P R Ó L O G O
Ialmar Pio Schneider
Eis que empeço por aqui
relatar coisas do pago,
que sinceramente trago
no relicário do peito,
com muito amor e respeito
à tradição campechana,
onde esta vida haragana
leva por base o direito!
Minha escola foi o campo
e não passei além disso;
no entanto, não sou remisso,
pois um chiru descuidado
às vezes manda o recado,
com tal pressa e sem paciência,
que por qualquer coincidência
por outro já foi contado.
Minha experiência de taura
fez-me cantor sem retovo,
começando desde novo
como simples payador,
nunca levando temor
na luta do dia-a-dia
que enfrento com galhardia
num catecismo de amor.
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8 - Ialmar Pio Schneider - Versos gauchescos
Enquanto escrevo meus versos
vai esquentando a chaleira,
em toada milongueira
que me vai matando o tédio,
pois chimarrão é o remédio
que há muito tempo me cura
da solidão sem ventura
que me faz amargo assédio.
Estas rimas foram feitas
sem nenhuma pretensão,
saíram do coração
de um gaúcho que trabalha,
pois a vida é uma batalha
com percalços, com enleios,
já trago os ouvidos cheios:
quem não luta se atrapalha.
Criado nas intempéries
labutando desde piá,
nunca fui do deus-dará
nem tampouco cajetilha,
sou neto de farroupilha
que no Rio Grande de outrora
nas peleias campo afora
fez nossa raça caudilha.
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9 - Ialmar Pio Schneider - Versos gauchescos
Não me achico nem me zango
por pouca coisa ou por nada
e ao topar uma parada
vou até o fim sem receio;
não sou amigo do alheio
nem prejudico a ninguém,
vivendo assim, vivo bem
e poucas vezes peleio.
Sou índio de tiro longo
num bolicho de campanha;
faço versos, bebo canha,
nunca fui malcomportado
e embora estando magoado,
tenho comigo um sistema
que é de não criar problema:
sofro solito e calado.
Tenho meu pingo e a chinoca,
o velho rancho barreado
por mim mesmo fabricado,
onde nas noites de inverno
gozo o calor rude e terno
de um guasca fogo de chão,
quando sorvo o chimarrão
meu xucro vício paterno.
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10 - Ialmar Pio Schneider - Versos Gauchescos
Pois desde piá saboreio
o mate amargo bendito
que é o consolo favorito
de quantos vivem penando;
e sinto de vez em quando
que esta salutar bebida
só prolonga minha vida
e a saudade vai matando...
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11 - Ialmar Pio Schneider - Versos gauchescos
terça-feira, 2 de agosto de 2011
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