ANIVERSÁRIO DE 242 ANOS DE PORTO ALEGRE - RS - Vista parcial da Tristeza
CRÔNICA PARA PORTO ALEGRE
IALMAR
PIO SCHNEIDER
Pelo transcurso dos 242 anos do
aniversário da Capital Gaúcha, ocorre-me escrever algo sobre o evento de 26 de
março de 1772. Mas por não me aprofundar no assunto, inicialmente, quero dizer
que Porto Alegre não se descreve, se vive. Foram tantos os historiadores,
poetas, literatos, enfim, que perscrutaram sobre sua história, que
desnecessário se faz repetir aqui. Todavia, como disse o poeta, Casimiro de
Abreu, em seus inspirados versos de Minha Terra: “Todos cantam sua terra,/ Também vou cantar a minha,/ Nas débeis cordas
da lira/ Hei de fazê-la rainha;/ - Hei de dar-lhe a realeza/ Nesse trono de
beleza/ Em que a mão da natureza/ Esmerou-se em quanto tinha.”.(...)
Diga-se, de passagem, que a cidade fundada
às margens do lago ou rio Guaíba (ainda está em discussão a correta
denominação), sobressai como uma das mais lindas do Universo, e o seu
pôr-do-sol, dizem é o mais fantástico do Mundo. Assim também senti quando
compus-lhe o seguinte soneto: Ao pôr-do-sol... Pedes-me que eu defina brevemente/ o que seja emoção e fantasia,/
quando nos encontramos de repente/ num happy hour ao final do dia.// Mas eu que vivo longe, indiferente,/ trazendo no
meu peito a rebeldia/ de alguém que acreditava, hoje descrente,/ não consigo
dizer-te o que seria...// Apenas fico cada vez mais triste/ e já me vês então
transfigurado/ olhando o sol que afunda no Guaíba.// Poesia enfim é tudo quanto
existe/ nessas horas em que sonho acordado/ e sinto que a saudade me derriba...
Com estes versos quero prestar uma modesta
homenagem à cidade aniversariante que acolhe a todos os que aqui aportam, tanto
rio-grandenses, quanto de outros Estados, como é o caso de um dos grandes escritores, como o foi, o
ínclito literato Guilhermino Cesar, que era mineiro e de tantos outros com que
poderia preencher páginas e páginas. Isto é a prova provada de que é uma
metrópole cosmopolita sem preconceitos.
Contudo, o ponto máximo de amor à cidade
de Porto Alegre, está no poema de nosso poeta maior, a meu ver, Príncipe dos
poetas, Mário Quintana, cuja obra celebrou-a como ninguém: “O mapa – Olho o mapa da cidade/ Como quem examinasse/
A anatomia de um corpo...// (É nem que fosse o meu corpo !)// Sinto uma dor
infinita/ Das ruas de Porto Alegre/ Onde jamais passarei...// Há tanta esquina
esquisita,/ Tanta nuança nas paredes,/ Há tanta moça bonita/ Nas ruas que não
andei/ (E há uma rua encantada/ Que nem em sonhos sonhei...)// Quando eu for,
um dia desses,/ Poeira ou folha levada/ No vento da madrugada,/ Serei um pouco
do nada/ Invisível, delicioso// Que faz com que o teu ar/ Pareça mais um
olhar,/ Suave mistério amoroso,/ Cidade de meu andar/ (Deste já tão longo andar
!)/ E talvez do meu repouso...”
Nem é preciso dizer que vindo do Alegrete,
o poeta aqui se integrou e viveu ao longo de sua existência, sempre escrevendo
poemas sobre esta cidade acolhedora que ele adotou de coração. Seus
maravilhosos sonetos falam da Rua dos
cata-ventos, hoje uma travessa na Casa de Cultura que leva seu nome e que é
um centro turístico de nossa capital.
Escusa-me não
haver citado tantos outros autores: poetas, cronistas, romancistas, ensaístas,
filósofos, e principalmente, o amigo Nelson Fachinelli, poeta de sua bem-amada
cidade, pois aqui nasceu e viveu, bem como o insuperável poeta-músico,
Lupicínio Rodrigues, cujas composições conquistaram a todos que as ouvem até
hoje. Faltou muita gente, mas paciência, pois serão sempre lembrados por mim.
Até mais.
Poeta
e cronista – E-mail: menestrel.lobo@terra.com.br