sábado, 30 de abril de 2011

DIA NACIONAL DA MULHER - 30 de abril - Poema de IALMAR PIO SCHNEIDER - Aquarela VERÃO de ANGELA PONSI

Aquarela Verão de Ângela Ponsi

















==Após ler a página central da Folha da Tarde:

===“Deus criou a mulher”===

======Ialmar Pio Schneider=====

- 1 -

Se fujo da cidade e do barulho,
me atiro à solidão com certo orgulho.
Os pássaros, o vento, o arvoredo,
escondo no meu âmago o segredo.
Alguém que a gente ama e tanto quer
anjo e demônio, náiade e mulher !
Não há presságios de romper procela.
A canzoada atrás de uma cadela.
A floração na natureza impera,
pois estamos em plena primavera.
Depois virá o estio e pelas praias
monoquínis em vez de minissaias.
Garotas e mulheres mais modernas
mostrando os seios porque é pouco as pernas.
Alguns comentarão a nova moda
lembrando as infantis danças-de-roda,
mas outros julgarão que tudo é válido:
que um seio ao sol transforma-se mais cálido.

- 2 -

O artista que modela sobre a areia
a imagem figurada da sereia,
vendo desnuda a graça e a beleza,
com mais inspiração e mais certeza,
ao ir talhando o busto de sua obra,
terá motivação sutil de sobra.
O menestrel de lira em punho, absorto,
à nau dos versos achará um porto.
As cordas afinadas com carinho,
o peito transformado em passarinho;
e tudo cantará em harmonia
tanto na prosa como na poesia.
Reporto-me ao jornal à minha vista
e sinto inveja que o francês assista
antes de mim tal natureza exposta
que assim no mar também minh’alma gosta
ter aos meus olhos límpido colírio
remédio que faz bem ao meu delírio.
A França está tão longe, Pampellone
talvez fosse calmante à mente insone !

- 3 -

Mas o Brasil é meu, daqui sou filho,
e lá seria pior, seria o exílio
ao homem que labuta nesta terra
distante do desastre atroz da guerra.
Permitam-me dizer neste meu verso:
“Nossa Pátria é a rainha do Universo.”
Não há melhor no mundo, podem crer,
que este gigante enorme a alvorecer.
Sempre surgem correntes literárias
são fases naturais e necessárias
que trazem ao espírito mudança
e a gente sem querer entra na dança
após tanto pensar chega o momento
que nos parece drástico e propício
tendo à frente talvez um precipício
O cérebro não age, está confuso
nos ares um palor tênue e difuso
vai penetrando devagar à ótica
mais nada se distingue, pois caótica
é a hora que me encontro num abismo
se um dia chegaremos ao nudismo:

- 4 -

é tema pra filósofos doutores
e não a taciturnos sofredores.

Agora vou fumar mais um cigarro
enquanto lá no poste um joão-de-barro
fabrica um lar para abrigar seu ninho
todos seguem no mundo o seu caminho
e mesmo que se queira livre a forma
desde que existe gente existe a norma.

Canoas (RS) - 28-10-72















quinta-feira, 28 de abril de 2011

CRÔNICA REPUBLICADA DE IALMAR PIO SCHNEIDER -

Alfred de Musset








Pelicano












O POETA E O PELICANO

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

Estava eu a matutar no que iria escrever nestas horas monótonas de minha vida, quando me deparei com uma poesia da época romântica francesa que traduzimos na adolescência, ao cursarmos o Científico. Lembro-me que o professor de francês no Colégio Nossa Senhora da Conceição de Passo Fundo - RS, era o irmão marista Érico, cujo apelido carinhoso era “Foquinha”, e que ao ler as poesias em voz alta ele se empolgava transmitindo uma emoção ímpar e que todos ouvíamos em silêncio, no original desta língua tão melódica quanto sonora, no meu mero entendimento. O livro em que estudávamos era o Cours de Français, de Augusto R. Rainha e José A. Gonçalves, e nas páginas 35, 36 e 37, constava a minibiografia do autor e a poesia a que me refiro, como segue: “Época Romântica - A Poesia - MUSSET (1810-1957) - 1 - Alfred de Musset nasceu em Paris, onde após excelentes estudos, partiu do Cenáculo e se engajou no romantismo. Entretanto, não tardou a retomar uma independência da qual era cioso (ciumento). Levou, durante algum tempo, uma vida licenciosa que lhe não deixa senão remorso e desencantamento. Tornou-se então um poeta apaixonado. É o período de sua grande poesia.
Este poeta tão grande e tão maravilhoso, é Enfant du siècle (Filho do século), como ele gostava de se chamar a si mesmo, e morreu na idade de quarenta e sete anos.
2 - Suas Obras Líricas estão reunidas em dois volumes: Primeiras Poesias (Contos da Espanha e da Itália); Novas Poesias (as Noites), a melhor parte da obra do poeta. - 3 - Musset é antes de tudo o “poeta do amor”. É seu princípio que “toda a obra literária consiste em abrir seu coração e a penetrar no coração do leitor”. “Ah ! bate de encontro ao teu coração: é lá que está o gênio” - escreveu. É um poeta todo pessoal (original), não gostava de imitar: “Mon verre n’est pas grand, mais je bois dans mon verre.” (Meu copo não é grande, mas eu bebo no meu copo).”
Após este prólogo tão interessante quanto necessário, a meu ver, em tradução minha adaptada, vamos à poesia: “O PELICANO - Qualquer preocupação que sofras em tua vida,/ Oh! deixa dilatar-se, esta santa ferida/ Que os negros serafins têm cavado em teu peito/ Nada nos faz tão grandes como um sofrer perfeito./ Mas, por estar atento, não creias, ó poeta,/ Que no Mundo a tua voz deva ficar quieta !/ Os mais pungentes são os cânticos mais belos,/ E eu conheço imortais que são tristes anelos./ Quando o pelicano, em longa viagem solta,/ Nas brumas da tardinha aos seus caniços volta,/ Famintos filhos seus caminham sobre a praia,/ Vendo-o esbater-se ao longe em cima às plúmbeas águas/ Já crendo em apanhar e repartir a presa/ Eles correm ao pai com gritos de alegrias/ Erguendo os bicos sobre as gargantas frias./ Ele, galgando a passos lentos uma rocha elevada,/ Em sua asa pendente abrigando a ninhada,/ Pescador melancólico, ele olha os céus./ O sangue corre em golfadas em seu peito aberto;/ Em vão dos mares escavou a profundeza:/ O Oceano estava vazio e a praia deserta;/ Por todo alimento ele traz seu coração./ Sombrio e silencioso, estendido sobre a pedra,/ Repartindo aos seus filhos suas entranhas de pai,/ No seu amor sublime embala a sua dor,/ E, olhando escorrer seu peito a sangrar,/ Sobre seu festim de morte ele se prostra e cambaleia,/ Ébrio de volúpia, de ternura e de horror./ Mas às vezes, no meio do divino sacrifício,/ Fatigado de morrer em tão longo suplício,/ Ele acredita que os filhos o deixem vivendo;/ Então soergue-se, abre sua asa ao vento,/ E, ferindo-se o coração com um grito selvagem,/ Solta dentro da noite um tão fúnebre adeus,/ Que os pássaros dos mares desertam a beira-mar,/ E que o viajor demorado na praia,/ Sentindo passar a morte, se recomenda a Deus.” (La Nuit de Mai (1835).
Ao findar este mês de maio em pleno outono, quis prestar uma homenagem in memoriam a este inigualável poeta romântico francês que com seu poema( inserido em Noites de Maio), demonstrou até onde vai o amor paterno e materno, sacrificando sua própria vida para que seus filhotes continuem a viver. É uma lição divina da natureza.
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Poeta e cronista - E-mail: rs080254@via-rs.net
Publicado em 28 de maio de 2003 - no Diário de Canoas.


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EM 15.10.2010

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Crônica republicada de Ialmar Pio Schneider

Tarzã
Robin Hood










SOBRE ‘PHOTOPLASMA’ DE CHARLES KIEFER

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

O texto abaixo foi confeccionado em preleção ministrada pela professora Maria Luíza Bonorino Machado - Mestre em Literatura/UFRGS, na Oficina Literária - O conto gaúcho, em 10 de julho de 2002, no Centro Municipal de Cultura - Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães, à Av. Érico Veríssimo, 307 - P. Alegre, em cima do conto e autor à epígrafe.
Aparecera aquela fotografia em meio aos papéis antigos que ele guardara em seu arquivo. A pessoa que estava retratada nela ostentava um bigode largo. Apesar de ter praticado um crime medonho, aparentava uns traços fidalgos. Recordou-se que ao chegar ao paço, havia um preto de libré no conto de Machado de Assis. Por que ficar tantas tardes vazias a vasculhar esses papéis velhos ? Se não fosse por isto acreditaria que se tratava de uma casa de loucos.
Naquele tempo passavam-se as noites em saraus e bordados até altas horas. Lembrou-se de que o braço esquerdo havia sido destroncado e agora o tinha em uma tipóia. Pensou que fora um pequeno acidente e distante estava ainda o sarcasmo da morte. Por isso, apesar de certo temor, desatou num riso inconsciente. Desejou tomar algo e não o fez, pois teve receio de que havia veneno no leite que se encontrava num litro na cozinha.

