quinta-feira, 29 de abril de 2010

TROVA de IALMAR PIO - Imagem da Internet

MUSA



TROVA DE IALMAR PIO:



O amor, sem paz nem sossego,


também merece louvor;


mas se não traz aconchego,


impossível ser amor.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

P O E M A de IALMAR PIO - Imagem da Internet

Imagem da Internet


ANTES E AGORA


Ialmar Pio Schneider


Nós fomos e seremos sempre assim:

à procura de um paraíso perdido

onde éramos felizes mas sozinhos.

Desfrutávamos de um jardim

que nos proporcionava o amor

[e não despertava a libido,

nem o ciúme, a paixão, os carinhos...


Tivemos que enfrentar horas aflitas

depois de termos transgredido as regras

que nos foram impostas.

Vencerás, porém, se acreditas

no teu desempenho, no valor

[do sonho descontraído de fazeres

o que mais gostas !



segunda-feira, 26 de abril de 2010

CRÔNICA LITERÁRIA - FOTO DA INTERNET

Paulo Setúbal



A OBRA DE PAULO SETÚBAL

IALMAR PIO SCHNEIDER

Escritor elegante, poeta de a Alma Cabocla (poesias), romancista histórico de O Príncipe de Nassau, e A Marquesa de Santos (considerada sua obra-prima, com tradução em vários idiomas), além de outros, num total de 13 livros, e as suas memórias de o Confiteor (sua autobiografia, que foi publicada postumamente), Paulo Setúbal, foi um autor que conheci nos idos de 1957, quando cursava o ginásio. Logo me atraíram suas poesias, de cunho ultra-romântico, em que falava de sua terra natal Tatuí, interior do Estado de São Paulo, amores diversos da juventude (moita de rosas, floco de espuma, sertanejas e poesia inédita), imprimindo a seguinte dedicatória no seu livro de versos: “A ti, minha mãe, que és a melhor das mães, estes despretensiosos versos da nossa terra e da nossa gente.” Depois enveredou para a prosa, tendo produzido romances, contos históricos, memórias, crônicas, episódios históricos e ensaios, que o levaram à Academia Brasileira de Letras em 1934, com apenas 41 anos de idade, pois nascera em 1893. Na ocasião pronunciou sincero discurso que arrematava com as seguintes palavras de agradecimento: - “Mas deixai também, meus senhores, que nesta linda hora risonha, em que as emoções mais íntimas se atropelam dentro de mim, deixai que, mal acabe de vos agradecer, eu me ausente precipitado destas galas. Sim, deixai que o meu coração voe para longe daqui, fuja para a minha estremecida cidade de São Paulo, e lá, comovido e respeitoso, penetre por um momento, muito de manso, numa casa modesta de bairro sem luxo. Nessa casa, a estas horas, nesta mesma noite, está uma velha toda branca, oitenta anos, corcovada, com o seu rosário de contas já gastas, a rezar diante da Virgem pelo filho acadêmico. Pelo filho que ela, a viúva corajosa, ramo desajudado, mas altaneiro, de família opulenta, criou, educou, fez homem - Deus sabe com que sacrifícios e com que ingentes heroísmos obscuros ! Deixai pois, senhores acadêmicos, que o meu coração voe para a casa modesta de bairro sem