terça-feira, 29 de setembro de 2009

TROVAS de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela A Bailarina de Ângela Ponsi

OT REVISTA
TROVAS Ialmar Pio Schneider

I
A trova é o verso que nasce
de um coração sonhador;
fica estampada na face
de quem vive um grande amor.
II
Nunca digas que não gostas
de música e de poesia,
pois ambas foram compostas
na tristeza ou na alegria.
III
Que bom seria se eu pudesse
em quatro linhas apenas,
dar consolo a quem padece
as amarguras terrenas.
IV
Versos de amor, quando os faço,
me causam tanta emoção;
cada palavra é um pedaço
que arranco do coração.

Publicado na Pág. 14 de O TIMONEIRO de 21.5.82 de CANOAS (RS)


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

POEMETO de IALMAR - DESENHO de ÂNGELA

Desenho de Ângela Ponsi

POEMETO
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Ialmar Pio Schneider

Das juras que nós fizemos
nenhuma permaneceu;
ficaste triste por isto
e mais triste fiquei eu !...

Hoje vivemos perdidos
por este mundo a rolar,
vais seguindo lentamente,
também sigo devagar...

Quando te vejo cismando
penso que és infeliz,
pouco tiveste da vida
e nem eu tive o que quis...
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Canoas (RS), 11-01-82
pág. 10 - o timoneiro - 29.1.82 __________________________________________________


terça-feira, 22 de setembro de 2009

CRÔNICA de IALMAR - TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer



A PRIMAVERA...

IALMAR PIO SCHNEIDER

Dentre as estações do ano, principalmente aqui no sul, onde são mais definidas, é a que traz amenidades, prenunciando o próximo verão de sol ou de chuva, mas também de águas salgadas e areia, aos que se dirigem às praias, tão convidativas nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março. Nesse período, os que têm condições de fazê-lo, vão ao litoral, nem que seja por quinze dias, a fim de refazer-se um pouco da estafa adquirida no dia-a-dia.
Outrossim, representa também a quadra da vida, quando se está na adolescência, tão decantada pelos poetas, tais como Casimiro de Abreu e Pe. Antônio Tomás que nos deixou o soneto inesquecível: “CONTRASTES” - “Quando partimos, no verdor dos anos, / da vida pela estrada florescente, / as esperanças vão conosco à frente / e vão ficando atrás os desenganos. //
Rindo e cantando, céleres e ufanos, / vamos marchando descuidosamente... / Eis que chega a velhice de repente, / desfazendo ilusões, matando enganos. // Então nós enxergamos claramente / como a existência é rápida e falaz, / e vemos que sucede exatamente // o contrário dos tempos de rapaz: / - os desenganos vão conosco à frente, / e as esperanças vão ficando atrás.”
Isto me leva a meditar num passado recente, porque a vida é efêmera, e não faz muito navegava nessa fase, percorrida sem grandes lances aventureiros. Conservo ainda enraizados aqueles devaneios que me assaltavam o pensamento na juventude pacata e laboriosa. Sempre lutando por dias melhores, desde a infância, consegui algum progresso relativo, o que me leva a acreditar no estudo e no trabalho. E muitas vezes me surpreendo ao deparar com acontecimentos já presenciados outrora, que pareciam sepultados na tumba do tempo, mas que surgem avivados qual uma brasa encoberta pelas cinzas. São as reminiscências que nos fazem, enfim, reviver alguns momentos mais representativos ao longo de nossa caminhada pelo mundo. Aos treze anos de idade, quando praticava datilografia, cujo ensino me era ministrado por uma freira, numa sala da escola em que concluía o curso primário, há mais de quarenta anos, havia um piano no qual algumas meninas aprendiam a tocar. De uma delas recordo bem; as outras me parecem névoas que se dissiparam. Embora minha paixão pela música, meu dever era a datilografia e não o piano. Hoje só me resta dizer: “Parece que foi ontem !” São os desígnios da existência...
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Poeta e cronista
Publicado em 29 de setembro de 1999 - no Diário de Canoas.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela La Reina de Ângela Ponsi



S O N E T O

Ialmar Pio Schneider

O tempo há de trazer a nostalgia
e quando, sem consolo, velha fores,
repassarás a página de amores
da vida que será demais tardia.

Então recordarás quando existia
em teu destino cheio de esplendores
um homem que por versos sonhadores
cantava tua beleza noite e dia.

E na mente cansada e insatisfeita
não terás o sossego que deleita
os derradeiros passos dos velhinhos,

pela simples razão que não se olvida
as benfazejas impressões da vida
e a falta que nos fez certos carinhos.

