domingo, 30 de setembro de 2012

Falecimento trágico do ator James Dean em 30.9.1955 - Imagens: fotos de James Dean e Pier Angeli


James Dean



Pier Angeli




UM AMOR INCOMPREENDIDO E FATAL



Ialmar Pio Schneider



Quem for da geração cuja adolescência deu-se na década de 1950 a 1960, deve se lembrar que houve um ator de cinema que faleceu jovem, aos 24 anos, de um acidente automobilístico. E que seu carro era um Porsche Spyder. Aconteceu em uma auto-estrada perto de Paso Robles, na Califórnia, em 30 de setembro de 1955, ao dirigir-se à uma corrida de carros-esporte. Durante sua breve existência atuara em apenas três filmes, mas de enorme sucesso pela sua performance, que foram: Vidas amargas, Juventude transviada e Assim caminha a humanidade, e, somente o primeiro havia sido lançado. Tratava-se de James Dean, ou melhor, James Byron Dean, que nasceu em Marion, Indiana, em 8 de fevereiro de 1931. Terminei de ler sua biografia por esses dias, escrita por Ronald Martinetti, tradução de Fernando Albagli e Benjamin Albagli Neto, Editora Nova Fronteira, 1996. Por sinal muito significativa e que mereceu de Martin Pitts, diretor de cinema, Hollywood, Califórnia, a seguinte frase lapidar: “James Dean acendeu uma fagulha para duas gerações de artistas americanos. Ronald Martinetti esclarece magistralmente por que Dean ainda vive.”

Dos três filmes de que o ator participou, o mais consentâneo com sua personalidade foi Juventude transviada, uma vez que representava uma fase que atravessava de revolta, como colocou Pauline Kael, “faz tudo errado porque se preocupa demais”. De fato, escreve o autor da biografia: “A lenda não é totalmente inexata; tantos dos maneirismos de Dean – a fala arrastada, suave e hesitante, o cigarro no canto da boca, a postura eternamente relaxada – estão presentes no filme, que é difícil determinar onde termina a sua personalidade e onde começa a interpretação”. E mais adiante, trechos de críticas austeras a respeito do filme: “(Embora tenha recebido um selo de código de produção, o filme foi posteriormente condenado em vários lugares por sua violência. Escrevendo no New York Times – 27 de outubro de 1955 -, Bosley Crowther descreveu o filme como “brutal (...) e excessivamente explícito”, e afirmou: “É um filme de deixar o cabelo em pé.” Em Memphis, Tennessee, o comitê de censura local proibiu o filme como sendo “nocivo ao bem-estar público” e na Inglaterra, onde Dean possuía inúmeros fãs, vários anos se passaram até que o filme pudesse ser exibido.)””

Dos inúmeros relacionamentos amorosos que teve, um foi o mais forte, e, não concretizado, pois não houve o casamento entre ambos, apesar da grande atração entre eles. Foi com a atriz italiana Pier Angeli que repentinamente noivou com o cantor Vic Damone, que havia conhecido na Alemanha, ao participar de um filme três anos antes. Para Dean foi uma perda de que nunca mais se recuperou. E assim o autor do livro descreve, a passagem da atriz e seu trágico fim: “Pier se casou na igreja católica romana de St. Timothy, em Westwood, a 24 de novembro. O casamento duraria apenas quatro anos. Depois disso, Pier diria que James Dean foi o grande amor de sua vida. Contam que, no dia do casamento, o ator, desesperado, sentou-se na motocicleta, do lado de fora da igreja, observando o que acontecia lá dentro. Talvez isso tenha sido um toque de exagero romântico; de qualquer forma, Dean não estava entre os seiscentos convidados que testemunharam a cerimônia no interior da igreja, a mesma igreja onde, dezessete anos depois, a missa pela morte de Pier, um possível suicídio, seria rezada”. Talvez, não totalmente explicitado, a união entre o ator e a atriz não se realizou por motivos de ordem religiosa, uma vez que ela era católica e ele protestante. Mas não se pode ter certeza disto. O fato é que James Dean faleceu tragicamente antes de ficar esclarecido este ponto. Tudo leva a crer, no entanto, que o sofrimento de ambos James e Pier, foi fatal para suas breves vidas. E assim encerra o autor do livro Ronald Martinetti: “Ao primeiro frio do outono no ar de Indiana, James Byron Dean foi enterrado ao lado de sua mãe, em um pequeno cemitério à margem de um campo de milho, um pedaço de terra sombreado por coníferas, que um dia havia sido um cemitério indígena”. Seus fãs o pranteiam pois tornou-se uma lenda...



