domingo, 3 de abril de 2011

POESIA GAUCHESCA de IALMAR PIO - TELA de GLAUCIA SCHERER



PETIÇO ZAINO ===== Ialmar Pio Schneider ===== Velho petiço que eu tive nos meus tempos de guri, hoje eu me lembro de ti e vou sentindo saudade, esta mágoa sem idade que sempre nos acompanha, pois não se afoga com canha e nem o fogo destrói porque quanto mais nos dói menos sentimos a sanha. E vou recordando agora quando te punha o lombilho e meio saco de milho numa mala de garupa, depois saía num upa rumo ao moinho do rincão donde eu trazia então a farinha pra polenta o que tanto nos sustenta e até dá pra fazer pão. Não esqueço nunca mais daquele petiço manso que nunca teve descanso e foi o meu companheiro, quando aprendiz de tropeiro adquiria experiência de tudo quanto a existência vai tramando com enleios velho amigo de rodeios na minha xucra querência. E depois vim pra cidade viver no meio do povo, pensando em ti me comovo pois sinto barbaridade uma dor que o peito invade e me vai tomando conta, como quem anda de ponta com o destino caborteiro que nos leva no entrevero e tanta vez nos afronta. Eras o orgulho que eu tinha quando em manhãs de domingo no meio de tanto gringo eu ia assistir à missa. Troteavas sem preguiça no teu maior otimismo me levando ao catecismo onde a gente se prepara pra ter vergonha na cara, não praticar banditismo. Sempre foste meu amigo onde andasse bem ou mal até que a sina fatal nos separou de repente. Numa tarde de sol quente deixando o pago pra trás me despedi de meus pais e vim morar por aqui; depois, nunca mais te vi, nem me viste nunca mais!... Do livro em preparo: “Verso Xucro e Recuerdos do meu Rincão”. - Versos gauchescos http://ial123.blog.terra.com.br/ em 13.8.2010 http://www.jornalnh.com.br/site/interativo/interativo_blog,canal-5,ed-104,ct-107.htm EM 14.8.2010

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