A crônica de um conto

Solicitam-me que escreva um conto sobre um dos seguintes temas: Uma Estrada no Bosque ou Um Caçador contemplando uma fogueira. Ambos para minha verve são difíceis, apesar de já haver percorrido, num tempo remoto da minha infância, nas matas de minha terra natal, cujo nome diz tudo - Sertão - algumas trilhas, justamente na condição de caçador de passarinhos. Mas ficar contemplando uma fogueira ? Nunca presenciei tal cena, somente em filmes tenho a impressão... Faz muito tempo, inclusive.
São aquelas estórias de Robin Hood ou Tarzã (quem sabe !) que me atraíam sobremaneira no rústico cinema de aldeia em que nós assistíamos às fitas referidas, nos fins de semana. Apareciam as selvas com rios enormes e cipós gigantescos. Entretanto, em minha memória isso está quase apagado. A vida foi passando repleta de outras agruras que não aquelas de menino aventureiro e solitário. Nem fui um caçador contemplando uma fogueira, apesar de haver percorrido uma estrada no bosque, digamos, preferindo outras modalidades de caça. Apenas andei desfiando alguns versos que constituem a mochila que me acompanha, qual o soneto: “Consolação - ‘Os meus versos não servem mais pra nada; / quero jogá-los fora, pobres versos, / foram meus companheiros de jornada / nos momentos felizes ou adversos ! // Muitos escritos pela madrugada, / tristes soluços na paixão imersos / parecem uma história inacabada / com fragmentos avulsos e dispersos... // Entretanto, por que jogá-los fora ? / se nasceram do fundo de minh’alma / e já não servem pra mais nada, agora ? ! // São versos pobres, versos, enfim, tristes, / mas fazem que eu mantenha a minha calma / e me dizem que tu neles existes...’”
Pode que não seja um conto o que acabo de escrever. Entretanto, esforcei-me para que o fosse - bem sei - é um pedaço desta existência, quiçá de contista frustrado. Ou devo insistir e não abandonar o barco em que navego por águas ainda desconhecidas ? - (desculpem os clichês - foram inevitáveis). Espero não sofrer um naufrágio e ancorar em porto seguro...
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Cronista e poeta
Publicado em 07 de agosto de 2002 - no Diário de Canoas.
http://www.diariodecanoas.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm
EM 04.07.2009
http://ialmar.pio.schneider.zip.net/
EM 04.07.2009
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29.05.2010
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em 14.10.2010

domingo, 24 de abril de 2011

CRÔNICA REPUBLICADA DE IALMAR PIO - DOMINGO DE PÁSCOA - 24.4.011

Jesus Cristo e os apóstolos pescadores








ALGUNS DOS MEUS VERSOS BÍBLICOS

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

Ao ensejo de que está passando o filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, que narra as 12 horas da vida de Jesus, de sua prisão no jardim das Oliveiras ao martírio da crucificação, conforme resenha de jornal, quero transcrever abaixo alguns sonetos e poemeto que compus em idos tempos, a respeito do tema e indo até o Pentecostes, que será no próximo domingo: SONETO DE PÁSCOA// Jesus que ressuscitas neste dia,/ faze que todo o aflito coração,/ ontem triste, renasça na alegria/ e na esperança da Ressurreição...// Fizeste ver àquele que não via,/ com Teu sangue nos deste a Redenção;/ Tua Doutrina sempre ficaria/ nas “palavras que nunca passarão” !// E por que Teu amor foi o mais forte/ que o Mundo teve, permanecerás/ provando que também venceste a morte.// Filho de Deus, ó Cordeiro Pascal,/ aclara-nos e deixa-nos a Paz/ até voltares p’ra o Juízo Final.../ CANOAS (RS) - 22.04.84/ O R A Ç Ã O// Estou sentindo um sopro realmente,/ é a hora em que refrescas minha fronte/ e sou Tua flor erguida em alto monte/ a quem deste um aroma permanente.// O dia em que eu tombar murcha no chão/ recolhe para Ti todo o perfume/ para que eterno queime no teu lume/ incensando Tua plácida mansão.// Não o deixe extraviar-se em treva densa/ mas faze que ele sempre a Ti pertença/ co’a glória de servir-Te, e que somente/ um dia - não sei quando - em Teu louvor/ o odor retornará a mesma flor/ e Tu os guardarás eternamente. P Á S C O A // É Páscoa/ O sol brilhante me despertou/ Jesus ressuscitou/ e uma nova vida começa/ para a alegria do justo/ e contemplação do crente/ a Eternidade vista sem custo/ por um prisma diferente./ Soledade (RS) - 30-3-86// NUM DOMINGO DE PENTECOSTES // Repousa em minha fronte cismadora/ Espírito Paráclito de vida,/ embalsama em meu peito por agora/ a fúria de maléfica ferida.// Faze soar em minha voz sonora,/ a santa candidez que foi perdida/ nas águas desta luta pecadora,/ em que me achei - figura desflorida.// Sim, porque procurando frescas rosas/ naveguei sobre as ondas perigosas/ e fui coberto apenas por espinhos.// Repousa em minha fronte Santo Fogo,/ eu sou um jogador quebrado em jogo,/ eu sou alguém perdido em maus caminhos.// T R A I Ç Ã O// Perder-se num enorme labirinto/ sem achar a saída para a luz,/ percorrendo um caminho que conduz/ mais e mais ao recôndito recinto.// Ter que levar às costas uma cruz,/ e assim na escuridão ver-se faminto;/ não ter água, ter somente o absinto;/ não ter pão, ter somente pedra e pus.// Pensar que teve amigos, teve amigas,/ que lutou e cobriu-se de fadigas/ numa luta que não surtiu efeito;// e ser traído pelas próprias obras./ Tentar fugir em últimas manobras/ e finalmente perecer desfeito...
IMANENTISMO// Estou sozinho sem ninguém que ria/ com o riso cáustico que desconsola.../ Não me apetece a doce coca-cola,/ nem a desconhecida companhia.// O riso que em meus lábios florescia/ em outras bocas atualmente rola,/ eu tenho a vida como a chata escola/ que freqüento sem gosto em cada dia.// Escutei por acaso: “Imanentismo/ é aquilo que se julga ser o mundo/ idéias que pra mim não são reais,/ pois quem segura a quem já cai no abismo/ por ter pensado que não era fundo/ e ver depois que não acaba mais?!...// ERA ATÔMICA// Floresciam meus anseios com demência/ quando senti que as forças me fugiam./ Ninguém me colocou a complacência,/ e os meus anseios doidos floresciam!// Vi homens preocupados com a ciência,/ e eles naturalmente não me viam./ Seria o fim, então, desta existência,/ ou os presságios que me falariam?...// Depois ficou escuro tudo... tudo.../ e mergulhado em trevas, nada vi!/ No entanto, senti em minha face/ os beijos de uma boca de veludo/ que me beijava em doido frenesi,/ qual uma mãe que o filho seu beijasse...

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Poeta e cronista - E-mail: menestrel@brturbo.com
Publicado em 14 de abril de 2002 - no Diário de Canoas.

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EM 23.03.2008

sábado, 23 de abril de 2011

DIA MUNDIAL DO LIVRO E DO DIREITO DO AUTOR - criado pela UNESCO em 1996 - em reverência a Cervantes e Shakespeare que faleceram na mesma data, em 1616






OS LIVROS E O DIA-A-DIA

===IALMAR PIO SCHNEIDER===

Tendo transcorrido na semana passada, o Dia do Livro, ou precisamente, no dia 23, o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, não obstante as festividades que aconteceram, ocorreu-me escrever algo a respeito do livro, este amigo mudo mas sábio que me acompanha desde que me conheço por gente. O pouco que sei nesta vida pacata que levo, além dos mestres que me ensinaram, estão os livros como fonte de conhecimentos onde procurei sempre a aprendizagem e o lazer, apesar da mortificante televisão cuja tentação não tenho resistido.
Todavia, por falar em livro, fatalmente, tenho que me referir ao pai de todos que é o dicionário, como tão bem se refere o Pablo Neruda em seu Oda al diccionário - “Lomo de buey, pesado/ cargador, sistemático/ livro espeso:/ de joven/ te ignoré, me vistió/ la suficiência/ y me creí repleto,/ y orondo como un/ melancólico sapo/ dictaminé: “Recibo/ las palabras/ directamente/ del Sinaí bramante./ Reduciré/ las formas a la alquimia. Soy mago”. / En gran mago callaba./ El Diccioario,/ viejo y pesado, com su chaquetón/ de pellejo gastado,/ se quedó silencioso/ sin mostrar sus probetas./ Pero un dia,/ después de haberlo usado/ y desusado,/ después/ de declararlo/ inútil y anacrônico camello,/ cuando por largos meses, sin protesta,/ me sirvió de sillón/ y de almohada,/ se rebeló y plantándose/ en mi puerta/ creció, movió sus hojas/ y sus nidos,/ movió la elevación de su follaje:/ árbol/ era,/ natural,/ generoso/ manzano, manzanar o manzanero,/ y las palabras/ brillaban en su copa inagotable,/ opacas o sonoras,/ fecundas en la fronda del lenguaje,/ cargadas de verdad y de sonido.// Aparto una sola de sus páginas:/ Caporal / Capuchón/ qué maravilla pronunciar estas sílabas com aire,/ y más abajo Cápsula/ hueca, esperando aceite o ambrocía/ y junto a ellas/ Captura Capucete Capuchina Capratio Captatorio/ palabras/ que se deslizan como suaves uvas/ o que a la luz estallan/ como gérmenes ciegos que esperaron/ en las bodegas del vocabulario/ y viven otra vez y dan la vida:/ una vez más el corazón las quema.// Diccionário, no eres/ tumba, sepulcro, féretro,/ túmulo, mausoleo,/ sino preservación,/ fuego escondido,/ plantación de rubíes,/ perpetuidad viviente/de la esencia,/ granero del idioma.// Y es hermoso recoger en tus filas la palabra de estirpe,/ la severa y olvidada sentencia,/ hija de España, endurecida como reja de arado,/ fija en su límite de anticuada herramienta,/ preservada con su hermosura exacta/ y su dureza de medalla./ O la otra palabra que allí vimos perdida entre renglones/ y que de pronto se hizo sabrosa y lisa en nuestra boca/ como una almendra/ o tierna como un higo.// Diccionario, una mano de tus mil manos, una de tus mil esmeraldas, una sola gota/ de tus vertientes virginales,/ un grano de tus magnánimos graneros/ en el momento justo a mis labios conduce,/ al hilo de mi pluma,/ a mi tintero./ De tu espesa y sonora profundidad de selva,/ dame, cuando lo necesite,/ un solo trino, el lujo de una abeja,/ un fragmento caído de tu antígua madera perfumada/ por una eternidade de jazmineros,/ una sílaba, un temblor, un sonido,/ una semilla: de tierra soy y con palabras canto.”
Também não posso deixar de referir-me ao leitor para o qual compus um soneto: Ao leitor - Quando escrevo me assalta um pensamento/ indeciso de não saber a quem/ possa atingir meu louco sentimento/ e duvidar assim não me faz bem...// Espero apenas que o meu sofrimento/ não vá prejudicar... ferir ninguém.../ Ponho aqui realidade e fingimento/ para a escolha daqueles que me lêem.// Segue junto comigo se te apraz/ conhecer solidão e fantasia,/ às vezes desespero, às vezes paz:/ meus “Sonetos e Cânticos Dispersos”,/ dizendo que no mundo da poesia/ cada qual é o poeta dos seus versos...
Pode parecer estranho que quase sempre me socorro da poesia para escrever o meu texto aqui, buscando divulgar os autores, os mais diversos. É uma maneira de despertar o interesse para a arte poética pois sempre vejo nela uma tábua de salvação à realidade cruel que presenciamos no dia-a-dia. Nunca é demais lembrar: “Um país se faz com homens e livros”. Monteiro Lobato (1882-1948). Então, façamos deles os nossos fiéis e constantes companheiros para enfrentar a vida.
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Poeta e cronista - E-mail rs080254@via-rs.net
Publicado em 30 de abril de 2003 - no Diário de Canoas.