Cronista colaborador

Publicado em 04 de janeiro de 2006 – no Diário de Canoas – RS.



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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Conto de Ialmar Pio - Imagem da Internet




O DILEMA




Ialmar Pio Schneider



Aguardava, ansiosamente, que alguma novidade pudesse acontecer. Não tinha certeza de que tudo estivesse perdido. Nesta dúvida se assentava o pensamento de Cândido, abandonado pela mulher, após doze longos anos de convivência, que lhe deixou marcas indeléveis para o resto da vida.

Contanto que houvesse progredido financeiramente, sua ingenuidade o fizera acreditar que era aceito, mas agora sentia que não tinha vencido no amor. De fato, Sayonara o traía com Ernesto, quando ele ia exercer seu cargo de guarda-livros em uma firma de beneficiamento de madeiras.

Nas longas tardes de verão, enquanto ele se esfalfava no escritório, ela se encontrava com o amante às margens do rio dos Sinos, onde outrora, quando ainda não era tão poluído, existia um local que denominavam “a prainha”. Lá permaneciam algum tempo, conversando com certo disfarce e depois saíam no carro de Ernesto rumo da casa de Marlene que alugava quartos para encontros amorosos.

Era um dos rendez-vous da cidade, tido como dos mais sigilosos, então existentes. Chegavam e pediam um quarto por duas horas, o que já era de praxe. A empregada da casa lhes entregava a chave e eles seguiam por um corredor até dar a uma porta, nos fundos, onde havia uma cama de casal, um roupeiro, uma cadeira, uma bacia para higiene pessoal e uma jarra com água. O banheiro, naquela época, ficava no corredor e era coletivo. Não existiam os modernos motéis de hoje em dia. Então, após se desnudarem, deitavam e faziam amor: ele impacientemente e ela fogosa, sem qualquer pejo, uma vez que sentia haver trocado o Cândido por Ernesto há algum tempo.

De repente, Ernesto rompe o silêncio e diz:

- Sayô, meu bem, quando poderemos estar juntos, sem nos preocupar com os outros ? Já estou ficando aborrecido de ter que estar fingindo, disfarçando nosso amor. Que me dizes ?

- Ora, Néstinho, tem paciência... Estou bolando uma maneira de deixar o Cândido, mas me falta, talvez, coragem. Sei que não vai demorar, pois não agüento mais viver assim.

Depois desse dia, Sayonara parece ter avivado em seu espírito o desejo de abandonar o marido que não a fizera feliz. Chegava em casa à tardinha e se parava diante do espelho a pensar: “Estou envelhecendo e presa a este casamento sem graça... Até quando?!” Procurava uma ocasião para dar o fora. Não achava nada fácil fazê-lo.

Entretanto, passado algum tempo apresentou-se-lhe a oportunidade. Cândido tivera que viajar a serviço da empresa para São Paulo, a fim de fazer um curso rápido de contabilidade e adquirir, ao mesmo tempo, algumas máquinas para o escritório.

Sayonara aproveitou. Encheu duas malas e uma sacola de roupas e sapatos e se dirigiu para a rodoviária em Porto Alegre onde tomou um ônibus para Pelotas. Antes disso, porém, combinou com Ernesto que a esperasse na rodoviária daquela cidade. Assim foi feito. À noitinha ela chegou lá na Princesa do Sul e se encontrou com ele que aguardava-a, impacientemente. Não sabia o que poderia acontecer, mas, enfim, estariam agora juntos. Desfrutariam a Praia do Laranjal às margens da Lagoa dos Patos, tão famosa em todo o estado do Rio Grande do Sul, quase como se fosse uma praia de mar.

Finalmente Cândido voltou, após uma semana, e chegando em casa, qual não foi a sua surpresa, quando não encontrou a mulher. Apenas sobre a cama do casal havia um bilhete que dizia o seguinte:

“Cândido, espero que compreendas minha atitude e me desculpes. De uns tempos para cá senti que o nosso casamento foi um fracasso. Não poderia mais continuar tapando o sol com a peneira, pois além de te iludir, eu me iludia a mim mesma. Amo outro e tenho certeza de que também sou amada por ele. Não queiras saber onde eu me encontro. Assim será melhor. Adeus!”

