sábado, 29 de agosto de 2009

CRÔNICA de IALMAR - TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer


OFICINA DE LETRAS DE MÚSICAS GAÚCHAS

IALMAR PIO SCHNEIDER

Sempre que avisto algum anúncio de oficina ou similar, a respeito de literatura (poesia ou prosa), e que me seja possível frequentar, principalmente com inscrições gratuitas, já me interessa conhecer. Foi assim, que no dia 22 de novembro p.p., li num periódico o seguinte: “Literatura na Biblioteca - Biblioteca Pública do Estado (Riachuelo, 1190), 19h30, 3224-5045 - Oficina de literatura e música com Richard Serraria - (Bataclã FC), Inscrições gratuitas - Hoje”.
Imediatamente, disquei o número do telefone e me inscrevi. À hora marcada, ou seja às 19h30min, lá estava eu pronto para enfrentar o desafio de aprender um pouco mais. Há muito tempo ouço dizerem que “saber não ocupa lugar”, e como considero válido este brocardo, procuro segui-lo em meu dia-a-dia. O jovem literato Richard Serraria (pseudônimo), iniciou as atividades lendo textos poéticos de autores modernos gaúchos, sendo eles, Mauro Moraes - Com o violão na garupa, Vinícius Brum/Jacaré - Deixem seus olhos fixos, Nei Lisboa - A utilidade das palavras, No braço com a vida - Nélson Coelho de Castro, Causo Farrapo - Vítor Ramil, Rio Grande Nativo - Paulinho Pires e Inverno - Marcelo Delacroix/Arthur de Faria, ao mesmo tempo em que ouvíamos as músicas dos respectivos CD s. Estávamos em sete pessoas, no Salão Mourisco da Biblioteca, que por si só já representa uma inestimável obra de arte, e ele foi analisando as letras musicais sob a ótica literária, empregos de figuras de linguagem, principalmente metáforas, e o ritmo das composições. Por último nos brindou com um poema de sua autoria: “Nasci na Serraria - Richard Serraria e Bataclã FC (CD Armazém de mantimentos) - Part. esp.: Borghettinho - nasci no quarto do santos, na serraria.../ para quem não sabe bem ao sul da lama do arroio dilúvio.../ a seis ou a sete de janeiro... a certidão diz a sete mas minha família toda/ jura que foi a seis... embora tenha nascido no então beco dos amigos casa de/ meu avô, não morávamos onde batia o rio no fundo do pátio todo inverno.../ eles se conheciam, o velho joão mestre de obras sabia que dali daquela/ marca no pé de chorão o rio e o inverno não passavam, e não admitia que/ nenhum neto não nascesse na beira do Guaíba.//minha mãe e meu pai vieram da sanga da morte no cristal assim que dei os/ primeiros sinais de inquietação por nascer.../ mas chegando na serraria o velho disse que eu devia ter ainda umas vinte quatro de silêncio pela frente, foi aí que deu liga...// tarde da noite, não houve tempo para preparar o quarto da frente da casa onde nasciam os netos.// Assim, improvisaram para minha mãe uma cama no quarto dos santos que era uma espécie de santuário dentro de casa, com entidades de gesso, frente pro sol de manhã,/ um lugar lavado e leve/como dizia o velho meu avô... não sei porque a minha pressa em nascer mas a verdade é que na mesma madrugada vim ver as coisas aqui por fora, guiado pelo olho cego do sol que tem muita sede no rio grande em todo início de janeiro...// Peço ajuda a quem puder esclarecer meia dúzia de perguntas sem sentido.../ um homem vive como morre, sem saber de nada,/ solito no más,/ como uma cova no campo santo,/ enterro de pobre,/ é uma vala sem nome,/ só um buraco, sem gente além do homem da pá./ Isso é tudo que se tem/ Isso é tudo que se tem.”
Final patético e realista que traduz a vinda ao mundo e ao término da existência do ser humano. Finalmente, o que restou ? Aquilo que se fizer em prol da convivência harmônica entre todos os habitantes da Terra. Mas esta já é outra conversa. Fiquemos na música e literatura.
Assim passamos uma hora e meia, até às 21 h, enriquecendo nosso cabedal de conhecimentos a respeito de música e poesia gaúchas modernas. Considero isto uma maneira branda e atraente de acrescentar algo na aprendizagem de novos conteúdos sobre a cultura popular riograndense e brasileira. Que surjam outras iniciativas desta natureza !
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Cronista e poeta - E-MAIL: rs080254@via-rs.net
Publicado em 11 de dezembro de 2002 - no Diário de Canoas.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela La Reina de Ângela Ponsi



