quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Crônica republicada, soneto e foto de Ialmar Pio Schneider
















PROMESSA DE ANO-NOVO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Ao iniciar um novo ano voltam as promessas... que se as fazem sempre. Alguns prometem não mais fumar e outros que nem eu, invariavelmente, que vão emagrecer. Tenho adquirido os mais diversos livros neste sentido. Apenas para nomear alguns aqui: Só é Gordo Quem Quer, de João Uchôa Jr., Mantenha-se Saudável com o Dr. Minuzzi - obesidade - Programa de Emagrecimento Definitivo, de Antônio Carlos Minuzzi, Emagreça Comendo, Dr. Lair Ribeiro, e por último, um best-seller - (primeiro lugar na lista do The New York Times) - A Dieta de South Beach, de Arthur Agatston, M. D., e continuo obeso. Este ano, porém, faço um firme propósito de perder peso, não digo voltar aos meus 66 quilos, mas também não continuar com os meus 98 quilos, atualmente. Perguntar-se-ão: o que me faz explanar isto agora ? É um compromisso que me faço publicamente, diria eu, para conseguir meu intento há tanto tempo perseguido.
O que escreveu o Dr. Lair Ribeiro, já o vi gordo e depois magro, em programas de televisão, julguei de muito fundamento: “Se você pesa mais do que gostaria, está na hora de usar, corretamente, seu poder mental. Embora existam mais de 200 diferentes dietas no mercado, estudos americanos mostram que 95% das pessoas que “perdem peso” apenas através de dieta, num período de doze meses praticamente recuperam o peso perdido. Se você possui Estrutura Psicológica de gordo, não adianta torturar-se para emagrecer, porque o peso vai voltar. Algum dia você chegou a pensar que seu metabolismo pode ser modificado através de seu poder mental ?”(...) Na esteira desta informação vou procurar obter sucesso...
Sirvo-me de umas ideias que li e das quais compus o soneto abaixo, já faz alguns anos, e que é assim: Soneto da Libertação --- “Quero o caminho da libertação/ para seguir na vida mais confiante,/ se alimentava mórbida ilusão/ procurarei bani-la, doravante.// Preciso estar alerta a todo instante/ e suportar a humana condição,/ minha vigília deve ser constante/ neste mundo envolto em turbilhão...// Levo comigo a chama da esperança/ e apesar dos percalços da existência/ tenho fé, tenho amor, tenho confiança...// Não mais serei o náufrago perdido/ pelos mares da angústia e da impaciência,/ porque vencendo-me, terei vencido !” - Canoas - 29-01.85 - Consta de meu livro Poesias Esparsas Reunidas, pg. 133. Socorro-me deste pensamento para libertar-me da obesidade, ao menos com a força de vontade, ou melhor, boa vontade, digamos que deverei implementar para atingir meu objetivo, que de resto, não é mais do que para a minha saúde e bem-estar. Faço-o, repito, pra me impingir este compromisso comigo mesmo. Quantos já o fizeram ?
Mudando de assunto e como estamos em pleno verão e o mar se nos convida a visitá-lo, na minha condição de escrevinhador de versos desde sempre, me permito transcrever abaixo meu: Soneto ao Sol - “Nesta tarde sem chuva até parece/ que a claridade abraça nossa terra,/ o sol risonho aos poucos se descerra/ e alegremente brilha e resplandece...// Oh! Rei dos Astros, quanta luz encerra/ tua mensagem pura como a prece,/ minh’alma consternada te agradece/ a paz que trazes afastando a guerra !// Fugindo ao teu calor, buscando as águas,/ a Humanidade olvida suas mágoas/ e vai achar sossego à beira-mar...// Fazes crescer a planta com carinho/ que produz folha, flor e até o espinho;/ e as folhagens enfeitando o Lar.”- Canoas - 16 de fevereiro de 1984 - idem, idem cfe. acima. -pg. 86
Sobre o assunto principal destas linhas, não abdico de continuar meu empenho em consegui-lo,e desejar a todos um ano próspero e que as promessas que se fizerem sejam concretizadas.
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Poeta e cronista -
E-mail: menestel@brturbo.com
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em 5.8.2010

http://www.diariodecanoas.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm
EM 30.12.2009
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EM 30.12.2009

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Crônica republicada - Imagem da Internet




















