terça-feira, 5 de junho de 2012

Nascimento do filósofo Karl Marx em 5.6.1818 - Imagem da Internet






LENDO E RELENDO KARL MARX...



IALMAR PIO SCHNEIDER



Nestes dias atuais de tantas acusações de ocorrências de desvios de dinheiro público, propinas, “mensalão”, “mensalinho”, cujos resultados das apurações começam a aparecer, suscitou-me o interesse de ler e reler, ainda que resumido, o pensamento de Karl Marx. De fato, foi o grande teórico do comunismo que depois aceito por Lenin, implantado na Rússia, se revelou vitorioso com a Revolução de 1917. Mas houve um longo caminho para que o filósofo chegasse à conclusão de que os filósofos anteriores até então, sempre tinham tentado interpretar o mundo, em vez de tentar modificá-lo. É preciso saber que as condições sociais na Europa por volta de 1850 eram de trabalho escravo, exigindo-se o máximo dos trabalhadores, inclusive mulheres grávidas e crianças, labutando por mais de 14 horas diárias em fábricas geladas. E recebiam em mercadorias que os patrões forneciam de má qualidade. Além disto, as mulheres pobres tinham que se prostituir. Assim o trabalho que deveria dignificar o homem, transformava-o num ser aviltado. Esta situação exposta e adotada por Marx, no poema de autoria do magno poeta Heinrich Heine: “Tecelões da Silésia, 1844 – Sem lágrimas em teares que tremem/ tecemos e batemos os dentes./ Alemanha, tecemos nesta ocasião/ aqui a tua mortalha e a tríplice maldição/ Tecemos. Tecemos.// Maldição do Deus falso, ao qual rezamos/ enquanto o frio e a fome agüentamos./ Em vão confiamos e esperamos;/ tem fraudado, mentido e enganado./ Tecemos. Tecemos.// Maldição ao rei, o rei dos ricos,/ o monstro que traga os peixes pequenos;/ que nos oprime, explora e tonsura/ e, como aos cães, nos fuzila./ Tecemos. Tecemos.// Maldição à Pátria falsa e funesta,/ que só à vergonha se presta,/ que a toda flor precocemente esmaga,/ e ao verme alimenta em podridão nefasta./ Tecemos. Tecemos.// Voa a lançadeira e treme o tear./ Tecemos com dedicação sem cessar./ Alemanha de ontem, nesta ocasião,/ eis a tua mortalha e a tríplice maldição./ Tecemos. Tecemos.”

De fato, Karl Marx e seu amigo e colega Friedrich Engels, em sua obra em comum lançaram o Manifesto Comunista, em 1847, considerado um breve resumo de materialismo histórico e um apelo enfático à revolução. Mas a obra principal do movimento foi O Capital, cujo primeiro volume foi publicado por Marx em 1867. Trata-se de um livro que expõe diversos assuntos econômicos, oriundos de estudos no British Museum, sobre a teoria do valor, da mais-valia, da acumulação de capital, etc. Tendo reunido considerável documentação para futura publicação, o que não conseguiu fazê-lo em vida, foram depois compilados e editados por Engels, sendo os volumes 2 e 3, respectivamente, em 1885 e 1894. Outros textos restantes foram publicados por Karl Kautsky, sendo o volume 4 (em 1904-1910).

Aqui no Brasil existiram diversos intelectuais do maior quilate que aderiram ao Comunismo, tais como, vem-me à memória, escusando-me de não citar a todos, ou seja: o nosso insuperável romancista Dyonelio Machado, tendo aderido no Rio em 1935 e que escreveu sobre o romance de Machado de Assis: “Brás Cubas, por ser ficção, é tão real – minto ! – é mais real do que a realidade. É a história (...) enfim, é a Vida – dum Ser que a devia ter vivido. Melhor? Pior? Menos imperfeita? Isso nada vale, diante desta verdade: era uma Vida que a vida não fez. – E é quando ocorre o Artista, pra dar um quinau na Realidade.” – em Memórias de um pobre homem, 1990; a inspirada e magnânima poetisa Lila Ripoll, cujo último poema ditado, in extremis, foi: “Agradeço tudo a todos/ Não merecia tanto./ Digam aos amigos que/ Levo esta única saudade: deixá-los./ Aos amigos desejo incorporar/ Mais os novos amigos que conhecemos./ E aos inúmeros amigos que conhecemos/ Deixo a minha grande saudade.” Finalmente, quero reverenciar nestas linhas, o saudoso ativista político que nos deixou no dia 23 último, Apolônio de Carvalho, aos 93 anos de idade, de dedicação e altruísmo, ao próximo. Até mais...



Cronista colaborador

Publicado em 28 de setembro de 2005 – no Diário de Canoas.

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em 5.5.2011


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