SONETO

Ialmar Pio Schneider

A noite ainda esconde os seus mistérios,
é tempo de chorar pelos fracassos...
As estrelas nos páramos sidéreos,
indiferentes, seguem os meus passos.

Quisera tanto agora teus abraços
e receber assim sonhos etéreos,
que devem existir pelos espaços
para poetas que nem eu, aéreos !...

Vem, ó Musa, consola o teu eleito,
nestas horas noturnas de ansiedade
em que sinto um delírio no meu peito !

Antes que surja o sol à minha porta,
aparece, matando-me a saudade,
e a me provar que não estejas morta !...

- 22.03.97

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

SONETO de IALMAR PIO - Imagem - jardim

jardim


DESEJO ALGOZ


Não quisera perder e nem estar perdido
quando me vejo a sós em meio à multidão,
à procura de alguém, o amor desconhecido
que pode ser real ou simples ilusão...

Talvez há de surgir qual um fruto proibido
numa tarde banal na minha solidão,
e se concretizar ao ser correspondido
ou morrer infeliz, só na imaginação...

Triste desejo algoz que tem me torturado
com tanta intensidade e não posso esquecer
como se eu fosse assim um pária condenado
cujo destino seja apenas padecer...



Bani-lo de minh’alma em vão tenho tentado,
vive dentro de mim, faz parte do meu ser.





IALMAR PIO SCHNEIDER

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

SONETO de IALMAR PIO - FOTO do autor autografando na Feira do Livro de Porto Alegre.

O autor autografando e ao mesmo tempo recebendo um autógrafo do poeta Affonso Romano de Sant´Anna, na Feira do Livro de Porto Alegre, em 2005.



Por transcorrer hoje, dia 26 de agosto, o aniversário do autor, segue sua foto autografando na Feira do Livro de Porto Alegre e um soneto de um instantâneo de sua vida. Ei-lo:


AUTO-RETRATO


Preciso confessar que não a quero

por simples desabafo ou desagrado;

e procurando ao menos ser sincero

comigo mesmo e ao coração magoado.


Se nada tive e tudo ainda espero,

mais infeliz fora não ter cantado

o amor inatingível que venero

num misto de virtude e de pecado.


Alguém irá dizer, é bem provável,

que sou um sonhador, que vivo abstrato

no mundo da ilusão desagradável...


porquanto transformei a minha vida

num esboço qualquer, o auto-retrato

de uma pessoa a mim desconhecida.


IALMAR PIO SCHNEIDER

terça-feira, 25 de agosto de 2009

DIA DO SOLDADO - 25 DE AGOSTO

Duque de Caxias - Luís Alves de Lima e Silva



Por ser hoje, dia 25 de agosto, o Dia do Soldado, e dado às proximidades da Semana Farroupilha, publico o texto abaixo, pertinente ao assunto.