CRÔNICA DE NATAL E ANO-NOVO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Desde que me lembro, o Natal sempre foi o acontecimento festivo mais marcante para a Cristandade, notadamente, para as crianças e os poetas, incluindo os escritores em geral. Outrossim, basta olharmos as cidades enfeitadas e as casas com suas árvores de todas as espécies, naturais e artificiais, e a representação do nascimento de Jesus Cristo, com o presépio simples ou ao vivo que, diz-se, foi introduzido na Igreja por S. Francisco de Assis. Em nosso Estado, o Natal-Luz de Gramado tem sido importante evento turístico pela sua beleza e grandiosidade. Mas por outro lado, não podemos nos desviar dos lares pobres, onde há carência até de alimentos, e confiarmos no Governo que assume no dia 1º, com o fito de eliminar a fome de nosso País, fazendo com que todos tenham três refeições por dia. Não esqueçamos, entretanto, de fazermos a nossa parte, contribuindo com as campanhas de arrecadação de alimentos não perecíveis, a fim de minorar este problema crônico.
Sentimentalmente, nada mais emotivo do que o Soneto de Natal, de Machado de Assis: “Um homem, - era aquela noite amiga,/ Noite cristã, berço do Nazareno, -/ Ao relembrar os dias de pequeno,/ E a viva dança, e a lépida cantiga,// Quis transportar ao verso doce e ameno/ As sensações da sua idade antiga,/ Naquela mesma velha noite amiga,/ Noite cristã, berço do Nazareno.// Escolheu o soneto... A folha branca/ Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,/ A pena não acode ao gesto seu.// E, em vão lutando contra o metro adverso,/ Só lhe saiu este pequeno verso:/ “Mudaria o Natal ou mudei eu ?”’ Hoje, quando leio estes versos, surge-me à memória que houve em minha vida também - Um Natal Inesquecível: Lembro-me vagamente. Teria eu, de quatro para cinco anos, e isto faz muito tempo. Poder-se-ia dizer, com certeza, meio século. Meus irmãos Hugo (agora residindo em outra dimensão) e Elói já existiam e contavam três anos e dezoito meses, respectivamente. Era então noite de Natal. Nossos pais haviam, excepcionalmente, naquele ano, nos levado à casa de uma família da vizinhança, que era de classe média alta, e costumava montar o pinheirinho e esperar a chegada de Papai Noel.
Nós éramos pobres, ou por assim dizer, remediados; nunca tivemos uma árvore de Natal enfeitada. Na vila em que morávamos, havia, quiçá, uma meia dúzia de famílias que o fazia e nós não estávamos entre elas. Todavia, naquela ocasião, ignoro por que cargas d’água, nossos pais resolveram nos proporcionar a tradicional festa na casa de uma família amiga conhecida.
Após cantarmos a Noite Feliz, de repente surgiu no meio da sala, não sei vindo de onde, o Papai Noel com um saco de brinquedos às costas. Imediatamente, começou a distribuí-los e quando chegou a minha vez, entregou-me uma caixinha que abri, incontinenti. Era uma gaitinha de boca, bem pequenina. Logo comecei a soprá-la, tirando-lhe algumas notas musicais que eu nem sabia o que era. Aquele Natal de minha infância nunca mais esqueci !
Contudo, já que iniciei falando em poetas que fizeram versos para o Natal, apraz-me transcrever abaixo, de um dos nossos maiores literatos, Manuel Bandeira, os seguintes: “VERSOS DE NATAL - Espelho, amigo verdadeiro,/ Tu refletes as minhas rugas,/ Os meus cabelos brancos,/ Os meus olhos míopes e cansados./ Espelho, amigo verdadeiro,/ Mestre do realismo exato e minucioso,/ Obrigado, obrigado !// Mas se fosses mágico,/ Penetrarias até ao fundo desse homem triste,/ Descobririas o menino que sustenta esse homem,/ O menino que não quer morrer,/ Que não morrerá senão comigo,/ O menin
o que todos os anos na véspera do Natal/ Pensa ainda em por os seus chinelinhos atrás da porta.- 1939.”
Finalizando, aproveito o ensejo para desejar a todos os leitores, que a paz, a harmonia e a concórdia sejam o apanágio de um Feliz Natal e um Próspero Ano-Novo pleno de realizações.
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Cronista e poeta - E-mail: rs080254@via-rs.net
Publicado em 31 de dezembro de 2002 e 1º de janeiro de 2003 - no Diário de Canoas.
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EM 21.12.2008

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CRÔNICA - 15 de dezembro - Dia do Esperanto - Imagem da Internet

Ludwig Lejzer Zamenhof (1859-1917), "La Majstro"



















