sábado, 30 de abril de 2011

DIA NACIONAL DA MULHER - 30 de abril - Poema de IALMAR PIO SCHNEIDER - Aquarela VERÃO de ANGELA PONSI

Aquarela Verão de Ângela Ponsi

















==Após ler a página central da Folha da Tarde:

===“Deus criou a mulher”===

======Ialmar Pio Schneider=====

- 1 -

Se fujo da cidade e do barulho,
me atiro à solidão com certo orgulho.
Os pássaros, o vento, o arvoredo,
escondo no meu âmago o segredo.
Alguém que a gente ama e tanto quer
anjo e demônio, náiade e mulher !
Não há presságios de romper procela.
A canzoada atrás de uma cadela.
A floração na natureza impera,
pois estamos em plena primavera.
Depois virá o estio e pelas praias
monoquínis em vez de minissaias.
Garotas e mulheres mais modernas
mostrando os seios porque é pouco as pernas.
Alguns comentarão a nova moda
lembrando as infantis danças-de-roda,
mas outros julgarão que tudo é válido:
que um seio ao sol transforma-se mais cálido.

- 2 -

O artista que modela sobre a areia
a imagem figurada da sereia,
vendo desnuda a graça e a beleza,
com mais inspiração e mais certeza,
ao ir talhando o busto de sua obra,
terá motivação sutil de sobra.
O menestrel de lira em punho, absorto,
à nau dos versos achará um porto.
As cordas afinadas com carinho,
o peito transformado em passarinho;
e tudo cantará em harmonia
tanto na prosa como na poesia.
Reporto-me ao jornal à minha vista
e sinto inveja que o francês assista
antes de mim tal natureza exposta
que assim no mar também minh’alma gosta
ter aos meus olhos límpido colírio
remédio que faz bem ao meu delírio.
A França está tão longe, Pampellone
talvez fosse calmante à mente insone !

- 3 -

Mas o Brasil é meu, daqui sou filho,
e lá seria pior, seria o exílio
ao homem que labuta nesta terra
distante do desastre atroz da guerra.
Permitam-me dizer neste meu verso:
“Nossa Pátria é a rainha do Universo.”
Não há melhor no mundo, podem crer,
que este gigante enorme a alvorecer.
Sempre surgem correntes literárias
são fases naturais e necessárias
que trazem ao espírito mudança
e a gente sem querer entra na dança
após tanto pensar chega o momento
que nos parece drástico e propício
tendo à frente talvez um precipício
O cérebro não age, está confuso
nos ares um palor tênue e difuso
vai penetrando devagar à ótica
mais nada se distingue, pois caótica
é a hora que me encontro num abismo
se um dia chegaremos ao nudismo:

- 4 -

é tema pra filósofos doutores
e não a taciturnos sofredores.

Agora vou fumar mais um cigarro
enquanto lá no poste um joão-de-barro
fabrica um lar para abrigar seu ninho
todos seguem no mundo o seu caminho
e mesmo que se queira livre a forma
desde que existe gente existe a norma.

Canoas (RS) - 28-10-72















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