DUQUE DE CAXIAS – O PACIFICADOR

Ialmar Pio Schneider

Em vista às comemorações da Semana Farroupilha, venho de ler um livro que me suscitou o interesse de escrever estas linhas. Trata-se de As Duas Paixões de Caxias, de Brígido Tinoco. O autor já no prefácio adverte que “ninguém procure, neste livro, a história completa do guerreiro e cidadão. Mas os fatos capitais de sua existência, aqui estão, palpitantes, em nossas páginas.” No capítulo VII – “A Revolução Farroupilha, suas causas. Resumo dos acontecimentos até 1842. A República do Piratini e Bento Gonçalves. Libertação dos escravos. Garibaldi e a República Juliana. Solicitado pelos rebeldes o auxílio estrangeiro. Vitória de Caxias. Final honroso. Conde, Marechal de Campo efetivo e Senador. A Política...”, encontramos o relato que nos interessa sobre o assunto em pauta. Tendo sido vitorioso no Maranhão, em São Paulo e Minas, Caxias é nomeado chefe do exército em operações e presidente do Rio Grande do Sul. Quando embarcou para exercer suas funções aqui, D. Pedro II, então aos dezessete anos de idade, dissera-lhe que terminasse a guerra riograndense tais como as outras. Respondeu-lhe: - “Pode V. Majestade estar certo que nisso empenharei meus últimos esforços”. Sua chegada a Porto Alegre no ano de 1842, em novembro, foi serena, segundo está escrito, e depois de sucinto discurso, concluía: ...”a Divina Providência, que de mim tem feito instrumento de paz para a terra em que nasci, fará que eu possa satisfazer os ardentes desejos do magnânimo monarca e do Brasil todo. Rio-grandenses ! Segui-me, ajudai-me, e a paz coroará os nossos esforços !” Procurou se inteirar da situação de necessidade em que se encontrava o povo e discretamente foi tomando as medidas possíveis para amenizar o estado de coisas, beligerante. Sempre que sentia solidão, em meio aos trabalhos estratégicos que estudava, dia e noite, pegava da pena e escrevia à sua amada Anica: “Meu bem”... E como o havia feito da carta de Vargem Grande, no Maranhão, três anos passados: ...”tal é o cuidado que me dás e o amor que te tenho que, cheio de trabalhos, não me esqueço de ti. Dá um beijo nos meus anjinhos e saudades a todos de casa. Sou só teu, Luiz”. Após dois anos e pouco de lutas e negociações, conclui a paz com a proclamação de Ponche Verde, pelo bravo general David Canabarro, datada de 28 de fevereiro de 1845, cujo teor consta no citado livro às pgs. 89 e 90. “No dia imediato, vibrando de contentamento, Caxias publica o seu manifesto: “Rio-Grandenses ! É sem dúvida, para mim de inexplicável prazer o ter de anunciar-vos, que a guerra civil, que por mais de 9 anos devastou esta bela província, está terminada. Os irmãos, contra quem combatemos, estão hoje congratulados conosco e já obedecem ao legítimo governo do Império do Brasil”.” Diálogo entre Caxias e Canabarro, amistosamente: Caxias: - “De que se ri, general ? – Canabarro: - É porque agora que estou vendo a razão porque eu nunca o pude apanhar de jeito. É que v. excia. Sabe todas quantas sei e sabe outras que estou aprendendo”. Consta que ao término da revolução, o vigário de Bagé, perguntou-lhe a que horas ele determinava o Te Deum, respondeu-lhe que “desejava ouvir uma missa fúnebre, com os companheiros, em honra aos desaparecidos na guerra, porquanto eram todos irmãos.” Meu intento ao lembrar este homem íntegro, foi o de demonstrar que se hoje estamos unificados na grande Nação que somos, muito devemos a este magnânimo pacificador. E as duas paixões de Caxias quais foram? Está escrito na pg. 43 do livro de Brígido Tinoco: “A esposa e a pátria eram as suas duas paixões. Atenderia, por amor, à primeira e continuaria amando a segunda.” Reverenciemos seu nome com todo respeito ! Cronista e poeta – E-mail: menestrel@brturbo.com PUBLICADO EM 15 de setembro de 2004 – no Diário de Canoas. – RS.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SONETO de IALMAR - TELA de GLAUCIA

Tela de Glaucia Scherer

Por transcorrer hoje o Dia do Artista, publico abaixo um soneto pertinente à data:



SONETO DE AMOR

Ialmar
Pio
Schneider

Quisera que tu fosses mais selvagem
e fugisses de mim sem complacência
quando procuro unir nossa existência
para juntos seguirmos mesma viagem...