O ESPERANTO: UMA LÍNGUA AUXILIAR

IALMAR PIO SCHNEIDER

Por que aprender Esperanto ? É uma boa pergunta. Entre os prós e os contras, de minha parte, posiciono-me a favor. Não que considere a solução para o entendimento generalizado de todas as nações, quanto à linguagem, mas porque poderá facilitar a comunicação universal dos seres humanos de boa vontade. Ainda mais agora com a difusão da Internet.
Já faz bastante tempo, mais de quarenta anos, que ouvi falar e sabia da existência do Esperanto, quando cursava o ginásio em Getúlio Vargas - RS, e iniciava o estudo das línguas: Latim, Francês (na primeira série) e Inglês a partir da (segunda série), além do Português, sempre o mais importante, não menosprezando as outras matérias. Devo dizer que os Trabalhos Manuais muito me ajudaram financeiramente naquela época, pois fabricava capelinhas que após coladas e lustradas, vendia aos meus conterrâneos da então Vila Sertão, distrito de Passo Fundo - RS, hoje município, para patrocinar minhas despesas extras (cinema, futebol, etc.). Mas até um sobretudo (casacão como se dizia) eu ajudei minha mãe a comprar com o produto destas tarefas, a fim de enfrentar o frio que era bastante intenso por aqueles tempos. Parece que a Terra esquentou de lá para cá, pois raramente se vê geada pelos campos (e eu que andava de pés descalços sobre ela, não tanto por necessidade, todavia por brincadeira, uma vez que possuía alpargatas). Desculpem-me essas reminiscências assaz particulares, que fogem um pouco da matéria, todavia, proporcionando-me uma certa nostalgia irremediável. Também em 1955, aos treze anos, havia me diplomado em datilografia no colégio das irmãs em Sertão, obtendo o 2º lugar em exame realizado pelo Ir. Cipriano, Marista de Getúlio Vargas, do Ginásio Cristo Rei daquela cidade, que seria meu professor de matemática depois, quando cursava o 6º ano primário, preparando-me pra o exame de admissão que existia naquela época. Outrossim, devo confessar que a datilografia em todo o tempo foi o que me amparou durante a vida, uma vez que trabalhava nas secretarias dos colégios em que estudava por ser bom datilógrafo e passei no lº concurso do Banco do Brasil S.A., aos dezoito anos, porque consegui 98 pontos na prova o que elevou minha média sobremaneira. Ainda tenho a dizer que era a informática de então, pois para qualquer emprego em escritório era exigida e até havia uma matéria no Curso Técnico em Contabilidade, que se chamava Mecanografia e que depois cursei em Soledade - RS, e o professor foi o Sr. Gilberto Arthur Brockstedt, funcionário da Receita Estadual, que depois viria a ser meu concunhado, pois eu me casaria com a Helena, irmã de sua esposa Glaura, e compadre deles, tendo batizado seu filho Glauberto, hoje médico em Caxias do Sul - RS. Vejo que a história se alongou para esse lado, fugindo do foco que era o Esperanto.
Esta língua, não obstante artificial, uma vez que foi lançada em 1887 pelo médico e poliglota polonês Dr. Lazar Ludwig Zamenhof, pode ser considerada viva e completa. Há poucos dias, aventurei-me a enfrentá-la e adquiri um manual: Esperanto Conversacional - Curso Básico - Prof. Jair Salles, - Regras Gramaticais do Esperanto - A Língua Internacional Neutra, A. Flores e V. P. Werneck, dois dicionários, e estou dando os primeiros passos rumo ao seu conhecimento. Pretendo fazer o que posso sem muita euforia, mas pelo que pude aquilatar até agora, não é difícil aprendê-la, uma vez que a maioria de suas palavras tem origem em línguas por mim um pouco já estudadas, tais como latim, francês, inglês, italiano, alemão, muito de português, inclusive. O que me causa uma certa surpresa é que tenho conversado com alguns amigos e conhecidos, até detentores de curso superior, que me dizem desconhecer e nem saber da existência do Esperanto. Esquisito, tal afirmação, pois segundo me consta, transcrevo abaixo um parágrafo de nº 9 de folheto que recebi de membro da Assoc. Gaúcha de Esperanto - Rua dos Andradas, 1251/103 - Porto Alegre - RS - E-mail: esperanto.gea@plug-in.com.br - que diz o seguinte: “A UNESCO, ao longo de sua existência, já aprovou duas resoluções favoráveis ao ESPERANTO. Em 1993 o PEN Clube Internacional reconheceu o ESPERANTO como língua literária. UMBERTO ECO, o renomado escritor e linguista italiano, tem se pronunciado publicamente a favor da adoção do ESPERANTO como instrumento de comunicação internacional”.
Encerro a presente crônica, desejando a todos os leitores que reflitam a respeito do assunto. Se lhes convier, procurem o endereço acima, pela Internet ou pessoalmente. Até à vista ! ou como diz o Esperanto: “^Gis Revido!”
_______________________________
Cronista colaborador

Fone: 3212-3364
Publicado em 29 de maio de 2002 - no Diário de Canoas.


