o distante cruzeiro enaltecido/ continuará brilhando lá no céu,// como chamando a cativante bela/ que calma se aproxime da janela/ e que venha fazer-lhe companhia.// E o vento desfolhando as lindas flores/ há de chorar incompreensões de amores/ por uma voz pungente de elegia...
Pudera haver tanta imagem em páginas de romance de quem sofreu por amor ? Basta ler o Prólogo da 3ª Edição, escrita pelo próprio Machado de Assis: “A segunda edição deste livro acabou mais depressa que a primeira. Aqui sai ele em terceira, sem outra alteração além da emenda de alguns erros tipográficos, tais e tão poucos que, ainda conservados, não encobririam o sentido.
Um amigo e confrade ilustre tem teimado comigo para que dê a este livro o seguimento de outro. - “Com as Memórias Póstumas de Brás Cubas, donde este proveio, fará você uma trilogia, e a Sofia de Quincas Borba ocupará exclusivamente a terceira parte.” Algum tempo cuidei que podia ser, mas relendo agora estas páginas concluo que não. A Sofia está aqui toda. Continuá-la seria repeti-la, e acaso repetir o mesmo seria pecado. Creio que foi assim que me tacharam este e alguns outros dos livros que vim compondo pelo tempo fora no silêncio da minha vida. Vozes houve, generosas e fortes, que então me defenderam; já lhes agradeci em particular; agora o faço cordial e publicamente.” 1899. M. de A.
O perspicaz crítico literário Franklin de Oliveira, assim se expressou a respeito do romance, falando de algumas mulheres que povoam as obras de Machado de Assis: “Também aquela imagem do negativismo machadiano encontra contestação em suas figuras femininas. O único ser generoso, em Quincas Borba, é uma mulher: Fernanda. E generosas são as suas mulheres, mesmo quando nos parecem emaranhadas numa oculta lascívia, como Capitu, Fidélia, Flora, Virgília e a Sofia, que passeia o seu mistério nas páginas deste romance.”
Nenhum outro escritor brasileiro perscrutou tanto a alma feminina quanto Machado de Assis, fazendo com que as personagens fossem atraentes e misteriosas. A leitura dos seus livros sempre vale a pena, considerando o estilo elegante e a escrita escorreita. E por isto mesmo é sempre atual e exigível para os vestibulares. Leiam-no !
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Poeta e cronista - E-mail: menestrel@brturbo.com
Publicado em 12 de maio de 2004 - no Diário de Canoas.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

SONETO de IALMAR PIO - Imagem da Internet

musa
SONETO TRISTE

Não devo mais ousar... eu me contento
com meu destino triste sem alguém;
e quando o sol descamba e a noite vem,
na solidão procuro o esquecimento...

Escuto, então, gemer na voz do vento
almas sentidas a vagar no Além
e nessas horas quedo-me também
perante a dor cruel do meu tormento.

Resta-me, todavia, uma esperança
que não me deixa sucumbir na mágoa
presente nos meus dias de amargura...

E quando volto aos tempos de criança
meus olhos tristes ficam rasos d’água,
pois sei que pra saudade não há cura.

IALMAR PIO SCHNEIDER




terça-feira, 11 de maio de 2010

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


SONETO PARA A BEM-AMADA

Ialmar Pio Schneider

Quero escrever os versos que não disse
quando te conheci no meu destino;
chegavas deslumbrada na meiguice
que trazias no olhar tão cristalino...

Hoje recordo o bimbalhar de um sino,
qual se dentro do peito já sentisse
a saudade dos tempos de menino
tão tímido, e de tanta esquisitice.

És a mulher que sempre me aparece
nas horas de tristeza e solidão,
mergulhado na fria madrugada...

Procuro te olvidar, porém mais cresce
o meu desejo na sofreguidão
de saber-te p’ra sempre a bem-amada...!


segunda-feira, 10 de maio de 2010

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


CÂNTICO I

Ialmar Pio Schneider

Cultivo um amor oculto
Que cresce dentro de mim;
Dia a dia toma vulto,
Parece nunca ter fim.

Nas horas tristes, perdido
No meio da multidão,
Procuro no mar do olvido
Já me afogar, mas em vão.

Quando as folhas do passado
Uma após outra perpasso,
Quase fico revoltado
Me culpando do fracasso...

Pois, melhor fora, talvez,
Não criar a fantasia
De viver na timidez
Que esta paixão requeria.


sábado, 8 de maio de 2010

POEMA de IALMAR PIO - TELA de GLAUCIA SCHERER - GLOSA de CLARISSE BARATA SANCHES

Tela Schonesttat - N. Sra. de Glaucia Scherer


Do Bric-à-Brac da Vida NILO TAPECOARA

Publicado no CORREIO DO POVO em 4.11.1981
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VERSOS PARA A MÃE

à minha mãe Amábile

O meu verso maior vai para a mãe
que pelo amor ao filho tudo deixa;
as glórias vãs do mundo, sem pretextos,
envolta em sacrifícios não se queixa...

E quando ela o aninha em seus braços
fazendo-o dormir, embala-o e canta,
não aparenta ser aqui da terra;
é uma imagem dos céus, é uma santa.

Por isto, mãe querida, não te esqueço,
contigo quero estar a qualquer hora,
foste tudo pra mim, foste o começo...
Trazes no coração Nossa Senhora...