luxo, entre no quarto do oratório, ajoelhe-se diante da velha branquinha, beije-lhe as mãos, e, na brilhante noite engalanada deste triunfo, diga-lhe por entre lágrimas: - Minha mãe, Deus lhe pague !” Três anos após, entretanto, faleceria, em 1937, interrompendo uma trajetória literária promissora e recebeu do P. Leonel Franca S. J., o exórdio: PAULO SETÚBAL ! “Na plenitude dos anos, o anjo da morte bateu-lhe à porta para acompanhá-lo ao descanso eterno dos justos. Os admiradores da sua obra literária lamentam, inconsoláveis, o desaparecimento prematuro do artista da palavra. No firmamento das letras foi o seu brilho fugaz como o de um meteoro. Os que, nos últimos tempos, lhe conheceram de perto as ascensões espirituais choram a perda irreparável de um apóstolo cujas irradiações benéficas poderiam amanhã estender-se em ondas de incomensurável amplitude.”
Apesar da glória que atingiu em tão pouco tempo, para mim será sempre o poeta de versos simples quais os que se seguem: “SÓ TU - Dos lábios que me beijaram,/ Dos braços que me abraçaram,/ Já não me lembro, nem sei.../ São tantas as que me amaram !/ São tantas as que eu amei !// Mas tu - que rude contraste ! - / Tu, que jamais de beijaste,/ Tu, que jamais abracei,/ Só tu, nest’alma, ficaste,/ De todas as que eu amei...”
E destes outros que decorei, em certo tempo de minha vida, na adolescência, e sempre me pediam que declamasse, em festinhas que freqüentava, onde correu um boato que eu havia me apaixonado por uma noiva, ou melhor, seria apaixonado por alguém que agora seria noiva. Devo dizer que não passa de lenda, embora não seja tão famoso assim. Lá vai: “SÊ FELIZ ! - És noiva... Em breve há de raiar o dia,/ Festivo, azul, vibrante de alegria,/ Que te sorri num céu de rosicler./ Irás à igreja. E, num altar formoso,/ Branca de anseio, trêmula de gozo,/ Verás florir teu sonho de mulher !// Oh! Nessa noite, o baile terminado,/ Ao te despires para o teu noivado,/ Sonhando os sonhos que a paixão te diz,/ Tu hás de ouvir, na alcova silenciosa,/ O tom queixoso duma voz queixosa,/ Que te dirá baixinho: Sê feliz !// E, pálida de susto, ao escutá-la,/ Hás de reconhecer a minha fala,/ Ouvindo a minha voz naquela voz !/ E hás de sentir, como jamais sentiste,/ O fel que vai naquele verso triste,/ A dor que punge aquela frase atroz...
Só para complementar, esses dias, passei por um dos “becos dos livros”, e adquiri a obra completa de Paulo Setúbal, edição Saraiva, de 1954, em perfeito estado de conservação, para não dizer novos. Acredito que nem tenham sido abertos e folheados. São treze volumes que pretendo ler aos poucos, como quem curte uma saudade de um tempo bom de outrora. Contava com menos de dezoito invernos e talvez era feliz sem saber. A vida é assim mesmo...
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Cronista e poeta
Publicado em 26 de junho de 2002 - no Diário de Canoas.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela de Ângela Ponsi