Muito mais haveria eu de sofrer,
no entanto fora doce o sofrimento
pois a força do amor que hoje alimento
seria muito maior no meu viver.



E quando, finalmente, em ânsia louca
eu depusesse um beijo em tua boca
seria muito melhor a glória da conquista



porque recordaria o sacrifício
de quanto se requer neste artifício
de ser amado assim como um artista !

PÁG. 14 - O
TIMONEIRO
- CANOAS, 13.5.83

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http://ial123.blog.terra.com.br/
EM 06.05.2009
http://ialmar.pio.schneider.zip.net/
EM 06.07.2009

sábado, 15 de agosto de 2009

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

THÊMIS - Aquarela de Ângela Ponsi


SONETO DA PAIXÃO ARDENTE


Uma paixão ardente envolve-me os sentidos
em desejos febris jamais imaginados,
pois nesta solidão, carecendo de agrados,
os minutos de amor são mais apetecidos.


Quando unido ao meu peito em lânguidos gemidos,
teu coração pulula, os seios agitados,
a boca a sussurrar, os lábios desbotados,
os carinhos assim sempre são incontidos.


Não podes reprimir nem eu reter consigo
a expressão passional que em nosso ser fulgura
e arrasta-nos com fúria à beira do perigo.


Depois de tudo ainda esquálidos, exaustos,
buscamos desfrutar na taça da ventura
o resto que sobrou aos derradeiros haustos...


IALMAR PIO SCHNEIDER

terça-feira, 11 de agosto de 2009

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi, que me ofertou hoje, tão gentilmente, pelo transcurso do Dia do Advogado (11 de agosto). Mas, na condição de poeta, retribuo com o soneto abaixo, carinhosamente.


SONETO de IALMAR PIO SCHNEIDER
para a Ângela

Perto das rochas onde a fonte nasce
As flores enchem de perfume os dias
E quem me dera encher minhas poesias
De um perfume que os dias me inebriasse !

Mas quando a noite desce e o desenlace
Do sol-pôr tinge de ouro as serranias,
Eu me quedo a meditar nas fantasias
E sinto como tudo é tão fugace...

Quando a tristeza vem me atormentar
Modulo versos que escrevi sonhando
Com as sereias que habitam lá no mar...

Elas são minhas musas preferidas,
Porquanto a inspiração me vai brotando
Das imagens que ostentam suas vidas...



segunda-feira, 3 de agosto de 2009

OFICINA DE TROVAS NO ATELIER DO BONDE - TÉRMINO




Participantes da Oficina de Trovas realizada no Atelier do Bonde, cujo encerramento aconteceu em 25 de julho de 2009, com muito proveito para todos.


TROVAS de Ialmar Pio Schneider


Quem quiser ser trovador,

seja primeiro aprendiz;

mesmo em matéria de amor

se aprende pra ser feliz !


As trovas que a gente escreve

mesmo que sejam banais,

é um pouco da vida breve

que não volta nunca mais...


Perdido em divagações

sento à beira do caminho,

como se as recordações

não me deixassem sozinho...







sábado, 1 de agosto de 2009

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


V E R S O S D E A M O R

Ialmar Pio Schneider

Versos de amor, senti-los é o que importa
e aceitá-los no instante da emoção;
uma palavra simples nos exorta
quando acalenta o triste coração.

A poesia romântica conforta
a mais desesperada solidão,
é como a fada que nos abre a porta
para entrarmos no mundo da ilusão.

Por isto quando os leio sinto o enlevo
dos que amaram demais e não me atrevo
a censurá-los, pois sofri também

idêntica amargura que eles têm.
Versos de amor, saudade ou fantasia,
encantais minha vida tão vazia !...

PÁG. 16 - O TIMONEIRO - CANOAS, 01.02.85
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