IALMAR PIO SCHNEIDER


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Glosa à primeira estrofe do meu poema acima, criado pela poetisa portuguesa

Clarisse Barata Sanches, de grande inspiração, a quem agradeço de todo o coração.


O MEU VERSO MAIOR VAI PARA A MÃE

O meu verso maior vai para a mãe,
Que pelo amor ao filho tudo deixa;
As glórias vãs do mundo sem pretextos
Envolta em sacrifícios não se queixa.

Ialmar Pio Schneider

“O meu verso maior vai para a mãe,”
Mas não esqueço Deus no coração;
Foi Ele que a gerou, como ninguém,
E lhe deu alma pura de missão.

É ela que nos ama doidamente
“Que pelo amor dum filho tudo deixa,”
Mesmo que esteja triste ou até doente,
Trata de nós e nunca se desleixa.

Amar um filho são nobres contextos,
Nada mais quer que tê-los nos seus braços.
“As glórias vãs do mundo sem pretextos,”
É sempre ela quem guia os nossos passos.

Tudo faz por amor e devoção,
Tanto nos quer que sempre em nós se enfeixa;
Vive por nós sem troca de afeição
“Envolta em sacrifício e não se queixa.”


Clarisse Barata Sanches

quinta-feira, 6 de maio de 2010

ACRÓSTICO AO ATELIER DO BONDE E FOTO

Foto do Atelier do Bonde

ACRÓSTICO PARA O ATELIER DO BONDE

(Para as amigas Zilka Ponsi, Ângela Ponsi e
Glaucia Scherer)

Artes: pintura e poesia
Tem encontro fraternal,
Entre amigos da alegria,
Levando a vida social,
Isentos de qualquer mal...
Este é o convívio do Bem,
Reunindo artistas, também !

Duas nobres proprietárias,
Ostentam virtudes várias...

Beleza nas aquarelas,
Observa-se a qualidade;
Nada mais lindo que as telas,
Decorando todo o ambiente,
Enchendo os olhos da gente...

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IALMAR PIO SCHNEIDER

Porto Alegre, RS, Tristeza, em 06.05.2010

às 12h11min.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

UBT - Porto Alegre - RS - Encontro de trovadores em abril de 2010


Almoço de abril de 2010 da UBT - Porto Alegre - RS - 25 de abril
Foto: Neoly Vargas, Delcy Canalles, Ialmar Pio Schneider, Milton Souza e Flávio Roberto Stefani

ENCONTRO DE ABRIL

No dia 25/04, ao meio dia, quarenta e cinco
pessoas, entre trovadores e simpatizantes da
trova, reuniram-se para mais um ENCONTRO
DE TROVADORES, dessa vez na Galeteria
Menino Deus, e sob a organização e coordenação
da trovadora LISETE JONHSON.
Houve a brincadeira do bolo, vencida pela
simpatizante MARIA DE LOURDES PINHEIRO
(A brincadeira consiste no seguinte: sobre
o bolo, como enfeite, fica uma trova sem
autor. Numa folha anexa, aparecem diversas
nomes de trovadores. Quem acerta o autor
ganha o bolo. É claro que para dar o palpite
paga-se uma pequena taxa), e o Concurso
Relâmpago, coordenado pela trovadora DELCY
CANALLES, vencedora do último, por
isso a doadora do troféu, vencido pela NEOLY
VARGAS, que, prontamente, já deu o
tema do próximo concurso, a se realizar no
dia 23/05: NOIVA. Face ao intenso movimento
e barulho do salão da Galeteria, deixou
de se realizar a tradicional Hora de Arte. Participou
do evento, além da delegada da UBT
de Sapucaia do Sul, Neoly Vargas, também
a presidente da UBT de Balneário Camboriu,
GISLAINE CANALES.


RESULTADO

Concurso Relâmpago realizado em
25.04.10


Tema: MULHER


VENCEDORA

Quando da vida eu me ausente,
e se assim meu Deus quiser,
quero voltar novamente,
e ser mãe, avó, mulher.

NEOLY VARGAS



MENÇÃO HONROSA

Pelas existências tantas
que a vida sempre requer,
muitas mulheres são santas,
sem tempo de ser mulher!

MILTON SOUZA



MENÇÃO ESPECIAL

No mundo não há ninguém
mais perfeito que a mulher,
se você souber de alguém,
me conteste, se puder!

IALMAR PIO SCHNEIDER


Comissão Julgadora: Delcy Canalles, Janaína
Scardua e Gislaine Canales.



sábado, 1 de maio de 2010

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


FORAS CAPAZ....

IALMAR PIO SCHNEIDER

Deixarias que eu entrasse em tua vida assim sorrateiramente
como chega um ladrão para roubar teu coração ?
Quiseras que eu fosse alguém desconhecido de ti, diferente
dos demais, e viesse para tua aceitação ?!

Se assim o desejas e vives sem preconceitos,
eu me apresento agora à tua contemplação,
embora trazendo em meu ser mil defeitos
próprios dos que amam ardentemente com tanta emoção !

Foras capaz enfim de projetares uma aventura louca
que descortinasse um mundo que nem sonhas existir,
e tivesses que enfrentá-lo, saturada de beijos em tua boca,
e dos outros que falassem te pusesses a rir...

Nós transporíamos todos os obstáculos possíveis e imagináveis
e seriamos dois em um, como sói acontecer aos amantes,
por assim dizer, enamorados e amáveis,
que querem desfrutar juntos todos os instantes...