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Poeta e contista

Publicado em 03 de março de 1999 - no Diário de Canoas.

   

sábado, 22 de setembro de 2012

Primavera - 22 de setembro - crônica de Ialmar Pio - Imagem da Internet


Primaveras -


A PRIMAVERA...




IALMAR PIO SCHNEIDER



Dentre as estações do ano, principalmente aqui no sul, onde são mais definidas, é a que traz amenidades, prenunciando o próximo verão de sol ou de chuva, mas também de águas salgadas e areia, aos que se dirigem às praias, tão convidativas nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março. Nesse período, os que têm condições de fazê-lo, vão ao litoral, nem que seja por quinze dias, a fim de refazer-se um pouco da estafa adquirida no dia-a-dia.

Outrossim, representa também a quadra da vida, quando se está na adolescência, tão decantada pelos poetas, tais como Casimiro de Abreu e Pe. Antônio Tomás que nos deixou o soneto inesquecível: “CONTRASTES” - “Quando partimos, no verdor dos anos, / da vida pela estrada florescente, / as esperanças vão conosco à frente / e vão ficando atrás os desenganos. //

Rindo e cantando, céleres e ufanos, / vamos marchando descuidosamente... / Eis que chega a velhice de repente, / desfazendo ilusões, matando enganos. // Então nós enxergamos claramente / como a existência é rápida e falaz, / e vemos que sucede exatamente // o contrário dos tempos de rapaz: / - os desenganos vão conosco à frente, / e as esperanças vão ficando atrás.”

Isto me leva a meditar num passado recente, porque a vida é efêmera, e não faz muito navegava nessa fase, percorrida sem grandes lances aventureiros. Conservo ainda enraizados aqueles devaneios que me assaltavam o pensamento na juventude pacata e laboriosa. Sempre lutando por dias melhores, desde a infância, consegui algum progresso relativo, o que me leva a acreditar no estudo e no trabalho.

E muitas vezes me surpreendo ao deparar com acontecimentos já presenciados outrora, que pareciam sepultados na tumba do tempo, mas que surgem avivados qual uma brasa encoberta pelas cinzas. São as reminiscências que nos fazem, enfim, reviver alguns momentos mais representativos ao longo de nossa caminhada pelo mundo. Aos treze anos de idade, quando praticava datilografia, cujo ensino me era ministrado por uma freira, numa sala da escola em que concluía o curso primário, há mais de quarenta anos, havia um piano no qual algumas meninas aprendiam a tocar. De uma delas recordo bem; as outras me parecem névoas que se dissiparam. Embora minha paixão pela música, meu dever era a datilografia e não o piano. Hoje só me resta dizer: “Parece que foi ontem !” São os desígnios da existência...

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Poeta e cronista

Publicado em 29 de setembro de 1999 - no Diário de Canoas.



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Dia do Gaúcho - 20 de setembro - Desfile Farroupilha - Imagem da Internet





DIA DO GAÚCHO - DESFILE FARROUPILHA - PORTO ALEGRE - RS - 20 de setembro de 2012 - . -




Nobre Desfile Farroupilha

vejo pela televisão,

porque o gaúcho segue a trilha

de cultuar a Tradição !



Eu vou recordando a tropilha

das lendas do nosso rincão,

em que mais cintilante brilha

a estrela da libertação.



Este evento não é bairrismo,

mas, sim, um culto à liberdade,

forte raiz de telurismo...



A conotação da equidade

no movimento de atavismo,

deve culminar na amizade !



IALMAR PIO SCHNEIDER   *** VOTE NO SONETO. AGRDEÇO-LHE. CLIQUE EM   http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=19393      

domingo, 16 de setembro de 2012

Soneto gaúcho - Chimarrão - Imagem: cuia de mate na Internet




SONETO de IALMAR PIO - IMAGEM da INTERNET
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MATE NO GALPÃO
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Ialmar Pio Tressino Schneider
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O mate amargo passa de mão em

mão e a gente se lembra de tropeadas
do destino que leva por estradas
desconhecidas, tristes, sem ninguém.
***


A cuia prateada me entretém,

escutando os causos dos camaradas
que fizeram de suas gauchadas
por terras que se somem pelo além.
***


Ruivo fogo crepita no galpão,

nobre abrigo dos tauras soberanos

que saudosos se ajuntam no rincão
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a fim de recordar passados anos.

