terça-feira, 19 de abril de 2011

Dia do Exército Brasileiro (Dia 19 de Abril) - Crônica republicada











O MILITARISMO

=====IALMAR PIO SCHNEIDER=====

O vocábulo “militarismo” abrange dois sentidos básicos: um, amplo, de caráter social; outro, estrito, de aspecto político. No primeiro sentido encontramos a classe dos militares que representa uma profissão de destaque na sociedade, notadamente o corpo de oficiais e subalternos, convivendo com a população de que fazem parte, advindos, geralmente, das camadas médias e até humildes. Optam pela carreira das armas e progridem pelo seu esforço e aprimoramento, estudo e disciplina, galgando postos na trilha que escolheram.
No segundo sentido, assume as rédeas da política na forma de ditadura militar, uma vez de que dispõe da organização bélica para fazê-lo. Se a guerra, como doutrinava Karl von Clausewitz, é a continuação da política por outros meios, a organização da guerra, extremando-se no militarismo, toma todo o campo da condução do Estado. Em torno de 1800, o ministro von Schrötter definiu a política militar dos Hohenzollern, ao observar que a Prússia não era um país com um exército, mas um exército com um país que lhe servia de quartel e de armazém de abastecimento.
No sistema constitucional, representativo e liberal, a ascendência do militarismo se considera como estado de enfermidade social e política. Em 1909, Rui Barbosa expressava, nestas palavras, a doutrina vigorante: “Entre as instituições militares e o militarismo vai, em substância, o abismo de uma contradição radical. O militarismo, governo da nação pela espada, arruina as instituições militares, subalternidade legal da espada à nação. As instituições militares organizam juridicamente a força. O militarismo a desorganiza. O militarismo está para o Exército, como o fanatismo está para a religião, como o charlatanismo para a ciência, como o industrialismo para a indústria, como o mercantilismo para o comércio, como o cesarismo para a realeza, como o demagogismo para a democracia, como o absolutismo para a ordem, como o egoísmo para o eu”.
Outrossim, o militarismo sob este aspecto é contrário à democracia, tendo em vista que suprime a vontade popular, cuja soberania se expressa pelo voto. Tem sido considerado “um mal crônico da história hispano-americana”.
No Brasil, vivemos longo período, precisamente 21 anos, sob o regime militar. Não se pode negar que houve um acentuado avanço tecnológico durante esse tempo, notadamente na área das comunicações, bem como estradas de rodagem asfaltadas, energia elétrica, indústria automobilística, etc. Espera-se que a Nova República realize as mudanças tão apregoadas em praças públicas, quando das campanhas para as “diretas já”.
As instituições militares são deveras importantes na manutenção da ordem de um Estado como nação independente, tanto na esfera interna quanto na externa, e seu fortalecimento deve ser incrementado no sentido de consolidar a verdadeira democracia para o bem de todos e garantia da Constituição da República. Para que isto aconteça é necessário, todavia, que os políticos vejam no povo seus aliados e não os enganem com promessas vãs e até maquiavélicas a fim de se manterem no poder. De repente, poderá sobrevir uma convulsão social e a população sofrida e ludibriada, preferir a volta ao regime militar, que apesar dos pesares, lhe proporcionava melhores condições de vida.
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Cronista
Publicado em 02 de maio de 2001 - no Diário de Canoas.
















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