terça-feira, 30 de novembro de 2010

CRÔNICA REPUBLICADA - DIA DA REFORMA AGRÁRIA - 30 de novembro - Tela de Glaucia Scherer

Tela de Glaucia Scherer














QUESTÃO DE REFORMA AGRÁRIA

IALMAR PIO SCHNEIDER

Desde que me conheço por gente ouço falar em Reforma Agrária, já faz mais de cinqüenta anos, e a mesma lengalenga continua. De duas décadas para cá, porém, tem se intensificado o Movimento dos sem Terras, pois a população rural foi aumentando e os filhos de pequenos agricultores, sem espaço físico para trabalhar e produzir, começaram a formar acampamentos à beira de estradas, visando a conseguir um pedaço de terras para se colocar e viver com suas famílias. Tenho lido também que se deixarmos tudo para o Governo não há perspectivas de acontecer; fala-se que se os militares não o fizeram, uma vez que tinham toda a força, inclusive editando o Estatuto da Terra, a Lei nº 4.504 de 30/11/1964, que dispõe em seu artigo 1.º, como sendo a reforma agrária “o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”; quem o fará?!
Agora está acontecendo a polêmica quanto ao que seja área produtiva, estando de um lado o INCRA e de outro a FARSUL, para que se realizem, ou não, as vistorias nas propriedades rurais, visando o índice de produtividade. Sempre existe um motivo, ocasionando a protelação das medidas necessárias a fim de que se chegue a um bom termo. Quando se fala tanto em solidariedade humana, espera-se que os responsáveis pela Reforma Agrária se conscientizem e a concretizem a contento, uma vez que a primeira lei do direito natural é a vida, que, conforme se vê, está sendo ameaçada contra os excluídos e necessitados que pleiteiam o mínimo...
Verifica-se uma simpatia quase geral quanto à sua realização, pois, além de tudo, solucionaria grande parte do desemprego, problema social que vem corroendo a classe mais carente da sociedade e deixando ao desamparo milhares de nossos irmãos brasileiros. Não é admissível que num país de extensão continental, seus habitantes não tenham onde desenvolver suas atividades vocacionais, ou seja, o cultivo da terra, aos filhos de agricultores que por contingência do destino não a têm, pois os primeiros lotes que foram destinados aos imigrantes se fragmentaram tanto que finalmente se diluíram, por assim dizer. Ouvem-se as desculpas demasiadamente estapafúrdias por aqueles a quem não interessa a reforma agrária tão esperada quão necessária. Todavia, nada justifica o quadro dantesco dos acampamentos precários que presenciamos há tanto tempo, sem que as providências devidas sejam tomadas no tocante a mitigar um pouco aos que sofrem por sede de justiça social.
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Poeta e cronista
Publicado em 12 de outubro de 1999 - no Diário de Canoas.
Publicado em 12 de janeiro de 2000 - no Jornal do Comércio de P.Alegre.
http://ial123.blog.terra.com.br/
EM 30.11.2008

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