sexta-feira, 22 de abril de 2011

SONETO de IALMAR PIO

Musa na Internet














SONETO de IALMAR PIO===

MUSA===

MSJ - “Soneto da consolação”: o au-
tor entende de soneto. Bom de métrica,
no seu soneto de 10 sílabas poéticas, ou
decassílabo. Será aproveitado. E pros-
siga.
_____________________________________________
Correio do Povo/20.8.83/Letras & Livros

Soneto da consolação
_________________________
Ialmar Pio Schneider
_________________________

Nesta tarde eu queria estar contigo...
No entanto, tudo nos afasta agora.
Desejo teus carinhos e bendigo
O ardor sem par que nos uniu outrora.

Jamais pretendo ser teu inimigo,
vivemos bons momentos, não se chora
nem mesmo que aparente ser castigo
quando um dos dois, enfim, se vai embora.

Se nossos corações entrelaçados
não puderam conter tanta emoção
e ficamos na vida separados,

tenhamos afinal a sensatez
para aceitarmos a consolação
de ainda nos amarmos outra vez.
______________________________________________
Correio do Povo/3.9.83/Letras & Livros
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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dia do Diplomata. - 20 de abril - Crônica republicada de Ialmar Pio Schneider - advogado.

Winston Churchill










DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
- DEVERES DOS ESTADOS -

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

Transcrevemos a matéria abaixo, por considerá-la de alguma importância no âmbito do estudo jurídico, que engloba os países constituídos no mundo civilizado, não obstante reconheçamos nossos reduzidos conhecimentos a respeito de assunto tão discutível e complexo, quanto abrangente. Para início, podemos citar Winston Churchill (1874-1965), em Tributo à Royal Air Force em 20-VIII-1940: “Nunca no campo dos conflitos humanos tantos deveram tanto a tão poucos”. - Cfe. Dicionário Universal de Citações - pg. 266 - de Paulo Rónai - ed. Círculo do Livro.
O presente artigo é fruto de um trabalho sobre Direito Internacional Público - Deveres dos Estados, ministrado pelo insigne professor Dr. José João de Oliveira Freitas, em 28 de outubro de l982, na Faculdade de Direito do Instituto Ritter dos Reis, de Canoas.
Reportando-nos ao art. 1º da “Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados” celebrada na VII Conferência Interamericana (Montevidéu, 1933), vamos ver que: “O Estado, como pessoa do Direito Internacional, deve reunir os seguintes requisitos: 1º - população permanente; 2º - território determinado; 3º - governo; 4º - capacidade de entrar em relações com os demais Estados”.
Quanto aos deveres dos Estados, são eles divididos em:
a) Morais (ou Imperfeitos): São aqueles que, isentos de sanções, são exigidos apenas moralmente, apesar de que seu não cumprimentos venha acarretar o repúdio da opinião pública internacional. Podemos citar alguns, entre os quais o que se nos afigura como principal, dado à sua real importância: o de assistência mútua. Fazendo parte deste dever vamos encontrar várias modalidades, a saber: conceder abrigo a navios estrangeiros em arribada forçada, e/ou prestar socorros a embarcações vítimas de acidentes, tais como naufrágio, incêndio a bordo ou qualquer outro sinistro; (aqui vale dizer também, ao nosso entender, quanto a aeronaves em pane com necessidade de pouso forçado e em caso de incêndio ou qualquer acidente, atendimento imediato às vítimas); impor medidas sanitárias para evitar alastramento de epidemias e doenças, bem como combatê-las da melhor maneira possível; cooperar para a administração da justiça; proibir medidas ou preparativos para agredir outro Estado com que mantenha relações pacíficas; respeitar decisões dos tribunais internacionais a que o Estado recorreu; executar de boa fé os compromissos que livremente assumiu. Quase todos os deveres morais dos Estados que forem respeitados ao serem transformados em livros se incorporam ao deveres jurídicos.

b) Jurídicos (ou Perfeitos): São aqueles que admitem sanções pela ordem jurídica internacional e conhecidas em Direito Internacional Público. O Capítulo III da Carta da OEA trata dos direitos e deveres fundamentais dos Estados, discriminando os seguintes deveres: 1 - Dever de respeitar os direitos dos demais Estados (art. 7); 2 - Dever de cumprir os tratados, que devem ser públicos (art. 14); 3 - Dever de não-intervenção (art. 15); 4 - Dever de não-ocupação (art. 17); 5 - Dever de não utilizar da força, a não ser em legítima defesa (art. 18). Podemos lembrar ainda como dever dos Estados aquele inserido na “Declaração dos Direitos e Deveres dos Estados”, preparada pela comissão de Direito Internacional; 6 - Dever de conduzir as suas relações internacionais com base no Direito Internacional e no princípio de que a soberania estatal se encontra submetida ao Direito Internacional.
O primeiro e o segundo deveres dos Estados (arts. 7 e 14 da Carta da OEA, respectivament4e, acima mencionados) se referem ao respeito à soberania e à independência de um Estado, bem como aos tratados ou convenções que haja celebrado ou a que se tenha associado.
O dever de não-intervenção e os demais supracitados se destinam ao compromisso dos Estados em não intervirem nos negócios internos ou externos dos outros, assim também não empregarem a força a não ser em legítima defesa.
Os Deveres dos Estados constituem os artigos 9º a 21º da Carta da OEA. Toda vez que a ONU pretendeu introduzir algum capítulo que se preocupasse com os Deveres e Direitos dos Estados, o assunto não foi aprovado.
__________________________________
Bacharel em Direito e cronista
Publicado em 12 de dezembro de 2001 - no Diário de Canoas.

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em 18.8.2010
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em 18.8.2010

terça-feira, 19 de abril de 2011

Dia do Exército Brasileiro (Dia 19 de Abril) - Crônica republicada











O MILITARISMO

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

O vocábulo “militarismo” abrange dois sentidos básicos: um, amplo, de caráter social; outro, estrito, de aspecto político. No primeiro sentido encontramos a classe dos militares que representa uma profissão de destaque na sociedade, notadamente o corpo de oficiais e subalternos, convivendo com a população de que fazem parte, advindos, geralmente, das camadas médias e até humildes. Optam pela carreira das armas e progridem pelo seu esforço e aprimoramento, estudo e disciplina, galgando postos na trilha que escolheram.
No segundo sentido, assume as rédeas da política na forma de ditadura militar, uma vez de que dispõe da organização bélica para fazê-lo. Se a guerra, como doutrinava Karl von Clausewitz, é a continuação da política por outros meios, a organização da guerra, extremando-se no militarismo, toma todo o campo da condução do Estado. Em torno de 1800, o ministro von Schrötter definiu a política militar dos Hohenzollern, ao observar que a Prússia não era um país com um exército, mas um exército com um país que lhe servia de quartel e de armazém de abastecimento.
No sistema constitucional, representativo e liberal, a ascendência do militarismo se considera como estado de enfermidade social e política. Em 1909, Rui Barbosa expressava, nestas palavras, a doutrina vigorante: “Entre as instituições militares e o militarismo vai, em substância, o abismo de uma contradição radical. O militarismo, governo da nação pela espada, arruina as instituições militares, subalternidade legal da espada à nação. As instituições militares organizam juridicamente a força. O militarismo a desorganiza. O militarismo está para o Exército, como o fanatismo está para a religião, como o charlatanismo para a ciência, como o industrialismo para a indústria, como o mercantilismo para o comércio, como o cesarismo para a realeza, como o demagogismo para a democracia, como o absolutismo para a ordem, como o egoísmo para o eu”.
Outrossim, o militarismo sob este aspecto é contrário à democracia, tendo em vista que suprime a vontade popular, cuja soberania se expressa pelo voto. Tem sido considerado “um mal crônico da história hispano-americana”.
No Brasil, vivemos longo período, precisamente 21 anos, sob o regime militar. Não se pode negar que houve um acentuado avanço tecnológico durante esse tempo, notadamente na área das comunicações, bem como estradas de rodagem asfaltadas, energia elétrica, indústria automobilística, etc. Espera-se que a Nova República realize as mudanças tão apregoadas em praças públicas, quando das campanhas para as “diretas já”.
As instituições militares são deveras importantes na manutenção da ordem de um Estado como nação independente, tanto na esfera interna quanto na externa, e seu fortalecimento deve ser incrementado no sentido de consolidar a verdadeira democracia para o bem de todos e garantia da Constituição da República. Para que isto aconteça é necessário, todavia, que os políticos vejam no povo seus aliados e não os enganem com promessas vãs e até maquiavélicas a fim de se manterem no poder. De repente, poderá sobrevir uma convulsão social e a população sofrida e ludibriada, preferir a volta ao regime militar, que apesar dos pesares, lhe proporcionava melhores condições de vida.
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Cronista
Publicado em 02 de maio de 2001 - no Diário de Canoas.
