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EM 19.04.08
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EM 22.08.09
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em 10.11.2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer















SONETO


Não quero o verso dos amores impossíveis
que nos fazem sofrer nas longas madrugadas,
nem quero o verso das formas indefiníveis
para esconder a dor das ilusões passadas.

Na minha solidão há fúrias invisíveis
despertando em meu ser canções desesperadas,
hão de compreendê-las as almas mais sensíveis
e aquelas que também forem abandonadas.

Quero o verso levando um pouco de consolo
ao coração que sofre a sangrenta ferida
de sentir-se sozinho andando pela vida...

ou tem um grande amor, ou chora de saudade;
se é na tristeza que permaneço a compô-lo
não pretendo que lhe falte felicidade...

Ialmar Pio Schneider






***

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - DIA DO PALHAÇO - 10 de dezembro - Aquarela PALHAÇO de ÂNGELA PONSI

Aquarela Palhaço de Ângela Ponsi















SONETO (em 5.12.08)


Vem-me à lembrança às vezes teu sorriso

e então decresço e, enfim, me despedaço,

pois será que banquei o teu palhaço

ou só fui simplesmente um indeciso.


Não sonharei contigo, nem preciso

enfrentar com tamanho estardalhaço,

alguém que apenas pensa em mim se traço

detalhes de um perdido paraíso...


Desfruta tua vida, sê feliz

com tudo que te aguarda no futuro,

já que o destino ingrato assim o quis...


Eu vou viver momentos de saudade

uma vez que hoje tudo o que procuro

é descansar... dormir... sonhar... quem há-de?!








quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

SONETO de IALMAR PIO - IMAGEM de Florbela Espanca na Internet

Violetas








SONETO à Florbela Espanca – Data de aniversário e morte da divina poetisa portuguesa, *8.12.1894 - +8.12.1930

Foi amando teus versos que aprendi
a soluçar também o mal do amor,
nos desencontros e no frenesi
que envolveram meu estro sonhador...

Soubeste extravasar todo o calor
que sentias, assim como senti,
das paixões que me fazem ser cantor
dos mesmos temas que provêm de ti.

Ó divina poetisa, os teus tormentos
expressos na poesia e nos lamentos,
que soluçaste, fazem-te imortal...

Ninguém foi tão sincera e tão brilhante,
fazendo versos de mulher e amante,
enaltecendo sempre Portugal !

Porto Alegre, RS, Tristeza,
em 28.6.2010 às 13h10min.

IALMAR PIO SCHNEIDER






terça-feira, 7 de dezembro de 2010

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi














ANTES E AGORA

Ialmar Pio Schneider


Nós fomos e seremos sempre assim:

à procura de um paraíso perdido

onde éramos felizes mas sozinhos.

Desfrutávamos de um jardim

que nos proporcionava o amor

[e não despertava a libido,

nem o ciúme, a paixão, os carinhos...




Tivemos que enfrentar horas aflitas

depois de termos transgredido as regras

que nos foram impostas.

Vencerás, porém, se acreditas

no teu desempenho, no valor

[do sonho descontraído

de fazeres o que mais gostas !


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CRÔNICA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI - THEMIS

Temis - A Deusa da Justiça - Aquarela de Ângela Ponsi
















SOBRE LÓGICA E HERMENÊUTICA JURÍDICA (I)