Publicado na pág. 10 de O TIMONEIRO de 26-3-82 de CANOAS (RS).


sexta-feira, 11 de setembro de 2009

C R Ô N I C A de IALMAR PIO - IMAGEM de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer



SEMANA FARROUPILHA

IALMAR PIO SCHNEIDER

Foi na madrugada de 20 de setembro de 1835, portanto, há cento e sessenta e três anos passados, que os rebeldes farroupilhas adentraram a cidade de Porto Alegre, quando atravessando a ponte da Azenha, ocuparam os pontos estratégicos, fazendo com que o governo de Fernandes Braga, não resistisse e embarcasse na escuna Rio-grandense, rumo a Rio Grande, deixando a proclamação: “Às armas, cidadãos! Às armas, que a pátria se acha em perigo!”. Depois disto seriam dez anos de lutas para que fosse implantada a República Rio-Grandense, com que sonhavam os paladinos patrícios de antanho.
No livro OS VARÕES ASSINALADOS - O Romance da Guerra dos Farrapos, de Tabajara Ruas, mergulhamos num clima de atavismo que nos envolve quais participantes da grande epopéia farroupilha escrita em prosa, mas como um longo poema, já sugerido pelo próprio título. Lembra-me Camões na primeira estrofe do seu imortal OS LUSÍADAS, “As armas, & os barões assinalados,”. Fico refletindo qual seria a situação da pátria se houvesse persistido a ruptura e concretizada a República Rio-grandense naquela época...
Ao ensejo do transcurso da Semana Farroupilha, quando a maioria dos gaúchos pilchados rememoram os feitos dos nossos ancestrais farrapos, fui buscar no fundo do meu baú um soneto que escrevi pelos idos de 1960, no seguinte teor: FARROUPILHA//Levantou-se o gaúcho sobranceiro/no alto da coxilha verdejante !/Carregava uma carga no semblante/dum tristor que seria o derradeiro...//A glória de lutar e ser galante:/- o sonho que conduz o aventureiro./A honra de ser livre e ser gigante:/- o lema que conduz o pegureiro.//Este lema e este sonho se fundiram/e assim surgiu o nobre farroupilha/que lutou com ousada galhardia//porque a honra e a justiça escapuliram/da canhada e do topo da coxilha,/do pago em que ele viu a luz do dia !...
Felizmente, após tantos embates e peripécias, veio a paz honrosa, urdida pelo insigne patriota Duque de Caxias. Era tempo de recomeçar a construir, pois muitas obras tinham que ser feitas, e algumas haviam sido paralisadas por quase dez anos de guerra. A província contava também com a contribuição valiosa dos imigrantes alemães que se estabeleceram às margens do Rio dos Sinos, notadamente em São Leopoldo. Mais tarde vieram os italianos que subiram a serra e foram fundar núcleos coloniais, sendo o mais importante o da atual Caxias do Sul.
Hoje todos nós, os sul-rio-grandenses, iluminados pelos faróis da liberdade, irmanados pelos mesmos ideais republicanos, durante esta semana, prestamos justa homenagem aos nossos heróicos ancestrais, pois foi deles que herdamos as mais caras tradições do telurismo gaúcho.

DC (16-09-1998)



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela verão de Ângela Ponsi



SEM A TUA COMPANHIA
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Ialmar Pio Schneider
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A chuva cai lá fora
em meio à noite escura...
Ah! como tarda surgir a aurora
que me trará novas promessas de ventura !

Novas luzes
levantarão com a alvorada.
Novos ritmos de poesia
ouvirei na voz maviosa da passarada.
Verei novas cores para a fantasia
e no entanto estarei irremediavelmente triste
sem a tua confortável companhia.
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Passo Fundo, 1960
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Publicado no O TIMONEIRO DE 5.3.82 - Pág. 10 - Canoas (RS)
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sábado, 5 de setembro de 2009

SONETO de IALMAR PIO - IMAGEM - Soneto de Ronsard

Imagem do Soneto de Ronsard


S O N E T O I

Ialmar Pio Schneider

Quando leres meus versos, na calada
da noite escura e não te contiveres,
ao relembrar que foste minha amada
e eu poderei estar com outras mulheres...

Ao te sentires só e abandonada,
de minha companhia não dispuseres,
mas sem dormir em alta madrugada
conciliar o sono não puderes...

Quando em teus olhos rebentar o pranto
com amargura que te roube a paz,
perdida em solidão e desencanto,

de me esquecer não fores já capaz,
minha presença vai pesar-te tanto
que fatalmente te arrependerás!

pág. 14 - “O TIMONEIRO” - 18.9.81 - CANOAS (RS)
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terça-feira, 1 de setembro de 2009

S O N E T O de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PON

Aquarela de Ângela Ponsi



SONETO A UMA MUSA

Tento ainda escrever mas, tristemente,
meu coração soluça e não esquece
a musa que enfatiza a minha prece
e sinto que estou mal, estou doente.

Por que será que foste a grande ausente
na vida do poeta que padece,
(oh! fada que percorres minha messe)
e me fazes sofrer inutilmente?!...

No entanto, minha velha companheira,
eu te levo comigo na desdita,
e há de ser a esperança derradeira

de seguir versejando amargas penas,
porque em sonhos te vejo tão bonita,
e pra mim tal conforto basta, apenas...


IALMAR PIO SCHNEIDER

pág. 10 - “O TIMONEIRO” - 21.8.81 - CANOAS (RS)