N O I T E
D E
I N S Ô N I A

Ialmar Pio Schneider

Quanto quisera te olvidar agora
antes que seja tarde em demasia,
pois novamente vai romper a aurora
e teremos à frente um novo dia !

Eu te verei passar então lá fora
e me verás também na companhia
dos meus livros, amigos de toda hora,
procurando compor qualquer poesia.

Irás esbelta como sempre estás
seguindo jovialmente teu caminho
sem olhar um instante para trás...

Eu seguirei teus passos de mansinho
com meus olhos cansados e sem paz
lamentando esta vida de sozinho.

CANOAS, 11-1-85 - O TIMONEIRO - PÁG. 6
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quarta-feira, 21 de abril de 2010

C R Ô N I C A de IALMAR PIO




JERÔNIMO, O TÍMIDO


Ialmar Pio Schneider


Pensava que não tinha perspectivas quanto àquela paixão que nutria com tanta persistência. Por isto vivia frustrado ao lembrar-se de Paula, quando a via sentada à mesa de uma lancheria no shopping center Praia de Belas, juntamente com suas amigas, nos happy hours dos fins de tarde. Muitas vezes falara com ela, insinuando que a queria, mas não tendo coragem para declarar-se, sofria enormemente. Jerônimo era um tímido. Desejava o amor carnal, enfim, total. A mulher que povoava a sua cabeça era uma morena desenvolta, de cabelos negros e compridos, olhos pretos quais duas jabuticabas, lábios rubros que nem pétalas de rosa vermelha, seios palpitantes e firmes, braços roliços e torneados, cintura fina de vespa, nádegas de tanajura, coxas e pernas esculturais e os pezinhos de anjo ou demônio, fascinantes. O conjunto dela o atraía como se fosse um ímã; às noites sonhava que a possuía e acordava, por assim dizer, quase feliz. Durante o dia andava ao seu encalço só para admirá-la, mas não perdia a esperança de consegui-la. Era a sua paixão. Procurando abafar aquele sentimento as 24 horas do dia, mas não o conseguindo, sentia-se como se estivesse deprimido. Entretanto, no fundo, alimentava esse anelo que guardava qual um precioso tesouro. Apesar de tantas vicissitudes, pensava consigo: um dia choverá em minha horta. Sabia que tinha que ter paciência, pois as coisas não se resolvem assim, sem mais nem menos, principalmente as do coração. Tivera conhecimento rudimentar do que seria um amor platônico, mas não queria que o seu o fosse e lutava por isso. Às vezes, passeando pelas ruas da cidade, encontrava-se com os amigos, que sabendo de sua história, perguntavam-lhe: - “Como vai a Paula ? Nada ainda ? Tens que conquistá-la ! Ela está lá no shopping com as amigas...” Jerônimo respondia: - “Estou pensando numa maneira de chegar; está difícil. Parece que tudo conspira contra mim, até vocês, caçoando.” - e lá se ia, pensando na amada e com um leve sorriso, como a disfarçar a situação. “Haveria de ter um jeito...” - matutava. Até que um dia, voltando para casa em uma lotação, teve uma idéia. Conservou-a, entretanto, por mais algum tempo, ansiando que amadurecesse. Era mister que tivesse esse mínimo de coragem para vencer a timidez que todo o envolvia como uma aura. Um psiquiatra lhe dissera em certa ocasião que ninguém nasce tímido; que a timidez se adquire e pode ser tratada. Nunca mais voltara ao consultório e preferira continuar com sua doença, apesar de tudo. Queria vencê-la, naturalmente. Esse era o seu desígnio. O mês de dezembro ia em meio, aproximava-se o verão e o calor era insuportável. Fazia 34º à sombra e as pessoas andavam pachorrentas, buscando chegar onde tivesse ar condicionado. Em algumas casas de bairros de classe média crianças tomavam banho de mangueira, onde não houvesse piscina, e as que existiam estavam lotadas. Jerônimo via que o ano estava chegando ao fim e ele ainda não havia tomado uma atitude quanto ao seu caso que ia se tornando crônico. Não se tratava mais de paixonite aguda. Era algo mais forte e vinha durando... durando... Certa noite, em seu quarto de solteiro, sentado à escrivaninha, pega a esferográfica e um bloco de papel de cartas e começa a escrever. Era o que deveria já ter feito, mas, antes tarde do que nunca. Finalmente estava pondo em prática a sua idéia amadurecida e ao terminar a folha, dobrou-a e colocou-a dentro do envelope, endereçando-o para: “Namoro na TV - Programa Sílvio Santos - SBT - São Paulo - SP”. DC (09-12-1998


segunda-feira, 19 de abril de 2010

POEMA de IALMAR PIO

Musa da Internet



POEMA DA SOLIDÃO

Ialmar Pio Schneider

Sinto tua presença
nesta minha suave solidão
e há em tudo isso uma suavidade imensa
me acalentando o coração.

E a música é como uma brisa acalentadora
[ e perfumada
penetrando na alma fatigada
numa tarde quente de estio.

A música é como a fragrância das flores
e ai daquele que a não sentiu
não gozou de seus favores.

A vida é vaporosa
e fez-me assim
A vida é caprichosa
e fez-te um jasmim.

Eu quisera que soubesses o quanto me és amada
aquilo que nunca me foi possível
te externar com palavras corriqueiras.

Eu quisera que soubesses, e enlevada
do enorme amor, do amor incrível,
que me enche a alma, noites inteiras.

E então com um olhar que repousasses
[ em meus olhos
arrancasses os abrolhos
fincados em meu coração;
e com um simples sorriso
me indicasses o paraíso
de uma mútua solidão !


sexta-feira, 16 de abril de 2010

POEMA de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi



POEMA DA RECORDAÇÃO


Ialmar Pio Schneider


Quantas noites enluaradas

contemplamos distantes

um do outro, nas madrugadas

delirantes !....


Retornam agora

aos nossos corações,

como se fosse a aurora

das evocações...


Entretanto, não restam perdidas

aquelas horas passadas,

fazem parte de nossas vidas

deslumbradas...


E no livro do destino

sempre permanecerão,

qual um melodioso hino

de amor e de paixão...