DIA DO ÍNDIO - 19 de abril. Crônica republicada de Ialmar Pio








BRASIL: UM PAÍS VIÁVEL

=====Ialmar Pio Schneider=====


Há certas expressões que se tornam desgastantes e tanto serem usadas. Poder-se-ia até dizer “use mas não abuse”. É o caso que se tem verificado ultimamente quando falam sobre a crise atual e a situação de nosso país, afirmando a toda hora, os economistas, repórteres, políticos, etc. que o Brasil pode ser “a bola da vez”. Tanto repetem e martelam, repisam o assunto, que nós aqui neste vale de lágrimas, sentimos que poderemos estar participando de um jogo de sinuca e somos a bola prestes a cair na caçapa, sem ao menos podermos nos defender. Às vezes dizem que estamos numa sinuca de bico. Que sabem disto, por exemplo, as donas de casa que lutam com dificuldades para ficar dentro do orçamento familiar ?
No meu entender, s.m.j., literariamente, tenho as impressão que se trata de uma metáfora, uma comparação, mas que só entende quem conhece o jogo a que se referem os doutos comentaristas e os que o praticam, os aficionados. Como tudo nesta vida é passageiro, espero que mais alguns dias e tudo volte ao normal para o bem dos simples mortais esperançosos de dias melhores. Com mais estudo e trabalho organizado, creio que poderemos atingir o desenvolvimento de que tanto necessitamos.
Afinal de contas, o Brasil é um país de extensão continental, terras férteis, clima invejável, sem os furacões que assolam outras terras; ou terremotos traiçoeiros e vulcões. É preciso direcionar os recursos disponíveis para a produção e, primordialmente, melhor produtividade agrícola e pecuária, ou seja, rural. Também a indústria terá que ser incentivada para consumo interno. O resultado dessas atividades, no entanto, deverá ser destinado, sobretudo, para exportação, uma vez que é necessário nos afirmarmos no concerto das nações como exportadores. Só assim evitaremos as dificuldades financeiras que pesam sobre os países subdesenvolvidos, porque estamos em pleno desenvolvimento em todos os setores da economia, quer na agricultura, hoje acentuadamente mecanizada, quer na pecuária que se aprimora com a criação de novas raças de gado de corte e leiteiro, bem como relativo incremento na formação de pastagens artificiais. A indústria se amplia com o emprego de máquinas modernas que possibilitam a produção de manufaturados em grande escala, inclusive para exportação.
Quanto aos meios de comunicação, tivemos um avanço espetacular nos últimos trinta anos. Contamos com os mais modernos sistemas de telecomunicações que nos permitem o contato direto com o mundo inteiro em qualquer hora.
Eis um modesto esboço, sem a mínima pretensão de esgotar o assunto, que nos leva a admitir o Brasil como um país viável.

http://ial123.blog.terra.com.br/?m=200711&page=2
EM 12.11.2007
http://ialmarpioschneider.blogspot.com/
EM 16.06.2010

Crônica republicada - Nascimento de Getúlio Vargas em 19.4.1882

Getúlio Vargas










À MEMÓRIA DE GETÚLIO VARGAS – O PAI DOS POBRES

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

No ano em que transcorre o cinqüentenário do passamento do nosso mais celebrado e importante Presidente da República, Dr. Getúlio Dornelles Vargas, tive a oportunidade de assistir a uma palestra proferida pelo insigne escritor Alcy Cheuiche, no Salão Mourisco, da Biblioteca Pública, às 17 h. do dia 12 de agosto p.p. Há tempos li o livro O Mestiço de São Borja, do citado autor, agora relançado, que traz um relato literário do grande estadista de nossa pátria. Devo dizer que tenho que tirar o chapéu para a riqueza de detalhes e fatos com que o palestrante discorreu sobre o assunto. Literatos do porte do Alcy constituem o acervo vivo da história riograndense. E como se trata de um inspirado poeta, também escreveu o poema, transcrito na capa do livro, como segue: “A Paz seja conosco – Que a paz seja conosco/ a cada dia a cada hora/ Misturando-se à lágrima/ que chora/ o sorriso da certeza/ deste amor.// Que nossos sonhos/ de igualdade e de justiça/ encham nossas mãos/ como sementes/ a ser lançadas à terra/ e aos corações.// Que nossa vida/ sirva como exemplo/ aos que não tem fé/ na humanidade/ Fazendo inclinar-se/ ante à bondade/ a ganância infernal/ pelo dinheiro// Que seja eu/ um amigo um companheiro/ Quando doer teu frágil coração/ E sejas tu/ a luz que me ilumine/ e me faça mais homem/ mais poeta/ sem pensar/ em ganhar retribuição// Que a vida se apague/ ao mesmo tempo/ para nós dois/ quando chegar a hora/ E que a paz seja conosco/ novamente/ onde estivermos/ sempre juntos/ como agora”. Recordo-me, ainda que, tenuamente, daquele fatídico dia 24 de agosto de 1954, quando cursava o 5º ano do primário, e a professora que era uma irmã nos dispensou, dizendo que fôssemos para casa, pois acabava de falecer o Presidente da República e que nossos pais iriam nos esclarecer a respeito. Tinha eu meus 11 anos, faltando, precisamente, dois dias pra completar 12. Ela não quis nos dar mais detalhes... Meu pai que havia sido cabo do exército em Santana do Livramento, na década dos anos 20, e tinha acompanhado a trajetória política e revolucionária de Getúlio Vargas, disse-me que preferia que ele não voltasse ao poder em 1950, pois já cumprira sua missão nos 15 anos em que comandou e teve as rédeas da Nação. Deveria ter permanecido em sua fazenda, usufruindo merecida aposentadoria e dedicando-se às lides agropecuárias que tanto apreciava. De fato, em seu primeiro governo, havia posto ordem na casa. Mas, enfim, a tragédia acontecera e era de todo lamentável a situação. Segue como foi divulgada a notícia, conforme a coleção Nosso Século – Brasil, l945/1960, Vol. 7, pg. 9: ano 1954 - * “24 de agosto: Getúlio Vargas recebe um ultimato das Forças Armadas. Às 8 horas da manhã o velho presidente suicida-se com um tiro no coração. Os dias subseqüentes são marcados por violentas manifestações populares. Café Filho assume a presidência da República e afirma que manterá o calendário eleitoral previsto na Constituição.” No ensejo da passagem desta trágica história, quero prestar esta simples homenagem ao verdadeiro redentor do povo trabalhador brasileiro, que implantou as leis trabalhistas da CLT, para fazer justiça e aliviar o peso ao hipossuficiente proletário. Finalizo com o slogan: “Getúlio Vargas do Brasil – da Vida para a História”. Respeitemos sua memória para sempre ! Cronista e poeta – E-mail: menestrel@brturbo.com Publicado em 1º de setembro de 2004 – no Diário de Canoas. http://ial123.blog.terra.com.br/ http://ialmarpioschneider.blogspot.com/ EM 24.8.2010 http://www.jornalnh.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm EM 24.8.2010

segunda-feira, 18 de abril de 2011

DIA DO LIVRO INFANTIL 18.4 E SEMANA DO LIVRO -










OS LIVROS E O DIA-A-DIA


=====Ialmar Pio Schneider=====


Tendo transcorrido na semana passada, o Dia do Livro, ou precisamente, no dia 23, o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, não obstante as festividades que aconteceram, ocorreu-me escrever algo a respeito do livro, este amigo mudo mas sábio que me acompanha desde que me conheço por gente. O pouco que sei nesta vida pacata que levo, além dos mestres que me ensinaram, estão os livros como fonte de conhecimentos onde procurei sempre a aprendizagem e o lazer, apesar da mortificante televisão cuja tentação não tenho resistido. Todavia, por falar em livro, fatalmente, tenho que me referir ao pai de todos que é o dicionário, como tão bem se refere o Pablo Neruda em seu Oda al diccionário - “Lomo de buey, pesado/ cargador, sistemático/ livro espeso:/ de joven/ te ignoré, me vistió/ la suficiência/ y me creí repleto,/ y orondo como un/ melancólico sapo/ dictaminé: “Recibo/ las palabras/ directamente/ del Sinaí bramante./ Reduciré/ las formas a la alquimia. Soy mago”. / En gran mago callaba./ El Diccioario,/ viejo y pesado, com su chaquetón/ de pellejo gastado,/ se quedó silencioso/ sin mostrar sus probetas./ Pero un dia,/ después de haberlo usado/ y desusado,/ después/ de declararlo/ inútil y anacrônico camello,/ cuando por largos meses, sin protesta,/ me sirvió de sillón/ y de almohada,/ se rebeló y plantándose/ en mi puerta/ creció, movió sus hojas/ y sus nidos,/ movió la elevación de su follaje:/ árbol/ era,/ natural,/ generoso/ manzano, manzanar o manzanero,/ y las palabras/ brillaban en su copa inagotable,/ opacas o sonoras,/ fecundas en la fronda del lenguaje,/ cargadas de verdad y de sonido.// Aparto una sola de sus páginas:/ Caporal / Capuchón/ qué maravilla pronunciar estas sílabas com aire,/ y más abajo Cápsula/ hueca, esperando aceite o ambrocía/ y junto a ellas/ Captura Capucete Capuchina Capratio Captatorio/ palabras/ que se deslizan como suaves uvas/ o que a la luz estallan/ como gérmenes ciegos que esperaron/ en las bodegas del vocabulario/ y viven otra vez y dan la vida:/ una vez más el corazón las quema.// Diccionário, no eres/ tumba, sepulcro, féretro,/ túmulo, mausoleo,/ sino preservación,/ fuego escondido,/ plantación de rubíes,/ perpetuidad viviente/de la esencia,/ granero del idioma.// Y es hermoso recoger en tus filas la palabra de estirpe,/ la severa y olvidada sentencia,/ hija de España, endurecida como reja de arado,/ fija en su límite de anticuada herramienta,/ preservada con su hermosura exacta/ y su dureza de medalla./ O la otra palabra que allí vimos perdida entre renglones/ y que de pronto se hizo sabrosa y lisa en nuestra boca/ como una almendra/ o tierna como un higo.// Diccionario, una mano de tus mil manos, una de tus mil esmeraldas, una sola gota/ de tus vertientes virginales,/ un grano de tus magnánimos graneros/ en el momento justo a mis labios conduce,/ al hilo de mi pluma,/ a mi tintero./ De tu espesa y sonora profundidad de selva,/ dame, cuando lo necesite,/ un solo trino, el lujo de una abeja,/ un fragmento caído de tu antígua madera perfumada/ por una eternidade de jazmineros,/ una sílaba, un temblor, un sonido,/ una semilla: de tierra soy y con palabras canto.” Também não posso deixar de referir-me ao leitor para o qual compus um soneto: Ao leitor - Quando escrevo me assalta um pensamento/ indeciso de não saber a quem/ possa atingir meu louco sentimento/ e duvidar assim não me faz bem...// Espero apenas que o meu sofrimento/ não vá prejudicar... ferir ninguém.../ Ponho aqui realidade e fingimento/ para a escolha daqueles que me lêem.// Segue junto comigo se te apraz/ conhecer solidão e fantasia,/ às vezes desespero, às vezes paz:/ meus “Sonetos e Cânticos Dispersos”,/ dizendo que no mundo da poesia/ cada qual é o poeta dos seus versos... Pode parecer estranho que quase sempre me socorro da poesia para escrever o meu texto aqui, buscando divulgar os autores, os mais diversos. É uma maneira de despertar o interesse para a arte poética pois sempre vejo nela uma tábua de salvação à realidade cruel que presenciamos no dia-a-dia. Nunca é demais lembrar: “Um país se faz com homens e livros”. Monteiro Lobato (1882-1948). Então, façamos deles os nossos fiéis e constantes companheiros para enfrentar a vida. ______________________________________________ Poeta e cronista - E-mail rs080254@via-rs.net Publicado em 30 de abril de 2003 - no Diário de Canoas.

