quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Poema de Ialmar Pio - Imagem da Internet


Ronsard-Quando-fores-velhinha...


POEMA







Ialmar Pio Schneider






Longe de ti desejo como nunca


Dar-te o amparo deste meu conforto,


Mas eu pressinto que o destino adunca


Meu sonho deslumbrante, agora morto...






Desce em mim uma tristeza imensa


Chorando em meu destino como alguém


Cujo amor foi roubado em desavença


E nada mais por ele corra bem.






A natureza que me cerca, cheia


De luzes, de quimeras, num repente


Me transporta ao suspiro que gorjeia


No cântico de um pássaro dolente.






Perdi a ventura, mas não a mocidade,


Hoje sinto num poema visionário


A descrença que o âmago me invade


Ouvindo o pipilar desse canário.






Talvez longe do ninho, abandonado


Sinta sem tréguas o travor da mágoa.


Eu vivo da lembrança do passado.


Oh! Lembrança, que sem querer afago-a !






E tu longínqua e cativante musa


Nem sabes quanto quero junto aos meus


Os lábios doces de tua boca infusa


Advinda como um dom feliz de Deus.






O bardo que te lembra nessas horas


Quando a noite descamba sem perdão,


É só teu, mas por ele tu não choras,


Embora fossem lágrimas em vão.






No entanto, vou dormir... sonhar contigo,


Que em teus braços tivesse o céu que quis.


Oh! Talvez amanhã num doce abrigo


Eu viverei feliz... feliz... feliz...






Sertão – RS, 14-3-65






Postscriptum






Espero em ti


Como em menino,


Pensava ter


Um bom destino.






Idem.


 

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