quarta-feira, 14 de abril de 2010

C R Ô N I C A de IALMAR PIO

Céu e mar


O HOMEM E SEU DESTINO


IALMAR PIO SCHNEIDER


Talvez seja impossível manipular-se o destino de um homem, mas existe o livre-arbítrio que, aliado à inteligência, pode até modificar, pelo conhecimento, a vida de alguém. Ao longo do tempo desvendaram-se os princípios da natureza e surgiram as ciências e as artes. Desde os primórdios do aparecimento do ser humano na face da terra, a preocupação principal é a descoberta rumo ao desconhecido. Passou-se da remota pedra lascada até pisar-se à lua. Mas para isso foram necessários muitos anos de pesquisas e estudo, que só o homo sapiens foi capaz de realizar.
Hoje em dia a informática avança infinitamente rumo ao setor das comunicações, o que pouco tempo atrás não havia. Lembro-me de quando conheci o telex faz uns trinta anos e poucos, e me impressionava que se pudesse estar escrevendo a máquina aqui em Porto Alegre e ao mesmo tempo a mensagem sendo recebida lá no outro lado do mundo no Japão. Representava um grande avanço nas comunicações, substituindo o telégrafo, com tanta proficiência. Depois disso surgiu o fax e chegamos à Internet que hoje abrange todo o universo, como se fosse outra maravilha a ser acrescentada no rol das já existentes. De fato, neste setor, vivemos dias florescentes que nos demonstram a capacidade humana.
Entretanto, se todo este progresso não contribuir para o entendimento entre os povos e a erradicação da miséria na face da terra, não há muito do que se vangloriar. Lembremo-nos de que estamos todos no mesmo barco e só é possível a convivência pacífica quando cada um fizer a sua parte nesta travessia que é a vida. Já disse um poeta que “a felicidade até existe” e podemos complementar que a questão é encontrá-la.
Isto pode ser fácil ou difícil, depende da idiossincrasia do indivíduo, lançado neste mundo à mercê das controvérsias e ideologias, as mais diversas, procurando o caminho que o salvará das peripécias que surgirem no presente e no futuro. Não obstante, embora o passado esteja morto, deverá ser lembrado, pois é provável que poderá ajudar a fim de que se não repitam as falhas capazes de ocasionar lamentáveis catástrofes como as que aconteceram outrora.
É possível que o altruísmo, contrapondo-se ao egoísmo daqueles que não veem no próximo um irmão, possa mitigar a carência dos excluídos que procuram um lugar ao sol e esbarram nas dificuldades intransponíveis por suas próprias forças. Sempre valerá a pena proporcionar oportunidades aos que delas necessitam, pois a recompensa virá, com certeza. Deus nunca nos decepcionará !
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Poeta e cronista

Publicado em 10 de junho de 2000 - no Diário de Canoas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

S O N E T O de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PON

Aquarela de Ângela Ponsi


PARA A MULHER RUIVA

Ialmar Pio Schneider

Nada escrevi depois da chuva
e bem que o quisera fazê-lo,
lembro-me ainda da mulher ruiva
com seu deslumbrante cabelo.

Vejo-a, desenvolta saúva,
e atrai-me demais tal apelo,
- será solteira, será viúva?! -
seu amor, quero compreendê-lo.

Sonho... dúvida... indecisão...
(talvez um desejo qualquer).
- meus sentimentos quais serão?

Quando perdido em treva densa,
procuro alguém que me quiser
tornar feliz, sem desavença...

domingo, 11 de abril de 2010

POEMA de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi


C Â N T I C O I

Ialmar Pio Schneider

Cultivo um amor oculto
que cresce dentro de mim;
dia a dia toma vulto,
parece nunca ter fim...

Nas horas tristes, perdido
no meio da multidão,
procuro no mar do olvido
já me afogar, mas em vão.

Quando as folhas do passado
uma após outra perpasso,
quase fico revoltado
me culpando do fracasso...

Pois melhor fora, talvez,
não criar a fantasia
de viver na timidez
que esta paixão requeria.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi

O E N C O N T R O

Ialmar Pio Schneider

Necessito teu cálido carinho
para o ritmo poético cansado
prosseguir como nunca o seu caminho
rumo à vida, ao esplendor sempre sonhado.

E falando-te ao ouvido de mansinho,
mais venturoso, menos desgraçado,
meu verso tênue cantará baixinho
coisas do amor presente sem passado.

Entretanto se algum dia a pedra frouxa
desandar fatalmente de sua rocha
obstruindo-nos a viagem para além;

se tivermos que retornar exaustos
encontrarás coragem em meus haustos
e em teus beijos a encontrarei também !

quarta-feira, 7 de abril de 2010

S O N E T O de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PON

Aquarela de Ângela Ponsi


DESTINO DE LUZES

Ialmar Pio Schneider

Eu sou teu... tu és minha... pouco importa
o dia que amanhã, nascer tristonho...
O sol se fez presente à minha porta
e cresceu em minh’alma um grande sonho.

És a relíquia, onde a vida incerta
achou deleite para o mal ferrenho...
Hoje, meu ser se transmudou, na certa
possui o bem-querer e a dor não tenho.