sábado, 16 de abril de 2011

CRÔNICA DE IALMAR PIO - IMAGEM DA INTERNET




















O OUTONO


=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====


Quando surge o outono e as folhas começam a cair, meu pensamento se volta aos tempos em que, de pés descalços, na minha infância, caminhava sob os bosques a despojar-se de sua verdura, cumprindo os ditames da natureza. É também a época da colheita de muitas frutas silvestres e isto compensa certa tristeza que desperta a paisagem. Não é por nada que os grandes autores se ocuparam com esta estação do ano que parece ir definhando rumo ao inverno que se aproxima. Ainda há pouco estive lendo um poema, em francês, do grande vate romântico Alphonse De Lamartine, “L’AUTOMNE”, que diz, no início: “Salve, bosques coroados de um resto de verdura !” E ele descreve os últimos dias sombrios que representam, por assim dizer, o luto da natureza. Por outro lado, chega ao ponto em que no auge de sua melancolia, expressa seu desespero e fala assim: “Talvez o futuro me guarde ainda / um retorno à felicidade cuja esperança é perdida ! / Talvez, na multidão, uma alma que eu desconheço / compreenderá minh’alma e me terá correspondido !...” Desta maneira, o outono representa também a chegada da idade madura e princípio da velhice, pois é o tempo da colheita do que se plantou ao longo da existência. E aí o poeta canta sua desilusão de amor, já que na escola do romantismo, a tristeza que acometia os autores de poesia, considerada “o mal do século”, se fazia sentir em todas as produções literárias. Não foram poucos os que naufragaram nos mares da loucura ou se fizeram vítimas de sua mórbida imaginação de incompreensão e nostalgia; muitos ceifados em plena mocidade pela tuberculose, doença para a qual não havia cura. Hoje em dia, a ciência avançou, vieram as grandes descobertas no ramo da medicina, o tema também tomou outro rumo e os cultores da arte poética, cada vez mais, foram atingindo idades avançadas. Só para citar cinco dos grandes poetas do modernismo, ou seja, o nosso Mário Quintana, o pernambucano Manoel Bandeira, o mineiro Carlos Drummond de Andrade e os paulistas Guilherme de Almeida e Menotti del Picchia, chegando próximo aos noventa anos de idade. Não poderia deixar de lado outros tantos que por motivos óbvios ora não nomeio, escusa-me desculpar-me. Em outra oportunidade, quiçá, me penitencie desta falta. Entretanto, quando chega o outono e vemos as folhas caindo, sentimos que é o ciclo da natureza que vai cumprindo seus desígnios e nós somos tomados de mais uma contemplação da seara a ser colhida. __________________________ Poeta e cronista Publicado em 11 de abril de 2000 - no Diário de Canoas. http://ial123.blog.terra.com.br/ em 05.05.2010


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Crônica de Ialmar Pio - Imagem da Internet - Outono



Crônica de Ialmar Pio - Imagem da Internet





O OUTONO

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

     Quando surge o outono e as folhas começam a cair, meu pensamento se volta aos tempos em que, de pés descalços, na minha infância, caminhava sob os bosques a despojar-se de sua verdura, cumprindo os ditames da natureza. É também a época da colheita de muitas frutas silvestres e isto compensa certa tristeza que desperta a paisagem. Não é por nada que os grandes autores se ocuparam com esta estação do ano que parece ir definhando rumo ao inverno que se aproxima. Ainda há pouco estive lendo um poema, em francês, do grande vate romântico Alphonse De Lamartine, “L’AUTOMNE”, que diz, no início: “Salve, bosques coroados de um resto de verdura !” E ele descreve os últimos dias sombrios que representam, por assim dizer, o luto da natureza. Por outro lado, chega ao ponto em que no auge de sua melancolia, expressa seu desespero e fala assim: “Talvez o futuro me guarde ainda / um retorno à felicidade cuja esperança é perdida ! / Talvez, na multidão, uma alma que eu desconheço / compreenderá minh’alma e me terá correspondido !...” Desta maneira, o outono representa também a chegada da idade madura e princípio da velhice, pois é o tempo da colheita do que se plantou ao longo da existência. E aí o poeta canta sua desilusão de amor, já que na escola do romantismo, a tristeza que acometia os autores de poesia, considerada “o mal do século”, se fazia sentir em todas as produções literárias. Não foram poucos os que naufragaram nos mares da loucura ou se fizeram vítimas de sua mórbida imaginação de incompreensão e nostalgia; muitos ceifados em plena mocidade pela tuberculose, doença para a qual não havia cura. Hoje em dia, a ciência avançou, vieram as grandes descobertas no ramo da medicina, o tema também tomou outro rumo e os cultores da arte poética, cada vez mais, foram atingindo idades avançadas. Só para citar cinco dos grandes poetas do modernismo, ou seja, o nosso Mário Quintana, o pernambucano Manoel Bandeira, o mineiro Carlos Drummond de Andrade e os paulistas Guilherme de Almeida e Menotti del Picchia, chegando próximo aos noventa anos de idade. Não poderia deixar de lado outros tantos que por motivos óbvios ora não nomeio, escusa-me desculpar-me. Em outra oportunidade, quiçá, me penitencie desta falta. Entretanto, quando chega o outono e vemos as folhas caindo, sentimos que é o ciclo da natureza que vai cumprindo seus desígnios e nós somos tomados de mais uma contemplação da seara a ser colhida. __________________________ Poeta e cronista Publicado em 11 de abril de 2000 - no Diário de Canoas. http://ial123.blog.terra.com.br/ em 05.05.2010












quinta-feira, 14 de abril de 2011

Crônica republicada de Ialmar Pio - Imagem de Anita Garibaldi na Internet



A CASA DAS SETE MULHERES E OS VARÕES ASSINALADOS

 =====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

     Por ter assistindo à minissérie A Casa das Sete Mulheres, na televisão, e após lido o livro da jovem autora Letícia Wierzchowski, o que fiz oportunamente, ocorreu-me reler os Varões Assinalados - O Romance da Guerra dos Farrapos - L&PM Editores Ltda. - Porto Alegre - RS, edição de 1985, de Tabajara Ruas, um dos mais prestigiado escritor gaúcho da atualidade, onde encontrei passagens pertinentes ao assunto tais como: “Garibaldi chegou à casa das sete mulheres um dia antes da primavera e na hora exata do crepúsculo, com a carta de apresentação do General Bento Gonçalves, lida por Dona Ana junto ao lume imóvel de um candeeiro. Depois de ler em meditativo sussurro - ante o silêncio atento das outras - a recomendação do General para receberem o estrangeiro com fidalguia por tratar-se de um bravo defensor da causa, Dona Ana examinou-o com frios olhos autoritários por cima do aro de ouro dos óculos. No jantar dessa noite foi servido vinho. Depois dos demorados meses do inverno um homem ocupou a cabeceira da mesa. Era o homem mais belo que elas jamais tinham visto e todas o temeram, embora de maneira diferente. Ele narrou as novidades da guerra, os feitos heróicos dos republicanos, os malvados que eram os imperiais e, já na sobremesa (as velas pingando grossas lágrimas de cera) falou ao silêncio maravilhado das sete mulheres da saudade que sentia da bela Itália, da bondade do Sumo Pontífice, dos canais de Veneza, dos segredos de Verona e da capela barroca onde Romeu Montecchio e Julieta Capuleto juraram amor eterno”. - (pg. 241). Mais adiante, encontra-se a seguinte passagem: “Na viagem de volta a Piratini, Garibaldi tornou à casa das sete mulheres. Foi recebido com cerimônia mas com mais descontração. Talvez, nessa noite, tenha bebido um cálice de vinho além do prudente porque cantou canções do mar de Nizza e recordou, estremecendo, que não apertava uma mulher branca em seus braços há demasiado tempo; os olhos azuis como os dos arcanjos do oratório incendiaram-se de paixão quando sua mão queimada de sol roçou sobre o linho branco da toalha a suave mão pálida de Manuela. Manuela tinha quinze anos. Manuela enrubesceu. E Manuela foi tomada de amor. Os olhos doces, do negror do veludo, turvaram-se. Manuela deixou a mesa num passo já adulto, já sem a pressa da adolescência, com a vida já mudada e já com a intuição da espera, da impossibilidade, da violência. Ficou no quarto a ouvir a voz do estrangeiro narrar sua estada na corte de Hussein, o Cruel, bei de Tunes e de travessias de desertos em lombos de dromedários e de Mazzini, um homem admirável que lutava pela libertação de todos os outros homens. E ouviu o silêncio das irmãs e das tias. (E das grossas lágrimas de cera das velas.)” - (pg. 243). Foi aí, com certeza, que nasceu o grande amor de Manoela (sobrinha de Bento Gonçalves e prometida a seu filho Joaquim, como esposa), como assim narra Tabajara Ruas: “Manuela desmaiou. Nos dias que se seguiram sua saúde definhou a ponto de inquietar a mãe e as tias. Pensaram que talvez fosse a umidade da região nessa época do ano, mas Dona Ana sabia que a pequena Manuela, frágil e calada, tornara-se mulher. O italiano gentil e falador, de cabelos leoninos e olhos azuis, que cantava canções desse país distante e místico, era a causa. Suspirou aliviada quando soube que Bento Gonçalves vinha passar uns dias na fazenda, para dirigir os trabalhos do aparte de gado e tratar da venda de uma ponta para portugueses da capital. Bento Gonçalves ouviu calado as novidades. - Ela está disposta a casar com o italiano - confirmou Dona Ana. - E ele? - Está entusiasmado. Passam horas conversando na varanda. Bento Gonçalves ficou olhando a planura. - Vou falar com ele. Bento Gonçalves compreendia a situação: Garibaldi era um homem jovem, ao redor de trinta anos, longe de casa e da família. Era natural enamorar-se de uma jovem como Manuela. Além do mais, ela correspondia aos seus sentimentos. Mas, eram descendentes dos Meirelles, fundadores do Continente. Gente de tradição. E ele - para o bem ou para o mal - era o mais alto mandatário de Província. Era - querendo ou não - o Presidente de uma República. E Garibaldi, um aventureiro sem eira nem beira. Um vagabundo dos mares e dos portos. Um corsário. Era valente e tinha lá seus ideais, mas no fundo era um extremista, um homem perigoso, que a lo largo lhe causaria problemas, como Rossetti já estava causando com seus artigos inflamados no jornal. Fez longos passeios a cavalo com Garibaldi. Num deles, com polidez, pediu-lhe que deixasse de fazer a corte a Manuela. O corsário ergueu os dois olhos azuis com energia. - Posso perguntar porque, senhor Presidente ? - Não é segredo nenhum, amigo Garibaldi. Eu le garanto que o senhor tem a minha maior simpatia. Mas Manuela já está muito prometida para meu filho Joaquim e a família espera com ansiedade essa união. Esperamos que o senhor, como homem de honra e de princípios, sabendo que Joaquim, por seus deveres de soldado, não pode estar junto à sua noiva, saberá afastar-se. Garibaldi assentiu com a cabeça, sombriamente. Bento Gonçalves colocou a mão no seu ombro. - Ademais, meu amigo, tenho plano para vosmecê. Brevemente vou tirá-lo deste fim de mundo.” (pg. 248). Desta forma foi resolvido o romance que li no opúsculo Garibaldi & Manoela: uma história de amor (Amor de Perdição), L&PM Pocket, de Josué Guimarães, no meu entender o segundo maior escritor gaúcho, vindo logo após Érico Veríssimo. Mas Garibaldi encontraria seu verdadeiro e real amor em Ana Maria de Jesus Ribeiro, a Anita, apesar de ela estar casada há um pouco mais de um ano com o sapateiro Manuel Duarte. E ambos são considerados o herói e a heroína de Dois Mundos. _________________________________ Poeta e cronista eventual http://www.diariodecanoas.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm EM 20.11.09 Publicado em 19 de março de 2003 - no Diário de Canoas. http://ial123.blog.terra.com.br/ em 24.07.2010