E a cuia do gostoso chimarrão

me é tristezas, saudades, desenganos...


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Jornal de Novo Hamburgo
em 17.9.2010
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Escrito por IALMAR PIO às 12h09

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[vanda] [vanda.alves@onda.com.br]

Só um grande poeta para expressar tão bem em versos o sentimento tristeza, que de vez em quando invade profundamente o nosso coração.Parabéns.

17/09/2011 14:20

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VOTE NO SONETO. AGRADEÇO-LHE. CLIQUE EM


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sábado, 15 de setembro de 2012

SEMANA FARROUPILHA - 14 a 20 de setembro - Imagem da Internet

Acampamento Farroupilha no Parque Harmonia


SEMANA FARROUPILHA



IALMAR PIO SCHNEIDER



Foi na madrugada de 20 de setembro de 1835, portanto, há cento e sessenta e três anos passados, que os rebeldes farroupilhas adentraram a cidade de Porto Alegre, quando atravessando a ponte da Azenha, ocuparam os pontos estratégicos, fazendo com que o governo de Fernandes Braga, não resistisse e embarcasse na escuna Rio-grandense, rumo a Rio Grande, deixando a proclamação: “Às armas, cidadãos! Às armas, que a pátria se acha em perigo!”. Depois disto seriam dez anos de lutas para que fosse implantada a República Rio-Grandense, com que sonhavam os paladinos patrícios de antanho.

No livro OS VARÕES ASSINALADOS - O Romance da Guerra dos Farrapos, de Tabajara Ruas, mergulhamos num clima de atavismo que nos envolve quais participantes da grande epopéia farroupilha escrita em prosa, mas como um longo poema, já sugerido pelo próprio título. Lembra-me Camões na primeira estrofe do seu imortal OS LUSÍADAS, “As armas, & os barões assinalados,”. Fico refletindo qual seria a situação da pátria se houvesse persistido a ruptura e concretizada a República Rio-grandense naquela época...

Ao ensejo do transcurso da Semana Farroupilha, quando a maioria dos gaúchos pilchados rememoram os feitos dos nossos ancestrais farrapos, fui buscar no fundo do meu baú um soneto que escrevi pelos idos de 1960, no seguinte teor: FARROUPILHA//Levantou-se o gaúcho sobranceiro/no alto da coxilha verdejante !/Carregava uma carga no semblante/dum tristor que seria o derradeiro...//A glória de lutar e ser galante:/- o sonho que conduz o aventureiro./A honra de ser livre e ser gigante:/- o lema que conduz o pegureiro.//



Jornal de Novo Hamburgo

em 15.9.2010





SEMANA FARROUPILHA II



IALMAR PIO SCHNEIDER



Este lema e este sonho se fundiram/e assim surgiu o nobre farroupilha/que lutou com ousada galhardia//porque a honra e a justiça escapuliram/da canhada e do topo da coxilha,/do pago em que ele viu a luz do dia !...

Felizmente, após tantos embates e peripécias, veio a paz honrosa, urdida pelo insigne patriota Duque de Caxias. Era tempo de recomeçar a construir, pois muitas obras tinham que ser feitas, e algumas haviam sido paralisadas por quase dez anos de guerra. A província contava também com a contribuição valiosa dos imigrantes alemães que se estabeleceram às margens do Rio dos Sinos, notadamente em São Leopoldo. Mais tarde vieram os italianos que subiram a serra e foram fundar núcleos coloniais, sendo o mais importante o da atual Caxias do Sul.

Hoje todos nós, os sul-rio-grandenses, iluminados pelos faróis da liberdade, irmanados pelos mesmos ideais republicanos, durante esta semana, prestamos justa homenagem aos nossos heróicos ancestrais, pois foi deles que herdamos as mais caras tradições do telurismo gaúcho.



Jornal de Novo Hamburgo

em 16.9.2010



Poeta e cronista

Publicado em 16 de setembro de 1998 - no Diário de Canoas.

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em 17.9.2010



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em 16.9.2011


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dia da Independência do Brasil ou Dia da Pátria - 7 de setembro - Imagem da Internet


Independência ou Morte


LIBERDADE

I

Pra nossa felicidade,

nos sorriu a Liberdade,

num dia de gloria infinita,

que Dom Pedro, alegremente,

gritou forte de contente:

- Viva esta terra bendita !