Gosto de ti; gostas de mim, me dizes.
Podemos, mundo afora ser felizes
sempre unidos num mesmo destemor,

porque nosso destino foi talhado
de luzes, e sem sombras do passado
desliza florescido pelo amor.


domingo, 4 de abril de 2010

CRÔNICA LITERÁRIA

Aquarela de Ângela Ponsi
SOBRE O “ PROJETO ARLEQUIM”

IALMAR PIO SCHNEIDER

Há alguns meses, estando em Capão da Canoa, tive a oportunidade de adquirir um livro de aventuras intitulado O CAPITÃO FRACASSO, de Théophile Gautier, tradução e adaptação de Myriam Campello, do original “Le Capitaine Fracasse”, cuja leitura muito me agradou, já em Porto Alegre, nos meados do mês de abril. Procurei depois saber da biografia do autor e encontrei-a na Enciclopédia Brasileira Mérito, e o mesmo ter sido poeta e escritor francês, nascido em Tarbes, em 31-8-1811; e falecido em Neuilly, em 23-12-1872. Consta haver estudado, desde a tenra idade, a Literatura Francesa dos séculos XVI e XVII, de que publicou inúmeros ensaios literários, muito apreciados na época. Embora tenha pertencido à Escola Romântica, devido à sua poesia de Esmaltes e Camafeus (1856), sempre revista até à sua morte, pode ser considerado um irrefutável precursor do Parnasianismo. A sua obra literária foi extensa, abrangendo ensaios, romances, poemas, crônicas de viagens, etc., que, reunida, certamente, atingiria mais de trezentos volumes, só de esparsas.
Entretanto, o que me leva a escrever estas considerações, é o fato de haver assistido ao filme A Viagem do Capitão Tornado (Il Viaggio Di Capitan Fracassa) - Direção: Ettore Scola - País: Itália, 1990 - Duração: 130 min. - Com: Massimo Troisi e Ornella Muti, dentro do programa Imagens da commedia dell’arte: o teatro e o cinema contemporâneos, na segunda temporada de eventos do Projeto Arlequim, no dia 30 de julho de 2002, na sala leste do Santander Cultural, rua Sete de Setembro, 1028 - P.Alegre.
Conforme as imagens e as cenas iam se sucedendo na tela, ocorria-me lembrar das passagens do romance e despertavam meu interesse as personagens histriônicas e as beldades femininas que fizeram parte do elenco. E quanto reclamavam de fome ! Não é por menos que o texto inicia com o capítulo O Castelo da Miséria e termina com O Castelo da Felicidade, tendo neste período intermediário sofrido diversas privações e acontecimentos inesperados... Bem se pode aquilatar as peripécias que enfrentava a troupe na viagem que estava fazendo para Paris. Foram mais de duas horas de entretenimento agradável em que a comicidade da peça - quase teatral, ou até teatral - despertava o riso nos espectadores. Tanto é que, no final, alguém, uma senhorita, disse: - De tanto ouvir reclamar de fome, vou ter que comer alguma coisa.
No segundo dia, ou seja, em 31 de julho, assisti ao filme Cyrano (Cyrano de Bergerac) - País: França, 1989 - Duração: 135 min. - Direção: Jean-Paul Poppeneou - Com: Gerard Depardieu e Anne Brochet. Trata-se da biografia do literato francês Saviniano Cirano de Bergerac, nascido em Paris, em 6-3-1620 e falecido em setembro de 1655, na mesma cidade. Apesar de uma curta existência de 35 anos, envolveu-se em alguns duelos, deixou uma obra relativamente extensa e bizarra; assim o Mestre-Escola Folgazão (1654), em que ridicularizava seu antigo professor João Grangier; e outras tragicomédias, além de poesias.
Por último, em 1º de agosto, foi apresentado o filme Arlequim, Servidor de Dois Patrões (Arlecchino, servitore di due padroni) - Direção: Giorgio Strehler - País: Itália, 1970 - Duração: 120 min. - Com: elenco do Piccolo Teatro di Milano. É uma peça do comediógrafo, considerado o fundador do moderno teatro italiano Carlos Goldoni; nascido em Veneza em 15-2-1707 e falecido em Paris, em 6-2-1793. Levou uma vida cheia de altos e baixos, e sendo privado, pela Revolução Francesa, de uma modesta pensão que percebia, terminou seus dias na miséria.
Resta-me agradecer e elogiar programas desta natureza que acontecem, gratuitamente, em horário bem razoável, às 19 h., em nossa Capital. Parabéns aos organizadores !
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Cronista e poeta
Publicado em 21 de agosto de 2002 - no Diário de Canoas.
http://ialmar.pio.schneider.zip.net/
EM 29.06.2009
DIÁRIO DE CANOAS
EM 13.12.09