IALMAR PIO SCHNEIDER

Ocorre-me escrever algo a respeito da matéria acima, que foi assunto de estudo em setembro de 1980, no curso de Direito, por considerá-la ainda pertinente, considerando que me trouxe algumas luzes para o conhecimento das relações humanas. Após decorridos tantos anos, volta-me à mente a turma do segundo semestre das Faculdades Integradas do Instituto Ritter dos Reis, Curso de Direito, quando funcionava na rua 15 de janeiro, 500, no Colégio La Salle. Lembro-me que o professor da matéria em pauta dizia que em Direito tudo é discutível, por ser uma ciência elástica.
Inicialmente perguntava-se: O homem pode ser objeto de direito ? Por quê ? Não pode; pois o objeto de direito é a razão pela qual se estabelece a relação jurídica e esta razão pode ser classificada como objeto de direito, não abrangendo o homem. Porque está conceituado no Direito que o homem não pode ser objeto de direito, já foi muito discutido o assunto quando houve a Escravidão no Brasil. O que é interação ? Interação significa a troca de experiências e influências do indivíduo com o seu grupo social e vice-versa. É a ação recíproca. Como é exercido o controle social cfe. Renné Maunier ? Segundo esse autor, o controle social pode ser exercido através de sanções difusas que são: satírica, ética e mística; ou sanções organizadas: jurídicas. A satírica é exercida através da zombaria, da ironia, do ridículo. É a mais atenuada. A ética é exercida através da deslealdade ética com um colega. Já é mais acentuada. A mística, parece absurdo, mas é a mais acentuada das sanções, pois envolve o pecado e a conseqüente e terrível expiação.

Jornal de NH
em 5.12.2010

É o caso do jejum e de outras penitências impostas ao pecado. No judaísmo a abstenção de comer carne de porco, etc. As jurídicas, por fim, são as leis e estas, sim, se impondo na sociedade com força total através do Estado.
Qual a definição de Direito, segundo Carlos Cossio ? De acordo com esse autor, o Direito é a regra de conduta humana em inferência intersubjetiva. O Direito existe quando há choque entre pessoas ou em outras palavras, quando a conduta de uma pessoa importa à outra pessoa.
O que entendemos por pensamento jurídico ? “Entendemos por pensamento jurídico a atividade intelectual do jurista. É o complexo de atos gnósicos dimanados do jurista, informados pela cultura científica e técnica especial deste. Relacionados com o fenômeno jurídico, esses atos podem ser considerados sob dois aspectos distintos, aos quais correspondem duas outras dimensões do conhecimento jurídico, que se pode denominar dogmática e lógica, respectivamente.
Há a possibilidade de, no pensamento jurídico, separarmos a dimensão dogmática da dimensão lógica ? Justifique, exemplificando. Não há possibilidade de separarmos a dimensão dogmática da dimensão lógica no pensamento jurídico, porque ambas se completam. A tarefa científica do jurista - na dimensão dogmática - é de autêntica criação; o jurista cria o direito, na medida em que o descobre. A compreensão do fenômeno jurídico consiste, pois, nessa criação, no equilíbrio que o jurista estabelece entre os vários ingredientes desse fenômeno; um desses ingredientes é justamente o conjunto de atos de raciocínio que o jurista realiza para o conhecimento das normas, dos fatos e para relacioná-los, entre si e entre os seus próprios ideais de justiça; o conhecimento que se depreende desses raciocínios situa-se em outra dimensão, qual seja, a dimensão lógica”.
Cfe. Luiz Fernando Coelho: “Assim como a dimensão científica envolve a dogmática, no sentido de que esta constitui um tipo especial de ciência jurídica, esta absorve o conhecimento que se processa no plano lógico”.
Ao expor estes simples conceitos iniciais de matéria assaz complexa, faço-o no intento de apenas manifestá-los, sem outra pretensão, do que transmiti-los sob a ótica dos meus conhecimentos. Se acrescentar, terá valido a pena.
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Bacharel em Direito e cronista
Publicado em 05 de setembro de 2001 - no Diário de Canoas.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

TROVAS de IALMAR PIO - TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer






OT REVISTA
TROVAS Ialmar Pio Schneider

I
A trova é o verso que nasce
de um coração sonhador;
fica estampada na face
de quem vive um grande amor.
II
Nunca digas que não gostas
de música e de poesia,
pois ambas foram compostas
na tristeza ou na alegria.
III
Que bom seria se eu pudesse
em quatro linhas apenas,
dar consolo a quem padece
as amarguras terrenas.
IV
Versos de amor, quando os faço,
me causam tanta emoção;
cada palavra é um pedaço
que arranco do coração.