II

O sabiá na palmeira,

e no mato a trepadeira,

a floresta verdejante,

do Ipiranga a correnteza

e brilhante a natureza,

saudaram o nobre infante.

III

Liberdade! Que ventura!

Que celeste formosura,

vós vestistes nesse dia

em que Dom Pedro Primeiro,

com seu grito alvissareiro

vos chamou da letargia.

IV

Nunca mais vos afastastes

desta terra onde chegastes

num dia pra nós imortal;

e agora vos recordamos,

junto co´as flores nos ramos,

por serdes nosso fanal.

V

Adeus, triste escravidão,

murmurou a imensidão,

desde o sul até o norte,

quando Dom Pedro altaneiro

assombrou o mundo inteiro

co´a “Independência ou Morte !”

VI

Nossa terra libertada

sorriu-nos enamorada

da liberdade querida

e nosso viver tristonho,

como acordando de um sonho,

sorriu para nossa vida !





Ialmar Pio Schneider – 7 de setembro de 1959 (o poeta contava 17 anos na época) – Sertão – RS.

Jornal de Novo Hamburgo

em 6.9.2010

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em 7.9.2010



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Em 7.9.2011


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Dia do Barbeiro - 6 de setembro - Imagem da Internet




FRUSTRAÇÃO




Ialmar Pio Schneider



Casos como o que se descreve abaixo acontecem amiúde, tanto nas cidades grandes e médias, quanto nas vilas do interior. É possível que o leitor já tenha convivido com uma estória destas ou ao menos presenciado alguma. Geralmente, para não dizer sempre, as pessoas que encarnam o tipo de personagem focado, agem assim por ter bom coração, diz o povo. Quem sabe mergulhando-se na psicologia humana, encontre-se uma explicação plausível e até aceitável, a fim de conseguir-se penetrar num comportamento ou atitude dessa natureza.

Outrossim, quando existe uma possibilidade alternativa de sair da situação angustiante, pode-se dar graças a Deus e seguir em frente de cabeça erguida. Foi o que houve no relato ficção-realidade aqui desenvolvido, mais ou menos de maneira sucinta.

Nada poderia ter sido pior do que enfrentar aquela situação que se apresentava neste momento em sua vida. Passara todo o tempo, ganhando e esbanjando dinheiro, sem se preocupar com o futuro. Agora, no entanto, sentia o quanto havia errado, mas era tarde para evitar a decadência, ou melhor, a derrocada total de sua micro-empresa. Sempre ouvira dizer que quando a água atinge a cintura, aprende-se a nadar e levara o barco da existência na flauta, despreocupadamente, como se nada estivesse acontecendo. Aprendera a lição a posteriori.

Não adiantou a placa pendurada na parede, em seu armazém de secos e molhados e armarinhos, que rezava: FIADO SÓ AMANHÃ ! Fidêncio Sapopema, proprietário da casa “A BARATEIRA”, nem atentara para os dizeres da frase, como quem não compreendesse o significado da mesma, nem se lembrara do ditado que diz: Fazer o bem, sem saber a quem, seus perigos tem. Dera de comer a tanta gente, vestira outros e hoje estava quebrado. Para competir com os concorrentes tivera que vender fiado, a fim de angariar fregueses. Fora um péssimo negócio. Olhava para as prateleiras quase que vazias e finalmente, caindo na realidade, vivia um drama que lhe causava profundo abatimento. Entretanto, não se deixaria esmorecer perante o fracasso. Tinha fé e esperança. Afinal de contas, a profissão que exercera desde o início de sua juventude e de quanto se vangloriava, poderia salvá-lo. Foram três anos de médio comércio, para não dizer pequeno, que o frustraram sem atingir seu objetivo que era crescer. Também, apesar de tudo, não ficara devendo a ninguém, pois tinha verdadeira fobia de fazer dívidas, e falira, porque comprava a vista e vendia a prazo, ou melhor, a perder de vista, como se diz vulgarmente.

Finalmente, sem se lamentar, guardando a mágoa para si mesmo e a lição tardia na memória, retorna à sua antiga ocupação. Era barbeiro.



Publicado no Diário de Canoas – RS.



Jornal de Novo Hamburgo

em 6.9.2010

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em 6.9.2010





Poeta e contista

http://www.diariodecanoas.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm

EM 13.10.2009

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em 27.05.2010



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em 3.11.2011