segunda-feira, 30 de setembro de 2013



Falecimento do ator James Dean em 30.9.1955 - Imagem da Internet

UM AMOR INCOMPREENDIDO E FATAL




Ialmar Pio Schneider



Quem for da geração cuja adolescência deu-se na década de 1950 a 1960, deve se lembrar que houve um ator de cinema que faleceu jovem, aos 24 anos, de um acidente automobilístico. E que seu carro era um Porsche Spyder. Aconteceu em uma auto-estrada perto de Paso Robles, na Califórnia, em 30 de setembro de 1955, ao dirigir-se à uma corrida de carros-esporte. Durante sua breve existência atuara em apenas três filmes, mas de enorme sucesso pela sua performance, que foram: Vidas amargas, Juventude transviada e Assim caminha a humanidade, e, somente o primeiro havia sido lançado. Tratava-se de James Dean, ou melhor, James Byron Dean, que nasceu em Marion, Indiana, em 8 de fevereiro de 1931. Terminei de ler sua biografia por esses dias, escrita por Ronald Martinetti, tradução de Fernando Albagli e Benjamin Albagli Neto, Editora Nova Fronteira, 1996. Por sinal muito significativa e que mereceu de Martin Pitts, diretor de cinema, Hollywood, Califórnia, a seguinte frase lapidar: “James Dean acendeu uma fagulha para duas gerações de artistas americanos. Ronald Martinetti esclarece magistralmente por que Dean ainda vive.”

Dos três filmes de que o ator participou, o mais consentâneo com sua personalidade foi Juventude transviada, uma vez que representava uma fase que atravessava de revolta, como colocou Pauline Kael, “faz tudo errado porque se preocupa demais”. De fato, escreve o autor da biografia: “A lenda não é totalmente inexata; tantos dos maneirismos de Dean – a fala arrastada, suave e hesitante, o cigarro no canto da boca, a postura eternamente relaxada – estão presentes no filme, que é difícil determinar onde termina a sua personalidade e onde começa a interpretação”. E mais adiante, trechos de críticas austeras a respeito do filme: “(Embora tenha recebido um selo de código de produção, o filme foi posteriormente condenado em vários lugares por sua violência. Escrevendo no New York Times – 27 de outubro de 1955 -, Bosley Crowther descreveu o filme como “brutal (...) e excessivamente explícito”, e afirmou: “É um filme de deixar o cabelo em pé.” Em Memphis, Tennessee, o comitê de censura local proibiu o filme como sendo “nocivo ao bem-estar público” e na Inglaterra, onde Dean possuía inúmeros fãs, vários anos se passaram até que o filme pudesse ser exibido.)””

Dos inúmeros relacionamentos amorosos que teve, um foi o mais forte, e, não concretizado, pois não houve o casamento entre ambos, apesar da grande atração entre eles. Foi com a atriz italiana Pier Angeli que repentinamente noivou com o cantor Vic Damone, que havia conhecido na Alemanha, ao participar de um filme três anos antes. Para Dean foi uma perda de que nunca mais se recuperou. E assim o autor do livro descreve, a passagem da atriz e seu trágico fim: “Pier se casou na igreja católica romana de St. Timothy, em Westwood, a 24 de novembro. O casamento duraria apenas quatro anos. Depois disso, Pier diria que James Dean foi o grande amor de sua vida. Contam que, no dia do casamento, o ator, desesperado, sentou-se na motocicleta, do lado de fora da igreja, observando o que acontecia lá dentro. Talvez isso tenha sido um toque de exagero romântico; de qualquer forma, Dean não estava entre os seiscentos convidados que testemunharam a cerimônia no interior da igreja, a mesma igreja onde, dezessete anos depois, a missa pela morte de Pier, um possível suicídio, seria rezada”. Talvez, não totalmente explicitado, a união entre o ator e a atriz não se realizou por motivos de ordem religiosa, uma vez que ela era católica e ele protestante. Mas não se pode ter certeza disto. O fato é que James Dean faleceu tragicamente antes de ficar esclarecido este ponto. Tudo leva a crer, no entanto, que o sofrimento de ambos James e Pier, foi fatal para suas breves vidas. E assim encerra o autor do livro Ronald Martinetti: “Ao primeiro frio do outono no ar de Indiana, James Byron Dean foi enterrado ao lado de sua mãe, em um pequeno cemitério à margem de um campo de milho, um pedaço de terra sombreado por coníferas, que um dia havia sido um cemitério indígena”. Seus fãs o pranteiam pois tornou-se uma lenda...



Cronista colaborador

Publicado em 04 de janeiro de 2006 – no Diário de Canoas – RS.



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