sexta-feira, 6 de maio de 2011

CRÔNICA - DIA DAS MÃES - DOMINGO - 8 de maio - TELA de GLAUCIA SCHERER

Tela de Glaucia Scherer - N. Sra. Schoenstatt


CRÔNICA ELEGÍACA PARA MINHA MÃE


IALMAR PIO SCHNEIDER

     No transcurso desta vida, com certeza, o ser a quem mais amor dediquei foi, sem dúvida, minha mãe, heroína de nossa família e que esteve conosco até meados de 1994, quando partiu já deixando todos os filhos criados, seis ao todo (depois viria a falecer meu mano Remi, talvez sentindo sua falta com quem convivia nos últimos anos), e hoje somos em cinco irmãos, todos espalhados entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, cada qual levando seu barco a seu jeito.


Faltava escrever uma crônica falando dos versos que lhe compus durante a sua existência. Começo, transcrevendo um soneto, muito influenciado e rebuscado (falha-me a memória de qual poeta), quando eu tinha dezesseis anos, em 1958, e estudava no internato do Ginásio “Cristo Rei”, dos irmãos maristas, em Getúlio Vargas/RS: “Minha Mãe - Se triste vivo ou se faceiro exulto, / Se em pequeno lugar ou majestoso, / Eu tenho sempre grande amor oculto, / Por minha mãe de afeto carinhoso. // Pra ela sempre presto grande culto, / Pois amo aquela santa e orgulhoso / Fico, ao ver aquele terno vulto, / Que pra mim é tão ledo e tão formoso. // Bem perto ou longe, eu sempre tenho afeto / À minha amada mãe que me deu vida, / Pois ela é a criatura mais querida, // E o seu sagrado seio o mais dileto, / Que tenho no meu peito consagrado, / E que tenho em minh’alma bem gravado”. Uma cópia batida a máquina foi afixada no mural da escola, no dia das mães do ano de 1958.


Vinte anos depois viria outro soneto, este em versos alexandrinos, que compus em Antônio Prado/RS, quando lá exercia as funções de fiscal da Carteira Agrícola do Banco do Brasil S.A., e que dizia assim: “Mãe - Mãe!... Palavra sublime, amor inexprimível, / que a gente pronuncia em ritmo de oração... / É tão cálido o afeto e quase que impossível / externá-lo, pois vive em nosso coração ! //Se alguma coisa existe, além do que é infalível, / e seja só no mundo e morra em solidão; / creia-me, não verá jamais tão acessível, / de quem nos deu a vida, aceitar a afeição !...// Ela é generosa e sem maldade alguma... / Seus filhos são a maior riqueza que possui, / seu aconchego tem toda a maciez da pluma... // Porém, nunca haverá poeta, cujo verso / descreva o amor de mãe, pois tudo se dilui / ao saber que ela é a dona do Universo !” Foi publicado no jornal Panorama Pradense nº 45, de Antônio Prado/RS, em maio de 1978.


De volta a Canoas/RS, estava eu sentado na mesa de um bar na rua Gonçalves Dias e de repente, senti saudades de minha genitora, e fiz-lhe os seguintes versos, com o coração aos pulos, em decassílabos: “Versos para a Mãe - à minha mãe Amábile - ‘O meu verso maior vai para a mãe / que pelo amor ao filho tudo deixa; / as glórias vãs do mundo, sem pretextos, / envolta em sacrifícios não se queixa... // E quando ela o aninha em seus braços / fazendo-o dormir, embala-o e canta, / não aparenta ser aqui da terra; / é uma imagem dos céus, é uma santa. // Por isto, mãe querida, não te esqueço, / contigo quero estar a qualquer hora, / foste tudo pra mim, foste o começo... / Trazes no coração Nossa Senhora’...”


Estes versos foram publicados na coluna Do Bric-à-Brac da Vida - Nilo Tapecoara - do antigo Correio do Povo, em 04.11.1981.


Finalmente, viria o soneto alexandrino, que a maior tristeza e dor me causou, pois seria o derradeiro, de despedida, e que compus com a alma aos pedaços: “Soneto Elegíaco ‘In Memoriam’ a minha mãe Amábile Tressino Schneider - falecida às 19,30 hs. do dia 05.06.1994 - Domingo - em Palmas - Paraná - ‘Não é dor o que sinto agora... com certeza / é uma vontade de mergulhar no amargor, / de deixar-me levar rumo da correnteza / deste mundo fatal; - é muito mais que dor ! // Senhor, fazei-me orar nas horas de tristeza, / porque bem sei que sou um triste pecador, / perambulando num caminho de incerteza / a pedir o perdão... Fazei-me orar, Senhor ! // Acolhei minha Mãe na Esplêndida Morada / onde os justos esperam a Ressurreição; / e contemplando a luz que tudo aclara e encanta, / das dores que sofreu seja recompensada... / Estava tão serena dentro do caixão: / parece que sorria a sua imagem santa’...” Perpétuas Saudades !


Esta é a crônica que eu devia à minha querida genitora, da qual não me canso de lembrar, evocar e dirigir-lhe as mais ardentes preces para que olhe por nós aqui neste vale de lágrimas !...


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Poeta e cronista


Publicado em 31 de outubro de 2001 - no Diário de Canoas.


http://ial123.blog.terra.com.br/


EM 09.05.2009

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