segunda-feira, 27 de junho de 2016

DIA DE CANOAS - RS - 27.6.16 - 77 ANOS


.6.16 - 77 ANOS


DIA DE CANOAS - RS 27.6.2016 = 77 ANOS - VISTA AÉREA DA INTERNET


 

ANIVERSÁRIO DE CANOAS

 

IALMAR PIO SCHNEIDER

 

     Estamos em plena semana da comemoração do 71º aniversário da criação do município de Canoas, ocorrida em 27 de junho de 1939, conforme Decreto nº 7839 (Pequena História de Canoas - João Palmas da Silva - pág. 93), e a par deste evento foi realizada a 26ª Feira do Livro, promovida pelo Departamento de Cultura da SMDCJ. Lembro-me de quando cheguei em Canoas no distante ano de 1967 houve em frente aos Correios, duas bancas que vendiam livros, sendo, talvez, o embrião do nascimento da Feira. Adquiri diversos livros, um dos quais, Panorama da Poesia Brasileira - volume V - O Pré-Modernismo, organizado por Fernando Góes e nele encontrei uma pequena biografia e alguns poemas do escritor paulista de Cubatão (considerada a cidade mais poluída de São Paulo), em que constatei que ele nasceu em 29 de junho de 1890, aniversariando, portanto, neste mês, não obstante, tenha falecido em 1964. Consta que ele levou uma vida aventureira, tendo viajado clandestinamente para a Europa em um vapor que zarpava para lá, vagabundeando por Portugal e Espanha. Voltou ao Brasil e pouco tempo depois tornou a repetir a mesma aventura, dessa vez, indo para a Itália e chegando em Paris, onde exerceu estranhas profissões e só regressou a São Paulo, após jornadas de trabalho duro, graças ao auxílio do príncipe D. Luís de Bragança.

    De sua autoria, transcrevo abaixo, um poema, que traduz sua preocupação ao pequeno lavrador sem terra, cujo drama já vem desde longa data e que assim o descreveu: “Ao Bater das Enxadas - Afonso Schmidt - Revolve a terra, lavrador,/ Que anda por tudo o sol esparso/ Nessa explosão de vida e amor/ Que aos campos traz o mês de março !/ Florido enterro da semente/ No seio amigo de uma cova/ Para que surja viridente/ A planta e dê semente nova...// Mas, ai! Quando a Mãe Terra estremecer no parto/ E este húmus palpitar em fibra, em folha, em flor,/ Um outro colherá o que plantaste e farto/ Há de correr contigo, ó pobre lavrador !// Depois ao longo dos caminhos/ Órfão de amor, judeu sem lar,/ Errante como os passarinhos/ Que Junho-Mau faz emigrar,/ Verás o fruto abrindo em haste/ De um rubro sol ao doce banho.../ Fome terás, tu que plantaste/ E enriqueceste a algum estranho !// Não vás te revoltar contra essa dor suprema/ De ver teus filhos nus e ricos os ladrões;/ Dirão - “O mundo é assim, há quem cante e quem gema”/ Para os pobres somente ergueram-se as prisões !” (Janelas Abertas. Tip. A. Carvalho & Cia., S. Paulo, Dezembro, 1911, págs. 90-91.)

     E escreve Fernando Góes, na biografia do poeta: “Esse gosto pela aventura não o largará para o resto da vida, na ânsia de não se prender a nada, de em nada se fixar a não ser em suas preocupações com a arte, que compreende e exerce em função do povo. “Não sou um intelectual que serve ao povo - disse um dia - mas um homem do povo mesmo, que tem a faculdade de se exprimir em arte”. E sua poesia é bem o reflexo dessa confissão. Poesia onde revela intensa preocupação social, seu amor aos humildes, aos párias, aos deserdados, e que o leva a apontar - sem revolta, antes com lírica melancolia - desigualdades e injustiças sociais”.

     Por isto, aqui presto esta humilde e justa homenagem ao literato do povo que foi Afonso Schmidt, quando se comemora a data de aniversário do seu nascimento em 29 de junho de 1890, portanto, há 120 anos.      

 


EM 25.06.2010



 

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