segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Falecimento do poeta gaúcho Ramiro Barcelos em 28.01.1916 - Imagem da Internet


Ramiro Barcelos



VERSO GAÚCHO




Ialmar Pio Schneider



I

Traduzes no teu estilo,

verso guasca do Rio Grande,

todo o calor que se expande

do xucro peito gaudério,

nas trovas de Tio Lautério

quando Amaro Juvenal

em seu vasto cabedal

como quem floreia um tango

escreveu sobre o Chimango

uma história colossal.

II

Mas as musas campechanas

não pararam de existir,

se o Ramiro nos fez rir,

Aureliano também surge,

quanto mais o tempo urge

os versos feitos por mestre

na soledade campestre

da campanha gigantesca

vem nos trazer água fresca

sob uma sombra silvestre.

III

Apparício Silva Rillo,

grande cantor da querência,

compondo com muita ciência

a poesia da tradição

quando no tosco “Galpão”

coberto de santa-fé

se transforma no pajé

que reúne a peonada

e a própria madrugada

o encontra ainda de pé.

IV

O Jayme Caetano Braun

assim no mais não se encontra

leva uma cinta de lontra

ajoujada na bombacha,

mais parecendo uma faixa

lustrosa e de pêlo fino

que já traz desde menino

como traste de valor,

andando por onde for

que nem guacho teatino.

V

E quatro vates do pago

sintetizo no meu verso,

pois não há neste Universo

quem cante com tanta fibra,

quer na viola quando vibra,

no bandônio, na cordeona

ou no violão que ressona

em fandango e serenata

aos ouvidos de uma ingrata

mui lindaça e querendona.

VI

Ao fechar esta porteira,

dou de rédeas ao gateado

e recordando o passado

também lembro do presente;

ao futuro, indiferente,

eu me largo campo a fora.

Se a sorte não for caipora

na encruzilhada da vida

quero ter por despedida

um verso xucro que chora.



Canoas (RS), 16 de setembro de l972.



Para a ESTÂNCIA DA POESIA CRIOULA por ocasião do

CENTENÁRIO de AURELIANO DE FIGUEIREDO PINTO.

no SALÃO MOURISCO DA BIBLIOTECA PÚBLICA



Porto Alegre (RS), 6 de agosto de 1998.



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Ialmar Pio Schneider

 

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