sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CRÔNICA/CONTO DE IALMAR PIO - TELAS DE GLAUCIA SCHERER

Telas de Glaucia Scherer


ACONTECEU NA 1ª BIENAL

Ialmar Pio Schneider

Quando da realização do evento da 1ª BIENAL que ocorreu em Porto Alegre - RS, de 2 de outubro a 30 de novembro de 1997, compareceram pessoas de muitas cidades do estado, do país e do exterior, a fim de apreciar as obras de artes plásticas expostas em vários locais da capital gaúcha. Foram muitos os dias de intensa atividade artística, em que até um ônibus especial ficava à disposição dos interessados, em frente ao Mercado Público, de onde partia transportando-os aos diversos lugares da exposição. Nessa ocasião alguns flertes floresceram e houve romances que frutificaram. É o caso da história abaixo e de outras tantas que não foram registradas, como de fato geralmente sói acontecer nesses momentos em que se misturam a realidade com a fantasia.
Despertara-lhe a curiosidade de saber quem era aquela mulher que avistara em certa tarde na Exposição da Bienal. Aparentava beirar os trinta anos e era morena clara. Tinha um corpo bem feito, torneado, e caminhava com certa esbeltez, olhando os quadros, admirando-os. Parecia andar solta dentro de um vestido de seda que a abrigava, deixando-a, assim, muito atraente. Olhava-a, de vez em quando, disfarçadamente, e ela parecia, mais ou menos, corresponder-lhe com discrição. E o flerte prosseguia inconseqüente, até que Menandro, criando coragem, aproximou-se dela, vencendo a timidez , e disse-lhe:
- Interessantes estes quadros... Estás apreciando?
- É... realmente, são muito sugestivos - respondeu-lhe Lívia.
- És daqui mesmo de Porto Alegre?
- Não, sou de Caxias do Sul. E tu?
- Eu sou de Passo Fundo e estou passeando por aqui. Vim ontem. Mas, vamos tomar alguma coisa no barzinho?
- Pois não; podemos ir.
Saíram e foram caminhando, a conversar, pela rua Sete de Setembro e entraram na lancheria em frente à Praça Montevidéu, no largo da Prefeitura Municipal. Pediram refrigerantes e foram bebendo-os, enquanto escutavam a música ambiental.
- O que vais fazer hoje à noite?
- Não sei ainda... mas talvez volte a Caxias.
- Se eu te convidar, aceitas?
- Depende para o que seja.
- Vamos assistir ao filme “Navalha na Carne”, com a Vera Fischer. Está passando ali no cinema Vitória.
Ela concordou e após lancharem dirigiram-se ao cinema. Tinham muito que conversar ainda, pois ambos não se conheciam e vieram de cidades diferentes. Menandro pensava que tudo se encaminhava bem e Lívia da mesma forma. É bem provável que nascera aí um amor à primeira vista para preencher o vazio da existência de duas pessoas solitárias que se encontraram casualmente.
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Poeta e contista
Publicado em 03 de agosto de 1999 - no Diário de Canoas.

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em 23.05.2010
DIÁRIO DE NOVO HAMBURGO EM 23.04.10


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