Conto republicado de Ialmar Pio - Imagem da Internet





FRUSTRAÇÃO

 =====Ialmar Pio Schneider=====

     Casos como o que se descreve abaixo acontecem amiúde, tanto nas cidades grandes e médias, quanto nas vilas do interior. É possível que o leitor já tenha convivido com uma estória destas ou ao menos presenciado alguma. Geralmente, para não dizer sempre, as pessoas que encarnam o tipo de personagem focado, agem assim por ter bom coração, diz o povo. Quem sabe mergulhando-se na psicologia humana, encontre-se uma explicação plausível e até aceitável, a fim de conseguir-se penetrar num comportamento ou atitude dessa natureza. Outrossim, quando existe uma possibilidade alternativa de sair da situação angustiante, pode-se dar graças a Deus e seguir em frente de cabeça erguida. Foi o que houve no relato ficção-realidade aqui desenvolvido, mais ou menos de maneira sucinta. Nada poderia ter sido pior do que enfrentar aquela situação que se apresentava neste momento em sua vida. Passara todo o tempo, ganhando e esbanjando dinheiro, sem se preocupar com o futuro. Agora, no entanto, sentia o quanto havia errado, mas era tarde para evitar a decadência, ou melhor, a derrocada total de sua micro-empresa. Sempre ouvira dizer que quando a água atinge a cintura, aprende-se a nadar e levara o barco da existência na flauta, despreocupadamente, como se nada estivesse acontecendo. Aprendera a lição a posteriori. Não adiantou a placa pendurada na parede, em seu armazém de secos e molhados e armarinhos, que rezava: FIADO SÓ AMANHÃ ! Fidêncio Sapopema, proprietário da casa “A BARATEIRA”, nem atentara para os dizeres da frase, como quem não compreendesse o significado da mesma, nem se lembrara do ditado que diz: Fazer o bem, sem saber a quem, seus perigos tem. Dera de comer a tanta gente, vestira outros e hoje estava quebrado. Para competir com os concorrentes tivera que vender fiado, a fim de angariar fregueses. Fora um péssimo negócio. Olhava para as prateleiras quase que vazias e finalmente, caindo na realidade, vivia um drama que lhe causava profundo abatimento. Entretanto, não se deixaria esmorecer perante o fracasso. Tinha fé e esperança. Afinal de contas, a profissão que exercera desde o início de sua juventude e de quanto se vangloriava, poderia salvá-lo. Foram três anos de médio comércio, para não dizer pequeno, que o frustraram sem atingir seu objetivo que era crescer. Também, apesar de tudo, não ficara devendo a ninguém, pois tinha verdadeira fobia de fazer dívidas, e falira, porque comprava a vista e vendia a prazo, ou melhor, a perder de vista, como se diz vulgarmente. Finalmente, sem se lamentar, guardando a mágoa para si mesmo e a lição tardia na memória, retorna à sua antiga ocupação. Era barbeiro. _________________________ Poeta e contista http://www.diariodecanoas.com.br/site/interativo/minhas_cronicas,canal-5,ed-90,ct-452.htm EM 13.10.2009












quarta-feira, 13 de abril de 2011

Crônica republicada de Ialmar Pio - Imagem da Internet

Ronsard_Soneto_Helena
















TOLICE OU DÚVIDA ?!

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

     A 17 de julho próximo vindouro, vai completar três anos que publiquei aqui neste espaço, o meu primeiro texto em prosa, e que contava o reinício da atividade literária de Otávio, personagem fictício, pretendendo “reorganizar suas memórias, reunindo seus antigos rascunhos e recolhendo o que sobrou da voracidade do tempo”. Hoje vem à tona a historieta fictícia de outros personagens criados pela imaginação do autor e que fazem parte do seu acervo. Não me abstenho de afirmar que, embora o chavão ou lugar-comum sempre empregado e tão desgastado, trata-se de um conto-crônica cuja semelhança com pessoas, nomes ou fatos da vida real não passa de mera coincidência. A intenção é colocar ao leitor a fantasia do protagonista, em comparação à psicologia e à literatura que mais tarde lhe invadiu a mente e sentiu-se tolo ou céptico, quanto ao que pudera acontecer. E como tudo isso faz parte da vida, aí está o que houve e que agora o deixa embasbacado. Terá que amargar esse episódio para sempre ou apagá-lo da cachola qual um passe de mágica ? O tempo encarregar-se-á disso, pois tudo é passageiro nesta existência terrena, qual o verso de Guilherme de Almeida: “Tudo muda, tudo passa, / neste mundo de ilusão; / vai para o céu a fumaça, / fica na terra o carvão”. Jamais se perdoaria do sonho não realizado como se tivesse culpa de sua pretensa frustração. Tivera, por assim dizer, a faca e o queijo nas mãos e não soubera aproveitar. Hoje acusa o destino, pois na época, talvez, não soubesse da existência do livre-arbítrio e deixara fugir a oportunidade de tê-la em seus braços. Sabe, também, que as ocasiões perdidas não voltam mais. Os anos passaram, irremediavelmente, e ele nunca mais ouvira falar dela. Desaparecera de sua vida sem que notasse e agora tinha nostalgia. Quantas vezes conversaram sobre banalidades, sem maiores conseqüências ! Matilde, assim se chamava, era loira e bem fornida, beirando os trinta anos; expandindo a sedução da carne. Certo dia lhe dissera: - Germano, gostas de poesias, não é ? Eu tenho um livro para te emprestar. Aceitas ? - Claro que sim. Minhas paixões são as poesias e a música clássica. Passo horas e horas lendo poemas na solidão do meu quarto. Então ela lhe entregou O RUBAYAT de Omar Khayyam, tradução de Manuel Bandeira (de Franz Toussaint), que ele pegou, agradecendo, e guardou no bolso. Só mais tarde se deu conta que foi a primeira cantada que Matilde lhe fizera. Passados alguns dias, seriam dez horas da noite, Germano, sentado à escrivaninha em seus aposentos, lia versos e escutava música. De repente, ouve batidas à porta. Vai atender. Abre-a. Era Matilde. Segurava entre as mãos uma caixola, ou seja, um estojo. Ela lhe falou, então: - Trago-te uns discos de música clássica, pois sei que gostas deste gênero. É uma coleção de doze LPs de Música Clássica Ligeira. Tenho certeza que vais apreciar - e como Germano não a convidasse a entrar e se demorasse com a porta aberta, acrescentou: - Bom... tenho que ir. Não fica bem ficar aqui à porta de um rapaz solteiro. Tchau ! - e saiu, aparentando estar furiosa... - Tchau, muito obrigado - respondeu Germano e fechou a porta. Só agora sabe que foi a segunda e última cantada que Matilde lhe fizera. Lembra-se, também, do final do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto, quando o personagem principal recusa-se a entrar na casa de Leda que o convidava a fazê-lo, insistindo várias vezes, mas que não aceitou. Aqui acontecera o inverso, pois fora ele que não a convidara a entrar em seu apartamento. Contudo, se repetira a mesma palavra que Loberant, no romance, dissera: - Tolo ! Talvez fora melhor assim do que arrepender-se mais tarde. Um lance desses pode acontecer na vida de qualquer um, ainda mais quando se é jovem e tímido e a pessoa que se nos insinua é comprometida como Matilde o era. Muitas vezes não é fácil decidir, apesar de as evidências se apresentarem juntamente com as dúvidas inerentes ao ser humano. __________________________ Poeta e contista Publicado em 11 de julho de 2001 - no Diário de Canoas.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Crônica republicada de Ialmar Pio - Imagem da Internet

