domingo, 8 de agosto de 2010

HOMENAGEM AO DIA DOS PAIS - IMAGEM DA INTERNET

Homenagem póstuma ao meu pai.


A FLAUTA QUE MEU PAI RACHOU


Meu pai me conta em noites hibernais

o seu passado nesta vida em fora,

e em torno de um fogão que chora e chora,

escuto histórias que não voltam mais...


Conserva na memória os seus anais

que nem o tempo com furor descora......

que a sina certa vez lhe foi caipora,

partindo seus desejos de cristais.


Em linda noite numa serenata,

tocou infindamente uma sonata

e a amada na janela não chegou...


E ele me narra, tristemente baixo,

que na sua euforia de muchacho,

rachou a flauta e nunca mais tocou!...





TEU FILHO, MEU PAI !...


Ah! teu filho, meu pai, foi diferente...

de a flauta destruir não teve a dita,

e andou cantando apaixonadamente

versos de amor a uma mulher bonita...


A noite é tão escura... O trem apita

e o seu lamento triste faz a gente

sonhar na infância que ficou escrita

no livro do destino descontente.


Horas noturnas de sentir saudade

de tudo o que se teve nesta vida...

Calar o peito, oh meu pai, quem há-de


se a meninice que ficou perdida

dentro de mim pungente e meiga invade

e por mais que se queira não se a olvida?!




***

Meu pai Henrique Schneider Filho, falecido em 1970, foi exímio flautista.


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