domingo, 29 de novembro de 2009

POEMA de IALMAR PIO - Imagem da Internet


NO SONO...

Ialmar Pio Schneider

Mais uns minutos
e a noite cairá pesada
como o sono que eu trago
no imenso vago
do coração.

Meus sonhos triturados
hão de estalar
e sentir-me-ei abandonado
- poeira inútil
ao longo dos roteiros.

Um vento forte
estará espiando meu desastre
e na fatalidade que me espera
voarei pelos espaços
no sono imenso e vago
e sem perdão...

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 14 de 23.7.82 - CANOAS (RS)


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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CRÔNICA EM HOMENAGEM PÓSTUMA



DESPEDIDA AO POETA AMIGO

IALMAR PIO SCHNEIDER

Recebi, consternado, a notícia do falecimento do humanista escritor amigo Eno Theodoro Wanke, ocorrido no dia 28 de maio de 2001, no Rio de Janeiro, onde residia e espalhava suas criações literárias - sonetos, trovas, contos, crônicas e principalmente seus “clecs” (pensamentos humorísticos), bem como estudos sobre a trova, biografias, folclore, didática do verso, episódios na vida, memórias, etc., por todo o país e grande parte do mundo. Seu soneto APELO, foi publicado em livro - “160 brados de alerta contra a guerra em 95 idiomas”, cujo texto é o seguinte: “Eu venho da lição dos tempos idos / e vejo a guerra no horizonte armada. / Será que os homens bons não fazem nada? / Será que não me prestarão ouvidos? // Eu vejo a Humanidade manejada / em prol dos interesses corrompidos. / É mister acabar com esta espada / suspensa sobre os lares oprimidos! // É preciso ganhar maturidade / no fomento da paz e da verdade, / na supressão do mal e da loucura... // Que a estrutura econômica da guerra / se faça em pó! E que reinem sobre a terra / os frutos do trabalho e da fartura !”
Só por curiosidade e para que seja registrado, a composição acima de quatorze versos, foi vertida para as seguintes línguas: albanês, afrikaans, alemão, alsaciano, amárico, árabe, balear, basco, bengali, bourguignon, bundo ou umbundo, búlgaro, cabrais, castelhano, catalão, chibarwe, chinês, chic’hangana, chynianja, cisena, cinsenga, cinyungwe, coreano, croaca, coti, dinamarquês, esloveno, esperanto, estoniano, filipino, finlandês, flamengo, francês, frísio ou frison, gaélico, galego, galês ou welsh, gê, mina ou popo, grego moderno, guarani, haussá, hebraico, hindi, holandês, húngaro, indonésio ou bahasa indonésia, inglês, islandês, italiano, japonês, javanês, kikongo ou congo, kirundi, latim, letão, lombardo, lwo, macua, malaio, malgache, maltês, mongol, norueguês, nyanja, oandi, occitânico, papiamento, persa, peul, fulani ou fulfundé, polonês, ponapeano, quechua, quimbundo, romantche, romeno, ruanda, russo, samoano, serbo-croata, sesoto, shona, siciliano, singalês, sueco, swahili, tagalog, tai, tcheco, tereno, tupi moderno ou nheengatu, turco, ucraniano, wolof e zulu. “Total: 160 sonetos em 95 idiomas ou dialetos, incluindo o português, ou seja, são 159 versões do soneto Apelo para 94 línguas diferentes.”
Há alguns anos, conheci-o, quando esteve em Porto Alegre, e confraternizamos num almoço em que houve até concurso de trovas, declamações e pequenos discursos. Era uma pessoa muito cordial e contava com uma infinidade de amigos, entre os literatos de toda parte.
Tendo lhe enviado o meu livro de poemas, respondeu-me, com sua obra de “reminiscências das férias numa serraria do interior do Paraná na década de 1940” - Serraria Santa Alelaide - seguido de bibliografia juvenil inédita”, na qual pôs a seguinte dedicatória: “Ao Ialmar, agradecendo o belo livro “Poesias Esparsas Reunidas” - cuja leitura muito me agradou, um abraço e a amizade do Eno - Ass. - Rio, 200l”. Foi o último contato que tivemos.
Depois disso recebi o livro Apelo - Rubaiyat & Satã - Poesia Completa/Vol. 5 -, ainda para mim autografado: “Para Ialmar Pio Schneider, com o fraterno abraço do Eno - Ass.”, e a notícia de seus familiares de que havia partido no dia 28 de maio de 2001, “expressando seus mais sinceros agradecimentos pelos longos anos de cordial convivência. - Rio de Janeiro, 200l”. Acrescento que sua produção e sua biografia até 1990 foram analisadas por Therezinha Radetic no livro Eno Theodoro Wanke, sua vida e sua obra.”
Quero, outrossim, dizer do meu sentimento aos seus familiares e que a passagem do Eno por este mundo ficará para sempre nas mensagens poéticas que ele deixou à posteridade. Seus amigos e colegas não o esquecerão em suas memórias e preces. Que Deus lhe dê as luzes do Paraíso onde continue exercitando sua arte que tanto ama !
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Poeta e cronista

Publicado em 22 de agosto de 2001 - no Diário de Canoas.




segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi

Do Bric-à-Brac da Vida
NILO TAPECOARA
Correio do Povo de Pôrto Alegre (RS)
11.11.1982

C o n s o l a ç ã o

Ialmar Pio Schneider

Os meus versos não servem mais pra nada;
quero jogá-los fora, pobres versos,
foram meus companheiros de jornada
nos momentos felizes ou adversos !

Muitos escritos pela madrugada,
tristes soluços na paixão imersos
parecem uma história inacabada
com fragmentos avulsos e dispersos...

Entretanto, por que jogá-los fora ?
se nasceram do fundo de minh’alma
e já não servem pra mais nada, agora ?!