Vianna Moog













DUAS REALIDADES E UM CAMINHO

=====Ialmar Pio Schneider=====

Cerca de duas décadas atrás, li com grande interesse o livro Bandeirantes e Pioneiros, de Vianna Moog, que considero um clássico sobre os princípios da formação brasileira e da norte-americana. O autor traça um paralelo entre as duas nações, demonstrando que enquanto nós fomos povoados por degredados e aventureiros a serviço da Coroa Portuguesa e a si próprios, cujo enriquecimento visavam, lá no hemisfério norte, o país ianque era colonizado por pioneiros que se fixavam à terra com ânimo definitivo, onde firmavam domicílio e construíram uma nova pátria. E assim foi durante alguns anos; basta notar que logo instituíram uma república, enquanto aqui continuava colônia e, posteriormente, transformando-se em império, só atingindo o regime republicano em fins de 1889, o que resultou em tremendo atraso. Houve também o fato muito explicitado pelo autor, de termos adotado uma formação quase exclusivamente acadêmica e os Estados Unidos terem preferido o caminho científico da tecnologia. Consta ainda que enquanto as casas daqui possuíam uma biblioteca, tratando de assuntos de Literatura, os colonizadores norte-americanos se voltavam para a indústria, tendo em cada moradia uma oficina destinada a pesquisas e invenções, não excluindo a parte literária, o estudo da Bíblia, a aceitação do Calvinismo que muito contribuiu na conceituação da mentalidade que iria influir no destino daquela nação. Desta forma, pode-se avaliar o que se passou desde o início, quanto à constituição do nosso país e que perdura até hoje, não obstante o trabalho árduo que todos enfrentamos no dia-a-dia, rumo ao progresso que virá, certamente, com o desenvolvimento industrial que teremos. Para que isto aconteça, entretanto, é necessário que acreditemos em futuro promissor, ainda que se insira em lugar-comum, pois as riquezas naturais que possuímos são as maiores do Mundo. Por estes dias assisti na televisão, a uma palestra do escritor e cientista J. W. Bautista Vidal, autor do livro Poder dos Trópicos, discorrendo por longo tempo a respeito das energias alternativas que poderemos dispor, quer solar, quer vegetal perfeitamente renovável (álcool), e apesar da acentuada ênfase que imprimiu ao assunto, não encontrou solução para tal implemento, só possível com a aplicação de elevados recursos financeiros. Pode ser um caminho... mas quem o enfrentará?! _____________________ Cronista Publicado em 4 de janeiro de 1999 - no Diário de Canoas. http://ialmarpioschneider.blogspot.com/ em 28.10.2010 JNH - nascimento de Vianna Moog http://ialmar.pio.schneider.zip.net/ EM 04.05.2009





sábado, 9 de abril de 2011

DIA DA BIBLIOTECA - 9 de abril - Crônica de Ialmar Pio republicada - Imagem da Internet - Biblioteca

A LEITURA E OS LIVROS =====IALMAR PIO SCHNEIDER===== Quase deveria escrever “como nasce um cronista”, não fossem as páginas anteriores ao conselho abaixo, do ilustre literato paulista. Devo confessar que o mesmo muito me ajudou a superar certa indecisão neste sentido. Se mais não fiz até o momento, não me faltaram boa vontade nem aplicação. É claro que dei continuidade a leituras diversas de todo o gênero literário, quer em poesia, quer em prosa, levando em conta o tempo disponível e a disposição de ânimo. Lanço mão de um opúsculo Sonhando com o Demônio, crônicas de Ignácio de Loyola Brandão - edição da Mercado Aberto (Pequenas Grandes Obras), na prateleira de uma estante, e me deparo com o autógrafo do autor, como segue: “Ialmar. A poesia também está na crônica. Abraço do companheiro de letras. Ass. - 7.11.98”. De fato, sabedor de que eu escrevia versos, apesar de iniciante na crônica, quis incentivar-me ou confirmar que era possível continuar nesta última sem abandonar a arte poética. Vindo de quem veio estas palavras tão gentis e amenas, senti-me na obrigação de prosseguir tentando alcançar meu objetivo de modesto escriba de aldeia. Já vai para dois anos e não parei mais. Às vezes os assuntos se tornam escassos e a inspiração tarda. Mas daí vem o velho ditado me sacudir: “comer e coçar, é questão de começar”. Assim é também para escrever. A par disso, a leitura é fundamental para o conhecimento deste ofício de transmitir o que pensamos e sentimos. Com acerto se tem afirmado que são os livros os nossos melhores amigos. Estão sempre prontos a nos dar a resposta que necessitamos. Acrescentam algo ao espírito que anseia o infinito, apesar de “... tu és pó e ao pó tornarás.” Gênese, 3.19. Eles nos transportam aos lugares mais fascinantes e longínquos da terra e despertam nossa imaginação até para o que não existe. É o milagre da literatura e da contemplação. Há poucos dias, percorrendo as barracas da 16ª Feira do Livro de Canoas, pensava na quantidade de ensinamentos que continham todos aqueles volumes ali expostos, até que uma senhorita que atendia a uma das bancas, querendo ser gentil, começou a oferecer-me diversos livros, ressaltando suas qualidades e preços. Disse-lhe, então, que estava apreciando-os e sentia certa ansiedade de não conseguir ler todos eles, mesmo que vivesse mil anos. Mas não é por isso que se deva deixar de fazê-lo aos poucos, à medida do possível. Afinal, uma boa leitura diária só poderá nos trazer os melhores benefícios, tanto no aperfeiçoamento profissional, quanto num salutar passatempo na existência fugaz. Desta maneira a considero, sinceramente. _________________________ Poeta e cronista Publicado em 05 de julho de 2000 - no Diário de Canoas. Jornal de NH em 12.10.2010 http://ialmar.pio.schneider.zip.net/ em 12.10.2010 http://ialmarpioschneider.blogspot.com/ em 17.06.2010 http://ial123.blog.terra.com.br/ EM 9.12.08 http://ialmar.pio.schneider.zip.net/ EM 22.04.2009


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dia Mundial da Saúde - 7 de abril - Crônica de Ialmar Pio - Imagem da Internet















TÓPICOS A RESPEITO DA SAÚDE INDIVIDUAL =====IALMAR PIO SCHNEIDER===== Se prevenir é um ato de saúde, deve-se ter em mente que um check-up por ano faz parte desta prevenção, pois só assim é possível atentar-se para o que terá que ser corrigido através de tratamento adequado. Conforme o tempo vai passando (ou é nós que passamos ?!), e a idade vem chegando, como se diz vulgarmente, surgem também os problemas. Já cantava o insuperável poeta popular Catullo da Paixão Cearense (que de fato era maranhense) em seu poema O TREM DE FERRO: Pois, afinal, todos nós nos enganamos, / quando, todos os dias, exclamamos: / - “Como é que o tempo passa tão ligeiro !” / E nós é que passamos !” - Do livro: Fábulas e Alegorias - 6ª ed. - pág. 91/92 - Coleção Caiçara - Editora A Noite - Rio. Tudo converge para que se busque o bem-estar imprescindível à uma vida o mais possível feliz, uma vez que a perfeição aqui não se encontra, dada à nossa condição humana. Embora sempre exista uma esperança, não se pode facilitar e dar chance ao azar. Quando o assunto é saúde, verificamos que tanto pode ser do corpo quanto do espírito. O velho brocardo latino nunca será descartado: “Mens sana in corpore sano.”; ou seja: “Convém rezar para ter um espírito são num corpo são.” Orandum est ut sit mens sana in corpore sano. Juvenal (60-140), Sátiras, X., pág. 616 do Dicionário Universal de CITAÇÕES de Paulo Rónai. Caminhadas diárias regulares, durante semanas, meses e anos - está comprovado - diminuem, sensivelmente, os riscos de infartos do miocárdio e derrames cerebrais, além de dar mais consistência aos músculos, afastando o estresse e proporcionando o prazer da contemplação e prolongamento da vida. O sedentarismo é o inimigo número um do homem moderno, pois além de ocasionar a obesidade, também dificulta a circulação do sangue e produz o aumento do colesterol. “É importante lembrar que tirar um cochilo, sentar-se à escrivaninha, deitar-se na poltrona, passear de carro ou de ônibus, trabalhar no computador, escrever ou ler, costurar, falar ao telefone sentado ou assistir televisão são algumas atividades sedentárias” (AE), cfe o jornal - ABC - domingo - Estilo de vida - Vida Saudável - pág. 4 de 22 de agosto de 1999. Assim sendo, é importante que se disponha de mais ou menos uma hora por dia para a prática de exercícios físicos, dependendo da idade, moderados e regulares, a fim de gastar o excesso de calorias, inclusive. Pode ser em uma esteira elétrica ou melhor ainda, caminhar em parques, ao ar livre, que também é mais agradável. Mas não é só. É necessário, por outro lado, adotar modos adequados quanto à alimentação, com emprego de frutas, legumes e verduras, ingerindo dois litros diários de água, evitando o uso do fumo e abuso do álcool, bem como de gorduras saturadas. Enfim, seguir a orientação de nutricionista competente sem descurar de suas prescrições. Por último, a conscientização de cada um é o fator primordial eficaz para se atingir a meta de uma saúde prolongada e de uma vida longeva. __________________________ Cronista colaborador Publicado em 17 de fevereiro de 2000 - no Diário de Canoas. http://ial123.blog.terra.com.br/