Publicado na Pág. 14 de O TIMONEIRO de 21.5.82 de CANOAS (RS)


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

CRÔNICA de IALMAR PIO - IMAGEM - Foto de OLAVO BILAC da INTERNET

Olavo Bilac














O POETA E O DINHEIRO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Dizem que “o dinheiro é a mola do mundo”; e disto não discordo. Terminei de ler um ensaio de Olavo Bilac, intitulado O Dinheiro, que foi tema de uma conferência proferida no Instituto de Música do Rio de Janeiro, pelo ínclito vate, considerado o mais ardoroso, espontâneo e natural dos representantes do Parnasianismo brasileiro. No texto em que discorre sobre o assunto, às vezes acusa e em outras defende o dinheiro, sempre referindo diversos autores que já se ocuparam do mesmo. É uma leitura muito agradável que abrange os vários aspectos, prós e contras do uso do numerário que tanto pode ser “ o grande corruptor, o grande envenenador das almas, o grande prostituidor das consciências”, assim como diz: “Camões escreveu Os Lusíadas com fome? Mas escrevê-los-ia do mesmo modo com o estômago farto. E já não há poeta que se atreva a dizer que detesta o dinheiro. Chateaubriand, o lírico Chateaubriand, o ideólogo dos ideólogos , o meigo René, o criador da vaporosa Cimodocéia e da suave Atala, sempre teve pelo dinheiro um respeito que se compreende bem; foi ele quem escreveu: Ó dinheiro ! Com dinheiro, as pessoas são belas, jovens, amáveis; obtém consideração, honra, posição, virtude; sem dinheiro, ficam na dependência de todas as coisas e de todo mundo.” Digamos, nem tanto ao mar nem tanto à terra... Escreveu, nosso poeta gaúcho maior: “O dinheiro não traz venturas, certamente./ Mas dá algum consolo... Em verdade te digo: / Sempre é melhor chorar junto à lareira quente/ Do que na rua, ao desabrigo”. - Mário Quintana, em O Espelho Mágico.
Conhecia o poeta e não o prosador. Até lhe dediquei um dos meus sonetos, tempos atrás: Soneto a Olavo Bilac (In memoriam) – Jamais se extingue o mágico talento/ que ao verso devotava o gênio culto/ e lendo teus poemas eu exulto/ ao ver tamanho amor e tanto alento.// Ourives da poesia, nunca o insulto/ de abandonar a forma ou o sofrimento/ de sentir relegada ao esquecimento/ tua Profissão de Fé, sublime culto !// Enquanto nossa Língua tão sonora/ tiver o gosto amargo da saudade,/ no peito de quem ama ou de quem chora/ não morrerá a música do verso,/ a quem deste um sabor de eternidade/ na infinita amplidão deste Universo ! – Canoas, 21.10.83.
No entanto, mesmo como conferencista, ele afirma: “Não! Nem filosofia, nem economia política, nem ciência prática de ganhar dinheiro encontrareis aqui. O que me tentou e seduziu neste assunto foi a possibilidade de instaurar-se aqui, com um pouco de poesia e um pouco de bom humor, o processo do Dinheiro”. Por isto mesmo, a sua escrita me envolveu, e de um fôlego li seu opúsculo, em que se encontram pérolas de valor inconfundível, tais como esta de Ramalho Ortigão, corrigindo a fábula clássica - Jeová perguntou à cigarra e à formiga: “Que fizeste vós em vida?” “Eu cantei !” disse a cigarra. E disse a formiga: “Eu guardei !” E o Senhor disse, apontando a segunda: “Abram-me uma cova na terra e ponham-me lá dentro esta gorda capitalista !” E, apontando a primeira: “Dêem umas asas e ponham rutilante ao sol, na copa de uma olaia, esta pálida cantadeira !”
Quero parabenizar ao Nelson Fachinelli, pela passagem do seu aniversário nesta data.
Finalmente, uma estória do texto, pg. 53 do livro: “Ocorre-me aqui uma palavra, a um tempo alegre e amarga, com que um velho de meu conhecimento castigou certa fez a ingratidão de uma mulher amada e má. Toda a gente do Rio conheceu esse homem que chegou à velhice extrema conservando uma alegria de moço e uma serena filosofia, e apaixonadamente amando o amor. Um dia, houve uma briga entre ele e alguém que lhe consolava, ou lhe amargurava a velhice. Era ao fim do jantar; e disse-lhe a cruel: “És um velho repugnante ! Bem sabes que só te suporto pelo teu dinheiro !” Ele, que nesse momento descascava um figo, murmurou apenas: “Se gosto desse figo, e se posso pagá-lo, que me importa que ele goste ou não goste de mim?” E comeu o figo...” Sem maiores comentários... e até uma próxima oportunidade !

Cronista colaborador
Publicado em 9 de novembro de 2005 – no Diário de Canoas – RS.
http://ial123.blog.terra.com.br/
EM 13.05.2009