São versos pobres, versos, enfim, tristes,
mas fazem que eu mantenha a minha calma
e me dizem que tu neles existes...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi

MONOTONIA SALUTAR

Ialmar Pio Schneider

Um casal de pardais se banha agora
na poça d’água rente da calçada...
O sol a pino... faz calor nesta hora...
É meio-dia e a tarde começada.

Vem do mar uma brisa que me agrada,
olho a paisagem nítida lá fora.
Estou à sombra e penso em quase nada:
assim minh’alma não sorri nem chora.

Ficar sentado aqui sem perspectiva,
ouvindo a voz das aves e o marulho,
nesta monotonia cansativa;

contudo salutar a quem deseja
fugir do turbilhão e do barulho
para buscar a calma benfazeja...

Praia do Pinhal - 14.2.84

Canoas, 10 de janeiro de 1985 - Página 10 - RADAR


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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - TELA de GLAUCIA

Tela de Glaucia Scherer


_____S O N E T O Í N T I M O_____

Ialmar Pio Schneider

Enfrenta teu destino sem alarde;
que ninguém saiba o que te vai na mente...
Não te lastimes, murmurando: “É tarde !”
Esquece o teu passado, indiferente...

Também não fujas, como vil covarde,
à luta que te espera, e simplesmente
pede ao Senhor que te proteja e guarde
em Sua bondade infinda, onipotente.

Encontrarás, enfim, sabedoria
para atingir a meta projetada,
sem falso orgulho, mágoa ou rebeldia;

porque tua fé com força redobrada
renascerá com flores de alegria,
enfeitando pra sempre tua estrada.

Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 10 - 9.7.82 de CANOAS (RS)
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR PIO - AQUARELA de ÂNGELA PONSI

Aquarela A Bailarina de Ângela Ponsi

MUSA CONSOLADORA

Ialmar Pio Schneider

Foge-me a inspiração levada pelo vento
e junto vais, oh musa ardente e sedutora,
deixando-me sozinho envolto em meu tormento
e a se desesperar minh’alma sofredora !

Foste minha ilusão e meu contentamento,
a luz que prende a alma e a torna sonhadora,
e se hoje tua ausência em vão choro e lamento,
é porque te perdi, fada consoladora !

Aguardo teu retorno, encantada revinda,
pra que volte a cantar e a bendizer o amor...
Na noite mais atroz te concebo mais linda

e necessito, enfim, de teu magno esplendor
que me faça entender, talvez um pouco ainda,
o sonho genial de ser poeta e cantor...


Publicado em O TIMONEIRO - Pág. 14 de 6.8.82 - CANOAS (RS)


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terça-feira, 10 de novembro de 2009

S O N E T O de IALMAR PIO -TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer

SONETO A UMA MUSA

Tento ainda escrever mas, tristemente,
meu coração soluça e não esquece
a musa que enfatiza a minha prece
e sinto que estou mal, estou doente.

Por que será que foste a grande ausente
na vida do poeta que padece,
(oh! fada que percorres minha messe)
e me fazes sofrer inutilmente?!...

No entanto, minha velha companheira,
eu te levo comigo na desdita,
e há de ser a esperança derradeira

de seguir versejando amargas penas,
porque em sonhos te vejo tão bonita,
e pra mim tal conforto basta, apenas...

IALMAR PIO SCHNEIDER

pág. 10 - “O TIMONEIRO” - 21.8.81 - CANOAS (RS)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SONETO de SEVERINO SILVEIRA DE SOUSA

Pôr-do-sol no Guaíba
MANANCIAIS DE RIMAS

(ao consagrado poeta e amigo,
Ialmar Pio Schneider )

Os teus sonetos que releio, amigo,
sarapintados de filosofia,
portando a flama da sabedoria
e imunizados de qualquer prurigo...

Detentores dos lauréis da poesia
são mananciais de rimas que bendigo.
O sonetário belo é que persigo
quais teus sonetos de real magia...

Prossegue, amigo, a sonetear na trilha
da inspiração que ativa e que fervilha
no sentimento que acalentas n´alma.

Bendito sejas no versejo culto
destacado no estudo a que me avulto
e pertinente à musa que m´empalma !...


Severino S. de Sousa
28/10/2009

Obs.: Quero agradecer ao confrade e amigo por me dedicar este soneto maravilhoso e culto.


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SONETO de IALMAR - AQUARELA de ÂNGELA

Aquarela de Ângela Ponsi


AMOR ANTIGO

Ialmar Pio Schneider

Eu quis fazer um verso de saudade
Que me trouxesse os dias já vividos;
E pensei nos caminhos percorridos
Quando te amei demais na mocidade.

Mas hoje mergulhado na ansiedade,
Só me atormentam sonhos reprimidos
Como se fossem cânticos perdidos
Que me negaram a felicidade.

Aquela que cruzou o meu destino
E só me fez cantar inutilmente
Os seus dotes de rara exuberância,

Matou pra sempre os sonhos de menino
Que povoaram então a minha mente
De todos os amores sem constância.

Porto Alegre – RS, 26 de maio de 2002


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

SONETO DE FINADOS




SONETO DE FINADOS

Lembramos nossos mortos neste dia
que consagramos tristes aos finados;
passaram para o Além e a lájea fria
apenas guarda os corpos sepultados.

Hoje tudo é perpétua nostalgia...
Ouvem-se preces, prantos desolados,
um porquê inexplicável excrucia
até os corações mais resignados.

Dos páramos celestes desce a luz,
iluminando a terra que se habita;
e a verdade mais crua se traduz

pela certeza natural e aflita
que fatalmente a todos nos conduz
à noite eterna... trágica... infinita...

IALMAR PIO SCHNEIDER