Dia Nacional do Jornalista - Crônica de Ialmar Pio - Imagem da Internet













HOMENAGEM AOS JORNAIS MAIS ANTIGOS DO ESTADO, SIMPÓSIO DE ARQUEOLOGIA e o filme CARANDIRU ======IALMAR PIO SCHNEIDER===== Estive visitando a exposição dos jornais mais antigos de nosso Estado no Memorial Histórico do Rio Grande do Sul, e logo na entrada do saguão à esquerda encontrei o painel do Jornal NH - 1960, com os seguintes dizeres: “Criado em 1960, o “Jornal NH” é o líder do Grupo Editorial Sinos, que tem sede em Novo Hamburgo, e edita uma série de outros títulos. (E acrescento, entre os quais o nosso Diário de Canoas). Fundado por Paulo Sérgio Gusmão e Mário Alberto Gusmão - o primeiro deles já falecido - o jornal ocupa ponto de destaque na imprensa gaúcha, em especial na região do Vale dos Sinos. É dirigido hoje por Mário Alberto Gusmão”. Li também um lema: “Uma comunidade é forte, quando o seu canal de comunicação se confunde com a sua própria identidade”. Esta é uma justa homenagem prestada à imprensa jornalística escrita que foi e sempre será, com certeza, o melhor e mais eficaz veículo de informação que existe. E como estava acontecendo em Porto Alegre o Simpósio Internacional de Arqueologia, Patrimônio e Atualidade, de 03 a 06 de junho, realizado pelo MARS - Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul, aproveitei o ensejo para ouvir uma palestra sobre o “Patrimônio Arqueológico”, sendo a Mesa Temática, composta por José Otávio Catafesto - NIT - URGS, Rosana Najjar - IPHAN/RJ, Vera Thadeu - Arqueóloga Autônoma, coordenador: Cláudio Carle -UERGS. O assunto versou sobre a importância de uma melhor fiscalização a respeito dos sítios onde existem elementos arqueológicos, e nos quais se constróem edificações civis e até barragens hidroelétricas, sem que a realizem convenientemente. Depois, lembrei-me que ainda não havia assistido ao filme CARANDIRU e então me dirigi ao cine Guarany onde o fiz. Considerei que os relatos feitos pelo Dr. Dráuzio Varella, após conviver com os presidiários por longo tempo, mostram o lado deprimente e lastimável da massa carcerária. A degradação humana é posta ao olhar do público na maior crueza, envolvendo o uso inconseqüente das drogas e o homossexualismo sem critério. Poder-se-ia dizer que seria cômico se não fosse trágico. De fato, grande parte dos espectadores ria com as cenas que protagonizam o casamento do detento Sem Chance com o travesti Lady Di. Quando da chacina em que foram assassinados 111 apenados, houve uma cena risível em que os dois escapam da morte em que o detento diz - “Eles não nos mataram porque viram que havia mulher”; ao que ela respondeu - “É, meu bem, o amor nos salvou”. Foi mais ou menos isso aí que me foi possível ouvir, se não me engano, sobre o filme em que o médico, representado por Luiz Carlos Vasconcelos, vai trabalhar em presídio paulista e escuta relatos sobre crimes, vinganças, amores e amizades dos presos, culminando com o massacre de 1992. Com direção de Hector Babenco e a participação do ator Rodrigo Santoro e da atriz Maria Luisa Mendonça. Digamos que seja uma obra cinematográfica satisfatória, no meu entender, em que os 146 min. de duração da mesma, nos toma a atenção. Mas, mudando de assunto, e dando asas à imaginação, quero aqui deixar uns versos que escrevi aleatoriamente para alguém, sendo meu penúltimo poema, acredito, pois pretendo escrever outros. Nada tem a ver com os assuntos em foco, mas ocorreu-me publicá-los, como segue: Esse amor não foi tão forte assim/como supunha nossa vã filosofia;/ aqui no mundo tudo tem um fim/e com certeza ele chegou um dia...// Não me queira mal, nós somos tão carentes;/ sejamos compreensivos; é a vida/ que não pode tornar-nos indiferentes/ ao subirmos ou na descida.// Soubeste apreciar meus tristes versos/ e muito lhe agradeço, de coração;/eles andam por aí dispersos,/ afinal, formam a minha pobre canção...// Se não fomos felizes... O que importa ?/ Eu vivi... você viveu... Não negue ! Se ranzinzas/ momentos bateram à nossa porta,/ qual Fênix outros mais alegres renascerão das cinzas... Pretendo-os inseridos no contexto do pensamento de nosso grande romancista Dyonelio Machado: “Os poetas são os intérpretes das emoções humanas, - suas e alheias...” Desta maneira também pretendo considerá-los. ______________________________________________ Poeta e cronista - E-mail: rs080254@via-rs.net Publicado em 11 de junho de 2003 - no Diário de Canoas.


quarta-feira, 6 de abril de 2011

CONTO de IALMAR PIO - IMAGEM da INTERNET














JERÔNIMO, O TÍMIDO =====Ialmar Pio Schneider===== Pensava que não tinha perspectivas quanto àquela paixão que nutria com tanta persistência. Por isto vivia frustrado ao lembrar-se de Paula, quando a via sentada à mesa de uma lancheria no shopping center Praia de Belas, juntamente com suas amigas, nos happy hours dos fins de tarde. Muitas vezes falara com ela, insinuando que a queria, mas não tendo coragem para declarar-se, sofria enormemente. Jerônimo era um tímido. Desejava o amor carnal, enfim, total. A mulher que povoava a sua cabeça era uma morena desenvolta, de cabelos negros e compridos, olhos pretos quais duas jabuticabas, lábios rubros que nem pétalas de rosa vermelha, seios palpitantes e firmes, braços roliços e torneados, cintura fina de vespa, nádegas de tanajura, coxas e pernas esculturais e os pezinhos de anjo ou demônio, fascinantes. O conjunto dela o atraía como se fosse um ímã; às noites sonhava que a possuía e acordava, por assim dizer, quase feliz. Durante o dia andava ao seu encalço só para admirá-la, mas não perdia a esperança de consegui-la. Era a sua paixão. Procurando abafar aquele sentimento as 24 horas do dia, mas não o conseguindo, sentia-se como se estivesse deprimido. Entretanto, no fundo, alimentava esse anelo que guardava qual um precioso tesouro. Apesar de tantas vicissitudes, pensava consigo: um dia choverá em minha horta. Sabia que tinha que ter paciência, pois as coisas não se resolvem assim, sem mais nem menos, principalmente as do coração. Tivera conhecimento rudimentar do que seria um amor platônico, mas não queria que o seu o fosse e lutava por isso. Às vezes, passeando pelas ruas da cidade, encontrava-se com os amigos, que sabendo de sua história, perguntavam-lhe: - “Como vai a Paula ? Nada ainda ? Tens que conquistá-la ! Ela está lá no shopping com as amigas...” Jerônimo respondia: - “Estou pensando numa maneira de chegar; está difícil. Parece que tudo conspira contra mim, até vocês, caçoando.” - e lá se ia, pensando na amada e com um leve sorriso, como a disfarçar a situação. “Haveria de ter um jeito...” - matutava. Até que um dia, voltando para casa em uma lotação, teve uma idéia. Conservou-a, entretanto, por mais algum tempo, ansiando que amadurecesse. Era mister que tivesse esse mínimo de coragem para vencer a timidez que todo o envolvia como uma aura. Um psiquiatra lhe dissera em certa ocasião que ninguém nasce tímido; que a timidez se adquire e pode ser tratada. Nunca mais voltara ao consultório e preferira continuar com sua doença, apesar de tudo. Queria vencê-la, naturalmente. Esse era o seu desígnio. O mês de dezembro ia em meio, aproximava-se o verão e o calor era insuportável. Fazia 34º à sombra e as pessoas andavam pachorrentas, buscando chegar onde tivesse ar condicionado. Em algumas casas de bairros de classe média crianças tomavam banho de mangueira, onde não houvesse piscina, e as que existiam estavam lotadas. Jerônimo via que o ano estava chegando ao fim e ele ainda não havia tomado uma atitude quanto ao seu caso que ia se tornando crônico. Não se tratava mais de paixonite aguda. Era algo mais forte e vinha durando... durando... Certa noite, em seu quarto de solteiro, sentado à escrivaninha, pega a esferográfica e um bloco de papel de cartas e começa a escrever. Era o que deveria já ter feito, mas, antes tarde do que nunca. Finalmente estava pondo em prática a sua idéia amadurecida e ao terminar a folha, dobrou-a e colocou-a dentro do envelope, endereçando-o para: “Namoro na TV - Programa Sílvio Santos - SBT - São Paulo - SP”. ___________________ Poeta e contista Publicado em 9 de dezembro de 1998 - no Diário de Canoas. http://poesiastrovassonetosepoemas.blogspot.com/ EM 06.07.2009 http://ial123.blog.terra.com.br/ em 8.7.2010


Poema de Ialmar Pio - Imagem da Internet - Musa



Musa













POEMA de IALMAR PIO MUSA FORAS CAPAZ...

=====Ialmar Pio Schneider=====



Deixarias que eu entrasse em tua vida assim

sorrateiramente como chega um ladrão

para roubar teu coração ?

Quiseras que eu fosse alguém

desconhecido de ti, diferente dos demais,

e viesse para tua aceitação ?!



Se assim o desejas e vives sem preconceitos,

eu me apresento agora à tua contemplação,

embora trazendo em meu ser mil defeitos

próprios dos que amam ardentemente com tanta emoção !



Foras capaz enfim de projetares uma aventura louca

que descortinasse um mundo que nem sonhas existir,

e tivesses que enfrentá-lo, saturada de beijos em tua boca,

e dos outros que falassem te pusesses a rir...



Nós transporíamos todos os obstáculos possíveis e imagináveis

e seriamos dois em um, como sói acontecer aos amantes,

por assim dizer, enamorados e amáveis,

que querem desfrutar juntos todos os instantes...




terça-feira, 5 de abril de 2011

SONETO IN MEMORIAM - IMAGEM FOTO DA INTERNET

Vicente de Carvalho


SONETO IN MEMORIAM - em 5.4.2011 - Aniversário. - . - Vicente de Carvalho - O Poeta do Mar, que tanto cultuou o verso alexandrino, neste cinco de abril, estando a aniversariar, hoje me recordou das folhas o destino ! E quanto fez sentir do ´´morto pequenino´´ a passagem na terra e na cova o enterrar, na hora da Ave-Maria e ao tanger do sino que parecia assim, de trágico chorar... Viveu para a poesia e as ´´cantigas praianas´´ entoou com ardor, ouvindo a voz da fonte, a cantar, a cantar, em notas tão humanas... Quando o sol vai caindo e vejo que anoitece, dirijo meu olhar ao longe no horizonte, para também rezar minha sentida prece... IALMAR PIO SCHNEIDER *** Porto Alegre - RS, Tristeza às 18h15min. de 5.4.2011